quinta-feira, janeiro 12, 2012
Entrevista com Petróleos Botelho de Vasconcelos: “Dois milhões de barris de petróleos como meta de produção”
Em entrevista exclusiva ao Jornal de Angola, o ministro dos Petróleos Botelho de Vasconcelos revelou que o país deve elevar a sua produção para dois milhões de barris por dia, até 2014. Além dos projectos do sector e das medidas do Executivo angolano no sentido de potenciar a indústria petrolífera, respeitando o ambiente, Botelho de Vasconcelos, que já liderou a OPEP, falou um pouco da organização e dos meandros do mercado petrolífero mundial.
Jornal de Angola – A OPEP projectou um cenário incerto para o mercado da matéria-prima, com base no risco de instabilidade, decorrente das fracas perspectivas para a economia mundial. Qual é a sua visão em relação a isso?
Botelho de Vasconcelos – Ao longo de 2011, pudemos constatar alguma volatilidade no preço do petróleo. Isso foi resultado da crise nos países ocidentais, particularmente dos membros da OCDE. Houve também a questão das tensões políticas no Médio Oriente, mas a partir do segundo semestre verificámos que o preço do petróleo estava entre 110 e 112 dólares o barril e continuamos a constatar esse nível de preços. Sentimos que nos dois dias da nossa reunião, em Dezembro, houve uma quebra do preço do petróleo, chegando a atingir cerca de 103 dólares por barril. Mas podemos dizer que, a nível das ramas angolanas, podemos atingir como média do ano entre 105 e 110 dólares por barril.
JA – O crescimento da procura está agora previsto em 1,1 milhões de barris por dia, em 2012, abaixo da estimativa anterior de 1,2 milhões. O que representa isso para Angola?
BV –
JA – Mas o que representa isso para Angola?
BV – Temos projectado para 2012 uma produção de 1,8 milhões de barris dia. Cremos que podemos continuar na expectativa de atingir este nível, que foi a projecção feita em função da nossa realidade em termos de entrada de novos campos em produção e declínio de outros, e esta é a média.
JA – Como é que um país como o nosso, cujo PIB tem ainda grande dependência das exportações de petróleo, pode acautelar-se da instabilidade anunciada?
BV – Há, de facto, uma série de variáveis que, num determinado momento da evolução da procura e da oferta no mercado, têm incidência na fixação do preço. Mas, normalmente, tentamos, a nível da OPEP, fazer uma monitorização e ter em consideração o aspecto especulativo do sistema financeiro mundial, que tem uma incidência muito grande no preço do petróleo. O petróleo é vendido de forma física, mas o sistema financeiro utiliza, para a mesma quantidade de petróleo, os ‘bounds’, e estes estão valorizados, neste momento, cerca de 30 vezes mais.
JA – Qual é a quota de Angola na produção mundial?
BV – É relativamente pequena. Segundo as estimativas, a nossa produção representa cerca de dois a três por cento da produção mundial. Somos um país com uma produção relativamente média, comparativamente aos grandes produtores de petróleo.
JA – Como é que o Executivo encara o problema dos chamados combustíveis não fósseis?
BV – Primeiro é preciso ter em conta as preocupações do Executivo relativamente ao ambiente, que tem um Ministério para tratar directamente das questões que se relacionam com ele e com o qual temos trabalhado muito estreitamente. Em relação ao Ministério dos Petróleos, temos alguma legislação publicada e que está a ser aplicada para atenuar e prevenir os efeitos do risco da nossa actividade. Há cerca de dois anos, foi criada a lei sobre os biocombustíveis, à luz da qual se aprovou uma estratégia que tem vindo a ser desenvolvida. É uma preocupação do Executivo, pois Angola dispõe de potencialidades significativas de recursos naturais. Tanto estes, como o petróleo, enquanto recurso não renovável, contribuem para que tenhamos uma maior riqueza. A estratégia do Executivo é olhar para o futuro, no sentido de termos condições de segurança energética para abastecermos não só o país, a médio e longo prazo, mas também a nossa quota no mercado energético mundial e que a exploração dos recursos renováveis e não renováveis contribuam para uma matriz energética estável em função da nossa realidade.
JA – Quem faz o controlo da observância destas leis?
BV – É o Ministério dos Petróleos, que está dotado de órgãos que têm essa função. Temos órgãos técnicos, de apoio, que exercem a sua actividade, olhando para estes instrumentos, quer os regulamentos quer a lei fundamental, e outras no sentido de acompanhar a aplicação das mesmas.
JA – A OPEP é acusada de não controlar os seus membros no que se refere à observação das quotas?
BV – Não é bem isso. São comentários que são feitos em função da percepção que alguns órgãos, fundamentalmente da comunicação social, fazem. A OPEP tem as suas regras, tem os seus estatutos, e cada um dos membros procura segui-los de forma consensual. O mercado está sempre em movimento e a cada momento são tomadas decisões em função da situação real que se vai vivendo. Por exemplo, em 2008, tivemos uma situação económica e financeira mundial muito complicada, que se reflectiu na volatilidade dos preços, e aí foi possível tomar uma decisão muito vigorosa para dar sinal ao mercado de que a OPEP é um instrumento que tem sido usado na estabilização dos preços do petróleo no mercado internacional.
JA – As quotas são apenas elemento de referência?
BV – Dificilmente cada um dos países cumpre a cem por cento as quotas estabelecidas. Com a evolução do mercado, em determinados momentos, uns cortam mais, outros não têm capacidade adicional de produção. No terceiro trimestre do ano passado, em que o mercado internacional necessitava de cerca de 60 milhões de barris por dia, por razões geopolíticas, grande parte dos países da OPEP não dispunha de capacidade excedentária de produção. Mas há outros que têm essa capacidade constituída. Alguns países que estavam praticamente a produzir no máximo da sua capacidade, não puderam abastecer completamente o mercado. A Arábia Saudita, que tem essa capacidade, pôde abrir as torneiras. Mas houve, de facto, uma intervenção dos países ocidentais, com eles a irem aos seus stocks e a abrirem as torneiras para fornecerem petróleo ao mercado internacional.
