ZENIT
O mundo visto de Roma
Serviço diario - 18 de janeiro de 2009
SANTA SÉ
Vaticano na ONU: vítimas civis não são mero efeito colateral
ESPECIAL: ENCONTRO MUNDIAL DAS FAMÍLIAS
Papa reivindica os direitos da família ao encerrar o Encontro do México
Papa pede cultura e política da família
Milão, sede do Encontro Mundial das Famílias de 2012
Encontro do cardeal Bertone com o presidente do México
Cardeal Bertone promove papel mais ativo dos leigos
ESPIRITUALIDADE
Meditação para o primeiro dia da Semana pela Unidade dos Cristãos
Meditação para o segundo dia da Semana pela Unidade dos Cristãos
ANGELUS
Bento XVI no Dia Mundial do Migrante e do Refugiado
DOCUMENTAÇÃO
Videoconferência de Bento XVI ao Encontro das Famílias
Vaticano na ONU: vítimas civis não são mero efeito colateral
Um fenômeno em crescimento, denuncia o arcebispo Celestino MigliorePor Jesús Colina
NOVA YORK, domingo, 18 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- As vítimas civis dos conflitos armados não podem ser consideradas como «um mero efeito colateral da guerra», advertiu a Santa Sé na ONU.
O arcebispo Celestino Migliore, observador permanente da Santa Sé no palácio de cristal, ofereceu nessa quinta-feira critérios morais ao intervir no debate aberto sobre a proteção de civis em conflitos armados realizado no Conselho de Segurança da ONU.
O representante do Papa começou constatando que nos últimos tempos «a segurança dos civis nos conflitos está-se fazendo cada vez mais crítica, em ocasiões inclusive dramática, como tem sucedido na Faixa de Gaza, no Iraque, Darfur e na República Democrática do Congo».
Por este motivo, fez um chamado a «garantir a proteção de civis através de um maior respeito das normas do direito internacional».
Para isso, apresentou três pilares fundamentais para oferecer uma maior proteção aos civis nos conflitos armados: «acesso humanitário, proteção especial para as crianças e mulheres, assim como o desarmamento».
«O terrível maltrato de civis em tantas partes do mundo não parece um mero efeito da guerra», seguiu denunciando.
«Seguimos vendo civis que são convertidos deliberadamente em meios para alcançar objetivos políticos ou militares».
Isso tem sucedido, denunciou, «quando as mulheres e as crianças são usadas como escudo de combatentes; quando se nega o acesso humanitário à Faixa de Gaza; quando em Darfur as pessoas são expulsas e as aldeias, destruídas; quando vemos a violência sexual que destrói a vida de mulheres e crianças na República Democrática do Congo».
Nesse contexto, o prelado reconheceu que «a proteção dos civis exige não apenas um renovado compromisso para aplicar o direito humanitário, mas que requer em primeiro lugar e sobretudo boa vontade política e ação».
A proteção dos civis requer «líderes que exerçam o direito de defender seus próprios cidadãos ou o direito à autodeterminação, recorrendo apenas aos meios legítimos».
Exige que «reconheçam plenamente sua responsabilidade perante a comunidade internacional e o respeito dos demais estados e comunidades de direito a existir e a conviver em paz».
Dom Migliore assegurou que «o crescente aumento das vítimas civis na guerra deve-se também à produção massiva e contínua inovação e sofisticação de armamentos».
«A maior qualidade e distribuição de arma de pequenos calibre e de armas leves, assim como as minas terrestres e as bombas de fragmentação fazem que seja muito mais fácil e eficaz o assassinato de seres humanos.»
Por esse motivo, saudou como uma boa notícia a adoção da Convenção sobre as Bombas de Fragmentação e animou os países a ratificar este tratado «como uma prioridade e um sinal de seu compromisso para enfrentar o drama das vítimas civis».
Papa reivindica os direitos da família ao encerrar o Encontro do México
Dirige-se pela televisao aos peregrinos congregados no Santuário de GuadalupePor Jesús Colina
CIDADE DO VATICANO, domingo, 18 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Bento XVI reivindicou os «direitos inalienáveis» da família ao encerrar neste domingo, com uma mensagem televisiva ao vivo, o VI Encontro Mundial das Famílias.
Escutaram as palavras do Papa os milhares de peregrinos que participaram da missa presidida por seu legado, o cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado, na explanada do Santuário da Virgem de Guadalupe.
