Um ditado luso nos ensina que “cada macaco deve estar no seu galho”. Somando este ditado com a premissa anterior segundo a qual “não existe um texto sem um contexto”, Angola não é Egipto. Nós estamos a fazer a nossa estrada, estamos a reconstruir as nossas cidades, estamos a pacificar o nosso povo depois de uma guerra fratricida que durou 30 anos. Quando se aborda a actual situação de Angola é importante recordar de onde viemos e só depois podemos reflectir sobre onde vamos, tendo em conta que toda a caminhada encontra os seus específicos empecilhos.
Como nada nasce do vazio, a democracia que todos nós queremos para a nossa amada terra necessita de um processo através do qual se realizará a necessária divisão e indipendência de poderes, um processo através do qual o povo irá desenvolver a consciência civil democrática – a autêntica protecção/anti-corpo das instituições democráticas – e aos poucos as relações políticas e sociais se tornarão uma praxis, um “modus vivendi” sem o qual a democracia será somente um “caixote vazio” com a escrita “Estado democrático”.
Toda a cultivação necessita de tempo para produzir. A democracia é comparável a uma boa árvore de fruto que para crescer necessita de cuidados especiais: actividades que devem ser feitas por todos os interessados, sobretudo os poderes instituídos, cujo poder foi-lhe delegado pelo povo para que cuide dos legítimos interesses de todos. Não nos enganemos e nem nos deixemos enganar: as coisas fáceis não duram, são como o dinheiro roubado, que se gasta sem controlar os preços.
Nesta fase de reconstrução nacional, um provérbio chinês nos vem em ajuda: “Se planeares para um ano, plante arroz! Se planeares para 10 anos, plante árvores! Se planeares para 100 anos, eduque pessoas!”. É nesta perspectiva que apelo a todas as forças vivas da Nação Angolana para que nos empenhemos participando em todas as iniciativas institucionais e privadas, que visam o desenvolvimento de Angola. Juntos, somente juntos podemos construir um país democrático. Urge a necessidade de uma maior e melhor interacção entre Governo e Oposição, instituições estatais e privadas, cidadãos e representantes sociais na busca de melhores responstas para os problemas que afligem a todos. Recordemos, recordemos sempre que parafraseando o provérbio latino “ninguém é detentor da verdade” e que ninguém tem a resposta exacta para tudo. Todos são chamados a participar, por isso se chama democracia participativa.
Termino recordando a épica frase de John Fitzgerald Kenned: “Não perguntes o que seu país pode fazer por ti. Pergunte o que tu podes fazer pelo seu país.” Angola é a única terra que temos, linda para nascer, crescer e morrer. Juntos por uma Angola melhor!
Francis/PAC