ZENIT
O mundo visto de Roma
Serviço diario - 19 de dezembro de 2008
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SANTA SÉ Papa junto a jovens que Taizé reunirá em Bruxelas no final do ano Papa recebe núncio em Portugal Bento XVI pede solidariedade com afetados pela crise Segundo o Papa, reduzir a dívida pública é um dever de justiça Próximo Sínodo para África busca trazer paz ao continente Pregador do Papa: «que neste Natal possamos ser 'mãe' de Cristo» MUNDO Mensagem de paz a Obama dos líderes cristãos da Terra Santa EM FOCO Natal: olhos fixos em Jesus, convida arcebispo ENTREVISTAS Como comunicar esperança DOCUMENTAÇÃO Vaticano diante da proposta de declaração sobre Orientação Sexual
ANÚNCIOSDVD: "Tu és Pedro - Bento XVI e as Chaves do Reino" - Edição especial LIVRO: "João Paulo II Peregrino do Mundo" Observatório da Liberdade Religiosa
Santa Sé
Papa junto a jovens que Taizé reunirá em Bruxelas no final do ano
Quarenta mil jovens de toda a Europa e de outros continentes
CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 19 de dezembro de 2008 (
ZENIT.org).- Com uma mensagem, Bento XVI quis manifestar sua proximidade aos jovens que a comunidade de Taizé reunirá no encontro de final de ano que convocou em Bruxelas.
Quarenta mil jovens de toda a Europa e de outros continentes se encontrarão na capital belga, de 29 de dezembro a 2 de janeiro, para receber o novo ano em oração e fraternidade. Trata-se do 31º encontro europeu de jovens animado por esta comunidade ecumênica.
O Papa, em sua mensagem, sugere aos jovens que se façam esta pergunta durante o encontro: «de que fonte vivemos?».
«Vós buscais a fonte da esperança para vós mesmos e para o mundo abrindo-vos a Cristo por meio da oração e da escuta da sua Palavra, compartilhando vossas aspirações com jovens de toda a Europa e de outros continentes, fazendo a experiência da Igreja como um lugar de comunhão e amizade para todos», afirma o Santo Padre.
O Papa se sente próximo dos jovens nessa peregrinação de confiança através da terra, lançada há tantos anos pelo querido irmão Roger, fundador de Taizé.
«Confio em que vós descobrireis como comunicar a esperança a vosso redor, através de vossa vida comprometida em um mundo no qual há muita pobreza, muita injustiça e muitos conflitos.»
«Deus tem necessidade da vossa fé, da vossa criatividade, do vosso espírito de iniciativa. Para responder ao seu chamado, Ele vos dá a presença do seu Espírito.»
«É Ele que renovará vossas forças quando chegar a fadiga ou o abatimento. Sustentados pelo Espírito Santo, não tenhais medo de testemunhar a esperança que Ele põe em vós. Não tenhais medo de deixar vossos corações crescerem», exorta.
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Papa recebe núncio em Portugal
CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 19 de dezembro de 2008 (
ZENIT.org).- Bento XVI recebeu hoje em audiência o novo núncio apostólico em Portugal, Dom Rino Passigato, segundo informou a sala de imprensa da Santa Sé. O Vaticano não ofereceu detalhes do encontro.
Dom Rino Passigato, 64 anos, arcebispo italiano, atuava como núncio apostólico no Peru. Foi nomeado para chefiar a nunciatura em Portugal em novembro passado, sucedendo Dom Alfio Rapisarda, que renunciou por limite de idade.
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Bento XVI pede solidariedade com afetados pela crise
Em particular para quem perdeu o emprego
CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 19 de dezembro de 2008 (
ZENIT.org).- Bento XVI pediu solidariedade com todos os afetados pela crise econômica, em particular com quem perdeu o emprego.
A exortação do Papa foi ouvida pelos membros do Departamento do Trabalho da Sé Apostólica, recebidos nesta sexta-feira em audiência, poucos dias antes da celebração do 20º aniversário de sua criação por parte de João Paulo II.
«Ao aproximar-se o Santo Natal, penso quase espontaneamente na crise do trabalho que preocupa hoje toda a humanidade», confessou o Santo Padre.