O Papa, que havia seguido o evento pela televisão desde o palácio apostólico vaticano, reconheceu em sua mensagem dirigida em espanhol que «hoje mais que nunca se precisa do testemunho e do compromisso público de todos os batizados, para reafirmar a dignidade e o valor único e insubstituível da família fundada no matrimônio de um homem com uma mulher e aberto à vida, assim como o da vida humana em todas as suas etapas».
«É preciso promover medidas legislativas e administrativas que sustentem as famílias em seus direitos inalienáveis, necessários para levar adiante sua extraordinária missão», considerou o Santo Padre.
Em sua mensagem, o Papa abriu o coração para assegurar que «os mexicanos sabem bem que estão muito perto do coração do Papa», provocando espontâneos aplausos entre quem o escutava desde a capela federal.
De fato, o Papa assegurou que, graças às novas tecnologias da comunicação, «peregrinei espiritualmente até esse Santuário Mariano, coração do México e de toda a América, para confiar a Nossa Senhora de Guadalupe todas as famílias do mundo».
O Santo Padre expressou sua proximidade e assegurou sua oração por todas as famílias em dificuldade, em particular às «que sofrem pela pobreza, a enfermidade, a marginalização ou a migração. E muito especialmente às famílias cristãs que são perseguidas por causa de sua fé».
Após anunciar que a sede do VII Encontro Mundial das Famílias será Milão em 2012, o pontífice concluiu sua homilia com uma oração dirigida à Virgem de Guadalupe, para confiar «todas as famílias do mundo».
«Se vê, se sente, o Papa está presente!», foi o coro com o qual responderam os peregrinos às palavras do Papa ao terminar o ato.
Renovação das promessas matrimoniais
Pouco antes do Credo, durante missa, os milhares de casais presentes renovaram as promessas que um dia pronunciaram ao contrair o sacramento, prometendo amar-se fielmente, no favorável e no adverso, «na saúde e na doença, todos os dias da vida».
Em seguida, apresentaram os anéis, que foram abençoados pelo cardeal Bertone, e depois colocaram uns nos outros, como haviam feito no dia de seu casamento.
O Encontro das Famílias havia começado em 14 de janeiro com um Congresso Teológico Pastoral, que bateu recordes na história destes eventos, inaugurados por João Paulo II em 1994, pois contou com a participação de mais de dez mil congressistas.
Os atos finais multitudinários se celebraram na noite de sábado e na manhã deste domingo diante da Basílica de Guadalupe, com a participação de representantes de 98 países.
Papa pede cultura e política da família
Mensagem ao Encontro Mundial das Famílias no MéxicoCIDADE DO VATICANO, domingo, 18 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Bento XVI pediu mobilização social para promover «uma cultura e uma política da família» na videomensagem dirigida ao evento festivo e testemunhal do Encontro Mundial das Famílias, celebrado no México.
É necessário, assegura o pontífice, «desenvolver uma cultura e uma política da família que sejam impulsionadas também de maneira organizada pelas próprias famílias».
Com suas palavras, o Papa alentou «a unir-se às associações que promovem a identidade e os direitos da família, segundo uma visão antropológica coerente com o Evangelho», e convidou «tais associações a coordenar-se e a colaborar entre elas para que sua atividade seja mais incisiva».
O intento frio e a chuva que açoitou nesse sábado à noite o nordeste da cidade do México impediram a transmissão da videomensagem na grande explanada da Basílica de Guadalupe ao final do evento festivo das famílias, segundo estava previsto.
A mensagem foi transmitida a todos os participantes na missa de encerramento deste domingo, que foi presidida pelo cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado, e na qual o Papa esteve conectado graças às novas tecnologias da comunicação.
O bispo de Roma recordou que a família é «célula vital da sociedade, o primeiro e decisivo recurso para seu desenvolvimento, e tantas vezes o último amparo das pessoas às quais as estruturas estabelecidas não chegam a cobrir satisfatoriamente em suas necessidades».
«Por sua função essencial – acrescentou –, a família tem direito a ser reconhecida em sua própria identidade e a não ser confundida com outras formas de convivência, assim como a poder contar com a devida proteção cultural, jurídica, econômica, social, de saúde e, muito particularmente, com um apoio que, tendo em conta o número dos filhos e os recursos econômicos disponíveis, seja suficiente para permitir a liberdade de educação e de eleição da escola».