JA – Como se limitam as exportações, quando é grande a procura do crescimento económico, como acontece em Angola?
BV – Estamos com uma capacidade de produção de 1,8 milhões e estamos a trabalhar para que possamos atingir, eventualmente em 2014, cerca de dois milhões de barris por dia. Há campos que vão entrar em actividade este ano e outros que estão preparados para 2013 e 2014, que vão contribuir para que os nossos níveis de produção cresçam. Continuamos a trabalhar na pesquisa, na exploração, mas sabemos que após o anúncio de uma descoberta comercial, temos normalmente necessidade de quatro a cinco anos para os campos começarem a produzir petróleo para ser comercializado.
JA – O sector petrolífero é tido como não criando emprego?
BV – É uma actividade de capital intensivo que também exige capital humano muito especializado. É preciso ter o domínio de determinada tecnologia e, efectivamente, contribuímos com uma pequena parcela em termos de conhecimentos, embora a nível de empregos possamos considerar que entre os 71 mil existentes no sector, entre 10 a 12 mil são estrangeiros. Mas o sector petrolífero contribui de forma indirecta para o desenvolvimento de outros sectores. Estamos a caminhar para a diversificação da nossa economia e, de uma forma indirecta, o sector petrolífero tem contribuído para esse desenvolvimento. Mas, de facto, dos 71 mil trabalhadores do sector, uma grande parte trabalha em empresas prestadoras de serviços, porque as operadoras representam muito pouco, cerca de 10 a 12 mil trabalhadores.
JA – Qual é o estágio actual do processo de angolanização do sector petrolífero?
BV – É mesmo um processo, que continua o seu ritmo, e podemos considerar que esse ritmo atingiu patamares razoáveis, mas não completamente satisfatórios. O processo tem duas vertentes. Uma, é a integração dos angolanos através do emprego, e nessa integração produzimos determinados instrumentos legais que permitem, não só recrutar e integrar, mas formar e desenvolver, que é o conjunto que consideramos fundamental para que possamos ter angolanos bem formados para continuarem a evoluir e atingirem determinados níveis de responsabilidade no sector, principalmente nas empresas estrangeiras. A outra vertente tem a ver com a integração dos empresários nacionais na prestação de serviços no sector petrolífero.
JA – Que atenção que tem sido dada à segunda vertente?
BV – No ano passado foi possível aprovar, a nível do Executivo, alguns incentivos para os empresários nacionais, que começam agora a ser concretizados, para darmos o suporte necessário e continuarmos a ter presente o empresariado nacional, como contributo da sua presença na cadeia de valor da indústria petrolífera e para dispor de um quadro regulamentar que facilite o seu envolvimento.
JA – Que avaliação se pode fazer do programa de formação de quadros angolanos do sector?
BV – Continuamos a trabalhar, mas há aqui um aspecto que é preciso ter presente. Desde a nossa independência que esta actividade tem sido desenvolvida com muita atenção e com uma visão estratégica muito grande. Desde 1974, quando iniciámos uma produção de cerca de 173 mil barris e em que grande parte dos técnicos eram estrangeiros, até hoje, em que a produção cresceu cerca de 10 vezes, verificamos que de uma população de trabalhadores reduzida houve um aumento substancial de técnicos e quadros formados. Tudo graças às várias etapas e à visão estratégica do Governo. O primeiro grupo de estudantes que foi enviado para a Argélia regressou e substituiu vários técnicos estrangeiros, quer no “up streem”, quer na refinaria, e até mesmo no “down streem”. Existem bolsas de estudo, tanto facultadas pela Sonangol como pelo próprio Ministério, que têm proporcionado formação aos jovens em vários países, nas mais diversas especialidades. Há vários centros de formação em cada região de produção de petróleo, temos uma instituição que faz formação profissional e formação média de vários jovens angolanos. Podemos considerar que os programas satisfazem razoavelmente, mas a ambição continua, para atingirmos outros patamares.
JA – As outras companhias têm contribuído?
BV – As companhias também beneficiam do fundo de formação, por via do qual todas elas têm contribuído com 0,15 cêntimos de dólar por barril produzido em Angola. Começamos a produzir petróleo, hoje produzimos gás. E vamos trabalhar noutras regiões, como por exemplo o pré-sal, que vai exigir técnicos muito mais bem formados. E no pré-sal, como estratégia, a Sonangol vai criar uma instituição especializada para formar e contribuir para que em Angola possamos ter os técnicos necessários na actividade que está em progressão. Hoje produzimos petróleo no onshore e no offshore, o gás no offshore e continuamos a trabalhar no sentido de encontrar gás no onshore, e há cerca de três anos que se fala muito, no mundo, no óleo e gás não convencional, que constitui outro desafio para o futuro do nosso país.
JA – Qual o ponto de situação da Refinaria do Lobito?
BV – A Sonangol está a desenvolver o projecto. Durante o ano passado, trabalhou nesse sentido e esperemos que ao longo deste ano possamos iniciar e desenvolver as acções que fazem parte das decisões que foram tomadas no ano passado a esse respeito.
JA – Existe alguma previsão para o arranque do projecto?
BV – Eles continuam a trabalhar. Creio que devemos dar mais algum tempo. Eventualmente durante o próximo trimestre possamos ter uma data efectiva para que o projecto arranque e termine. Creio que neste momento foi encontrada a via para o tornar realidade.
JA – Com a aprovação da Lei sobre o Regime Cambial do Sector Petrolífero ficou determinado que as companhias passam a liquidar todos os pagamentos efectuados no país em moeda nacional. Como é que as operadoras estão a reagir a esta medida?