«Quem tem a possibilidade de trabalhar, agradeça ao Senhor e abra com generosidade o espírito a quem, ao contrário, encontra-se em dificuldades trabalhistas e econômicas.»
«Que o Menino Jesus, que na Noite Santa de Belém se fez homem para sair ao encontro das nossas dificuldades, olhe com bondade para quem se vê duramente afetado por esta crise mundial e suscite em todos os sentimentos de autêntica solidariedade.»
Citando a mensagem que escreveu para a próxima Jornada Mundial da Paz, Bento XVI recordou que «a luta contra a pobreza tem necessidade de homens e mulheres que vivam profundamente a fraternidade e sejam capazes de acompanhar pessoas, famílias e comunidades em caminhos de autêntico desenvolvimento humano».
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Segundo o Papa, reduzir a dívida pública é um dever de justiça
Em seu discurso ao novo embaixador das Ilhas Seychelles
Por Inma Álvarez
CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 19 de dezembro de 2008 (ZENIT.org).- Bento XVI explicou nesta sexta-feira, durante a audiência concedida ao novo embaixador das Ilhas Seychelles na Santa Sé, que reduzir a dívida é um ato de justiça e «um desafio importante» frente às futuras gerações.
«Seria injusto que os homens de hoje evitassem suas responsabilidades e fizessem pesar as consequências de suas opções ou de sua inação às gerações que virão depois deles», afirmou o Papa no discurso que entregou a Graziano Luigi Triboldi.
As ilhas Seychelles, pequeno país africano formado por um arquipélago de 155 ilhas perto de Madagascar, é uma meta turística cobiçada e um dos paraísos fiscais mais importantes do mundo.
Apesar de ser o país mais rico da África, está fortemente endividado, com uma dívida pública que supõe 122,8% do Produto Interno Bruto.
Trata-se, portanto, acrescentou o Papa, «não só de sanar a economia, mas também e sobretudo de uma questão de justiça social. Sanar as contas da nação também supõe oferecer um marco mais seguro para a atividade econômica e proteger mais as populações pobres e vulneráveis».
Solidariedade, virtude social
Bento XVI aproveitou o discurso para explicar o duplo sentido que a «solidariedade» tem no pensamento social da Igreja: «está vinculada não só a um marco legislativo justo e adequado, mas também à qualidade moral de cada cidadão», disse.
Ambas dimensões estão relacionadas, explicou, pois devem «apoiar-se ao mesmo tempo em estruturas de solidariedade, mas também na determinação firme e perseverante de cada pessoa que trabalha pelo bem comum da maioria, porque todos somos responsáveis por todos».
Neste sentido, o Papa explicou que a educação é uma «via importante» para incutir a solidariedade, mas advertiu que «esta preocupação pela educação será vã se a instituição familiar se debilitar excessivamente».
«As famílias precisam ser animadas e sustentadas constantemente pelos poderes públicos. Deve haver uma harmonia profunda entre as tarefas da família e os deveres do Estado. Favorecer entre eles uma boa sinergia é trabalhar eficazmente por um futuro de prosperidade e de paz social».
Por isso, o Papa fez especialmente um chamado à Igreja Católica (os católicos constituem a confissão majoritária do país, 82,3%) para que «não economize seus esforços para acompanhar as famílias, oferecendo-lhes a luz do Evangelho, que manifesta a grandeza e a beleza do «mistério» da família, e ajudando-as a assumir suas responsabilidades educativas».
«Com respeito às que sofrem dificuldades, é importante ajudar na pacificação das relações e educar os corações para a reconciliação», acrescentou.
Por último, o pontífice chamou os católicos a que «mostrem sua preocupação, de comum acordo com todos os demais cidadãos, por edificar uma vida social onde cada um possa encontrar o caminho de uma abertura pessoal e coletiva».
«Assim testemunharão a fecundidade social da Palavra de Deus», concluiu.
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Próximo Sínodo para África busca trazer paz ao continente
O Conselho Especial para o próximo Sínodo realiza sua 17ª reunião preparatória
CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 19 de dezembro de 2008 (
ZENIT.org).- «A paz, bem supremo dos povos, é particularmente urgente neste momento no continente africano, marcado ainda por diversos conflitos». É a conclusão principal ad 17ª reunião do Conselho Especial para a África do Sínodo dos Bispos, acontecida no final de novembro em Roma, em preparação ao próximo Sínodo Especial para a África.
