sábado, dezembro 18, 2004

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A comunidade começa a nascer...
no tempo faremos aquilo que for necessario.

Aquele abraço...

segunda-feira, dezembro 13, 2004

Patrícia Faria concorre para Melhor Artista Tradicional de África

A cantora angolana Patrícia Faria(na foto) embarcou terça-feira a África do Sul, onde vai concorrer na catégoria de "Melhor Artista Tradicional Africano", com a canção "Tambula o Saia", no festival de música Africana, denominado Kora.

A cantora, considerada este ano pelo semanário português Correio da Manhã como
"uma mulher com o diabo no corpo", devido a sua forma de estar em palco, já
participou como convidada na edição Kora de 2003.

Patrícia foi a primeira mulher a conquistar o Top dos Mais Queridos, um concurso musical organizado pela Rádio Nacional de Angola (RNA) desde 1982, para eleger o músico mais ouvido durante o ano.

Com 13 faixas musicais, "Eme Kiá" é o primeiro
disco da cantora, com uma trajectória de quase dois anos, é ainda uma das
melhores conquistas no mercado nacional e além fronteiras.

Foi a primeira recordista de vendas em sessões de autógrafos na portaria da RNA, onde a 02 de Fevereiro de 2003 vendeu, em dez horas, mil e 500 exemplares.

Com este disco, reeditado por quatro vezes, Patrícia Faria tornou-se a artista mais premiada em 2003, o ano em que, as vozes femininas suplantaram as masculinas, até então "donas" do mercado fonográfico.

Além fronteiras, Patrícia Faria foi convidada a representar o país no festival de música da Baía das Gatas, realizado em Agosto, na cidade de São Vicente, Cabo Verde.

Além da cantora, também irão concorrer neste festival os grupos angolanos O2, para para Melhor Grupo Africano, SSP, para Melhor Video Clip Africano, e a cantora Bruna Tatiana, na categoria de Melhor Artista Feminina da África Austral.

Esta edição do Kora a acontecer no dia 12, nomeou cerca de 103 artistas, proveniente de países como Angola, Nigéria, Guadelupe, Guiné Conacry, Zâmbia, Benin, Botswana, Uganda, Congo, Martinique, África do Sul e Etiópia.

Estudantes universitários terão acesso grátis à Internet

Um programa de apoio aos estudantes universitários angolanos está a ser implementado, em Luanda, pela empresa Computer World em parceria com algumas universidades nacionais e instituições bancárias.

De acordo com o administrador da empresa, Rui das Neves, o programa consiste em ajudar os estudantes a adquirirem computadores, com um ano de acesso grátis a Internet, para facilitar as suas pesquisas inerentes ao processo de aprendizagem.

Para o efeito, os estudantes poderão deslocar-se a uma das instituições bancárias, com a qual a Computer World estabeleceu acordo – uma delas é o Banco de Fomento de Angola (ainda não há protocolo formal, mas já recebe estudantes) – onde obterão um financiamento que lhes permitirá adquirir o computador, para pagar num período de um ano ou mais em função dos critérios estabelecidos pelo banco.

A Computer Word em Luanda fornece aos interessados, facturas pro-forma do tipo produto escolhido e outros expedientes, que serão levados ao Banco de Fomento para se avaliar o tipo de prestações a pagar.

Rui das Neves disse que já existem contactos com várias universidades, tais como a Piajet, o Ispra e a Mocab (a abrir o próximo ano no Benfica, em Luanda), estando previstas negociações com a Universidade Agostinho Neto e Católica. Alertou que embora o projecto seja direccionado aos estudantes nada impede que outras pessoas também possam beneficiar.

Portugal: Três médicos envolvidos em caso de plágio

Uma das teses foi elaborada em 1990 e tem como tema "Surdez infantil: estudo clínico e epidemiológico". É da autoria de um médico português e foi apresentada na Faculdade de Medicina de Lisboa em 1990.

A outra é de 2002. E chama-se "Surdez Infantil em Angola". O trabalho foi realizado por um médico angolano que exerce medicina em Portugal há muitos anos.

À partida nada faria imaginar que estas duas teses fossem tão iguais. Mas
são-no de tal modo que a Ordem dos Médicos acaba de processar disciplinarmente o
médico que fez a segunda delas e os dois orientadores. Os três são médicos de
otorrinolaringologia no Hospital de Santa Maria, dois deles reputados
professores na Faculdade de Medicina de Lisboa, sendo que um é director de
serviço.