BV – Foi um trabalho conjunto entre o Ministério dos Petróleos, Banco Nacional de Angola, Ministério das Finanças, Ministério da Economia e com o envolvimento das próprias companhias. Foi possível encontrar uma situação consensual para que o regime pudesse ser alterado e tornado único, já que existiam vários regimes em função de cada bloco. Foi estabelecido um prazo, que é de cerca de 24 meses, além disso é necessário que o nosso sistema financeiro esteja também muito bem afinado e que os mecanismos existentes possam corresponder às expectativas na sua concretização gradual.
JA – Que avaliação se pode fazer do trabalho das companhias petrolífera no domínio da responsabilidade social das empresas?
BV – Continuamos a trabalhar com as companhias que têm as suas acções e os seus programas anuais, e demonstram alguma preocupação relativamente a isso.
Via | JA
Marines urinam sobre cadáveres de talibãs
O Corpo de Marines dos Estados Unidos anunciou que está a investigar um vídeo divulgado na Internet que mostra quatro soldados a urinar sobre cadáveres de alegados talibãs, possivelmente no Afeganistão.
As imagens explícitas foram publicadas quarta-feira no Youtube e causaram uma reacção em cadeia na Internet que obrigou o Pentágono e o Corpo de Marines, a que pertencem os uniformes com que estão vestidos os soldados no vídeo, a reagir.
O vídeo amador mostra como um soldado filma outros quatro que urinam sobre três cadáveres ensanguentados, presumivelmente de talibãs, entre risos e piadas, com um deles a dizer "tem um bom dia, amigo".
De acordo com a CNN, os funcionários do Pentágono encarregues do caso acreditam que o vídeo é real e que os uniformes, armas e capacetes dos quatro soldados poderão pertencer à unidade que se encontra no Afeganistão.
quarta-feira, janeiro 11, 2012
JES (José Eduardo dos Santos): Venceu a guerra ganhou a paz em Angola - General José Maria
Luanda - “Arma virumque cano…” Eu canto, pela métrica de Virgílio, As Armas, os 23 anos de guerra e o Homem que os soube enfrentar, conduzir e vencer no meio de tamanho sofrimento e sacrifício do seu Povo, no meio de tamanha destruição do País, no meio de tamanha delapidação das suas Riquezas.
Eu canto os nove anos de paz, premissa essencial e necessária para a Reconstrução Económica e Social de Angola. Eu canto o Homem que enfrentou as agressões militares do maior Exército a sul do Sahara e que venceu a subversão da UNITA, resoluta e obstinada na tomada do poder pela força das armas. Eu canto os 32 anos da guerra e da paz de José Eduardo dos Santos, pela Defesa da Independência Nacional, da Integridade Territorial e da Soberania Nacional.
Eu conto as operações conjuntas do Exército sul-africano e da UNITA. Eu conto a guerra subversiva da UNITA, apoiada por potências ocidentais e por países africanos. Eu canto os riscos que José Eduardo dos Santos correu para defender e proteger os angolanos. Eu conto contra quem o Presidente combateu, que complôs enfrentou.
Eu canto o Heróico Povo Angolano e o seu clarividente timoneiro, imperturbáveis perante a fragrância fatal do jasmim inebriante, possessivo, extasyante, vindo do Norte de África: Egipto, Síria, Líbia, Iémen e Tunísia – a antiga Cartago, hospedeira de Eneias, ouvido por Dido rainha, sobre a Tragédia de Tróia. Entre nós, alguns existem comandados de fora, que nos querem tamanha e semelhante desgraça. Não há espaço em Angola para os “cavalos de Tróia” da nova vaga, nem para qualquer tipo de “Primavera”, mesmo forjada pelas novas mudanças climáticas, já que temos tão somente duas estações do ano.
Primavera ou Inverno
Analistas e politólogos, alarmados com o rumo dos acontecimentos nesta região geopolítica conturbada, consideram que à “Primavera Árabe” começa a suceder-se o “Inverno Islâmico”. A invectiva para a interpretação desta realidade, que se vai desenhando no Mundo Árabe, vem bem escalpelizada na conceituada revista “Afrique Asie” deste mês (págs. 16 a 30), com o título “Primavera Árabe ou Inverno Islamista?”. Qual a sua essência, quem a promove, quem a executa, que objectivos persegue?:
“Após décadas de estabilidade e estagnação políticas, o mundo árabe é, desde o início deste ano, o teatro de agitações geopolíticas recorrentes. A Tunísia abriu esta série de mudanças com a queda inesperada do regime de Ben Ali. Seguiu-se, então, o Egipto, o Bahrein, a Líbia, o Iémen e a Síria. Em todas essas mudanças, ainda que não relacionadas entre sí, ressalta-se uma constante: o ressurgimento em força do islamismo político com a bênção do Ocidente.”
“É prematuro, até aqui, falar de ‘Primaver’", ou seja, de encontros históricos com a democracia. Em resposta, existe, em toda a parte, uma certeza: ninguém sabe o dia de amanhã. Os partidos islâmicos vão substituir os regimes autocráticos pró-ocidentais ou laicos? Quanto tempo levará a transição para a democracia?”
“O islão político que afirma ter a solução para todos os problemas saberá dar uma resposta diferente do ultraliberalismo às questões sociais do mundo árabe, como o analisa magistralmente, neste dossier, o economista Samir Amim? As monarquias do Golfo que se deixaram arrastar pela vaga da ‘primavera árabe’ e que financiaram o surgimento, em força, dos partidos islâmicos, agem por conta própria ou por conta das potências estrangeiras, como sugere o politólogo tunisino Mezri Haddad?”
“Além da Tunísia, onde a transição acontece laboriosamente, todas as outras alterações no Bahrein, no Iémen, no Egipto e na Síria em particular, podem conduzir a guerras civis já em gestação ou a poderes islâmicos sem horizontes democráticos.”