Nesta reunião preparatória participaram dez bispos africanos de todas as regiões do continente, encabeçados pelo cardeal Francis Arinze, prefeito emérito da Congregação para o Culto Divino.
Nela se estudou já um esboço doInstrumentum laboris, cuja redação definitiva, após ulteriores correções, será entregue pelo Papa aos bispos africanos em sua próxima viagem à Camarões e Angola em março de 2009.
O tema eleito pelo Papa para a próxima reunião sinodal é «A Igreja na África, a serviço da reconciliação, da justiça e da paz. "Vós sois o sal da terra... Vós sois a luz do mundo"(Mt 5, 13-14)».
O Sínodo acontecerá no Vaticano durante o mês de outubro do próximo ano.
De maneira especial, o comunicado final da reunião repercutiu a difícil situação em que vive a República Democrática do Congo, «que se impõe pela emergência humanitária, e que interpela os fiéis e todos os homens de boa vontade».
Esta paz, «dom do Senhor ressuscitado a seus discípulos», afirma o comunicado, «ocupa um lugar central na revelação do Novo Testamento», e também foi um tema fundamental do Sínodo passado especial para África (1994), como se vê na Exortação Pós sinodal.
Na reunião foi estudada a situação política e social do continente, e especialmente foi manifestado que «existem elementos de esperança», devidos «particularmente, ao dinamismo da Igreja».
Neste sentido, como o foi no sínodo anterior, é previsível que se dê ênfase ao Evangelho como «fonte de esperança, de otimismo e de paz, forte chamado à reconciliação, ao diálogo, à solidariedade, de frente a superar as divisões, que emergem da diversidade de religiões, de línguas e de etnias».
A próxima reunião acontecerá na última semana de janeiro do ano que vem.
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Pregador do Papa: «que neste Natal possamos ser 'mãe' de Cristo»
Em sua terceira e última pregação do Advento à Cúria Romana
Por Inma Álvarez
CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 19 de dezembro de 2008 (ZENIT.org).- O Pe. Raniero Cantalamessa, pregador da Casa Pontifícia, dedicou hoje sua terceira e última pregação de Advento diante do Papa e da Cúria Romana, a refletir sobre o significado da maternidade espiritual de Cristo, nesta sexta-feira, na capela «Redemptoris Mater» do palácio apostólico do Vaticano.
O Pe. Cantalamessa, seguindo com as duas catequeses anteriores e a propósito do Ano Paulino, propôs uma reflexão sobre uma passagem do apóstolo Paulo (Gálatas 4), que precisamente serviu à Igreja para lutar contra a heresia docetista, que negava a Encarnação.
Este dogma, junto com a pré-existência do Filho, encontra-se, ainda que em estado embrionário, no ensinamento de São Paulo, explicou o pregador, e para os cristãos tem grande importância, já que «pela fé», como manifestaram os Padres da Igreja, «cada cristão pode ser mãe de Cristo».
«Como se converter concretamente em mãe de Jesus, Ele mesmo nos indica no Evangelho: escutando a Palavra e colocando-a em prática», explicou.
Contudo, o Pe. Cantalamessa advertiu contra a possibilidade de uma «maternidade incompleta», que pode manifestar-se de duas formas: «uma fé sem obras e obras sem fé».
«Nós, como dizia São Francisco, concebemos Cristo quando o amamos com sincero coração e com consciência reta, e o damos a luz quando realizamos obras santas que o manifestam ao mundo», acrescentou.
Citando São Boaventura, o pregador explicou que «a alma devota a Deus, por graça do Espírito Santo e o poder do Altíssimo, pode conceber espiritualmente o Verbo bendito e o Filho Unigênito do Pai, dá-lo à luz, dar-lhe um nome, procurá-lo e adorá-lo com os Magos e finalmente presenteá-lo felizmente a Deus Pai em seu devido momento».
A concepção e o dar à luz Cristo supõe – explicou – a conversão e a mudança de vida pessoal do cristão.
O amém de Maria
Por último, propôs uma reflexão concreta sobre o «sim» de Maria, que durante muitos séculos se interpretou na palavra latina fiat.
