terça-feira, fevereiro 21, 2006

Exílio interior

Para recemeçar nada melhor que revisitar esta belissima poesia do grande angolano Nankhova Trajano, que rispechia o meu estado de animos.
Ate breve

Exílio interior

Escrito diante do retrato
de meu velho pai
inexplicavelmente
este é o sitio por mim escolhido
ruas longas e estreitas
paredes marcadas pelo tempo
sugerindo gastos rostos femininos com jimbumba
Horizontes confundindo-se com camas
onde o arrebol troca com a terra
abençoados ósculos de corpo inteiro
Paisagens virgens em virgens olhares
de úteros expostos aos céus
como na longínqua cidade rural
onde por felicidade nascera meu pai
inexplicavelmente este é o sitio
sobrevoado por fábulas
estórias de ontem
e hinos guerreiros de sempre
sobretudo hinos do amor guerreiro no terreiro
que exalam dos corpos andantes dos rios
com margens grávidas de pescadores
também prenhe de músicas por cantar
e versos por pintar
nas tetas das sereias empoleiradas nos coqueiros
inexplicavelmente
este sitio lembra-me uma criança
todas as manhãs
e a uma mulher em todas outras horas.

(Suplemento literário do Jornal de Angola)

21 comentários:

ELCAlmeida disse...

belo texto. vou roubá-lo e pô-lo no meu novo blogue de cultura "Malambas" (http://malambas.blogspot.com).
Um grande kandando e obrigado por voltar a estas lides.
Eugénio Costa Almeida

Anónimo disse...

Muito boa a poesia!! Irei pesquisar mais sobre o poeta Angolano e para poder escrever sobre ele.
Achei super interessantes os termos em português que são utilizados em Angola!

Abraços do Brasil!

Angola Xyami disse...

Obrigado cota Malamba, aos poucos vou tentar retornar aos antigos patamares.
Ate mais

Azoreano Náufrago disse...

Muito bonito!

Dummy disse...

Eu sou angolana, também tenho um blog, mas não falo muito da cultura da minha terra! Gostei mto deste blog. Quer trocar links?
Abraços

Kafé Roceiro disse...

Ei Francis,
Ao ler seu blog adorei.
Fiquei um pouco chateado de saber que a política suja de Lula já é conhecida em todo o mundo.
Venha em meu canto.
abraço,
Kafé.
Vc está linkado lá.

Exorcista disse...

Abraços Lusos... Excelente poema. Caso queiras dá uma olhada neste Blog .
Abraços

Kafé Roceiro disse...

Fico feliz por ter voltado. Sou seu fã.
Se gostares me linka por aqui.
abraço,
Kafé (Brasil)

Anónimo disse...

Caro Francis!
Gostaria de ter o seu link, mas no meu blog são as visitas que se linkam! Por isso e se for da sua vontade, vá até lá e clique no logotipo do "Páginas Amar-ela", o dos morangos para fazer o registo e adicionar o seu blog!
Um abraço amigo,
Daniela

Anónimo disse...

Oiiiii, eu me chamo Flora...
Também sou angolana, e gosto de ver q no mundo ainda existem gente com a cultura no sangue!
Parabéns, continue assim!

Anónimo disse...

Poetas del Mundo http://www.poetasdelmundo.com/default.asp convida Poetas de África

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POETAS DEL MUNDO dirigido por Luis Arias Manzo Embaixador Universal da Paz aguarda a participação de Poetas de África nas suas páginas com o que sentiria a mais subida honra
abraço para vós

Marília Gonçalves membro de Poetas del Mundo

Anónimo disse...

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Anónimo disse...

O que dizer de um coração;
que de distante da terra que o viu nascer;
que da pueril idade em que foi afastado dos cheiros e da luz que o viram nascer;
eternamente sofre pela ausência de algo que não sabe o quê;
eternamente sofrerá pela terra onde cresceu;
eternamente se angustiará;
emotivamente sempre tentará;
conciliar estes dois sofrimentos;
eternamente ...até que um dia descubra qual o caminho.
Enquanto isso não acontece, toma paliativos, paliativos como este blog e outros que tais.

Anónimo disse...

Here are some links that I believe will be interested

Anónimo disse...

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Anónimo disse...

Your are Excellent. And so is your site! Keep up the good work. Bookmarked.
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Anónimo disse...

Um novo espaço de encontros e amizades , com videochat, mapas, blogs, albuns de fotos, videoteca, música e noticias sobre Africa! www.africamente.com

POTYVERSANDO disse...

A Mãe África.
Gritam lhanos os inférteis pastos ao som que delira
A minguada água já morta na melodia da lira
De pináculos esvaziados degolados pela cinza
Dizimando gado e meus entes nutridos de brisa.

Comprimindo o viver na sofreguidão a injuria
Viandante, de pés e lábios rachados, na penúria
Só divisam a morte a gargalhar a dor que conspira
Cavando a amargura que cresce no peito e traz a ira.

Que retrata nas caras negras engelhadas a situação
Da inanição voraz, no olhar já sem vida do irmão...
Espargindo descaso semeado a barroca argila insólita
Devorando inda no ventre natimortos filhos da Etiópia.

Esconsos pela angustia não ouvem tinir o guizo da unção
Cegos sedentos pelo ópio ferino entregam-se ao destino
Nas mãos do carnífice viver, subjugados ao desatino
Dilacerador de seus corpos procelados pela procriação.

Carcomidos que hiantes sangram do febril amargor
Dias que não amanhecem sem que anoiteçam na dor.
O brado abissínio em homilia a este agreste tão vil
Na partitura dessa ópera sádica de composição ardil.

A sinfonia lamuriante da miséria que ouço desde criança
O morticínio entranhado no ventre da África sem esperança!
Apiedam versos exangues a ribombar o vento, eu te bem digo
Oh! Mãe África, de ti escolhidos nascem purificando o abrigo!

“A Poetisa dos Ventos”
Deth Haak
28/02/2007
Cônsul Poeta Del Mundo- RN
Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do RN

POTYVERSANDO disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Poesia de Angola


http://www.lusofoniapoetica.com

Anónimo disse...

Blog Show de bola!
Visite o meu:

Marcos Galinari
redator e roteirista

www.marcosgalinari.blogspot.com

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