“À excepção das petromonarquias que estão em vassalagem desde o seu surgimento, todos os outros países árabes têm, agora, a sua soberania e integridade territorial ameaçadas. O que é vergonhoso é que a recolonização do mundo árabe está em marcha, sob pretexto da defesa dos direitos humanos e da democracia, enquanto os seus objectivos, ontem como hoje, são essencialmente económicos e vilmente mercantilistas.”
“O que é vergonhoso, é que os jovens, intelectualmente vulneráveis, cujo instinto patriótico foi alterado por causa de muitos anos de ditadura, foram doutrinados e manipulados para servir um propósito geopolítico sobre o qual não tinham a mínima ideia. O que é preocupante é que a Tunísia serviu de plataforma de lançamento deste míssil da ‘liberdade’ que abre a porta aos anos de servidão voluntária".
O iconoclasta Mezri Haddad
“Alguns dedicam-lhe um ódio feroz, enquanto outros têm-no em grande estima. O facto é que os escritos e as declarações de Mezri Haddad nunca nos deixam indiferentes. Apenas com cinquenta anos, ele já ostenta uma vida intelectual e política muito rica, não só pela escrita, como também pela acção. Doutor em filosofia política pela Universidade de Sorbonne, jornalista durante muito tempo e universitário em França, ele tornou-se embaixador da Tunísia na UNESCO, no final de 2009, cargo do qual decidiu demitir-se na noite de 13 de Janeiro de 2011, logo após o último discurso de Ben Ali, tendo sido o único responsável tunisino a ter tal gesto antes da saída de Ben Ali.”
“Em 2002, ele apresentou o seu pensamento político num livro analítico e polémico, publicado em França sob o título ‘Cartago não será destruída’, um livro considerado precursor e visionário (contra “delenda esse Cartago”, de Cícero = Cartago deveria ser destruída). No seu novo livro, Mezri Haddad fez uma autópsia impecável à ‘primavera árabe’, e com argumentos notáveis, ele refuta a espontaneidade da ‘revolução Jasmi’", cujo efeito dominó sobre o Egipto, Líbia, Iémen e Síria levanta algumas interrogações.
“Para o autor, esta é uma revolta social autêntica e legítima, que foi disfarçada de insurreição política. Ele acusa claramente a administração americana e ao que ele chama o ‘Estado-Televisão do Qatar’, de serem os principais instigadores. Sem mergulhar na teoria do complô, Mezri Haddad pensa que essa conspiração contra a Tunísia, em nome da democracia, é parte de um plano estratégico americano, estabelecido pelos neo-conservadores e retomado na íntegra por Obama, desde a sua chegada à Casa Branca, para servir um desiderato geopolítico muito maior. Ele acusa o presidente americano de ser ‘um falcão com asas de pomba’ e alinha no mesmo diapasão do seu prefaciador, o grande pensador egípcio Samir Amin.”
“Graças à brecha aberta por uma revolução, da qual não fizeram parte, os islamistas voltaram em força, numa altura em que a sua influência estava em declínio. Será isso um efeito secundário? Mezri Haddad afirma que a intenção dos estrategas americanos era completamente contrária, pois eles tudo fizeram para ‘subverter’ o processo revolucionário. Como provas, ele argumenta que o Tio Sam decidiu, há muito tempo, jogar a carta do islamismo ‘moderado’ não só na Tunísia mas em todo o mundo árabe e muçulmano.”
“Escrito num estilo vivo e cristalino, a face oculta da revolução tunisina é um livro sem contemplações. Nem para os Estados Unidos, nem para França, cujo humanismo universalista se evaporou a favor de um atlantismo suicidário. Nem para o ‘Qatrael’, esse cavalo de Tróia ao serviço do império para destruir todos os estados nacionalistas…”
Os falsos profetas
No momento que lhe pareceu oportuno, e calculando que o “efeito jasmim” tinha chegado a Angola, sem a mínima satisfação às autoridades Angolanas, surpreendendo todos, a rádio Voz da América, fazendo jus ao modus operandi da grande potência unipolar, fez a rentrée espectacular do antigo programa da Vorgan, arranjado e retocado para Angola, o fantástico “Angola Fala Só”, depois de abandonada, há 19 anos, a plataforma em que as duas operavam sobrepostas na Base Aérea Militar Americana desdobrada no Botswana.
Alguns videntes observaram, pela sua bola de cristal, que o “efeito Jasmim” ia resultar de forma irreversível na “Primavera Bantu”, cujo epicentro de irradiação era Angola para toda a África Central. Que fazer com os falsos profetas?
Entendemos a posição dos responsáveis do INACOM que dizem (debate informativo com o tema “Rádiodifusão - Que Futuro Perante a Actual Proposta de Lei” – Rádio Eclésia, 04.06.2011) que “as emissões que sejam feitas a partir de fora, de outros pontos que não estejam dentro do território angolano, não estão sob jurisdição do Estado Angolano, como tal as entidades angolanas não têm qualquer autoridade sobre elas” – Dr. Lucas Kilundo.
Ora, se o Presidente de Angola incluiu os Estados Unidos da América no elenco dos parceiros estratégicos de Angola, é linear e seria de bom tom comunicar ao Governo Angolano a abertura de um programa especial para Angola incrustado na Voz da América, como prova de uma cooperação não estritamente ligada ao “trade”, às relações comerciais.
Confusão e subversão
É preciso ir ao fundo do relacionamento entre Estados Soberanos, que governam os seus povos, donos do direito inalienável à informação e à livre expressão, mas ninguém tem o direito de as confundir e subverter. Na verdade, quem consegue parar e estancar um insulto no instante em que ele é proferido? Se tal foi pronunciado, tal efeito pretendido foi certamente atingido.
Nestas circunstâncias é descabido e mesmo desonesto dizer que se corta ou que não se permite que alguém ofenda alguém. Como assim, se o interveniente já falou só e os radiouvintes já escutaram? O sentido da audição é para ouvir, logo ninguém consegue impedir que alguém ouça se esse alguém não é surdo.