«Insiste-se muito no fiat de Maria, em Maria como ‘a Virgem do fiat’. Mas Maria não falava latim e por isso não disse fiat, não disse sequer genoito, que é a palavra que encontramos, a este ponto, no texto grego de Lucas, porque ela não falava grego.»
A palavra precisa que a Virgem utilizou diante do anjo foi amém, uma palavra hebraica com a qual «se reconhece o que se disse como palavra firme, estável, válida e vinculante», e que indica «fé e obediência conjuntamente; reconhece que o que Deus diz é certo e se submete a isso».
«São Paulo diz que Deus ama quem dá com alegria, e Maria disse seu ‘sim’ a Deus com alegria. Peçamos-lhe que nos obtenha a graça de dizer a Deus um ‘sim’ alegre e renovado, e assim conceber e dar à luz, também nós neste Natal, o seu Filho Jesus Cristo», concluiu.
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Mundo
Mensagem de paz a Obama dos líderes cristãos da Terra Santa
«O que Jesus faria? O que Jesus diria?», perguntam
JERUSALÉM, sexta-feira, 19 de dezembro de 2008 (
ZENIT.org).- Os líderes cristãos da Terra Santa escreveram uma mensagem de paz por ocasião do Natal, na qual pedem orações para que a reconciliação no Oriente Médio possa chegar durante o mandato de Barack Obama.
Ao mesmo tempo, asseguram, para que esta paz possa ser implantada é necessário redescobrir a mensagem de fraternidade de Jesus.
O texto está assinado pelos patriarcas (latino, greco-ortodoxo, armênio), pelo custódio franciscano, assim como pelos representantes das Igreja Ortodoxa copta, síria, etíope, maronita, greco-melquita, anglicana e luterana.
«Ao preparar-nos para celebrar o Natal, parece que no mundo que nos rodeia há inclusive mais escuridão, conflitos e desespero – confessam os líderes cristãos. Isso significa que nós, os cristãos, temos de contemplar com mais cuidado e profundidade Jesus, a criança nascida no estábulo de Belém.»
«Muitas pessoas estão preocupadas pela escuridão, seja a ausência de luz a seu redor ou o medo do desconhecido em suas vidas pessoais e no mundo em geral», reconhecem.
«Ao aproximar-nos de um novo Natal, temos que mostrar ao mundo que nos rodeia que Jesus é uma luz na escuridão, que nunca se apaga, uma luz ardente que dissipa o terror da noite, uma luz na qual deveríamos colocar nossos olhos não só quando parece que as trevas nos rodeiam.»
«Como o bebê no estábulo é o ponto central de nossas celebrações natalinas, do mesmo modo temos de afirmar e testemunhar o fato de que Jesus é a luz que ilumina nossas vidas no âmbito pessoal e social, em todos os tempos», asseguram.
Como meio para promover a paz, os representantes sugerem aos crentes que se façam esta pergunta: «O que Jesus faria? O que Jesus diria?».
Com este espírito, asseguram, «temos de convencer os líderes políticos do mundo de que a verdadeira paz só chegará à terra quando buscarmos a vontade de Deus para seu povo, através das palavras e ações de Jesus».
Os pastores asseguram que rezam «pelo presidente eleito dos Estados Unidos, para que ele e os demais líderes do mundo vejam a urgente necessidade de paz que o Oriente Médio tem, e não só esta terra».
«Temos de ver também a situação na qual muitos estão sofrendo, em Gaza, à luz de Cristo e fazer um esforço decidido para oferecer-lhes socorro urgente», acrescentam.
Por último, dirigem-se aos cristãos do mundo, em particular aos que visitaram ou pensam visitar a Terra Santa.
«É importante recordar que estais seguindo os passos de Jesus e que quando contemplais a sorte de muitos de vossos irmãos cristãos, deveis responder como credes que Ele o faria», afirmam.
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Em foco
Natal: olhos fixos em Jesus, convida arcebispo
«Cristo é a luz verdadeira», diz Dom Walmor Oliveira de Azevedo
BELO HORIZONTE, sexta-feira, 19 de dezembro de 2008 (
ZENIT.org).- O arcebispo de Belo Horizonte (Minas Gerais, sudeste do Brasil), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, convida os cristãos a viverem o Natal com os olhos fixos em Jesus, na certeza de que n’Ele está a fonte de toda alegria duradoura.