Diz o processo disciplinar que há frases, parágrafos, páginas e gráficos da tese feita em 1990 reproduzidos parcial ou integralmente na tese realizada em 2002.

Quem denunciou este plágio à Ordem dos Médicos foi um professor da Universidade de Luanda, onde a tese esteve quase para ser apresentada. Não o tendo sido apenas porque três dias antes um membro do júri apercebeu-se do plágio e pediu aos colegas que suspendessem a cerimónia. O estranho no meio de tudo isto é que um dos orientadores da tese, agora processado pela Ordem dos Médicos... é o autor plagiado.

No despacho de acusação, o Conselho Disciplinar da Ordem dos Médicos diz que o autor da segunda das teses "teve uma conduta fraudulenta atentatória da dignidade da sua profissão".

Quanto aos orientadores - os dois professores universitários -, o Conselho Disciplinar da Ordem dos Médicos considera que a sua atitude não foi melhor, já que é também contrária à dignidade do exercício da medicina. Por isso, acusa-os de autoria e co-autoria de plágio e propõe uma suspensão que pode ir até cinco anos.

A Ordem dos Médicos diz também que os dois professores/orientadores prestaram-se
a ir a "Angola fazer aquilo que certamente não fariam em Portugal ou noutro país
desenvolvido" e deram cobertura "a uma tese de doutoramento que não só não era
original como ainda por cima plagiava descradamente uma outra obra".
Acrescenta a OM que aqueles médicos "envergonharam o país, a medicina e a universidade portuguesa e subestimaram a qualidade dos professores angolanos, pensando que eles não se iriam aperceber da fraude".

Os três médicos receberam já a acusação. Um deles interpôs uma queixa ao Ministério Público. O director do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital de Santa Maria argumenta que a Ordem dos Médicos excedeu-se nas suas competências já que - diz - o assunto é para ser discutido no seio académico e não na Ordem.

Nesta queixa, o professor Mário Andreia conta já com o apoio do Conselho Científico da Faculdade de Medicina de Lisboa.

Perdida juventude angolana

Fiz, recentemente, uma longa viagem de carro que tornou-se ainda mais desconfortável porque testemunhei, por mais de uma vez, a venalidade de franja considerável da juventude angolana. Infelizmente, em Angola há, sobretudo na parte feminina, uma juventude completamente perdida. Nesta longa viagem dei boleia a uma menina de 16 anos, recentemente vinda de Angola. Como de hábito, gosto de escutar o noticiário na rádio. Há mesmo vezes que escuto CD's de programas de rádio que vou gravando. A minha companheira circunstancial trazia, também para a viagem, uma caixa de CD’s. Sem me perguntar se eu me importaria com o tipo de música da sua preferência, ela colocou de imediato um disco com música «Kuduru».

Quando os americanos procuravam o antigo ditador do Panamá, Manuel Noriega, que se refugiara na mata, o que eles faziam para forçá-lo a sair dos esconderijos era tocar música Rock muito alta. Isso aborrecia-o profundamente.

O «Kuduru» da menina a quem dei boleia provocou-me os mesmos efeitos. No dia em que os americanos descobrirem o «Kuduru», não tenho dúvida nenhuma que o adoptarão também como instrumento de tortura psicológica. Para mim, o «Kuduru» é simultaneamente monótono e mau.

Depois de alguma hesitação, manifestei à jovem o desconforto que a música dela me provocava. A situação piorou. A alternativa que ela colocou no aparelho quase me enlouqueceu completamente. Era um outro «Kuduru» de uma tal «Gata Agressiva», que dizia, entre outras asneiras, coisas como «Savimbi feio já lhe mataram» ou ainda a «Gata Agressiva vai na roda e faz broche». Só Deus sabe como não enlouqueci ali mesmo, naquele momento!

E, como se não bastasse, a minha companheira, de 16 anos, nascida, por amor de Deus, em 1988, virou-se para mim, que farei, dentro de um mês, 39 anos, e disse: «o tio Jamba sabe o que é fazer broche?». Esta menina poderia, muito bem, ser minha filha!

«Não sei do que é que se trata aqui», respondi, irritadíssimo. E acrescentei: «Olha, conversas deste tipo não devem ser travadas entre gente da minha idade e crianças como tu». O que não fui dizer...