“Angola Fala Só”, entre outras, transformou-se na máquina incentivadora da mobilização apelativa da intervenção do Conselho de Segurança da ONU e da OTAN, comandada pelos Estados Unidos e pela França, para agir contra o Presidente de Angola como fizeram contra Gbagbo e contra Kadhafi. Todavia, quem se interessar, pode encontrar alguns pronunciamentos nesse sentido nas entrevistas de sexta-feira ou noutras completamente insultuosas e despudoradas contra o Presidente da República, proferidas pelo senhor Numa, no Lobito, no dia 06.06.2011, num ambiente que lhe é familiar, isto é, falando pela Voz da América. Estava em casa…
Que grande coincidência entre o início das manifestações verificadas no Largo da Independência a 2 de Abril de 2011 e o início do programa “Angola Fala Só” a 1 de Abril de 2011! Será possível estabelecer uma relação de causalidade entre a coincidência e a evidência?
A defesa da Bandeira
Eu canto o Homem, que, pela voz bem timbrada de Rui Mingas, tem defendido “a Bandeira que os Meninos do Huambo ganharam”, sem qualquer exclusão, para os Meninos do seu tempo e para todos os Meninos e para todos os Jovens de Angola, que devem conhecer o que ele fez por eles, durante 32 ANOS, devendo por isso seguir-lhe o exemplo:
– Estudante exemplar do Liceu Salvador Correia; Sensível à opressão colonial, envolveu-se na luta clandestina; Inconformado, com outros jovens irmanados nas mesmas convicções, deixou Angola para participar na Luta de Libertação Nacional, há 50 anos; Dirigente juvenil respeitado no seu e no amplo movimento socialista juvenil de então; Estudante universitário brilhante, licenciou-se em Engenharia de petróleos na antiga União Soviética, onde também se especializou em Telecomunicações Militares; Chefe do Centro de Comunicações do MPLA em Brazzaville; Ministro das Relações Exteriores; 2º Vice-Primeiro Ministro; Ministro do Plano; Tirocinado em Arte Operativa e Técnica de Estados-Maiores do Curso Superior de Oficiais.
Eu canto o Homem que tem sabido, com todo o seu ser, abnegação, sabedoria e firmeza, levar, às últimas consequências, o grito de Independência do Fundador da Nação, Dr. António Agostinho Neto, contra as forças estranhas dominadoras e opressoras determinadas a estabelecer uma nova ordem mundial que pretende a recolonização de África e do nosso portentoso País: “Nós Somos Nós Mesmos”…
Piedade para os vencidos
Eu canto para que os jovens entendam esta simples expressão algébrica: x = a + b + c = 32, 32 ANOS que são o fundamento do Rumo que o País tem. Eu canto para que os “Jovens” respeitem os Legítimos Superiores e se deixem educar pelo 4º Mandamento da Lei de Deus, que é imperativo: “honra teu pai e tua mãe e outros teus Legítimos Superiores”. Na verdade só não respeita os Legítimos Superiores quem não respeita os próprios pais!
Voltaire, de seu nome próprio François Marie Arouet, antigo discípulo de jesuítas, enciclopedista de renome e deísta convicto, não obstante ter escrito o epitáfio à Igreja Católica, recomendava: “se quiserdes uma Sociedade sã, colocai o Catecismo nas mãos das crianças.”
Eu canto o Homem que não se deixou guiar pelo conselho de De La Fontaine, para quem é rematada estultícia poupar a vida ao inimigo derrotado e capturado em combate (qual serpente enrijecida pelo frio, recolhida por transeunte bem agasalhado; quando aquecida, tenta matar o seu benfeitor…). Exemplo por si só expressivo e eloquente, está no comportamento do deputado da UNITA, Camalata Numa, e que Eneias contextualiza quando, nos seus companheiros vencidos pela tomada de Tróia, procurava incutir coragem para suportar a sua desgraça: “una salus victis, nullam sperare salutem = a única salvação para o vencido (é) não esperar nenhuma salvação”. Ele e outros correligionários capturados tiveram a salvação, isto é, estão vivos até hoje. Porquê? Imaginem se fosse o inverso!
A José Eduardo dos Santos são-lhe intrínsecas a misericórdia e a indulgência, pois já muito antes do “histórico desfecho do Lucusse”, a 22 de Fevereiro de 2002, comutou e indultou os condenados à pena capital, enquanto esta não foi abolida.
O nosso Plano Marshal
Eu canto o visionário que soube, no momento certo, olhar para a “Terra do Sol Nascente” e palmilhar o caminho de Marco Polo para conseguir os recursos financeiros necessários ao “Plano Marshal” para a reconstrução do País destruído pela guerra, desfazendo, desta forma, a inviabilização do desenvolvimento, engatilhada pela Conferência de Doadores, realizada na Bélgica, defensora de que Angola necessitava tão somente de Investidores! De resto, não é ele homónimo do previdente José, que preparou Faraó e o Egipto contra a grande carestia de sete anos de trigo, que se seguiu à grande abundância dos sete anos anteriores?!
Por ironia do destino, 16 anos depois dessa falhada e hipócrita conferência (Setembro de 1995) e 11 anos depois do Presidente José Eduardo dos Santos se ter voltado estrategicamente para a China, a Europa, mergulhada numa profunda crise económica sem precedentes, faz o mesmo trajecto para resolver os seus problemas financeiros.
De lá já não vêm as especiarias, nem a seda fina, nem as porcelanas delicadas, mas o dinheiro sonante e vivo para revitalizar a economia da Europa, enquanto que de África já não interessam os escravos que até podem morrer na travessia do Mediterrâneo ou de outros mares, mas um novo espaço vital conquistado, em cujas entranhas virgens jazem as maiores reservas minerais mundiais. Eis em marcha, sem a mínima dúvida, o plano da recolonização de África.
