A sabedoria popular ensina-nos que “querer é poder”. E para fins de pesquisa, existe uma ampla bibliografia que sustenta a tese segundo a qual o sucesso de um “sistema-país” é sempre fruto de acções programáticas de líderes visionários que chegam a motivar o próprio povo a ultrapassar os limites que o impedem na procura de melhores condições de vida e, portanto, atingir uma posição respeitável no concerto das Nações. Nesta vertente, a República Federal da Alemanha constitui um exemplo cuja constatação se torna referência obrigatória para os países emergentes como é o caso da nossa jovem República.
No Qatar Motor Show de Doha, o grupo alemão, Volkswagen, apresentou em anteprima mundial uma concept car, nome em código XL1, capaz de percorrer 100km com um litro de gasóleo. Para os amantes de motores esta invenção é um sonho que se torna realidade, mas para o mundo científico este facto indica um marco histórico há muito almejado, num momento em que, por exemplo, cientistas de várias escolas se empenham com o melhor das suas forças na busca de tecnologias inovadores que reduzam a emissão do CO2.
Numa primeira leitura a mensagem é endereçada aos produtores de petróleo: é hora de diversificar as próprias economias. O facto de a apresentação realizar-se em Qatar - um país que sobrevive da venda de petróleo - o evento se torna num premonitório: a XL1 rende absoleta a economia baseada no petróleo, assim como se denota que o futuro da humanidade dependerá sempre e sempre mais das descobertas científicas.
Se a intenção dos alemães foi demonstrar a própria superiodade científica e tecnológica, conseguiram, porque a XL1 é um concentrado de tecnologia de última geração e inovação científica, que segundo Rudolf Krebs, responsável das tecnologias eléctricas do grupo alemão, o carro com o seu sistema híbrido “tem o mérito de unir o melhor do amanhã.” A Alemanha já está caminhando no futuro, parafraseando um ditado italiano, "Quem chega primeiro ocupa o melhor lugar".
Que possível relação pode ter esta temática com Angola? – Alguém ousará questionar!
Pois bem! Não obstante o facto de que a Volkswagen esteja quotada na bolsa e tenha representações em várias partes do mundo, a mesma é antes demais uma empresa alemã e, considerando os seus resultados, é parte íntima do orgulho alemão.
Estou quase certo de que a XL1 há-de causar um grande impacto/efeito no emergente interessante mercado angolano. Todavia, além de suscitar a nossa admiração, deveria motivar-nos a reflectir seriamente sobre a necessidade de investirmos ‘cada vez mais’ na qualidade do nosso Sistema de Ensino, porquanto a XL1 é resultado do desenvolvimento técnico-científico do ambiente onde a empresa nasceu e se desenvolveu. Assim sendo, ocorrem-me de forma espontânea algumas perguntas: Qual é o estado do nosso desenvolvimento técnico-científico em Angola? Existem dados ou relatórios? Existem estudos do sector em elaboração? Que tipo de investimentos se fazem nas escolas, nos laboratórios, nos institutos técnicos públicos (e noutras organizações privadas) que se dedicam à pesquisa científica? O governo (ou melhor, o executivo – para me conformar com a hodierna linguagem), mobilizou avultadas somas de dinheiro que estão a ser investidas na reconstrução nacional e no desenvolvimento. Tratando-se de fundos públicos, penso que se devem criar mecanismos para torná-los públicos, aliás porque a boa comunicação motiva a gente a trabalhar.
No caso concreto, se deveria dar a conhecer o programa de desenvolvimento científico em aplicação, de modo que todos possamos participar, claro, lá onde nos for consentido. A participação é uma das grandes vantagens da chamada ‘democracia participativa’: Todos são chamados a contribuir, e o Governo/Executivo deve criar condições para que os contributos sejam aplicados onde se julgar necessário.
Por: Francisco Pacavira Bernardo
Club Romano de Livres Pensadores
“Tudo por uma Angola melhor!”
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