domingo, outubro 31, 2004

O Dia dos Mortos

Dia de Finados

"Cristo morto" una delle ultime opere del Mantegna (1500?)
Milano, Pinacoteca di Brera


No México contemporâneo temos um sentimento especial diante do fenômeno natural que é a morte e a dor causada por ela. A morte é como um espelho que reflete a forma como vivemos e nossos arrependimentos. Quando a morte chega, nos ilumina a vida. Se nossa morte precisa de sentido, tão pouco sentido teve a vida, “diga como morre e te direi como é”.

Fazendo uma comparação com os cultos pré-hispânicos e a religião cristã, se sustenta que a morte não é o fim natural da vida, se não uma fase de um ciclo infinito. Vida, morte e ressurreição são os estados do processo que nos ensina a religião cristã. De acordo com o conceito pré-hispânico da morte, o sacrifício da morte – o ato de morrer – é ter acesso ao processo criador que dá a vida. O corpo morre e o espírito é entregue a Deus (aos deuses) como pagamento da dívida contraída por nos ter dado a vida. Mas o cristianismo modifica o sacrifício da morte. A morte e a salvação se transformam em coisas pessoais, para os cristãos o indivíduo é o que se conta. As crenças voltam a se unir enquanto que a vida só se justifica e transcende quando se realiza a morte.

A crença da morte é o fim inevitável de um processo natural. Vemos esse processo todos os dias, as flores nascem e depois morrem. Os animais nascem depois morrem. Nós nascemos, crescemos, reproduzimos em nossos filhos, depois envelhecemos e morremos. Em acidentes perdemos entes queridos, um amigo, um filho ou um irmão. O fato é que a morte existe, mas ninguém pensa em sua própria morte. Nas culturas contemporâneas a “morte” é uma palavra que não se pronuncia. Os mexicanos tão pouco pensam em sua própria morte, mas não temos medo porque a fé religiosa nos dá força para reconhecê-la e porque talvez também somos um pouco indiferentes à vida, supomos que assim é como nos justificamos.


O desprezo, o medo e a dor que sentimos diante da morte unem-se ao culto que profetizamos. A morte pode ser uma vingança da vida, porque nos liberta daquelas vaidades em que vivemos e nos converte, no final, a todos por igual como somos: um monte de ossos.

Então a morte vem jocosa e irônica, a chamamos de “esqueleto”, “ossuda”, “dentona”, “a magricela”, “la parca”. Ao ato de morrer damos definições como “petatearse”, “esticar as canelas”, “fugir”, morrer. Estas expressões só permitem brincar e criar mais brincadeiras com refrões e versos.


Nossos jogos estão presentes nas caveiras de açúcar, recortes de papel, esqueletos coloridos, piñatas de esqueletos, marionetes de esqueletos e quando fazemos caricaturas ou historinhas.

Ok minha gente... aqui ficamos por hoje.

Vos desejo tudo de bom

o de sempre

Francis*PAC

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