sexta-feira, janeiro 30, 2009

ZP090130

ZENIT

O mundo visto de Roma

Serviço diario - 30 de janeiro de 2009



SANTA SÉ
Papa afirma que ecumenismo é sinal para mundo «dividido»
Santa Sé se prepara para celebrar 80 anos do Estado Vaticano
Concílio, eixo do magistério de Bento XVI, segundo cardeal Bertone
Santa Sé: existe «vínculo estreito» entre astronomia e religião
Porta-voz vaticano denuncia gravidade moral de quem nega holocausto

MUNDO
Desmentida candidatura presidencial do cardeal da Bolívia
Bispos alemães pedem aos «lefebvristas» que reconheçam Vaticano II
Arte ajuda o homem a entrar no mistério, diz bispo
Sábado, dia de oração no mundo pela paz na Terra Santa

EM FOCO
Para enfrentar a crise, não prescindir da experiência espiritual, pede arcebispo
Salesianos celebram 150 anos de sua fundação
Novo superior geral para os Missionários de Guadalupe

Santa Sé

Papa afirma que ecumenismo é sinal para mundo «dividido»

Anima ortodoxos e católicos a prosseguirem com o diálogo

Por Inma Álvarez

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 30 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O Papa Bento XVI afirmou nesta sexta-feira, ao receber em audiência os membros da Comissão Mista Internacional para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e as Igrejas Orientais Ortodoxas, que a união do Corpo de Cristo é uma «dimensão essencial» da Igreja e de sua missão no mundo. 

O Papa se dirigiu em inglês, em um breve discurso, aos membros desta Comissão, que acabam de concluir sua 6ª reunião, e os animou a continuar buscando «a reconciliação e a comunhão no Corpo de Cristo, que é a Igreja». 

A união entre os cristãos não é uma questão secundária, mas uma «dimensão essencial», pela qual «temos o dever de trabalhar», explicou o Papa. 

«O mundo precisa de um sinal visível do mistério da unidade que existe entre as três divinas Pessoas e que, há dois mil anos, com a Encarnação do Filho de Deus, foi-nos revelada.»

«Só precisamos voltar o olhar ao Oriente Médio – de onde muitos de vós procedeis – para ver que se precisa com urgência de sementes de esperança em um mundo ferido pela tragédia da divisão, do conflito e do imenso sofrimento humano», acrescentou. 

Neste momento é muito necessário «reforçar o testemunho unido dos cristãos diante dos enormes desafios que devem enfrentar hoje», afirmou o Papa, contribuindo cada um «não só com a riqueza de sua própria tradição, mas também com o compromisso das Igrejas implienvolvidascadas neste diálogo para superar as divisões do passado». 

Este encontro, constatou, «deu importantes passos precisamente no estudo da Igreja como comunhão». 

Por outro lado, «o próprio fato de que o diálogo tenha continuado no tempo e que cada ano seja acolhido por uma das diversas Igrejas às que representais é em si mesmo um sinal de esperança e de ânimo», acrescentou o pontífice. 

Por último, ele quis recordar a celebração de conclusão, há alguns dias, da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, na qual estiveram presentes muitos membros da Comissão. 

«Paulo foi o primeiro grande campeão e teólogo da unidade da Igreja. Seus esforços e lutas estavam inspirados na permanente aspiração de manter uma visível, não meramente externa, mas real e plena comunhão entre os discípulos do Senhor», concluiu. 

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Santa Sé se prepara para celebrar 80 anos do Estado Vaticano

O aniversário da assinatura do Pacto de Latrão será em 11 de fevereiro

Por Carmen Elena Villa

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 30 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Com uma exposição, um congresso acadêmico e um concerto que contará com a presença do Papa Bento XVI, a Santa Sé comemorará os 80 anos do nascimento do Estado Vaticano. 

No próximo dia 11 de fevereiro se completam oito décadas da assinatura dos Pactos de Latrão. Por isso, o cardeal Giovanni Lajolo, presidente do governo do Estado Vaticano, deu a conhecer nesta sexta-feira, em uma coletiva de imprensa, os eventos comemorativos deste aniversário. 

A exposição será inaugurada em 12 de fevereiro no Braço de Carlos Magno, junto à Praça de São Pedro. Nela, os visitantes poderão conhecer como era a Santa Sé antes de 1929, como foi a construção do Estado Vaticano e como aconteceu a assinatura dos Pactos de Latrão. 

Os Pactos de Latrão ou pactos lateranenses (11 de fevereiro de 1929) foram negociados quando o rei da Itália era Victor Manuel III. São chamados de «pactos», pois se trata de três acordos: um pacto reconhece a independência e soberania da Santa Sé e cria o Estado da Cidade do Vaticano; uma concordata define as relações civis e religiosas entre o governo e a Igreja na Itália – resume-se no lema «Igreja livre em Estado livre»; e, em terceiro lugar, uma convenção financeira proporciona à Santa Sé uma compensação pelas perdas sofridas na anexação dos Estados Pontifícios à Itália, em 1870. Os pactos foram revisados em 1984, quando o socialista Bettino Craxi era primeiro ministro. 

Outra das seções estará dedicada a Pio XI, em cujo pontificado aconteceu aquele acordo histórico que permitiu o reconhecimento mútuo entre o então Reino da Itália e a Santa Sé. Igualmente se dedicará outra seção aos pontífices que sucederam Pio XI e ao desempenho de cada um deles como chefes do Estado Vaticano. 

A preparação desta exposição está sendo realizada com uma comissão organizada pelo bispo Renato Boccardo, secretário do governo do Estado Vaticano, e integrada, entre outros, por Dom Cesare Pasini, prefeito da Biblioteca Apostólica Vaticana, Giovanni Maria Vian, diretor de L'Osservatore Romano, e Dom Antonio Filipazzi, da Secretaria de Estado. 

Um pequeno território para uma grande missão 

A segunda iniciativa consiste no congresso denominado «Um pequeno território para uma grande missão» que se realizará de 12 a 14 de fevereiro e que contará com a presença do cardeal Jean-Louis Tauran, presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso. O evento acadêmico acontecerá no dia 12 de fevereiro, na Sala da Conciliação do Palácio Lateranense, enquanto que nos dias 13 e 14 este será realizado na Nova Sala do Sínodo de Bispos. 

No congresso se analisarão temas como a independência do Papa e do Estado Vaticano, as instituições da Santa Sé, as imagens e mitos diante da opinião pública, Pio XI como fundador e construtor do Estado Vaticano, os anos difíceis da guerra e do pós-guerra, as reformas do Vaticano, a presença e influência de João Paulo II, a Rádio Vaticano, o Estado Vaticano e o Estado italiano, entre outros. 

Alguns de seus palestrantes serão: o antigo diretor da sala de imprensa da Santa Sé, Joaquín Navarro Valls, seu sucessor o Pe. Federico Lombardi S.I., o professor Andrea Riccardi, historiador e fundador da Comunidade de Sant'Egidio, entre outros. O primeiro dia contará com a presidência do cardeal Tarcísio Bertone, secretário de Estado do Papa; o segundo dia estará a cargo e Marcello Pera, antigo presidente do senado italiano; e o terceiro, do professor Cesare Mirabelli, conselheiro geral do Estado. 

O evento concluirá com uma mesa redonda na qual se discutirá a frase do Papa Pio XI com a qual definiu a razão de ser do Estado Vaticano: «esse território mínimo indispensável para o exercício de um poder espiritual». Dentro dos expoentes, está o cardeal Archille Silvestrini, antigo secretário para as Relações com os Estados e prefeito emérito da Congregação para as Igrejas Orientais. A conclusão deste congresso será apresentada pelo cardeal Giovanni Lajolo e ao meio-dia os participantes terão uma audiência com o Santo Padre. 

A terceira iniciativa deste congresso será o concerto comemorativo de «O Messias» de Haendel, a cargo de Our Lady's Choral Society e da RTE Concert Orchestra de Dublin, com a presença do Papa Bento XVI, na Sala Paulo VI, no dia 12 de fevereiro, às 17h. 

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Concílio, eixo do magistério de Bento XVI, segundo cardeal Bertone

Rejeita que o Concílio tenha suposto «uma ruptura» na história da Igreja

ROMA, sexta-feira, 30 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- «Alguns sustentam que o Concílio Vaticano II supôs uma nova ‘Constituição’ na Igreja, mas isso é absurdo», como manifestaram todos os papas até agora, inclusive Bento XVI: assim explicou o cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado Vaticano, em uma conferência sobre o pensamento do Papa Bento XVI, por ocasião do 60º aniversário da fundação do Círculo de Roma, segundo recolhe L'Osservatore Romano em sua edição de ontem. 

O cardeal Bertone afirmou que a tese que uma ruptura entre a Igreja anterior e posterior ao Concílio é «falsa», pois «a constituição essencial da Igreja vem do Senhor, que se entregou a nós para que pudéssemos alcançar a vida eterna e, partindo desta perspectiva, estamos em situação de iluminar também a vida no tempo e o próprio tempo». 