«Não é fácil, em se considerando as circunstâncias atuais, fixar os olhos em Cristo Jesus, razão única e insubstituível das festas natalinas.»
«Não é fácil porque são muitas as solicitações; também as deturpações que se inserem na compreensão do sentido mais verdadeiro da festa», afirma o arcebispo, em artigo enviado hoje a Zenit.
Dom Walmor adverte que a tendência é «fixar o coração no que está do lado de fora. As confraternizações são vividas, tantas vezes, apenas como um momento de encontro e de desfrute que pouco alimenta uma fraternidade solidária».
Ao recordar especialmente as crianças, o arcebispo recorda que seus corações «estão alimentados pelo folclore em torno de papai Noel».
«Esta dimensão folclórica das festividades natalinas tem também seu sentido. Contudo, não pode substituir a razão primeira, única, central, insubstituível, inigualável da festa deste tempo do Natal: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”».
É necessário «colocar no centro de nossas comemorações e festividades, no centro de nossos corações e de nossas vidas, como está no centro do presépio, Cristo Jesus. Cristo é a luz verdadeira», enfatiza.
Segundo Dom Walmor, «a delicadeza de Deus, Jesus Cristo o Salvador que vem ao nosso encontro, tem força para recuperar a sensibilidade perdida, a convicção de que é bom ser bom e o empenho por uma sociedade justa e solidária, enquanto caminhamos com Ele, indo ao encontro do Pai que o envia, nossa vida definitiva».
O arcebispo faz então votos de que este tempo de Natal «seja um exercício meditativo e orante, muito profundo, desta verdade».
«Este exercício encharcará o coração e fará dele uma fonte inesgotável de delicadezas, grandes e pequenas, nos gestos e palavras, nas partilhas e pelo comprometimento com grandes projetos para o bem de todos, pela vida, a vida, em razão da qual o Senhor Jesus veio: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância”», cita Dom Walmor.
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Entrevistas
Como comunicar esperança
Entrevista com o catedrático Juan José García-Noblejas
Por Miriam Díez i Bosch
ROMA, sexta-feira, 19 de dezembro de 2008 (ZENIT.org).- A acolhida da encíclica «Spe Salvi» entre os filósofos gerou «tristezas e alegrias», «mais desta última, certamente», destaca o professor Juan José García-Noblejas, catedrático de Teoria da Comunicação e de Roteiro na Pontifícia Universidade da Santa Cruz em Roma.
O professor García-Noblejas concedeu esta entrevista à Zenit em pleno Advento, um momento adequado para refletir sobre a esperança com a segunda encíclica papal.
García-Noblejas (blog em http://scriptor.org) é diretor do Seminário Interdisciplinar Permanente e do Congresso bienal de «Poética & Cristianismo», da Pontifícia Universidade da Santa Cruz.
Publicou, entre outros, os seguintes livros: «Poética do texto audiovisual» (1982), «Comunicação e mundos possíveis» (1996, 2004), «Meios de conspiração social» (1998, 2006), «Comunicação manchada» (2000).
– Como foi acolhida a Spe salvi em ambientes filosóficos?
– García-Noblejas: Sendo «performativa», como é a segunda encíclica de Bento XVI, não pode ter deixado indiferente nenhum intelectual que a tenha lido. Em parte imagino e em parte vejo que os ambientes filosóficos – dito seja em poucas palavras – são como os habitantes de Éfeso: todos, antes de encontrar-se com Deus, tinham muitos deuses e «estavam sem esperança, sem Deus». Alguns acolheram com alegria o anúncio como encontro pessoal e real com Deus. Outros, imagino, continuaram tristes, sujos com seus deuses.
Estar alegre significa «posso conseguir o que hei de conseguir», enquanto estar triste significa fundir-se em um «não posso» que depois se justifica de mil maneiras. É verdade que por nós mesmos não podemos nada. Mas a esperança vem com o chegar a conhecer o Deus verdadeiro, e é – mais que uma iniciativa nossa – uma resposta à sua atitude de sair a nosso encontro.