Coragem e firmeza
Eu canto a coragem, a firmeza, o sacrifício do Homem durante estes 32 ANOS, sentindo-me, evidentemente, obrigado a sublinhar dois altos momentos desta entrega total ao dever e à causa da defesa de Angola e dos Angolanos:
Quando, em 1983, lhe foi proposta a instauração do Estado de Sítio, para usar os plenos poderes especiais que lhe foram conferidos, não seguiu nem Sillas nem Júlio César; em vez de um Quartel-General com poderes absolutos, que lhe foi sugerido organizar para conduzir os destinos do País, congelando a Assembleia do Povo e o Governo, reorganizou, sim, o Conselho de Defesa e Segurança para realizar a manobra política, diplomática, militar e o desenvolvimento económico e social, desdobrado em Conselhos Militares Regionais, que, por sua vez, tinham sob sua jurisdição províncias e comandos de frente. De notar que tais Conselhos Militares Regionais não se estenderam à totalidade do território nacional. Na manobra político-diplomática assumiu especial relevância a condução do processo de negociações aturadas para o cumprimento da Resolução 435 do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a independência da Namíbia.
Desta feita, livrou o País de ser visto como uma ameaça para os seus vizinhos, pois que colocar um Estado em Estado de Sítio podia engendrar o fenómeno do duplo efeito, podendo um deles atacar para não ser atacado e em consequência tirar proveito das debilidades e das vulnerabilidades decorrentes desta excepção momentânea.
Quando muitos pensaram que Angola tinha entrado na sua “Vigésima Quinta Hora”, pelos desaires temporários operacionais das FAA nas campanhas de pacificação do Huambo e Bié, com consequências vaticinadas para a insustentabilidade da capital, Luanda, vozes autorizadas do exterior aconselharam-no a deixar o País, ao que ele se opôs resolutamente, como de resto é apanágio de um destemido Capitão-General e das pessoas do seu bem fadado signo, sob o qual nasceram ele e o Primeiro Presidente da Nossa Terra. Do Presidente Neto, no seu último périplo pelo Kuando-Kubango, Huíla e Malange, recordo uma frase proferida numa reunião partidário-governamental em Menongue, em Agosto de 1979: “por detrás desta pessoa aparentemente calma e tranquila, existe uma personalidade forte e determinada…” (na sequência deste pronunciamento operou mudanças profundas na DISA, tendo deixado indicações claras e pertinentes de mudança para o Ministério da Defesa).
Intrigas e mentiras
Eu canto o Homem, o Presidente, o Estadista, o General, o Pacificador, o Defensor e Protector do Estado Angolano. Vou, então, contar:
- As operações militares sul-africanas: as operações militares sul-africanas conjuntas com as operações subversivas da UNITA (o factor Savimbi na estratégia do Apartheid);
- As operações especiais sul-africanas: contra os objectivos estratégicos e económicos de Angola; contra a integridade pessoal do Presidente José Eduardo dos Santos; ataques nucleares sul-africanos; ataque com a utilização de explosivos em telefone móvel (Improved Explosive Device - Dispositivo Explosivo Improvisado - DEIS);
- As operações subversivas da UNITA;
- Os riscos que José Eduardo dos Santos correu para defender e proteger os Angolanos; contra quem combateu, que complôs enfrentou;
- Balanço dos prejuízos humanos e materiais provocados pelas agressões a Angola;
- Nove a nos de paz, que resultados, que benefícios?
Tudo isto para que os jovens, hoje, conheçam qual foi o “preço da Liberdade” (Rui Mingas), e de tal modo consigam entender a equação enunciada, x = a + b + c = 32.
José Eduardo dos Santos passou 23 Anos a combater os Sul-Africanos, a UNITA e todos os seus incondicionais apoiantes. Gente há que persiste na sua má-fé de não querer ver nem reconhecer que nove anos é pouco, não é muito para resolver, pela simples vontade de mudar, os problemas provocados por 23 anos de guerra impiedosa e devastadora.
Porque não pedem responsabilidades também à África do Sul, à UNITA e às grandes potências que se envolveram na Guerra contra Angola? Hoje, que paradoxo, pedem nova intervenção dos Estados Unidos da América, de França, da Inglaterra contra esta nossa tão martirizada terra, a troco de quê? Da recolonização do nosso País?
Vejamos como é que o Presidente viu, já em Abril (15.04.2011, Reunião Extraordinária do Comité Central do MPLA), aquilo que hoje se vive nos países batidos pelos ventos da “Primavera Árabe”: “...porque se usa a mentira, a intriga, a desinformação e a manipulação para dividir as forças patrióticas e afastar o povo do Governo, preparando deste modo as condições para executarem os planos de colocar fantoches no poder, que obedeçam à vontade de potências estrangeiras que querem voltar a pilhar as nossas riquezas e fazer-nos voltar à miséria de que nos estamos a libertar com muito sacrifício”.
Silêncio comprometedor
Porque é que não apresentam a factura de indemnização contra os prejuízos humanos e materiais à UNITA, à África do Sul, aos Estados Unidos da América e a alguns países africanos que albergaram no seu território santuários da subversão? Leiam, para informação e compreensão, as seguintes obras:
- “Livro Branco das Agressões do Regime Racista da África do Sul contra a República Popular de Angola - 1975-1982”; “The CIA’s Greatest Hits”, de Mark Zepezauer “A Destruição de um País - A Política dos Estados Unidos para Angola desde 1945”, de George Wright;“Savimbi Vida e Morte”, de João Paulo Guerra.
Porque é que alguns paladinos do efeito jasmim no nosso País não exigiram mudanças imediatas ao Governo na altura em que a África do Sul ocupava grandes parcelas do Sul do País?
Porque é que não foram a Pretória para se manifestarem contra o ataque bárbaro a Cassinga, contra o ataque à Refinaria de Luanda, contra o ataque ao Malongo?