Para o purpurado, o Vaticano II gerou «duas interpretações opostas: a da descontinuidade e a ruptura, que obteve simpatia da mídia e de uma parte da teologia moderna», e «a da reforma e a renovação na continuidade da única Igreja que o Senhor deu, e que é a que está, silenciosamente, mas cada vez de modo mais visível, dando fruto». 

Portanto, o Papa atual, acrescentou, «inscreve-se a título pleno no grupo de pontífices que disse ‘não’ à hermenêutica da descontinuidade e ‘sim’ à da reforma, tal como explicou João XXIII na abertura do Concílio e confirmou Paulo VI no discurso de conclusão». 

O cardeal Bertone explicou que o pontificado de Bento XVI é uma «obra ainda em construção» e que é prematuro «fazer um balanço». Contudo, assinalou que este papa «soube retomar com profundidade e sabedoria pastoral o que o Concílio afirma na Lumen Gentium e na Gaudium et spes sobre a missão da Igreja». 

Neste sentido, destacou os esforços «no serviço à unidade» que o atual Papa está levando a cabo, tanto no relativo à reconciliação e à unidade interna da Igreja Católica, como no relativo ao ecumenismo. 

Quanto à unidade interna da Igreja, o cardeal Bertone destacou a transcendência de sua carta aos católicos chineses, o motu proprio Summorum Pontificum e «seu recente gesto com relação aos seguidores de Lefebvre», explicou. 

Com relação à unidade entre os cristãos, destacou o «diálogo sereno e paciente» que Bento XVI, seguindo o caminho empreendido por João Paulo II, «está levando a cabo com os líderes das igrejas ortodoxas e das demais confissões e comunidades eclesiais». 

Contudo, acrescentou, «o Papa insiste em que para poder dialogar com a modernidade, é necessário que a fé do cristão seja sólida, e que não se reduza a um mero sentimento privado. Entende-se a importância que tem em seu magistério o fundamento racional da fé e a relação entre fé e razão». 

Também explicou que no centro de seu pensamento e obra está «a constante referência a Cristo», como manifesta sua obra Jesus de Nazaré. 

«Em uma época na qual proliferam publicações sobre Jesus com visões opostas, algumas das quais inclusive retomando antigas teorias esotéricas, Bento XVI nos convida a conhecer a Cristo em sua verdade histórica, para poder encontrá-lo em seu mistério de salvação», acrescentou. 

Por último, ele se referiu às encíclicas Deus caritas est e Spe salvi e a outros documentos de caráter ético e social, «nos quais surge continuamente a questão da dignidade humana, a defesa da vida, a tutela da família baseada no matrimônio», como «base de qualquer diálogo sobre valores». 

O Círculo de Roma foi fundado em 1949 pelo então substituto da Secretaria de Estado, Dom Giovanni Battista Montini, futuro Paulo VI. Esta associação, que tem sua sede na Igreja de Santa Maria in Cosmedin, tem como objetivo favorecer o contato com o mundo cultural e diplomático, assim como impulsionar iniciativas que promovam o diálogo espiritual na cultural atual.

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Santa Sé: existe «vínculo estreito» entre astronomia e religião

A Igreja se une à comemoração do Ano Internacional da Astronomia

Por Carmen Elena Villa

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 30 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- «O ano da astronomia representa hoje para a Santa Sé uma importante ocasião de aprofundamento e de diálogo», afirma a Santa Sé em um comunicado emitido nesta manhã.

O comunicado foi divulgado por ocasião da apresentação do Congresso Internacional «O caso de Galileu, uma releitura histórica, filosófica e teológica», que será realizado em Florença de 26 a 30 de maio próximos, e de cuja organização faz parte o Conselho Pontifício para a Cultura. 

A Organização das Nações Unidas proclamou 2009 como o Ano da Astronomia, para comemorar os 400 anos das primeiras descobertas astronômicas de Galileu Galilei.

A nota de imprensa ressalta que «existe um estreito vínculo entre a contemplação do céu estrelado e as religiões», devido a que «em quase todas as culturas e civilizações, a observação do céu está impregnada de um sentido profundamente religioso». 

«Também a Bíblia conserva as pistas desta sabedoria antiga, que sublinha a força criativa de Deus desde as primeiras páginas do Gênesis até a adoração dos Magos, passando pela aventura pessoal de Abraão, que via nas estrelas do céu a garantia segura da promessa divina», diz o comunicado. 

O caso Galileu

Galileu foi o primeiro homem em apontar o telescópio para o céu. Desta maneira, ampliou «os limites do conhecimento humano, obrigando-nos a ler o livro da natureza sob uma nova luz», diz a nota de imprensa. 

«No começo se pensava que a lua era uma estrela brilhante. Pensava-se que era um dos planetas junto ao sol. Quando Galileu apontou o telescópio para a lua, viu uma coisa inaudita, nunca antes vista. Ele percebeu que na lua há alguns pontos luminosos e disse: ‘A lua não é este corpo perfeito: tem montanhas, é outra terra’», assegurou durante a coletiva de imprensa Paolo Rossi, professor emérito de História da Ciência da Universidade de Florença, que será um dos palestrantes do congresso que acontecerá em maio. 

Por sua parte, Dom Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, falou do caminho de reflexão que a Igreja fez com o caso específico de Galileu. 

Referiu-se ao Concílio Vaticano II, em cuja constituição Gaudium et spes diz que «são, a este respeito, de deplorar certas atitudes que, por não compreender bem o sentido da legítima autonomia da ciência, ocorreram algumas vezes entre os próprios cristãos; atitudes que, seguidas de fortes polêmicas, induziram muitos a estabelecer uma oposição entre a ciência e a fé». 

Dom Ravasi disse que o juízo de Galileu, «por um lado deve levar-nos sempre à autocrítica do passado, como a que fez João Paulo II», referindo-se ao Dia do Perdão realizado por João Paulo II durante o primeiro domingo da Quaresma do ano 2000. 

Não obstante, o prelado assegurou que não se pode «ficar no tribunal da história, é necessário abrir-se ao futuro. Abrir-se ao diálogo recíproco, conscientes de que tampouco a filosofia esgota as respostas». 

Em 1616, Galileu foi processado por sustentar a teoria heliocêntrica, que desconcertava não só os crentes, mas a sociedade em geral, que durante séculos havia crescido em um sistema de rotação solar e planetário diferente. 

Sua teoria parecia contradizer os textos da Bíblia que falam de maneira metafórica da rotação dos astros e da quietude da terra. Contudo, são muitas as lendas negras que surgiram a partir deste fato. Galileu não foi preso nem torturado e tampouco foi assassinado. Morreu de morte natural em 1642, em sua casa, uma vila em Arcetri, nos arredores de Florença. Sobre estes temas se aprofundará no Congresso que acontecerá no mês de maio.

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Porta-voz vaticano denuncia gravidade moral de quem nega holocausto

Comentário do Pe. Federico Lombardi

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 30 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O porta-voz da Santa Sé considera como algo gravíssimo, do ponto de vista moral, que um sacerdote ou bispo, unido ou não à Igreja Católica, negue a Shoá, o extermínio de milhões de filhos do Povo de Israel nas mãos do nazismo. 

O Pe. Federico Lombardi S.J., diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, criticou as palavras do bispo britânico Richard Williamson, cuja excomunhão foi revogada, que em declarações realizadas a uma emissora sueca, em novembro passado, questionou o Holocausto e negou a existência de câmaras de gás nos campos de concentração nazistas. 

Em um editorial do «Octava Dies», semanário do Centro Televisivo Vaticano, o Pe. Lombardi pede, citando as palavras de Bento XVI de 28 de janeiro, que a lembrança da «Shoá leve a humanidade a refletir sobre a imprevisível potência do mal quando conquista o coração do homem». 

Segundo Lombardi, o Papa «não só condenou toda forma de esquecimento e de negação da tragédia do extermínio de seis milhões de judeus, mas também recordou os dramáticos interrogantes que estes eventos propuseram à consciência de todo homem e de todo crente». 

«Esta espantosa manifestação da potência do mal desafia a fé na própria existência de Deus», afirmou, citando o discurso que Bento XVI pronunciou em Auschwitz, no qual propôs as perguntas radicais dos salmistas a um Deus que parece silencioso ou ausente.

«Diante deste duplo mistério – da potência horrível do mal e da aparente ausência de Deus –, a única resposta última da fé cristã é a Paixão do Filho de Deus.»

«Estas são as questões mais profundas e decisivas do homem e do crente diante do mundo e da história. Não podemos nem devemos evitá-las, e muito menos negá-las. Do contrário, nossa fé se converte em enganosa e vazia.»