É um assunto pessoal, não só intelectual, que – entre outras coisas – tem a ver com o reconhecer-se e saber-se filho de Deus. Não sei por que, mas ao ler a encíclica, tive quase o tempo todo na imaginação a história do filho pródigo, com o pai correndo ao seu encontro, assim como a lembrança do magnífico quadro de Rembrandt, com essa mão paterna sobre o ombro do filho.
Entre os filósofos que disseram algo sobre a «Spe Salvi», houve tristezas e alegrias. Mais desta última.
Para ser breve, não quero falar em concreto dos tristões que preferiram ficar com seus deusesinhos, e que – como bem diz o Papa – «rejeitam hoje a fé simplesmente porque a vida eterna não lhes parece algo desejável» ou porque preferem uma contra-figura do «paraíso perdido» em forma de «reino do homem» através da ciência e da tecnologia.
Entre os muitos que a receberam com alegria, por destacar só um caso entre centenas, citarei o que o filósofo Jaime Nubiola (Universidade de Navarra) menciona da professora Alejandra Carrasco (Universidade Católica do Chile), fascinada por esta encíclica, pois ilustra graficamente a diferença entre a esperança vulgar e a verdadeira esperança cristã: «A substância da fé, o já estar presente, torna o Evangelho performativo. Não é que eu espere a vida eterna, mas também que Deus está me esperando. Quando duas pessoas se amam e se olham, não se cansam de sustentar o olhar uma na outra. E esse cruzar de olhares muda o sentido de sua vida. Pensei nesta analogia: uma mulher deseja ter um filho, espera ficar grávida e essa esperança a enche de alegria. Mas não é esta a esperança cristã. A esperança cristã é mais como a da mulher que já está grávida. O filho já está nela, é uma realidade presente, que muda necessariamente seu modo de viver. A primeira pode esquecer sua esperança um dia e embebedar-se, mas causa dano a seu filho. Por isso não o faz, ou é muito mais difícil que o faça. Já grávida, esperando um filho, sua vida inteira se transforma».
A encíclica foi muito bem recebida, certamente à margem das críticas habituais de quem erroneamente se empenha em dizer que a Igreja se dedica a anatematizar a modernidade, o progresso ou a democracia.
– A esperança cristã é individualista?
– García-Noblejas: Poderia dizer-se muito acerca da necessária e imprescindível dimensão «social», e não só «individual» que todos nós temos, fazendo parte de nossa própria natureza misteriosa, sem objetivo. Inclusive se poderia dizer que pertencemos ao «reino pessoal» no qual – em uma distância ontológica infinita – estão as três Pessoas divinas. E o próprio das pessoas é relacionar-nos.
Basta advertir que o próprio Bento XVI aceita o desafio de pensar esta pergunta: «...não recaímos talvez no individualismo da salvação?» E responde: «Não. A relação com Deus se estabelece através da comunhão com Jesus, pois única e exclusivamente com nossas forças não a podemos alcançar. Ao contrário, a relação com Jesus é uma relação com Aquele que entregou a si mesmo em resgate por todos nós (cf. 1 Tm 2, 6). Estar em comunhão com Jesus Cristo nos faz participar de seu ser «para todos», faz que este seja nosso modo de ser. Compromete-nos em favor dos demais, mas só estando em comunhão com Ele podemos realmente chegar a ser para os demais, para todos».
E isso tem a ver com o sofrimento.
– E de que maneira o sofrimento se vincula à esperança?
– García-Noblejas: Para fazer justiça aos âmbitos filosóficos contemporâneos, não resta mais remédio que falar do «rosto sofredor do outro», sobre o qual nos fala E.Levinas.
Como bem diz G. Zanotti (Instituto Acton), o cristão encontra Cristo, sua salvação, no olhar de amor ao outro. Este é um ponto que pede atenção, porque muitos cristãos vivem de modo contrário à sua própria fé quando não vêem o outro com amor. E alguns, diante do sofrimento, crêem sinceramente que amam o próximo quando aderem a ideologias ou utopias políticas onde o advento de estruturas temporais implicará um Deus na Terra. Diante disso não nos deve estranhar que Gandhi – sem entender o cristianismo – tenha dito que «o cristianismo lhe parece muito bom, o problema são os cristãos». Não é por acaso que a primeira encíclica de Bento XVI se chamou «Deus caritas est».