A família, «Evangelho vivo» que todos podem ler
O Santo Padre considerou que a família cristã, «vivendo a confiança e a obediência filial a Deus, a fidelidade e a acolhida generosa dos filhos, o cuidado dos mais fracos e a prontidão para perdoar, se converte em um Evangelho vivo que todos podem ler, um sinal de credibilidade talvez mais persuasivo e capaz de interpelar o mundo de hoje».
Neste contexto, o Papa deixou à família a tarefa de apresentar «seu testemunho de vida e sua explícita profissão de fé aos diversos âmbitos de seu meio, como a escola e as diversas associações».
Desta forma, pediu às famílias que se comprometam «na formação catequética de seus filhos e nas atividades pastorais de sua comunidade paroquial, especialmente aquelas relacionadas com a preparação ao matrimônio ou dirigidas especificamente à vida familiar».
«Trabalhar pela família é trabalhar pelo futuro digno e luminoso da humanidade e pela edificação do Reino de Deus». A família, concluiu, está chamada «a ser evangelizada e evangelizadora, humana e humanizadora».
O evento testemunhal e festivo, também presidido pelo cardeal Bertone, legado pontifício, girou em torno da oração do Rosário, cujos mistérios gozosos estiveram intercalados pelos testemunhos de famílias dos cinco continentes. A cerimônia foi animada por música de reconhecidos artistas tanto mexicanos como de outros países.
O evento no qual participaram cerca de 20 mil pessoas concluiu com um espetáculo de fogos de artifício.
Milão, sede do Encontro Mundial das Famílias de 2012
«A família, o trabalho e o lazer» será o tema, segundo anuncia o PapaPor Jesús Colina
CIDADE DO VATICANO, domingo, 18 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- A cidade italiana de Milão será a sede do próximo Encontro Mundial das Famílias, em 2012, segundo anunciou Bento XVI neste domingo.
Em uma mensagem televisiva ao vivo dirigida aos peregrinos que participavam da missa de encerramento do
Encontro das Famílias celebrado na Cidade do México, o Santo Padre revelou que o tema da futura assembléia será «A família, o trabalho e o lazer».
Falando em espanhol, o pontífice agradeceu o cardeal Dionigi Tettamanzi, arcebispo de Milão, por sua «amabilidade ao aceitar este importante compromisso».
Depois que o Papa concluiu, o cardeal Ennio Antonelli, presidente do Conselho Pontifício para a Família, tomou a palavra para revelar que esse encontro acontecerá na primavera de 2012.
O evento, seguiu informando o purpurado italiano aos peregrinos, se marca em um percurso eclesial e civil da cidade de Milão que prevê a celebração, em 2013, de um grande evento de caráter ecumênico e inter-religioso para promover a liberdade religiosa, ao se celebrarem os 1.700 anos do edito emitido por essa cidade pelo imperador Constantino (ano 313).
Desta forma, o cardeal recordou que Milão acolherá no ano 2015 a exposição universal com o tema «Alimentar o planeta, energia para a vida».
E falando em espanhol, o cardeal Antonelli se despediu dos peregrinos que enchiam a explanada do Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe com estas palavras: «nos vemos em Milão se Deus quiser».
Os Encontros Mundiais das Famílias foram criados por João Paulo II, que convocou o primeiro em Roma, no ano 1994, por ocasião do Ano Internacional da Família convocado pelas Nações Unidas.
Os seguintes encontros se celebraram no Rio de Janeiro (1997), Roma (2000, ano do grande jubileu), Manila (2003), Valência (2006) e México (2009).
Encontro do cardeal Bertone com o presidente do México
Entre os temas, direitos humanos e migraçãoCIDADE DO MÉXICO, domingo, 18 de janeiro de 2009 (ZENIT.org-El Observador).- O respeito aos direitos humanos e aos migrantes foi um dos temas tratados durante o encontro de sábado entre o cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado de Bento XVI, e o presidente do México, Felipe Calderón.
O líder mexicano, durante a conversa realizada na residência oficial de Los Pinos, confirmou o convite aberto ao Papa para que visita o México quando sua agenda permitir.
Felipe Calderón, durante o discurso de inauguração do Encontro Mundial das Famílias, já havia confirmado que seu país receberia de braços abertos Bento XVI, e que este encontro «sentia muito a sua falta».
Mediante um comunicado de imprensa, a presidência da República informou que «durante o encontro o mandatário mexicano confirmou a importância que o México concede a suas relações com a Santa Sé».
«Por sua parte, o cardeal Bertone transmitiu uma saudação pessoal do Papa a todos os mexicanos e seu apreço pelo México», explica o comunicado.