«Quem nega a Shoá não sabe nada nem sobre o mistério de Deus, nem sobre a Cruz de Cristo. É ainda mais grave, portanto, se a negação sair da boca de um sacerdote ou de um bispo, ou seja, de um ministro cristão, esteja unido ou não à Igreja Católica.»

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Mundo

Desmentida candidatura presidencial do cardeal da Bolívia

«A missão da Igreja não tem a ver com nenhum projeto político partidário»

LA PAZ, sexta-feira, 30 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- A Sala de Imprensa da Conferência Episcopal Boliviana (CEB) desmentiu a notícia dos meios informativos, segundo os quais existe a possibilidade de uma candidatura do cardeal Julio Terrazas à presidência da República.

«Em nome da CEB, negamos tal informação, ao considerá-la altamente especulativa e insidiosa; colocamos em dúvida a veracidade das fontes e lamentamos que alguns meios de comunicação difundam estas notas sem a verificação suficiente», explica um comunicado enviado nesta sexta-feira à Zenit pela Sala de Imprensa da Conferência Episcopal. 

«A pessoa do cardeal não se presta a um jogo de informações tão irresponsável que não coincide com suas importantes responsabilidades pastorais.»

«A missão da Igreja não tem a ver com nenhum projeto político partidário. A Igreja Católica e seus representantes sustentam o projeto do Reino de Deus e sua missão consiste em iluminar e orientar os projetos humanos a partir dos princípios e valores do Evangelho e da Doutrina Social da Igreja», afirma a Conferência Episcopal. 

«Reiteramos nosso pedido de respeito à pessoa e funções do cardeal, como primeira autoridade da Igreja Católica na Bolívia, já que este tipo de manipulações políticas ofende também a comunidade católica em seu conjunto.»

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Bispos alemães pedem aos «lefebvristas» que reconheçam Vaticano II

Depois da revogação da excomunhão

BONN, sexta-feira, 30 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Os bispos alemães convidaram os quatro bispos «lefebvristas», a quem o Papa recentemente revogou a excomunhão imposta em 1988, a declararem publicamente sua aceitação do Concílio Vaticano II, e em particular a Declaração Nostra Aetate sobre as relações com o judaísmo e com as relações não-cristãs. 

Assim afirma uma declaração assinada por Dom Heinrich Mussinghoff, bispo de Aachen e presidente da Subcomissão para as Relações com o Judaísmo da Conferência Episcopal Alemã. 

O prelado afirma que os bispos alemães apoiam os esforços do Papa para «obter a unidade da Igreja», ainda que admita que esta decisão «suscitou uma série de perguntas críticas», sobretudo por causa das teses negacionistas do Holocausto expressas por Dom Richard Williamson, um dos quatro bispos que recebeu o perdão papal. 

«Nós nos opomos da maneira mais decidida a esta negação do Holocausto, que na Alemanha já está sendo objeto de investigação judicial», declara Dom Mussinghoff. De fato, a negação do Holocausto neste país é um delito que pode supor até 5 anos de prisão. 

«Expressamos – afirma o comunicado – a clara e grande expectativa de que, no curso dos próximos encontros, os quatro bispos da Fraternidade de São Pio X manifestem de modo irrevogável e crível sua fidelidade ao Concílio Vaticano II, em particular à declaração Nostra Aetate, cujas postulações foram renovadas pelo Papa João Paulo II em seu longo pontificado, de maneira insistente e com resultados benéficos.»

Ontem mesmo, o arcebispo de Friburgo e presidente da Conferência Episcopal Alemã, Dom Robert Zollitsch afirmou, antes de uma visita prevista a uma sinagoga em Mannheim, que «na Igreja Católica não há espaço nem para o antissemitismo nem para a negação do Holocausto». 

Por sua parte, a Conferência Episcopal Suíça, país no qual Dom Marcel Lefebvre estabeleceu (na cidade de Ecône) a casa de formação da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, quis sublinhar em uma nota que os bispos consagrados em 1988 sem mandato pontifício, «apesar do levantamento da excomunhão, continuam suspensos a divinis» e que portanto, «segundo a Igreja Católica, não podem exercer seu ministério episcopal». 

«É necessário – escrevem os bispos – evitar mal-entendidos: na doutrina da Igreja, a revogação da excomunhão não é reconciliação, nem a reabilitação, mas a abertura do caminho para a reconciliação. Esse ato não foi um ponto de chegada, mas um ponto de partida para um diálogo necessário sobre as razões da dissensão.»

Por sua parte, o bispo de Ratisbona, na Alemanha, Dom Gerhard Ludwig Mueller, impôs a proibição de aceder a todas as igrejas e instituições diocesanas a Dom Richard Williamson – que normalmente reside na Argentina –, acusando-o de blasfêmia. 

A causa é que a controvertida entrevista à emissora sueca SVT foi concedida por Dom Williamson em novembro de 2008 perto de Regensburg, em Zaitzkofen, onde a Fraternidade tem um de seus seminários. 

De fato, por competência territorial, a fiscalização de Ratisbona abriu uma investigação contra Dom Williamson por instigação ao ódio étnico. 

A Fraternidade de São Pio X se opõe à concepção eclesiológica surgida do Concílio Vaticano II, segundo a qual a Igreja de Cristo subsiste na Igreja Católica, pois afirmam que desta forma se nega a identidade entre Igreja de Cristo e Igreja Católica, e rejeitam o ecumenismo e o diálogo inter-religioso porque – afirmam – supõe negar a unicidade da Igreja e de sua missão salvífica.

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Arte ajuda o homem a entrar no mistério, diz bispo

Dom Gilberto Canavarro dos Reis comenta exposição sobre S. Paulo

SETÚBAL, sexta-feira, 30 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O bispo de Setúbal (Portugal), Dom Gilberto Canavarro dos Reis, alentou o uso da arte para abordar o mistério da fé, ao falar sobre uma exposição que enfoca S. Paulo.

É que os claustros interiores do Antigo Convento, no Seminário de Almada, acolhem até este sábado uma exposição coletiva de pintura dedicada à figura do apóstolo.

A mostra apresenta obras de artistas como Bernardete de Freitas, Cargaleiro, Célina, Conceição Estrela, Emília Nadal, P. e João Marcos, João Sousa Araújo, Louro Artur, Luíz Cunha, Pólvora D’Cruz e Rolo Martins.

Ao falar sobre a iniciativa, o bispo de Setúbal destacou que a arte «tem a capacidade de ajudar o homem a entrar no mistério, a dizer o indizível, a mostrar o transcendente».

«Por isso, está ligada à expressão religiosa e, como é sobejamente conhecido, à expressão da fé cristã e católica.»

O bispo considera «bem-vinda e importante a contribuição que os pintores possam dar» para ajudar o Povo de Deus «a descobrir e a acolher a misericórdia divina que se revela no rosto belo de S. Paulo, através da luz de Cristo ressuscitado e na força do Espírito Santo».

Em S. Paulo –comenta Dom Gilberto–, manifesta-se «de forma impressionante a profundidade, a grandeza e o poder da misericórdia divina».

«Misericórdia que leva Deus a compadecer-se do perseguidor de Seu Filho bem amado e a escolhê-lo e a santificá-lo para ser evangelizador e modelo de evangelizador ímpar.» 

«Misericórdia que, com a luz de Cristo Ressuscitado, arranca Saulo da cegueira e do caminho da morte por onde seguia para o colocar no caminho da Vida Eterna», afirma o bispo.

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Sábado, dia de oração no mundo pela paz na Terra Santa

Participarão jovens dos cinco continentes

JERUSALÉM, sexta-feira, 30 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Neste sábado, 31 de janeiro, milhares de jovens dos cinco continentes se unirão em umdia de oração de 24 horas ininterruptas, que acontecerá com Eucaristias e Adorações em cerca de 400 cidades do mundo inteiro. 

De Jerusalém a Roma, Nova York, Cracóvia, assim como na Argentina, Brasil, Espanha, França e em alguns países da África, Austrália e Ásia se rezará pela paz na Terra Santa. Também haverá uma Missa com esta intenção na paróquia do Patriarcado Latino da Sagrada Família de Gaza. 

Também a Cidade do Vaticano participará desse dia internacional com uma Eucaristia concelebrada amanhã de manhã pelo cardeal Raffaele Farina, prefeito da Biblioteca Apostólica Vaticana, com a comunidade salesiana da Tipografia Vaticana. 

O Dia Internacional de Oração pela Paz nasce da intenção de responder às palavras pronunciadas por Bento XVI no Ângelus de 28 de dezembro passado, no qual pediu aos cristãos «orações intensas» pela paz. 

Naquela ocasião, o Papa havia condenado a «violência inaudita» na Terra Santa, sublinhando que «a pátria terrena de Jesus não pode continuar sendo testemunha de tanto derramamento de sangue, que se repete sem fim». 

