quinta-feira, março 25, 2010

Política africana entre princípios e valores democráticos, por Francisco Pacavira

Observando a "real politik" africana, um dos aspectos que salta ao olho é a linearidade de homens sem arte nem parte. Nomes importantes das classes políticas de vários países africanos são comparáveis a uma sequência numérica cujo determinador comum é a nulidade em termos de princípios e valores democráticos. Esta é uma das breves conclusões que qualquer observador chegaria se parasse a reflectir sobre as reformas e políticas aplicadas em vários países do nosso continente. A  incompetência somada a falta de vontade política, a ausência total da paixão pelo que fazem, assim como a gestão amigável e até mesmo étnica da coisa pública, são entre outros, os elementos que mais pesam sobre o povo africano. A título de exemplo, o que dizer dos governantes empresários, que investem mais na Europa e outras partes do mundo mais desenvolidas, esquecendo-se completamente da pobreza que lhes rodeia? O que falar dos administradores livres de projectualidade e visão futurística para as áreas que governam, que por razões de insegurança convidam estrangeiros para actuarem no território com a desculpa de reconhecer neles competência inexistentes nos administrados? África, o nosso amado continente, é cheio de factos desta natureza.

Ninguém dá o que não tem. O exemplo da boa governação – em países mais avançados do ponto de vista político-cultural – nos ajuda a tirar uma primeira conclusão: em  condições normais, não devemos esperar que um agricultor (sem nada tirar a esta nobre profissão) projecte pontes e estradas que durem no tempo e respondam aos actuais desafios de desenvolvimento que o mundo está vivendo. O agricultor pode servir de exemplo no que tange a dedicação no próprio trabalho, a paciência, a capacidade de reconhecer um bom terreno, mas para governar um povo, uma nação, necessitamos de homens que tenham uma visão e formação maior. Necessitamos de pessoas íntegras, que possam meter o bem-comum  antes dos interesses privados. Necessitamos de homens e mulheres que saibam pensar globalmente e agir localmente. Necessitamos de patriotas que saibam reconhecer os próprios limites e envolver espertos do sector no qual operam. Isto é boa governação, aquele permeada da humildade, do querer mudar positivamente a vida dos governados. Mente aberta num mundo em contínua mudança é indispensável para crescer como nação, como país livre e democrático.

Termino repassando os três princípio/valores, que estão na base de uma boa democracia: a liberdade, a igualdade e a fraternidade. Nos próximos Canivetes vou abordar estes três elementos bases da Revolução francesa, que ao fim de contas estão na base de todas as boas democracias de estilo liberal ocidental. Até quando teremos que esperar o desenvolvimento das democracias reais em África? Respeitando e promovendo estes três valores, qualquer governante que seja, começa mudando realidade do povo que governa. Meto a fraternidade antes de tudo.

Israel e a guerra eterna: destino ou abuso de poder?

Sem retorno. Assim definirei a última acção israelita face a decisão de alargar "os terrenos palestineses recebidos com a força das armas "  no perímetro da cidade santa e maldita de Jerusalém. A decisão  foi ponderada, assim como o momento de comunicar-la; o primeiro anúncio teve lugar a quando da visita do Vice-presidente americano Joe Biden, acto que provocou uma ruptura nas relações entre os Estados Unidos e o principal aliado no Meio oriente. Das palavras, o Governo de  Telavive passa a acção no quase silêncio da Comunidade internacional. 

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Vista sobre Jerusalém

Sobre esta questão, partilho contigo duas pequenas considerações; a primeira é que tale iniciativa constitui um enorme desafio para Barack Obama, que após a sua abertura aos povos islâmicos e árabes, se sente comprometido na resolução da questão palestinesa. De facto, a relação entre os dois países continuam tensas não obstante as lobys hebraicas pressionem Obama a aceitar as decisões israelianas. Neste preciso momento se adverte uma aparente estabilidade entre os dois países, após a visita do Primeiro ministro israeliano Benjamin Netanyahu, que na ocasião não perdeu a oportunidade para lançar mais um desafio a leadership palestinesa, do presidente americano e do mundo civil que se sente responsável pelos destinos de outros povos menos atreçados para os desafios actuais. A Europa, na boca de Sarkozi e dos seus porta-vozes, ja reprovaram a intenção do Estado hebraico. Espero na China, na Índia, na Rússia, ma África do Sul, e porque não uma voz grossa da parte da União Africana.

Como segunda consideração, interpreto a decisão de Israel como grave ofensa às nações livres e democráticas que há muito esperam na resolução dialogada do conflito que se estende a quase meio século. Minha mãe nasceu, cresceu e continua a viver a guerra daqueles povos, o mesmo acontece comigo. Não sendo um mago, resto na perplexidade que tale decisão tenha aberto um novo capítulo nas razões de ódio por parte dos árabes e simpatizantes e da esquerda radical ocidental contra os hebreus. Vamos esperar que o  Primeiro ministro de Israel mude de ideia e que se abra finalmente uma nova estação de diálogo entre os dois contendentes de Jerusalém. A solução do conflito foi muitas vezes anunciada, mas nunca metida em prática: dois povos e dois estados segundo as resoluções das Nações Unidas e ulteriores acordos.

Francisco Pacavira

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