A menina, de 16 anos, exaltou-se e disparou: «o tio é mesmo atrasado. É por isso que a Unita perdeu em 1992 e vai perder mais uma vez. Todos esses anos na Europa e ainda continuas a pensar como se nunca tivesses saído das matas...».

Nesse momento, tive, como se diz, que bater na mesa e dizer à jovem que eu é que estava a fazer o favor de lhe dar boleia e que daí para diante ela que se calasse e se limitasse a ouvir os meus programas, se quisesse continuar a viagem. A outra opção era ficar pelo caminho. No resto do percurso, a pobre menina teve que ouvir (e não deve ter compreendido nada) análises sobre a disputa eleitoral na Ucrânia, o relato da Zoe Esenstein (uma jornalista britânica que trabalha em Angola como correspondente) sobre o combate ao Sida no nosso país, uma análise sobre a possível venda da Ibm a uma empresa chinesa, um debate sobre a identidade africana na África Ocidental, etc. No restante pedaço da viagem, não se ouviu mais nada sobre «Gatas Agressivas» ou «Médicas Malucas» ou ainda de bocas que eram esquadras.

Tenho observado, há já algum tempo, que muitas jovens angolanas não se respeitam. Atentemos só, por exemplo, no fenómeno da «tarrachinha». Em Londres, as discotecas de angolanos sempre acabavam por fechar porque não havia nenhuma sessão de dança de angolanos que não acabasse em pugilato aberto ou – se houvesse cabo-verdianos – na troca de facadas. E qual era a razão que está(va) por detrás de tudo isso? A «tarrachinha». Notei, em várias ocasiões, que quem instiga mais para se dançar a «tarrachinha» é, usualmente, a menininha que vai remexendo de forma tão provocadora e obscena que forçam qualquer pessoa com o mínimo grau de amor-próprio a olhar para um outro lado.

Já estive numa festa – com africanos oriundos de várias partes do continente – onde um casal de angolanos estava a «tarrachar-se» tão obscenamente que alguém se viu na necessidade de oferecer-lhes um alguidar cheio de preservativos. A menina angolana, completamente estúpida e sem capacidade de entender que estavam a ser insultados, abriu um preservativo e soprou-o, como se fosse um balão. Não surpreende que, em muitas festas angolanas na diáspora, haja mesmo avisos para não se trazer crianças para preservar a sua inocência.

Até recentemente, mantive um quarto num apartamento em Barking, uma área a leste de Londres que tem muitos angolanos. Não gosto de ir a festas de angolanos – por causa da desordem de sempre – mas tinha um amigo, amante da poesia de TS Eliot, que fazia anos e a quem eu respeitava bastante. Na festa havia moças jovens do Uganda, Nigéria, Ghana, Quénia etc. Lembro-me que elas passaram a noite a discutir o mérito de várias universidades inglesas.

As angolanas, porém, só passavam a ser o centre of atraction (centro das atenções) quando estavam a praticar o que melhor sabem – a tarrachinha. Com os seus umbigos de fora, biquinis a mostra, com as suas calças justíssimas e a darem «tampas» aos palermas que iam pedir para dançar com elas, essas menininhas, em cujas cabecinhas nada ressoava senão o prazer perverso de causarem erecções a tudo que ainda copula, pensavam que não existia, no mundo, coisa melhor do que elas.

Quem é o responsável por toda esta miséria? Os pais angolanos, sem dúvida! As angolanas perdidas são uma manifestação de lares sem figuras masculinas. As nossas filhas não devem só ser educadas pelas suas mães. Nós, os pais, temos mesmo que participar activamente no crescimento psíquico delas. Toda esta precocidade sexual que vemos nas meninas angolanas decorre do facto de que os mais velhos, os homens, criaram um clima em que elas, as nossas filhas, só podem ser valorizadas em termos sexuais. Não é invulgar, em círculos angolanos, ver um mais velho de sessenta anos, com os olhos fechados e língua de fora, a «tarrachar» uma menininha de treze anos num cantinho de uma farra às três horas da madrugada. Isto não é viver; isto é perversidade. As meninas, por seu turno, estão a clamar ,permanentemente, por uma certa ordem e estrutura. Chegou a altura do pai angolano mostrar o que é, verdadeiramente, ser homem, através do carinho, conselhos e ensinamentos que poderemos dar às nossas filhas. Se não fizermos isto, a «Gata Agressiva» não vai perder tempo em substituir-nos!

Artigo de Opinião, assinado por Sousa Jamba (Publicado no Semanário Angolense)

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