A iniciativa de amanhã está promovida por várias associações juvenis católicas, como a Associação Nacional «Papaboys», o Apostolado «Jovens pela Vida», as Capelas da Adoração Perpétua na Itália e outros países do mundo, e os grupos de Reunião Eucarística. 

O Dia de oração recebeu também a adesão de muitos grupos de oração, leigos e consagrados, e de sacerdotes de todo o mundo, de muitas paróquias salesianas (que amanhã celebram a festa de seu fundador, São João Bosco), das Missionárias da Consolata e dos Missionários do Preciosíssimo Sangue. 

Também muitos grupos de jovens do mundo inteiro confirmaram sua adesão no Facebook «Queremos a paz na Terra Santa» (Vogliamo la pace in Terrasanta). Até ontem, segundo divulgou a Adoração Perpétua italiana, as adesões eram de mais de 4 mil grupos, e 2 mil pessoas a título individual, nos cinco continentes. 

Mais informaçãohttp://www.papaboys.ithttp://www.adorazione.org;http://www.adorazioneperpetua.ithttp://www.youthfl.org

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Em foco

Para enfrentar a crise, não prescindir da experiência espiritual, pede arcebispo

D. Walmor de Azevedo diz que não basta retomar a aceleração da economia

Por Alexandre Ribeiro

BELO HORIZONTE, sexta-feira, 30 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- A experiência espiritual é um itinerário indispensável no enfrentamento da crise econômica, afirma o arcebispo de Belo Horizonte (Brasil).

Segundo Dom Walmor Oliveira de Azevedo, os analistas, os governantes e as pessoas em geral têm de ter uma «compreensão mais clara da necessidade de uma mudança mais radical na conduta pessoal e social».

«A afirmação de que a crise econômica mundial tem raízes numa crise moral e espiritual é a tentativa de configurar o indispensável consenso de que é preciso mexer, mais radicalmente, na conduta», destaca Dom Walmor, em artigo enviado a Zenit nesta sexta-feira.

«O modo de organizar e viver na sociedade mundial evoluiu em direções que vão se tornando insustentáveis. São insustentáveis do ponto de vista ecológico, social, político e econômico.»

De acordo com o arcebispo, o saber contemporâneo, procedente de diferentes fontes, «tem o desafio de promover a consciência de que é indispensável a elaboração e apropriação de novos itinerários que tenham força de modificar a configuração contemporânea do modo de viver a vida e de conduzir as relações sociais».

«A crise econômica mundial, desta etapa da história da humanidade, avaliada nos seus números e no seu alcance como gravíssima, não pode ser enfrentada, para sua superação, simplesmente com a resposta dos vetores que permitirão uma nova aceleração da economia, garantindo muito dinheiro no mercado.»

«Muito dinheiro que, incontestavelmente, não tem mudado o quadro vergonhoso da exclusão social mundial, mas até agravou o inaceitável fosso entre ricos e pobres», afirma.

Segundo Dom Walmor, o dinheiro e sua lógica «não têm alma». Por isso mesmo, «brota a ganância que incita os corações; as perversidades mentirosas que levam a manipulações do dinheiro pertencente ao bem comum, tantas vezes usado, guardado, priorizado até o ponto de sacrificar os mais pobres nos seus direitos de sobrevivência e dignidade».

Neste horizonte, é preciso proclamar «a insubstituível necessidade de entender que entre os novos itinerários, para a superação desta crise mundial atual, não se pode deixar de lado os itinerários próprios de uma experiência espiritual».

«Estes itinerários espirituais têm propriedades para tocar a indispensável configuração nova de uma compreensão antropológica que permita a compreensão e concretização das posturas novas no conjunto das relações sociais e políticas contemporâneas.»

De acordo com o arcebispo, não é fácil admitir esta necessidade no enfrentamento e superação da crise.

«Não basta apenas esperar que surjam alguns salvadores de pátrias. Novos itinerários são urgências. Não se pode agora desconsiderar itinerários espirituais», enfatiza.

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Salesianos celebram 150 anos de sua fundação

O aniversário será comemorado neste sábado

ROMA, sexta-feira, 30 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Os membros da «Sociedade de São Francisco de Sales», ou «Sociedade Salesiana de São João Bosco», mais conhecidos como Salesianos, preparam-se para iniciar as celebrações do 150º aniversário de sua fundação.

Nascida oficialmente em 18 de dezembro de 1859 em Turim (Itália), por iniciativa de São João Bosco, a Congregação Salesiana está presente hoje em 129 nações com 16.092 salesianos (10.669 sacerdotes, 2.025 coadjutores, 2.765 seminaristas, 515 noviços e 118 bispos, entre os quais 5 são cardeais). 

O aniversário recorda a reunião que aconteceu em 18 de dezembro de 1859 nos aposentos de Dom Bosco, no Oratório de São Francisco de Sales de Valdocco, em Turim, onde 18 jovens, segundo se assinala na histórica ata, decidiram «erigir-se como Sociedade ou Congregação que, tendo como objetivo o ajudar-se mutuamente para a própria santificação, promovesse a glória de Deus e a salvação das almas, especialmente das mais necessitadas de instrução e de educação». 

O reitor maior dos salesianos, Dom Pascual Chávez Villanueva, na carta de convocatória do 150º aniversário, dirigida a todos os salesianos do mundo, definiu 2009 como «um ano de graça» que deve ajudar os filhos de Dom Bosco a recordar sua própria origem e as finalidades às quais estão chamados. 

São diversas as iniciativas e atos programados pelos 93 províncias (inspetorias) em que está organizada a congregação. O ano de celebrações começará oficialmente amanhã, sábado, 31 de janeiro, festa litúrgica de São João Bosco. Nesse dia, o reitor maior, Dom Chávez, presidirá, na basílica de Maria Auxiliadora em Valdocco (Turim), uma celebração eucarística que se transmitirá ao vivo pelo canal italiano Telepace às 18h (hora de Roma). Nessa Eucaristia, o IX sucessor de Dom Bosco dará a tradicional mensagem aos jovens do Movimento Juvenil Salesiano presentes em todo o mundo. 

Na mesma data se espera a publicação do conteúdo do «Projeto Europa» da Congregação Salesiana que, procurando responder aos novos desafios que o velho continente propõe à vida religiosa, à educação e à formação dos jovens, compromete-se a relançar sua própria presença na Europa. 

Este «ano de graça» se distinguirá pela celebração de algumas datas especiais: em 25 de maio, em proximidade da festa de Maria Auxiliadora; em 24 de junho, dia onomástico de Dom Bosco, festa do Reitor Maior; em 16 de agosto, dia do nascimento de Dom Bosco; e em 18 de dezembro, dia em que os salesianos do mundo estão convidados a renovar sua profissão religiosa. 

Um acontecimento relevante será a peregrinação de uma urna que contém uma relíquia insigne de Dom Bosco, que percorrerá as diversas nações em que os salesianos estão presentes. O longo itinerário começará em julho deste ano, no Chile, e concluirá em 2015, ano em que se celebrará o bicentenário do nascimento de Dom Bosco.

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Novo superior geral para os Missionários de Guadalupe

CIDADE DO MÉXICO, sexta-feira, 30 de janeiro de 2009 (ZENIT.org-El Observador).- O X Capítulo Geral dos Missionários de Guadalupe elegeu, em sua reunião do dia 27 de janeiro, o Pe. Juan José Luna Erreguerena para o cargo de superior geral. 

A Congregação para a Evangelização dos Povos confirmou tal eleição e concedeu sua autorização para torná-la pública. 

E em sua reunião do dia 28, elegeu os quatro conselheiros gerais, que aceitaram o cargo. São os padres Raúl Ibarra Hernández, primeiro conselheiro (vigário geral); Fernando Montes Ledezma, segundo conselheiro; Raúl Nava Trujillo, terceiro conselheiro e Salvador Rojas Vega, quarto conselheiro. 

O Instituto de Santa Maria de Guadalupe para as Missões Exteriores foi fundado pelos bispos do México em 1949 e, sustentado por eles desde então, participa da missão da Igreja formando, enviando e sustentando seus missionários no trabalho sempre necessário da evangelização dos que não crêem em Cristo. 

Atualmente, há cerca de 165 Missionários de Guadalupe servindo no mundo, especialmente na África, Ásia e América. 

Para mais informação, pode-se visitar o site www.mg.org.mx  

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quinta-feira, janeiro 29, 2009

ZP090129

ZENIT

O mundo visto de Roma

Serviço diario - 29 de janeiro de 2009



SANTA SÉ
Papa pede maior atenção nas nulidades matrimoniais por imaturidade psíquica
Papa convida bispos católicos russos a renovado esforço pelo ecumenismo
Santa Sé organiza congresso internacional sobre Galileu Galilei
Bento XVI: «Que a Shoá seja para todos uma advertência contra o esquecimento»
Papa elogia projeto de construção de «altar da paz» em Jerusalém

MUNDO
Cardeal pede compromisso para combater o que desfigura o Rio de Janeiro
Água como direito universal e bem público, pedem Igrejas
Bispos preparados para novos desafios da evangelização

EM FOCO
Dom Marchetto: diálogo é «motor da integração dos migrantes»

FLASH
João Paulo II retratado no Santuário de Fátima

Santa Sé

Papa pede maior atenção nas nulidades matrimoniais por imaturidade psíquica

Na audiência aos membros do Tribunal da Rota Romana

Por Mirko Testa

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Ao receber nesta quinta-feira em audiência os membros do Tribunal da Rota Romana, por ocasião da solene inauguração do Ano Judicial, Bento XVI advertiu sobre o perigoso aumento das declarações de nulidade matrimonial com o pretexto da imaturidade psíquica.

