O Fundo Monetário Internacional (FMI) defendeu hoje o início de “um debate mais a fundo” sobre a eventual criação de um fundo soberano de Moçambique para gerir “as significativas receitas dos recursos minerais”.
Questionado hoje pela Lusa, o representante do FMI em Moçambique, Victor Lledó, disse que se “deve fazer um debate mais a fundo” sobre o fundo soberano, não sobre a sua necessidade, mas sobre o desenho desse instrumento.
“Ainda há um horizonte de alguns anos até que as receitas advindas dos recursos minerais se tornem significativas, mas é importante iniciar este debate sobre quais seriam as linhas e o desenho de um possível Fundo Soberano o mais cedo possível para que se chegue a um consenso”, disse.
A instituição de um fundo soberano de riqueza pode ser “um instrumento que seja legítimo e efetivo e útil para o caso de Moçambique fazer uma gestão possível das significativas receitas dos recursos minerais, que se esperam que comecem a fluir na próxima década”, disse Victor Lledó.
Economistas moçambicanos e internacionais têm discutido a criação de um fundo soberano sustentando a sua constituição com as pesquisas de recursos minerais, nomeadamente os hidrocarbonetos.
Nos últimos tempos, multinacionais envolvidas na prospeção de recursos naturais em Moçambique anunciaram importantes descobertas de carvão e gás natural no centro e no norte do país, a que se somam reservas já em exploração no sul.
Esta semana, o primeiro-ministro de Moçambique, Alberto Vaquina, anunciou pela primeira vez a posicionamento das autoridades moçambicanas em relação à criação do fundo soberano.
“Se for para guardar dinheiro em bancos internacionais enquanto precisamos de dinheiro para nos desenvolvermos, não creio que seja uma boa aposta. Ainda é uma discussão, ainda não temos recursos, estamos a discutir o ovo enquanto ainda está na galinha”, disse Alberto Vaquina.
Para o executivo de Maputo, Moçambique enfrenta desafios ligados à pobreza e infraestruturas do país para sustentar a economia, pelo que o país necessita de dinheiro para ultrapassar estes problemas.
“Esta questão do fundo soberano não está acabada. Temos ainda grandes problemas relacionados com a pobreza. Um dos desafios que temos neste momento é a infraestruturação do país. Precisamos de ter mais escolas, estradas e outras infraestruturas que possam sustentar a nossa geração e, a partir daí, preparar o futuro das próximas gerações, disse Alberto Vaquina, que admite porém uma posição contrária.
“Se o fundo soberano resolve o problema do país, não vejo nenhum problema, adotaremos a melhor solução para resolver os problemas de Moçambique”, afirmou.
Via|Lusa
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