Sendo o sofrimento, próprio e alheio, uma situação de aprendizagem da esperança, Bento XVI nos diz com clareza: «convém certamente fazer todo o possível para diminuir o sofrimento», ainda que «o que cura o homem não é o esquivar-se do sofrimento, mas a capacidade de aceitar a tribulação, amadurecer nela e encontrar nela um sentido mediante a união com Cristo, que sofreu com amor infinito». É preciso saber sofrer com os demais e pelos demais: «uma sociedade que não consegue aceitar os que sofrem é uma sociedade cruel e inumana».
– Como se pode comunicar melhor a esperança cristã, o próprio Deus?
– García-Noblejas: Entendo que não seria brincar com as palavras dizer que, em assuntos de comunicação interpessoal e pública, temos de ser «performativos», porque essa mesma comunicação o é. Uma «notícia», recorda o filósofo Robert A. Gahl ao falar da «Spe Salvi» com palavras do novelista Walker Percy, não é mera «informação», mas é algo que muda o mundo para as pessoas, como acontece quando a um náufrago lhe chega a notícia de que foi encontrado e logo chegarão para buscá-lo.
Sem entrar em matizes que não vêm ao caso aqui, entendo que a comunicação da esperança e do próprio Deus tem a ver, em parte, com saber dar razão do mal e de nossas deficiências em um mundo não maniqueísta, mas mostrando aquilo que São Josemaría Escrivá mencionava como tarefa especialmente cristã: a necessidade de afogar o mal em superabundância de bem. Porque, como ele diz, «nas empresas de apostolado, está bem – é um dever – que consideres teus meios terrenos (2 + 2 = 4), mas não te esqueças nunca que deves contar com outra soma: Deus + 2 + 2...».
Bento XVI fala dessa soma ao longo da «Spe salvi».
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Documentação
Vaticano diante da proposta de declaração sobre Orientação Sexual
Apresentada nesta quinta-feira pela França
NOVA YORK, sexta-feira, 19 de dezembro de 2008 (ZENIT.org).- Publicamos a declaração que a delegação da Santa Sé emitiu nesta quinta-feira na assembléia geral das Nações Unidas, na qual se apresentou a Declaração sobre direitos humanos, orientação sexual e identidade de gênero por iniciativa da França.
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A Santa Sé aprecia a tentativa da Declaração sobre direitos humanos, orientação sexual e identidade de gênero, apresentada na assembléia geral das Nações Unidas em 18 de dezembro, de condenar todas as formas de violência contra as pessoas homossexuais, assim como de pedir aos Estados que tomem as medidas necessárias para acabar com todas as penas criminosas contra elas.
No entanto, a Santa Sé observa que a formulação desta declaração vai muito além deste intento compartilhado.
Em particular, as categorias de «orientação sexual» e «identidade de gênero», utilizadas no texto, não encontram um reconhecimento ou uma definição clara e acordada no direito internacional. Se estas categorias forem levadas em conta na hora de proclamar e aplicar os direitos fundamentais, criarão uma série de incertezas na lei e minarão a capacidade dos Estados de introduzir e aplicar convenções e critérios de direitos humanos novos ou já existentes.
Apesar da justa condenação e da proteção de todas as formas de violência contra as pessoas homossexuais que a Declaração faz, o documento, se for considerado em sua totalidade, vai além deste objetivo e abre espaço a uma incerteza no direito, propondo um desafio às normas existentes sobre direitos humanos.
A Santa Sé continua afirmando que todo sinal de discriminação injusta contra pessoas homossexuais deveria ser evitado e pede aos Estados que eliminem as penas criminosas contra elas.
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Assassinatos, atentados, sequestros e detenções de representantes religiosos ou de crentes, situações extremas de perseguição por motivos religiosos e violações à liberdade de culto...
Todos estes factos encontram-se referenciados no Observatório 2008 sobre a Liberdade Religiosa no Mundo.
Uma página obrigatória que deve consultar para conhecer as violações mais graves ao direito fundamental de liberdade religiosa e para compreender a realidade político-religiosa em todo o planeta.
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