Em sua reflexão, o pontífice fez referência a dois discursos pronunciados por João Paulo II sobre esta questão (5 de fevereiro de 1987 e 25 de janeiro de 1988), constatando a «grande atualidade» deste problema e a necessidade de que o juiz recorra à ajuda de peritos na hora de comprovar a existência de uma incapacidade real. 

É necessário, explicou, preservar a comunidade eclesial «do escândalo de ver destruído na prática o valor do matrimônio cristão pela multiplicação exagerada e quase automática das declarações de nulidade, em caso de fracasso do matrimônio, com o pretexto de certa imaturidade ou fraqueza psíquica do contraente». 

A propósito disso, o Papa exortou os agentes do direito «a tratar as causas com a devida profundidade que requer o ministério de verdade e de caridade que é próprio da Rota Romana», recordando a diferença «entre uma maturidade psíquica, que seria o ponto de chegada do desenvolvimento humano, e a maturidade canônica, que é, ao contrário, o ponto mínimo de partida para a validez do matrimônio». 

O pontífice pôs o acento na diferença entre «incapacidade» e «dificuldade» – enquanto que apenas a primeira torna nulo o matrimônio; «entre a dimensão canônica da normalidade, que inspirando-se na visão integral da pessoa humana, compreende também formas moderadas de dificuldade psicológica, e a dimensão clínica, que exclui do conceito de normalidade toda limitação da maturidade e toda forma de psicopatologia». 

O Santo Padre convidou, portanto, a discernir «entre a capacidade mínima, suficiente para um válido consenso, e a capacidade idealizada de uma maturidade plena que visa a uma vida conjugal feliz». 

O conceito de «incapacidade» 

Entre as diversas causas de nulidade por imaturidade psíquica estão todas aquelas que podem ter comprometido em um dos dois cônjuges a capacidade consensual para assumir e cumprir as obrigações fundamentais do matrimônio. 

Nestes casos entram: a falta de suficiente uso de razão, no qual o sujeito que apresenta uma grave alteração das faculdades psíquicas não é consciente de seu próprio estado e não pode autodeterminar-se livremente; ou também o chamado «defeito de discrição de juízo» no qual o sujeito é consciente de seu estado e não perde a racionalidade necessária, como as formas graves de neurose e de psicopatia. 

A incapacidade de assumir e cumprir as obrigações essenciais do matrimônio pode ser também provocada por dependência química ou também ser produto de perversões ou afecções de caráter sexual. 

As definições que os canonistas oferecem dos distúrbios da personalidade se aproximam às formuladas nas edições do Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, elaborado pela Sociedade Americana de Psiquiatria (DSM). 

O DSM as subdivide fundamentalmente em três grupos: estranho-ecêntrico (distúrbios paranóides, esquizóides e esquizotípicos da personalidade); amplificativo-emotivo (distúrbios anti-sociais, borderline, histriônico e narcisita); ansiedade-medo (distúrbios de personalidade evasiva, dependente e obsessivo-compulsivo). A estes três grupos se acrescenta uma categoria residual, denominada distúrbios da personalidade não especificados ou «mista». 

Contudo, a questão da natureza psicopatológica dos distúrbios da personalidade é relevante do ponto de vista canônico somente se a presença de uma séria forma de anomalia clínica incidir sobre as faculdades naturais da pessoa, ou seja, sobre a inteligência e a vontade. 

O homem é capaz de casar-se 

Na audiência aos membros da Rota Romana, o Papa sublinhou em primeiro lugar a necessidade de «redescobrir em positivo a capacidade que em princípio toda pessoa humana tem de casar-se em virtude de sua própria natureza de homem ou de mulher». 

Logo depois, alertou sobre o risco, na sociedade atual, de «cair em um pessimismo antropológico que, à luz da situação atual cultural, considera quase impossível casar-se». 

«Além do fato de que esta situação não é uniforme nas diversas regiões do mundo – observou –, não se pode confundir a incapacidade consensual com as dificuldades que muitos atravessam, especialmente os jovens, chegando a considerar a união matrimonial como normalmente impensável e impraticável.»

«Ao contrário – precisou –, a reafirmação da inata capacidade humana ao matrimônio é precisamente o ponto de partida para ajudar os casais a descobrirem a realidade natural de matrimônio e a relevância que ele tem no plano da salvação.»

«A capacidade deve colocar-se em relação com o que é o matrimônio essencialmente, ou seja, a íntima comunhão de vida e amor conjugais, fundada pelo Criador e estruturada com leis próprias e, de modo particular, com as obrigações essenciais inerentes a ela.»

Dentro das obrigações essenciais do estado conjugal se inclui o consortium vitae ou também o ius ad vitae communionem, que se identifica com a ajuda mútua, não só prática ou do ponto de vista da intimidade sexual, mas também no sentido mais amplo e profundo, orientado ao bem dos cônjuges, exaltando sua dimensão oblativa. 

A capacidade para o matrimônio, continuou o Papa, «não se mede em relação a um determinado grau de realização existencial ou efetiva da união conjugal mediante o cumprimento das obrigações essenciais, mas em relação com a vontade eficaz de cada contraente, que torna esta realização possível e operante já no momento do pacto nupcial». 

Da mesma forma, recordou como algumas correntes antropológicas «humanistas», orientadas «à autorrealização e à autotranscendência egocêntrica», idealizam até tal ponto a pessoa humana e o matrimônio, que acabam por «negar a capacidade psíquica de muitas pessoas, fundado-a em elementos que não correspondem às exigências essenciais do vínculo conjugal». 

Frente a estas concepções, os especialistas de direito eclesial devem levar em conta o «realismo saudável» ao qual se referia João Paulo II, «porque a capacidade faz referência ao mínimo necessário para que os noivos possam entregar seu ser de pessoa masculina e feminina para fundar esse vínculo ao qual está chamada a grande maioria dos seres humanos», concluiu o Papa. 

História da Rota

As competências do Tribunal da Rota Romana, que teve sua origem na Chancelaria Apostólica, foram fixadas definitivamente por Bento XIV com a Constituição Iustitiae et pacis, em 1747. Desde Gregório XVI (1834), a Rota foi também tribunal de apelação para o Estado Pontifício, enquanto que as causas pertinentes ao fórum eclesiástico eram decididas preferentemente pelas Congregações. 

As normas vigentes foram aprovadas e promulgadas por João Paulo II, em 7 de fevereiro de 1994. 

A Rota Romana atua como tribunal de apelação e julga; em segunda instância, as causas definidas pelos tribunais ordinários de primeiro grau e remetidas à Santa Sé por legítima apelação; e também em terceira e ulterior instância, as causas tratadas já em apelação pela própria Rota ou por outro tribunal eclesiástico de apelação. 

Também é tribunal de apelação para o Tribunal Eclesiástico da Cidade do Vaticano.

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Papa convida bispos católicos russos a renovado esforço pelo ecumenismo

«Este diálogo, apesar dos progressos alcançados, ainda tem algumas dificuldades»

Por Inma Álvarez

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O Papa pediu hoje aos bispos católicos russos, a quem recebeu em audiência por ocasião de sua visita ad limina apostolorum, um «renovado esforço no diálogo com nossos irmãos e irmãs ortodoxos». 

«Sabemos que este diálogo, apesar dos progressos alcançados, ainda tem algumas dificuldades», assinala o Papa, mas acrescenta que é importante «que os cristãos enfrentem juntos os desafios que a sociedade atual propõe». 

Entre estes desafios, mencionou especialmente «a defesa da vida em todas suas fases, a tutela da família e outras questões urgentes, econômicas e sociais». 

«Infelizmente, também na Rússia, como em outras partes do mundo, registra-se a crise da família e a conseguinte diminuição da natalidade, junto com os demais problemas que a sociedade contemporânea enfrenta.»

O Papa assinalou que a própria existência da comunidade católica russa deve ser «um convite e um estímulo ao diálogo também pessoal» com os ortodoxos.  

«Se nos diversos encontros não se chega sempre a enfrentar questões de fundo, contudo estes contatos contribuem para um maior conhecimento mútuo, graças ao qual podeis colaborar juntos em âmbitos de interesse comum», acrescentou. 

