sexta-feira, novembro 21, 2008

Como explorar Roma sem avião - http://earth.google.it/rome/.

Como explorar Roma sem avião

Reprodução
Projeto do Google em parceria com universidades dos Estados Unidos permite aos internautas passear pelas ruas da Cidade Eterna, igualzinha a como era ...
Projeto do Google em parceria com universidades dos Estados Unidos permite aos internautas passear pelas
ruas da Cidade Eterna, "igualzinha a como era há 17 séculos"

Vera Gonçalves de Araújo
De Roma, Itália

Morando em Roma há mais de 30 anos, já acompanhei todo tipo de turistas brasileiros em visitas aos monumentos da cidade. Houve quem chorou, quem teve que se sentar com tonturas de emoção, quem fez perguntas a que eu não soube responder, quem filmou e fotografou tudo o que viu, e quem achou que tudo aquilo era uma velharia inútil e incompreensível.

Nem todos têm imaginação, curiosidade, dinheiro para viajar e cultura para curtir o Forum Imperial ou os mercados de Trajano. Mas muitas vezes é difícil descobrir, por trás das ruinas de templos, basílicas e pedregulhos, como era realmente Roma na época do Império. Agora existe uma solução simples e barata: Google Earth criou uma simulação da cidade na época do imperador Constantino, quer dizer mais ou menos no ano 320.

O projeto nasce de uma colaboração entre Google, Past Perfect Production e as universidades da Califórnia e da Virginia. Os internautas podem passear nas ruas da Cidade Eterna, igualzinha a como era há 17 séculos. É a mais perfeita e detalhada reconstrução que já se realizou, que inclui 6.700 edifícios elaborados em 3D, filmes, fotos, informações, enfim, um patrimônio enorme de dados que resultam de anos de trabalhos de arqueólogos, historiadores e arquitetos. Tudo realizado com a tecnologia geoespacial de Google Earth.

Qualquer um pode voar sobre a capital do império romano, entrar nas mansões dos patrícios, observar os detalhes arquitetônicos, bater perna (sem se cansar) na arena do Coliseu. O projeto se chama Rome Reborn (Roma renascida) e, como explicou Bernard Frischer, professor da universidade da Virginia, na apresentação no Capitólio na semana passada, "representa a continuação de cinco séculos de pesquisas de cientistas, arquitetos e artistas que a partir da Renascença tentaram, com descrições, mapas e imagens, reconstruir as ruinas da antiga cidade. A parceria com Google Earth é mais um passo para a criação de uma máquina do tempo virtual que nossos filhos e netos vão usar para estudar história".

Para entrar na realidade virtual, os internautas só precisam baixar o programa em http://earth.google.it/rome/. Os vídeos são produzidos pela RAI, a televisão pública italiana, e podem se ver também no canal www.youtube.it/romaantica.

O prefeito da capital italiana, Gianni Alemanno, comentou: "Este é só o primeiro passo: o objetivo final é fornecer aos turistas vídeos-capacetes, para que possam observar o que resta e ao mesmo tempo se projetar na dimensão do passado, no seu significado mais pleno".

Quem não está gostando dessa perspectiva são os cicerones que circulam nas zonas arqueológicas de Roma, que correm o perigo de perder o emprego, substituidos pelos tais capacetes.

Vera Gonçalves de Araújo jornalista, nasceu no Rio, vive em Roma e trabalha para jornais brasileiros e italianos.

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