A notícia sobre a decisão do executivo angolano de apoiar esforços em torno de um melhor aproveitamento dos quadros angolanos na diáspora, foi recebida pelos visitantes do Canal AngoNotícias com sentimentos mistos.
Para a grande maioria, a iniciativa é sobretudo louvável e revestida de um verdadeiro simbolismo de que todos somos poucos para reconstruír, aquilo que foi destruído ao longo de sucessivas guerras que abalaram o país.
Seguem-se alguns comentários: “Sem duvida é um boa noticia, somos muitos Angolanos que estamos fora e com ideias capazes de ajudar o nosso pais...”
“O sonho invade-nos permanentemente o intelecto, mais quando se assiste no pais tanta incapacidade organizativa, corrupção, mentes outrora válidas hoje perdidas. Esta é uma verdade lapidar, que não deve desencorajar os esforços que vamos fazendo para sermos nós mesmos, donos do nosso itinerário...”
”É já um sinal de melhoria na abertura de oportunidades para os quadros que vêem vetado as suas aspirações!!!!....”
“Como angolano, penso que a iniciativa é boa. Se existe alguns compatriotas que se sentem melhor de viver no estrangeiro, eu penso o contrario.”
“Os angolanos, assim como fizeram os israelitas, japoneses, chineses, indianos na diáspora, irão responder afirmativamente, desfazendo deste modo da frustração e angústia de ver a terra natal com grande deficit em recursos humanos”
É verdade que Angola precisa de todos, até do varredor de rua (muito necessitado), mas agora estamos a falar só de "quadros"... Nao se pôde resolver tudo num só Congresso ou encontro. Temos muitos problemas irmãos, levámos quase 30 anos a destruir o país, necessitaremos de 60 para o reconstruir.
Outros, talvez por alguma desilusão ou vicissitude do passado, vêm no gesto uma “armadilha” ou uma chamada “envenenada” para o abismo. Para alguns comentaristas, a medida é o prelúdio de um cenário pré-eleitoralista, com vista as eleições de 2006: “Se caírem na ratoeira de falsas promessas, como muitos já o fizeram, depois de verem que afinal foram traídos e as portas de regresso ao exterior se fecharem, serão escarnecidos...”
“Nada mesmo mano, isso são manobras politicas de JES porque o MPLA quer ganhar mais uma vez não vão nos aldrabar mais...”
“Uma coisa deve ser claramente definida: é um congresso de quadros e não partidário.”
”Bem acharia uma boa ideia se este seminário não tivesse nada haver com as eleições previstas.”
Um ou outro exige algo mais, talvez para quebrar a nostalgia de uma longa ausência da terra mãe, querem um programa a “full time”, mas houve também quem expressou as suas dúvidas quanto ao êxito do evento: “...Informem sobre as alternativas de hospedagem; pensem em eventos paralelos, p. ex. workshops para empresários, excursões a outras cidades, etc. etc., para valer a pena viajar à Angola.”
“Penso que em termos de iniciativa é sem dúvida boa. Todavia, lembro que já não é a primeira vez que se fazem reuniões de quadros na diáspora...”
Muitos interpretam o gesto do executivo angolano como o vislumbrar de uma nova era na história de Angola: “Caro irmão das ambulâncias, a sua sugestão é completamente demagoga e revela a sua falta de sensibilidade, face a importância estratégica dos quadros nacionais para o desenvolvimento do país. JES está a mostrar que quer abertura e que, quer dar novo rumo para o país, aprovo, apesar de achar que já vem tarde.”
“Também não vamos misturar as coisas: quando o Governo não faz, é porque é incompetente, agora está a fazer algo, mas também estão a chorar: Vamos fazer mais como então?”
Mas há quem alega que a “casa constrói-se” da base ao tecto e não vice-versa, o que quer dizer, que o aproveitamento deveria começar com os que estão no interior mas nunca pelos da diáspora: “Dizem que há técnicos e académicos no Roque Santeiro transformados em muambeiros e candongueiros para sobreviverem...
“A iniciativa é francamente muito boa, mas vejamos o seguinte: No nosso país, existem actualmente muitos quadros desempregados...”
“E os formados internamente?... E o que dirá o quadro que se formou na Agostinho Neto e que esteve esse tempo todo exposto as várias vicissitudes que vivemos em Luanda e não só?”
“Lamento muito, o governo angolano não respeita os quadros, é impossível que tenham consideração dos quadros na diáspora e não presta a mínima atenção aos que se encontram no pais.”
Factores como a qualidade e a concorrência entre os quadros, também representaram uma ala na linha de argumentação dos comentaristas, mas houve palavras de consolo de que mesmo assim haverá trabalho para todos, partindo do princípio da cooperação entre os de “dentro” e os de “fora”: “Sejamos realistas! na verdade nós na diáspora também não somos muitos! Quadros, que se diz quadros, somos muito poucos! nem sequer chegaríamos para cobrir as necessidades de uma só província...”
“Desculpe decepciona-los mas eu não perco absolutamente (nada) com os que andam lá fora.”
”Os quadros da elite que há anos ocuparam posições em pró de tais trabalhos, não irão simplesmente ceder lugar para alguém a chegar hoje da Alemanha. Antes pelo contrário, continuarão a agarrar com dentes e unhas as suas posições de chefia barata...”
“A ideia de realizar um congresso de quadros radicados no exterior não implica em nenhuma forma a desvalorização daqueles quadros formados em Angola. Até posso dizer que esses últimos conhecem o terreno e adquiriram uma experiência ao longo de todos esses anos da guerra civil ...Nada de complexo de inferioridade nem de superioridade.”
“Com estes quadros na diáspora e com os que já estão a trabalhar no país, as coisas poderão correr muito bem!!! Força aí, esperamos que tudo corra conforme as expectativas.”
“Nós todos, sejam os que estão no exterior tanto no interior do país, temos que lutar para a implantação da cultura do mérito em todas as áreas de acção, julgo que só assim o nosso país poderá estar no lugar que lhe é devido, uma grande potência Africana.”
Por outro lado não faltou quem aproveitasse a oportunidade para dar uma “chega” a oposição, acusando-a de falta de criatividade no tocante ao incentivo no aproveitamento dos quadros, ante essa iniciativa governamental: “A originalidade dessa ideia, e daí a sua enorme importância, reside no facto de se realizar no País e com o beneplácito do governo angolano. Falta de iniciativa da oposição.”
Os mais tecnocratas por sua vez, contribuíram com sugestões de carácter técno-organizacional, chegando mesmo a fazer sugestões ao Presidente da República, como se estivesse a frente da Comissão Preparatória do evento: ”Gostaria... que o Presidente da Republica formasse teams de trabalho onde integrassem indivíduos com diferentes orientação politica ou partidária...”
“A iniciativa é louvável, agora só não arquivem os papéis....”
“A mais-valia desta reunião está dependente da forma como for organizada, da sua abrangência e da capacidade de se interligar com representações dos quadros do interior.”
Enfim, foram esses alguns dos mais de 80 comentários participativos, dos nossos visitantes, em menos de 24 horas, que esperámos, venham enriquecer e influenciar positiva ou negativamente as linhas orientadoras da organização do evento, contribuir nos debates, etc.
Lamentámos o facto de não podermos transcrever todos os comentários, mas, as razões são tão óbvias, que não carecem por isso de qualquer explicação complementar.
Foto Arquivo, quadros angolanos no Congresso de Lisboa
Sep 18, 21:08
Fonte:AngoNotícias