Esta visita ad limina, que coincidiu com a eleição do novo patriarca de Moscou, deu outra vez ao Papa ocasião de felicitar-lhe e de orar «para que o Senhor nos confirme no empenho de caminhar juntos na via da reconciliação e do amor fraterno». 

Precisamente, esta visita ad limina traz à luz, explicou o Papa, «a comunhão que vos liga ao Sucessor de Pedro». 

«A comunhão com o Bispo de Roma, garantia da unidade eclesial, permite às comunidades confiadas aos vossos cuidados pastorais, ainda que minoritárias, sentir-se cum Petro e sub Petro, parte viva do Corpo de Cristo estendido por toda a terra.»

«A vós, pastores da Igreja que vive na Rússia, o Sucessor de Pedro vos renova a expressão de sua solicitude e proximidade espiritual, animando-vos a continuar unidos na atividade pastoral, beneficiando-vos também da experiência da Igreja universal», acrescentou. 

Por outro lado, o Papa se referiu à situação de minoria que a comunidade católica russa vive, exortando-lhes a «não desanimar-vos se às vezes as realidades eclesiais vos parecem modestas, e se os resultados pastorais que obtendes não parecem corresponder aos esforços realizados».

«Alimentai mais, em vós e em vossos colaboradores, um autêntico espírito de fé, com a consciência totalmente evangélica de que Jesus não deixará de tornar fecundo, com a graça de seu Espírito, vosso ministério para glória do Pai, segundo tempos e formas que só Ele conhece.»

Bento XVI pediu aos bispos uma «atenção especial aos jovens», aos que a comunidade católica russa, «fiel à memória de suas próprias testemunhas e mártires e utilizando os oportunos instrumentos e linguagens, está chamada a transmitir inalterado o patrimônio de santidade e de fidelidade a Cristo, e os valores humanos e espirituais que estão na base de uma eficaz promoção humana e evangélica». 

Também lhes pediu um esforço na promoção das vocações sacerdotais e religiosas: «a pastoral das vocações é particularmente necessária em nossa época», acrescentou. 

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Santa Sé organiza congresso internacional sobre Galileu Galilei

Dentro da celebração do Ano Internacional da Astronomia

Por Carmen Elena Villa

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Hoje se apresentou na Sala de Imprensa da Santa Sé o congresso internacional de estudos «O Caso de Galileu. Uma releitura histórica, filosófica e teológica», que se realizará em Florença, de 26 a 30 de maio. 

O evento acadêmico será realizado dentro do Ano Internacional da Astronomia, proclamado pelas Nações Unidas em memória dos 400 anos das primeiras observações astronômicas (1609) por parte de Galileu Galilei (1564-1642). 

Será organizado por Stensen, um instituto dos padres jesuítas localizado em Florença, com o fim de favorecer a pesquisa e o debate entre diversas culturas. Seu objetivo é plenamente formativo e está dirigido especialmente às gerações mais jovens. 

O congresso contará com 33 expositores, entre historiadores, teólogos e cientistas; entre eles está o jesuíta e astrônomo George Coyne, ex-diretor do observatório astronômico vaticano, o professor Evandro Agazzi, professor presidente honorário da Federação Internacional de Sociedades Filosóficas (FISP), Nicola Cabibbo, físico italiano, conhecido pelos trabalhos sobre integração nuclear, Paolo Rossi, professor emérito de História da Ciência da Universidade de Estudos de Florença, entre outros. 

O professor Rossi assegurou durante a apresentação do evento que este tratará de «todos os temas essenciais: a condenação da doutrina de Copérnico em 1616 e o processo a Galileu em 1633; a gêneses do caso Galilei na Itália, França e Inglaterra do século XVII; a história deste caso antes do Iluminismo e depois no século XIX (na idade do Positivismo) e por último, do século XX até os nossos dias». 

O congresso, apoiado pela presidência da República Italiana, está patrocinado pela Região Toscana, e conta com o apoio da presidência do Conselho de Ministros e do Ministério para os Bens e Atividades Culturais. 

Participarão 18 instituições de setores representativos da vida cultural e científica, entre elas o Conselho Pontifício para a Cultura, a Pontifícia Universidade Gregoriana, a Pontifícia Academia das Ciências e a Universidade de Florença. 

Participarão 18 instituições de setores representativos da vida cultural e científica, entre elas o Pontifício Conselho para a Cultura, a Pontifícia Universidade Gregoriana, a Pontifícia Academia das Ciências e a Universidade de Florença. 

A inauguração se realizará na basílica florentina da Santa Cruz (Santa Croce), onde se encontra o túmulo de Galileu e de outros importantes personagens italianos. 

O evento de encerramento será realizado em 30 de maio, na Vila il Gioiello ad Arcetri, em Florença, que foi a última casa onde Galileu morou. Lá, Evandro Agazzi, Paolo Galluzzi, Paolo Prodi e Adriano Prosperi discutirão sobre Galileu na contemporaneidade, a relação com a Igreja e as perspectivas da busca biotecnocientífica. 

Igualmente, para esta ocasião estão sendo organizados eventos cinematográficos, culturais e teatrais que serão realizados em Florença, dentro da comemoração do Ano da Astronomia. 

Mais informação: www.stensen.org

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Bento XVI: «Que a Shoá seja para todos uma advertência contra o esquecimento»

O Rabino de Israel, após o caso Williamson, agradece a intervenção do Papa

Por Mirko Testa

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- «Que a Shoá seja para todos uma advertência contra o esquecimento», afirmou Bento XVI, ao término da audiência geral, na data que fazia memória dos hebreus massacrados pelos nazistas durante a 2ª Guerra Mundial.

Em 27 de janeiro, de fato, graças a uma Resolução aprovada em 1º de novembro de 2005 nas Nações Unidas, com o decidido apoio da Santa Sé, foi declarado Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. 

Nestes dias se recorda a libertação, em 1945, por parte do exército soviético, de Auschwitz-Birkenau (Polônia), o principal campo de concentração nazista. 

O Papa, em um comunicado ao término da audiência, afirmou: «vêm-me à memória as imagens recolhidas em minhas repetidas visitas a Auschwitz, um dos lugares nos quais se consumou o brutal massacre de milhões de hebreus, vítimas inocentes de um cego ódio étnico e religioso». 

Por isso, acrescentou, «enquanto renovo com afeto a expressão de minha total e indiscutível solidariedade com nossos irmãos destinatários da Primeira Aliança, auguro que a memória da Shoá induza a humanidade a refletir sobre o imprevisível poder do mal quando conquista o coração do homem». 

«Que a Shoá seja para todos uma advertência contra o esquecimento, contra a negação ou o reducionismo, porque a violência feita contra um só ser humano é violência contra todos», advertiu. 

«Nenhum homem é uma ilha», acrescentou o Papa, citando os versos do poeta inglês John Donne (1571-1631). 

«Que a Shoá ensine tanto às antigas como às novas gerações que só o fatigoso caminho da escuta e do diálogo, do amor e do perdão, conduz os povos, as culturas e as religiões do mundo ao desejado encontro da fraternidade e da paz na verdade.»

«Que a violência nunca mais humilhe a dignidade do homem!», exclamou no final. 

As palavras pronunciadas por Bento XVI na quarta-feira, e expressadas «já em diversas ocasiões» no passado, «deveriam ser mais que suficientes para responder às perguntas de quem expressa dúvidas sobre a postura do Papa e da Igreja Católica sobre a questão», comentou o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, S.J., imediatamente depois da audiência geral. 

As palavras do porta-voz da Santa Sé, recolhidas pela Rádio Vaticano, chegam depois de vários dias de polêmicas, enquanto os meios de comunicação internacionais difundiam certos rumores publicados pelo «Jerusalém Post» sobre uma possível ruptura de relações entre o rabino de Israel e a Igreja Católica. 

O caso estourou após as controvertidas declarações à televisão pública sueca de Dom Richard Williamson – um dos quatro bispos ordenados em 1988 por Dom Marcel Lefebvre, a quem lhes foi revogado recentemente a excomunhão – negando a existência das câmaras de gás nos campos de concentração e reduzindo a 300 mil o número de hebreus assassinados durante a 2ª Guerra Mundial. 

O jornal israelense havia assinalado a intenção do Rabinato de Israel de interromper «indefinidamente» as relações oficiais com o Vaticano e de cancelar também um encontro com a Comissão para as Relações Religiosas da Santa Sé, previsto de 2 a 3 de março em Roma. 

O Pe. Lombardi concluiu com o desejo de que «as dificuldades apresentadas pelo Rabinato de Israel possam ser objeto de uma ulterior e mais profunda reflexão, em diálogo com a Comissão para as Relações com o Judaísmo do Conselho para a Unidade dos Cristãos, de modo que o diálogo da Igreja Católica com o hebraísmo possa seguir adiante com fruto e serenidade». 