Porque é que não exigiram mudanças imediatas ao Governo, quando a UNITA destruiu o Caminho-de-Ferro de Benguela? quando ameaçou Luanda? Quando a UNITA destruiu a barragem das Mabubas? Quando a UNITA destruiu a conduta de água entre Kifangondo e Luanda? Quando a UNITA destruiu os postes de alta tensão entre Cambambe e Maria Teresa? Quando a UNITA atacou o comboio em Zenza do Itombe carbonizando civis inocentes e indefesos? Porque é que não foram a Washington manifestar-se diante da Casa Branca, quando Reagan autorizou a entrega de Stingers a Savimbi?
Porque é que não se manifestaram quando a UNITA colocou cargas explosivas na barragem de Capanda, ainda em construção, o que provocou atrasos significativos na sua conclusão? Quando a UNITA colocou cargas explosivas na barragem do Gove, que mexeram na sua estrutura comprometendo a regularização da albufeira, com consequências graves para as províncias da Huíla, Cunene e Namibe? Quando a UNITA destruiu a Base do Kuanda no Soyo? Com todas estas infra estruturas destruídas, como dar água e energia às populações a curto prazo e como sustentar o desenvolvimento industrial do País?
Porque é que a UNITA destruiu o valioso e precioso Centro de Investigação da Chianga, um dos mais bem equipados da África Austral? Porquê este crime da barbárie contra o conhecimento, contra um capital de investigação impossível de reconstituir? A única explicação para esta acção contra a razão, está no facto de que a UNITA iria, certamente, receber tudo do apartheid, que tinha gizado um plano de desenvolvimento para a Angola de Savimbi.
Finalmente, se tivesse que aprofundar as razões desta tendência mórbida para a destruição, não sei se me poderia valer de Freud e capacitar-me o suficiente para fazer a psicanálise da guerra levada a cabo pela UNITA, cuja divisa era: bater onde dói mais; destruir para construir melhor…
O medo do passado
Perante este quadro sinóptico de devastação que os 23 ANOS DE GUERRA provocaram, como esquecer o passado se a “Juventude” fala dum passado que não conhece? Quem tem medo do passado? O presente que vivem hoje, de que passado é que veio? Quem tem medo de ser condenado pelo passado? Quem tem medo da verdade que o passado tem? Porque é que não transmitem aos “Jovens” o que é que o Presidente José Eduardo dos Santos fez, o que é que ele suportou para o bem de Angola, dos Angolanos, da Namíbia, do Zimbabwe e África do Sul?
Ao contrário, transmitem-lhes uma imagem péssima e distorcida da sua pessoa? Quem está interessado em apagar o seu passado de luta, de guerra, de combates, o seu legado de sabedoria? A quem interessa apagar a história? Não apareceram, não os vimos em parte alguma para ajudarem o Presidente a aguentar e a transportar, como Atlas, todos estes anos, o pesado fardo de manter Angola íntegra, soberana e unida. Se ele tivesse tirado “as mãos e os pés” naquela altura, como querem hoje, alguns que nem sequer têm 30 anos de idade, Angola estava escaqueirada, tão frágil era como frágil é um vaso lindo de cristal precioso.
Se ele tivesse tirado “as mãos e os pés” naquela altura, Angola tinha sido esmagada pelo apartheid, pela UNITA e pelas grandes potências. É um crime apagar a memória de um Povo lutador, combativo e heróico, personificado em José Eduardo dos Santos.
A festa do Natal
Reflictamos, sem qualquer oportunismo, na Liturgia do Advento, que nos leva ao nascimento de Cristo, que o mundo cristão comemora com a festa do Natal. E se a memória Cristã fosse apagada, como é que a Humanidade celebraria o mistério da sua Redenção? Esta celebração tem mais de 2.000 anos de duração! O que são 32 ANOS na vida de uma Nação em construção? Porquê tanta azáfama, tanto corrupio e tanto sprint dos mentores das mudanças, para o exterior do País? O que levam para lá e o que trazem de lá? Estratégias, dinheiros, que certezas e garantias trazem de apoio aos seus planos? Ao que parece não conseguem justificar, lá fora, porque é que não conseguiram as mudanças imediatas desde Abril até agora!
Não basta vestir-se de “libertador” se não se libertarem primeiro a eles próprios; a libertação que apregoam tem de ser radical não no sentido que defendem, mas na profundidade deles próprios. Só é livre e pode libertar e libertar-se quem estuda, quem se valoriza para poder fazer a sua parte. Não é livre e não consegue libertar nada nem ninguém, à sua volta, se enveredar pela manifestação como profissão. Arriscam-se, por isso, a não terem personalidade própria e a agirem como caixas de ressonância de ideias e de vontades alheias. E se essas vontades alheias atingirem os seus objectivos e eles forem excluídos porque não têm capital para se inserirem num quadro de novas exigências, então vão revoltar-se contra os seus ideólogos. Até quando?
Com efeito, a estes também se aplicam as palavras do politólogo tunisino Mezri Haddad: “o que é vergonhoso, é que os jovens, intelectualmente vulneráveis, cujo instinto patriótico foi alterado por causa de muitos anos de ditadura, foram doutrinados e manipulados para servir um propósito geopolítico sobre o qual não tinham a mínima ideia. O que é preocupante, é que a Tunísia serviu como plataforma de lançamento deste míssil da ‘liberdade’ que abre a porta aos anos de servidão voluntária”.
Para que a nossa Juventude não caia nessa servidão voluntária e para não se desviar do seu papel autêntico, como força motriz da Sociedade Angolana, eu canto-lhe uma passagem do Redemption Song do inesquecível Bob Marley: “libertai-vos da mentalidade de servidão. Ninguém senão nós mesmos podemos tornar livre a nossa mentalidade”.
O tempo no País não começou a contar a partir dos primeiros dias de Abril de 2011. O tempo em Angola faz o seu percurso normal no seu meridiano referenciado ao meridiano de Greenwich; e é importante reter que desta vez a ordem dos factores não é arbitrária, porque será sempre nesta sequência 23 + 9, isto é, os 23 ANOS DE GUERRA estarão sempre antes dos 9 ANOS DE PAZ e de outros que lhe seguirão.
