Vamos falar de Angola, mas deixando de lado os rancores e ódios facilmente controláveis/manipuláveis por interesses externos. Para quem viveu em Angola durantes os últimos trinta anos sabe o que é uma guerra e sabe também que o sentimento do ódio/justiça pelas próprias mãos nos leva a comportar-se no modo mais animalesco que podemos conceber. Durante a guerra, quando perdes alguém, o sentimento de defesa cresce, e em pouco te tornas num defensor das batalhas, até daquelas que perderás "mal e porcamente". Com as guerras não se brincam. (Se depender de certas potências ocidentais, veremos uma guerra em Síria e quando tudo voltar a normalidade ninguém assumirá as responsabilidades do sangue derramado).
O Circulo Angolano Intelectual (CAI) não deve tornar-se num muro de lamentações e insultos inúteis, mas sim erguer-se como instrumentos de debates (sérios) sobre os métodos melhores para melhorar Angola. Falemos de Angola, falemos de nós mesmos, dos nossos problemas, das nossas feridas crónicas, mas com sugestões reais, praticáveis... Porque risco é aquele de tornar-se num lugar aonde a raiva se multiplica, o despreso cria ninhos, os projectos mortais se desenvolvem, etc. O conhecimento da agricultura de base nos ensina que a árvore que não cresce morre, a semente que não brota apodrece. O CAI tem tudo para germinar, crescer e tornar-se num actor importante, mas o tempo é este.
Tinha lido - aqui no CAI - propostas relativas ao melhoramento da educação em Angola, mas não vejo as conclusões. Vi várias iniciativas, mas não as conclusões. Tem que se concluir, tudo deve ter um ponto final, ou então nunca se farão propostas válidas. Uma vez concluídas, o que fazer? Alguém deve se responsabilizar de modos a fazer chegar em várias instituições. Temos a internet, o correios internacionais, etc.
Atenção, atenção, atenção com o complexo de superioridade cultural. Muitos compatriotas, "saccentes sábios das democracias parlamentares ocidentais" crêem tudo saber, uma atitude não côngrua com o espírito do CAI, visto que não contribui na melhoraria do nível dos debates. Não nos limitemos a falar dos buracos nas estradas do Cazenga, das cucas a venda a Avenida Brasil, das boates que fecharam por falta de energia... temos que ir além, temos que crescer, temos investigar e discutir sobre as origem (causas), assim como propor vias de resolução: cidadania activa.
Outra questão não menos importante é a diversificação dos debates: Angola não é Luanda. O CAI abraçando Angola deveria motivar tb os debates sobre questões das províncias, qual é o "Status Questionis" relativo ao desenvolvimento das províncias, dos municípios, das comunas, das aldeias e Vilas? Quais as informações ao nosso dispor? Os moderadores deveriam ajudar na focalização dos temas a serem debatidos, porque "quem o mundo abraça, nada aperta".
Para terminar, gostaria de repetir as palavras ilustres palavras do Clement Atlee, segundo o qual "A democracia é uma forma de governo que prevê a livre discussão, mas que só é atingida se as pessoas pararem de falar." Parar de falar, para passar a prática. A democracia começa em casa, nas igrejas, no trabalho, nas nossas relações. Que cada um se mata ao trabalho aonde se encontra: as escolhas que fazemos em cada momento contribui para a democracia, porque a vida é feita de pequenas escolhas, começando por escolher as cores que vestiremos nos próximos dias.
O que cada um de nós pode fazer por Angola? O que estamos fazendo? O que gostaríamos de fazer? O que faremos nos próximos dias, semanas, meses?
Tenho dito.
Não se brincam com as guerras - O que fazem o rebeldes líbios? DEMOCRACIA?
Sobre a guerra em Líbia - Os rebeldes pela democracia disparam mas não matam...
A democracia das bombas
Francis/PAC
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