Em uma entrevista concedida ontem a Sky Tg24, o diretor geral do Rabinato de Israel, Oded Wiener, afirmou ao contrário: «Não interrompemos as relações com o Vaticano, também porque creio que elas são fundamentais, tanto para nós como para o próprio Vaticano». 

«Esta questão tão importante deverá, contudo, ser discutida – precisou. Adiamos este encontro enquanto não falamos de tudo isso com as pessoas da Santa Sé e discutimos como retomar nossas relações.»

«Certamente, neste âmbito tão sensível e em um período histórico tão importante, todo  o mundo hebraico está comovido por esta questão», observou. 

Sobre as palavras de condenação de Bento XVI sobre o negacionismo do Holocausto, Wiener sublinhou: «Em primeiro lugar, creio que a declaração do Papa desta manhã foi extremamente importante, para nós e para o mundo inteiro. Não há lugar para pessoas como Williamson, que negam a existência do Holocausto». 

«Creio que foi um grande passo adiante – acrescentou – e uma importante declaração para resolver esta questão, ainda que devemos discutir junto com os membros da Comissão da Santa Sé e do governo de Israel sobre o que pode ser acrescentado para colocar fim a este problema.»

Como sinal de distensão, o embaixador israelense na Santa Sé, Mordechay Lewy, em declarações publicadas por Apcom, afirmou estar «muito contente por uma declaração de tão alto nível por parte da Santa Sé, que esclarece e ajuda a superar os equívocos». 

«Penso que é equivocado, agora, personalizar a questão, concentrando-se em um único bispo», precisou Lewy. 

Com relação à intenção de Bento XVI de viajarà a Terra Santa no próximo mês de maio, o embaixador israelense sublinhou que «o Papa é bem-vindo em Israel hoje, como era bem-vindo ontem e anteontem». 

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Papa elogia projeto de construção de «altar da paz» em Jerusalém

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Um altar para invocar a paz na Terra Santa e em todo o mundo: assim definiu Bento XVI o artístico altar em forma de tríptico destinado à basílica dos armênios católicos de Jerusalém, e que lhe foi apresentado imediatamente depois da audiência geral desta quarta-feira.

O projeto foi realizado pela associação polonesa «Comunidade Rainha da Paz», à qual o pontífice agradeceu durante as saudações nos diferentes idiomas aos diversos grupos de fiéis congregados na Sala Paulo VI. 

«Este será um lugar de contínua oração pela paz na Terra Santa e em todo o mundo – afirmou o Papa. Peço a Deus que escute esta oração e encha os corações dos homens de sua paz.»

Logo depois, segundo publica L'Osservatore Romano, o Papa abençoou esta obra com o ostensório para a adoração eucarística, que representa Nossa Senhora de Czestochowa com o Menino. 

Após ter realizado uma peregrinação simbólica pelos santuários marianos poloneses e alemães, o altar será colocado na capela da Quarta Estação da Via Dolorosa em Jerusalém.

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Mundo

Cardeal pede compromisso para combater o que desfigura o Rio de Janeiro

A violência, a destruição ecológica e a epidemia da imoralidade, diz D. Eugenio Sales

RIO DE JANEIRO, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O cardeal Eugenio de Araujo Sales, arcebispo emérito do Rio de Janeiro, pediu aos cidadãos o compromisso de «combater o que desfigura a nossa cidade».

Segundo Dom Eugenio, três agressões mancham de forma especial o rosto do Rio de Janeiro: a violência, a destruição ecológica e a epidemia da imoralidade.

No contexto da festa do padroeiro da cidade, São Sebastião, celebrada no dia 20 de janeiro, o cardeal difundiu uma mensagem aos fiéis em que destaca que «nossa devoção nos leva a empenhar-nos para que o Rio de Janeiro corresponda ao seu nome original: “a mui leal e heróica cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro”».

De acordo com o cardeal Sales, a primeira mancha «é a crescente violência nas suas mais variadas modalidades. Ela deforma o Rio, ao roubar-lhe o espaço de liberdade indispensável ao convívio humano».

«A justiça social, fundamento da paz entre os indivíduos, é dura e cruelmente atingida, quando, entre os filhos do mesmo Pai, e com igual destinação eterna, 60% das famílias ganham menos de três salários mínimos e mais de um milhão e meio não possuem um lar digno desse nome», afirma.

Além disso –prossegue o purpurado–, «entremeado aos barracos, a ostentação do luxo injuria uma visão cristã da convivência social».

«A exaltação do consumismo e o esbanjamento humilham ou fazem crescer os sofrimentos de estômagos vazios.»

O arcebispo emérito também cita como agressões «a indução à esterilização de homens e mulheres e a distribuição de pílulas anticonceptivas aos pobres, assim como os preservativos»; «a insegurança que gera o medo», «o índice de criminalidade», «as máfias e os tóxicos».

A segunda mancha comentada por Dom Eugenio é «a destruição do meio ambiente, a poluição do ar e vários outros fatores dificultam a vida humana em nosso meio urbano».

«O egoísmo, por natureza, busca o próprio conforto e vantagens pessoais em detrimento do próximo; ameaça um bem que pertence à coletividade e desfigura a face da metrópole.»

Já a terceira agressão, «que muitos parecem não querer ver» –comenta o arcebispo emérito–, «mas que é a raiz das duas primeiras: perdem-se os valores morais que constituem a única base sólida de uma sociedade».

«Grupo humano algum sobrevive, sem reagir, à debilitação dos princípios básicos da dignidade da vida, indissolubilidade da Família, proteção à inocência, reconhecimento da nobreza do corpo, respeito ao alheio, aceitação de normas de um comportamento digno à fraternidade, o amor à Verdade.»

Segundo o cardeal Eugenio Sales, como fundamento desses males e a explicação de sua proliferação entre nós «avulta o enfraquecimento do autêntico sentimento religioso».

«Se ele não paira à superfície, eficazmente gera os antídotos a tais doenças que nos corroem. Para se alcançar esse objetivo urge passar de um sentimentalismo vazio ou convencional à vivência do Evangelho em profundidade.»

O arcebispo emérito enfatiza que ao longo dos mais de 400 anos de história do Rio de Janeiro «atua uma presença plasmadora desse organismo social: a Igreja».

«Apesar das falhas humanas de seus filhos, tem operado o Espírito de Deus. E ela pode apresentar larga folha de serviços, não acidentais, mas essenciais à preservação da nossa identidade», afirma o cardeal.

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Água como direito universal e bem público, pedem Igrejas

Em carta difundida no contexto do Fórum Social Mundial, em Belém do Pará

BELÉM, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O Regional Norte 2 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), que compreende os Estados do Pará e Amapá, e o Conic (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs) difundiram hoje um documento em que pedem que a água seja considerada um direito universal e um bem público.

Intitulado «Carta de Belém», o texto é fruto do Fórum Ecumênico das Águas, realizado em Belém do Pará (norte do Brasil) na véspera da abertura do Fórum Social Mundial, dia 26 de janeiro.   

Entre as propostas de ação do texto, pede-se que sejam formadas «Redes Ecumênicas das Águas em todas as comunidades, com o objetivo de promover a educação de base e a defesa das águas».

O documento chama também a que, no âmbito internacional, «as Igrejas cristãs e os movimentos sociais se engajem na promoção do direito a água e ao saneamento para todos».

Figura ainda entre as propostas o chamado a que «todas as comunidades cristãs e movimentos sociais populares registrem suas experiências e práticas em defesa da água».

Isso para que essa documentação seja encaminhada, através do CONIC e da CNBB, à Relatora Independente da ONU para a Água, como forma de contribuir na construção de uma convenção internacional do Direito Humano à Água.

O texto afirma que as entidades se congratulam com o povo boliviano, «que aprovou, na Parte 4, Título 2, Capítulo 5º de sua Constituição, a proteção da água como direito fundamental da vida.»

Assim, «convocamos todos os países do mundo a incorporarem também em suas legislações o direito à água como direito universal e bem público».

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Bispos preparados para novos desafios da evangelização

Começou o curso sobre «Liderança Episcopal no mundo de hoje à luz de Aparecida»

SAN JUAN DE PUERTO RICO, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Realiza-se, desde o dia 20 até o próximo dia 31 de janeiro, na Universidade do Sagrado Coração e Casa de Pregação São Vicente Ferrer, em Bayamón, San Juan de Puerto Rico, o curso «Liderança Episcopal no mundo de hoje à luz de Aparecida», organizado pelo Departamento de Comunhão Eclesial e Diálogo  do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM).

A coordenação está a cargo do presbítero Crisóforo Domínguez, secretário executivo do Departamento de Comunhão Eclesial e Diálogo do CELAM, e contou com a colaboração do Instituto Teológico Internacional de Porto Rico, segundo informava ontem a agência vaticana Fides

Participam bispos de 17 países: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Honduras, Jamaica, Nicarágua, México, Panamá, Paraguai, Porto Rico, Uruguai, Venezuela e Estados Unidos. 