Porque não lêem o número 32 ao contrário? O que vão encontrar é, nem mais nem menos, o número 23, isto é, o tempo de guerra que o Presidente José Eduardo dos Santos travou contra os inimigos de Angola. Ora, se dizem que 32 É MUITO e o que dizer então dos 23 anos de guerra? “Jovens Angolanos” e os que estão em idade madura, interiorizai isto:
x - c = a + b = 23 ANOS DE GUERRA
23 ANOS DE GUERRA É MUITO
+9 ANOS DE PAZ É POUCO
32 ANOS DE GUERRA E DE PAZ DE JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS AO SERVIÇO DE ANGOLA E DOS ANGOLANOS!
Eu canto a grande humildade que o Homem revelou, na comemoração do seu 68º aniversário, 28.08.2010, no jardim da Cidade Alta, contida nas seguintes palavras: “Ninguém sabe tudo. Ninguém pode tudo.”
General José Maria
African Cup of Nations: The Palancas Negras and officials are quartered at the Transcorp Hilton hotel
A 39-man contingent of the 2012 African Cup of Nations-bound Palancas Negras of Angola arrived in the Federal Capital, Abuja on Tuesday ahead of today’s international friendly game against the Super Eagles of Nigeria.
The delegation touched down at the Nnamdi Azikiwe International Airport at 4.33pm aboard a chartered aircraft, which will fly the team back to Luanda on Wednesday evening immediately after the match.
President of the Federacao Angolana de Futebol, Mr. Pedro de Morais Neto led the delegation, which also included vice presidents of the Federation, the Head Coach, four Assistant Coaches, team manager, journalists, psychologist, team doctor, physiotherapist, equipment manager and 22 players. The team trained on Tuesday night at the mainbowl of the National Stadium.
They were received on arrival by General Secretary of the Nigeria Football Federation, Barrister Musa Amadu and the Director of Technical, Dr. Emmanuel Ikpeme, as well as a battery of media representatives.
The Palancas Negras and officials are quartered at the Transcorp Hilton hotel, and will have a light walk-out on Wednesday morning. The match co-ordination meeting will also take place on Wednesday morning, at the NFF Secretariat.
FIFA referee Aguidissou Crespin from Republic of Benin will be at the centre, to be assisted by compatriots Padonou Prosper (1st Assistant) and Fassinou Alexis (2nd Assistant). Nigerian FIFA referee Bunmi Ogunkolade will be the fourth official.
The Nigeria Football Federation reiterated on Tuesday that gates will be thrown open for the match.
Amadu said: “We want Nigerians to come out en masse to the National Stadium, Abuja and bond together, and also support the Super Eagles in this match against Angola.
It is an important game for our team as it prepares for the African Cup of Nations qualifying match against Rwanda next month”.
The Super Eagles will fly out to Monrovia on Friday for another international friendly match, this time against the Lone Star of Liberia, which will take place at the Antoinette Tubman Stadium in Monrovia on Sunday, 15th January.
Coach Jose Carlos Vidigal expects a tough game from the Super Eagles as his wards set into the final stages of preparation for the three-week, 16-nation African Cup of Nations in Gabon and Equatorial Guinea, starting next week.
On his part, Nigeria’s Coach Stephen Keshi will have a good look at the boys he has been drilling at residential camping since last month, with a view to seeing which of them would be good enough to win shirts in the team to face Rwanda in a 2013 African Cup of Nations qualifier in Kigali next month.
VVG
terça-feira, janeiro 10, 2012
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FOLHA 8 EM APUROS, abusa da liberdade de impresa e pede perdão
Luanda - A Associação dos Repórteres de Imagem de Angola (ARIA) condena “veementemente” o bissemanário “Folha 8” por falta de ética e deontologia por uso e manipulação da imagem de altos dirigentes da nação, indica um comunicado de imprensa distribuído hoje, sábado, à Angop, em Luanda.
O “Folha 8”, na sua edição nº 1075, de 30 de Dezembro de 2011, na página 33, publicou imagens em que acusa o Presidente da República, o vice-presidente e o Chefe da Casa Militar de terem cometido crime de roubo, numa imagem degradante atentatória ao bom nome, reputação e à imagem das entidades visadas. Segundo a nota, a direcção da ARIA tomou conhecimento da triste notícia sobre manipulação da imagem de altos dirigentes da nação e manifesta indignação com a postura do bissemanário que, de forma abusiva e irresponsável, expõe dirigentes, demonstrando falta de ética e deontologia. Numa outra nota, o Ministério da Comunicação Social apela ao Conselho Nacional da Comunicação que se debruce sobre o facto de o bissemanário “Folha 8” ter publicado imagens do Presidente da República, o vice-presidente da República e do Chefe da Casa Militar da presidência da República numa situação de detidos por “roubo qualificado de valores”, pondo em causa a imagem e a reputação do Estado. “Este atentado ao bom nome, a reputação e a imagem não se confina ao estatuto de meros cidadãos dos visados, mais do que isso pretende atingir o seu estatuto, enquanto signatário do Estado”, lê-se na nota. Segundo ainda a reclamação do Ministério da Comunicação Social, “o “Folha 8” põe em causa à imagem e à reputação da Instituição do Estado “Presidente da República”.
A imagem pretende manifestamente manchar e descredibilizar o Presidente da República e dois dos seus mais directos auxiliares perante os cidadãos, um facto que não pode dissociar-se do momento alto que Angola irá viver em 2012, com as eleições gerais”. Este comportamento do “Folha 8” configura, entre outros crimes, o de abuso da liberdade de imprensa, previsto na alínea b do nº 2 de artigo 74 da Lei de Imprensa e viola os limites à liberdade de imprensa, estatuídos no nº 3 do artigo 40 da Constituição, bem como as normas de ética e deontologia profissionais.
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