O curso se propõe a analisar a situação atual, a proposta de Aparecida e os recursos humanos e materiais de que um bispo precisa para cumprir sua missão. 

A iniciativa nasceu na própria V Conferência Geral de Aparecida, com a intenção de promover e estender entre os pastores o espírito que a animou, e buscar a aplicação do documento e suas orientações. 

As atividades centrais do dia inaugural foram: a celebração eucarística presidida pelo arcebispo Roberto González, de San Juan de Puerto Rico, e a palestra «A Missão da Igreja à Luz de Aparecida. A formação integral de discípulo missionário», que esteve a cargo do arcebispo de Santiago de los Caballeros (República Dominicana), Ramón Benito de la Rosa. 

Alguns dos temas da agenda são: Ecumenismo (abade Óscar Rivera, osb); Maria, discípula e missionária (Maria Clara Bingemer); Pastoral da Comunicação (Dom Baltasar Porras, Venezuela); Teologia, liturgia e comunicação (Dom Baltasar Porras); Ética e Deontologia da Comunicação (Bernardo Carrasco) e Redação para a Mídia (Bernardo Carrasco). 

Outros temas previstos tratarão sobre planejamento, dinâmicas das organizações, liderança de equipes de trabalho, e também se abordarão de maneira ampla os mecanismos de autofinanciamento das dioceses e organizações eclesiásticas. 

O curso termina em 31 de janeiro com uma conferência sobre «A importância das Relações Públicas» e uma celebração eucarística. 

O curso coincide com os 500 anos da fundação da diocese de Porto Rico.

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Em foco

Dom Marchetto: diálogo é «motor da integração dos migrantes»

Intervenção na Universidade de San Diego (Califórnia)

Por Roberta Sciamplicotti

SAN DIEGO, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O diálogo é o «motor» da integração dos imigrantes nas sociedades de acolhida: assim afirmou na terça-feira passada Dom Agostino Marchetto, secretário do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes. 

O prelado interveio na Universidade de San Diego (Califórnia) sobre o tema «Religião, migração e identidade nacional», sublinhando que as migrações constituem «um dramático sinal de nossa época atormentada», «um vasto fenômeno que algumas instituições e governos querem controlar ou inclusive deter, porque não se dão conta de que se trata de um componente estrutural da realidade sócio-econômica e política da sociedade atual». 

Por isso, explicou, «é inútil tentar eliminar o fenômeno»; é necessário, ao contrário, «enfrentá-lo e concentrar todos os esforços em responder aos desafios que apresenta; e identificar os benefícios que pode oferecer», usando em primeiro lugar o instrumento do diálogo. 

Quando as pessoas migram, explicou o arcebispo, «levam consigo não só a capacidade de trabalhar e de produzir, mas também suas características pessoais, o trato, a educação, as convicções, as convenções sociais, os costumes, as tradições, as crenças, a religião, ou seja, todos os elementos estáveis e duradouros, e também os mutáveis e contingentes, que caracterizam uma cultura». 

O contraste que se verifica quando os imigrantes chegam a um país de cultura e tradição diferentes «pode desorientar, sobretudo porque o imigrante se vê diferente da maioria». 

Por esta razão, observou Dom Marchetto, «a Igreja Católica sublinhou a necessidade de preparar as pessoas para a migração, através de programas pré-migratórios de formação e instrução, para que sejam capazes de enfrentar esta situação». 

Imigrantes e sociedade de acolhida

Em um ambiente novo, os imigrantes buscam geralmente companhia e segurança em quem procede de sua própria nação e cultura, mas «se não se abrem lentamente à vida e à cultura da sociedade de acolhida, rejeitando o que crêem que põe em perigo sua identidade, podem adotar uma postura fechada, que leva à formação de guetos com seus compatriotas e, infelizmente, à sua marginalização». 

No outro extremo se situa a adoção in toto da cultura do país de acolhida, «sem sequer avaliar suas consequências sobre o próprio estilo de vida». 

«Tendo desatendido ou inconscientemente suprimido a própria identidade cultural», os imigrantes «se convertem quase em uma ‘cópia’ dos residentes locais, privando a sociedade de acolhida da contribuição enriquecedora que sua cultura teria podido oferecer-lhes». 

Frente a estas duas alternativas extremas, a melhor solução para a relação entre os imigrantes e a população do país de acolhida é «a via de uma autêntica integração, com um olhar aberto que rejeite considerar só as diferenças entre imigrantes e locais», e que esteja preparada para acolher as contribuições positivas de todos.

O «motor» deste processo, constatou Dom Marchetto, é o diálogo, porque a verdadeira integração acontece quando se verifica uma interação entre imigrantes e população local «no âmbito não só sócio-econômico, mas também cultural». 

«Quando se reconhece a contribuição positiva do imigrante para a sociedade de acolhida, através de sua cultura e de seus talentos, o próprio imigrante está mais motivado para chegar a um alto grau de interação com a população local, e isso leva a uma integração cultural saudável», revelou. 

O resultado deste diálogo, acrescenta o prelado, é «um enriquecimento recíproco das culturas, e a sociedade se transforma em um mosaico no qual cada cultura tem seu próprio lugar para compor um único desenho, que se torna mais belo à medida que aumenta a multiplicidade cultural». 

Cultura e religião

Em sua intervenção, Dom Marchetto sublinhou também a existência de «um forte vínculo cultural entre cultura e religião, como se pode ver pelo fato de que, para algumas religiõe,s a identidade religiosa e a cultura coincidem». 

«Na realidade – admitiu –, as migrações internacionais se converteram em uma preciosa oportunidade não só para o diálogo entre as culturas, mas também para o inter-religioso», porque alguns países com antigas raízes cristãs hospedam agora a sociedades multiculturais. 

Neste contexto, é necessário garantir a todos a liberdade religiosa, como expressa o artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos. «Se a sociedade quer beneficiar-se das migrações internacionais – advertiu o arcebispo –, deve respeitar a liberdade dos imigrantes de professar, praticar e também de mudar sua própria religião.»

Deste ponto de vista, o prelado recordou o princípio da reciprocidade, que deve ser entendido «não só como uma atitude para fazer reclamações, mas como uma relação baseada no respeito recíproco e na justiça em questões jurídicas e religiosas». 

A reciprocidade, observou, «é também uma atitude do coração e do espírito, que nos permite viver juntos com os mesmos direitos e deveres». 

Só deste modo, concluiu, poderemos ser conscientes do que o Papa Bento XVI fala em sua Mensagem para a Jornada Mundial da Paz 2009, ou seja, que «todos somos partícipes de um único projeto divino, o da vocação a constituir uma única família, na qual todos – indivíduos, povos e nações – regulem seu comportamento com os princípios da fraternidade e da responsabilidade».

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Flash

João Paulo II retratado no Santuário de Fátima

Exposição reúne documentos fotográficos de 1952 a 1954

FÁTIMA, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O Santuário de Fátima inaugura no próximo dia 13 de fevereiro, no piso subterrâneo da Igreja da Santíssima Trindade, a exposição fotográfica «Karol Wojtyla, a fé, o caminho, a amizade. Excursões com os Amigos (1952-1954)».

A exposição foi proposta ao Santuário de Fátima pela Embaixada da República da Polônia em Portugal e a sua edição portuguesa é organizada por esta Embaixada e pela Universidade Católica Portuguesa; explica à Sala de Imprensa do Santuário Marco Daniel Duarte, um dos responsáveis do Museu do Santuário de Fátima.

A exposição fotográfica divide-se em quatro núcleos que mostram quatro tipos de caminhadas do grupo “Círculo”, grupo de oração e reflexão do qual fazia parte Karol Wojtyla quando dos seus trabalhos enquanto responsável pela pastoral universitária, em Cracóvia.

O âmbito cronológico dos documentos fotográficos é de 1952 a 1954. A frase do próprio Papa João Paulo II serve de legenda a esses quatro núcleos da exposição: «nas tradições do ‘Círculo’ incluem-se vários tipos de excursões a pé e de bicicleta, para além da canoagem e do esqui».

São esses os tipos de caminhadas que a exposição retrata: circuitos pedestres, prática de esqui, ciclismo e canoagem. Como o próprio pontífice virá, mais tarde, a escrever, «a história do ‘Círculo’ é, na verdade, a história das inúmeras excursões que marcaram profundamente os nossos corações».

A exposição é constituída por quase trinta expositores que mostram mais de oito dezenas de fotografias.

Apresentada pela primeira vez em Cracóvia, em Dezembro de 2006, depois de percorrer outros espaços na Polônia e noutros países, esteve patente, entre novembro e dezembro de 2008, na Biblioteca João Paulo II, na Universidade Católica, em Lisboa.

As fotografias históricas são da autoria de Jerzy Ciesielski e de Stanislaw A. Rybicki. A concepção da exposição é de Michal e Anita Michalak.

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