«O presidente Calderón e o cardeal Bertone revisaram os principais temas de interesse para o México e a Santa Sé, particularmente reconheceram as múltiplas coincidências em temas internacionais prioritários para ambas partes, tais como a reforma das Nações Unidas, o combate à pobreza, o respeito aos direitos humanos e a proteção dos migrantes e suas famílias».
Cardeal Bertone promove papel mais ativo dos leigos
Em encontro com os bispos mexicanosCIDADE DO MÉXICO, domingo, 18 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado vaticano e legado especial do Papa para o Encontro Mundial das Famílias, reuniu-se na sexta-feira com cerca de 80 bispos da Conferência do Episcopado Mexicano (CEM).
No início da reunião, Dom Carlos Aguiar Retes, presidente da CEM, pronunciou um discurso de boas-vindas e informou, brevemente, sobre algumas atividades relevantes deste colégio episcopal.
Em seguida, o cardeal Bertone saudou os bispos e pronunciou um cordial discurso, que foi enriquecendo com comentários, segundo informa um comunicado emitido pela organização do EMF.
O purpurado destacou o desejo do Papa de visitar o México; no entanto, explicou que, ainda que o pontífice desfrute de boa saúde, os médicos recomendaram moderar as viagens, já que está próxima sua visita de março à África e ele está preparando uma viagem à Ásia.
Bertone explicou que o Santo Padre, todos os dias, por recomendação dos médico, faz exercícios enquanto reza o Rosário nos Jardins Vaticanos, e que sempre faz uma pausa de descanso perante a imagem da Virgem de Guadalupe.
Nesse momento, sempre passa por sua menta a nação mexicana, por quem eleva suas orações, revelou.
O cardeal Bertone considerou que os leigos dever ter um papel mais protagonista na missão da Igreja, como evangelizadores dinâmicos.
Nesse sentido, lamentou que muitos políticos não sejam plenamente coerentes com sua fé católica, explica o comunicado de imprensa.
Depois de seu discurso, que durou meia hora, o cardeal abriu espaço para que com liberdade os bispos apresentassem perguntas.
Fizeram-se duas rodadas de perguntas e cada uma delas englobou os questionamentos de três bispos.
Entre os conceitos que o cardeal destacou em suas respostas, destaca a recomendação aos bispos de permanecer em proximidade com seus fiéis e seus sacerdotes através do acompanhamento pastoral e pessoal», conclui o comunicado.
Meditação para o primeiro dia da Semana pela Unidade dos Cristãos
As comunidades cristãs diante de suas velhas e novas divisõesCIDADE DO VATICANO, domingo, 18 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Publicamos o comentário aos textos bíblicos escolhidos para o primeiro dia da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, 18 de janeiro.
O texto forma parte dos materiais distribuídos pela Comissão Fé e Constituição do Conselho Ecumênico das Igrejas e o Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos. A base do texto foi redigida por uma equipe de representantes ecumênicos da Coréia.
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As comunidades cristãs diante de suas velhas e novas divisões
Ez 37, 15-19.22-24s
Serão um, em tua mão
Sl 103, 8-13 ou 18
O Senhor é misericordioso e benevolente; cheio de fidelidade
1Co 3, 3-7.21-23
Há entre vós ciúme e contendas; vós sois de Cristo
Jo 17, 17-21
Que todos sejam um, para que o mundo creia
Comentário
Os cristãos são chamados a ser instrumentos do amor fiel e reconciliador de Deus, num mundo marcado por separações e alienações. Batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, professando nossa fé no Cristo crucificado e ressuscitado, nós somos um povo que pertence a Cristo, um povo chamado constituir seu Corpo no e para o mundo. Foi isto que o Senhor pediu, quando orou por seus discípulos: “que eles sejam um, a fim de que o mundo creia”.
As divisões entre os cristãos, no que toca às questões fundamentais da fé e da vida dos discípulos de Cristo, prejudicam gravemente nossa capacidade de testemunho diante do mundo. Na Coréia, como em muitos outros países, o Evangelho do Cristo foi anunciado por vozes contraditórias que proclamavam a Boa Nova com formas discordantes. Há quem se sinta tentado a simplesmente resignar-se, considerando tais divisões e os conflitos que lhes são subjacentes como mera e natural herança nossa história. Contudo, trata-se de uma ferida ao interno da comunidade cristã, que contradiz claramente o anúncio de que Deus reconciliou o mundo em Cristo.
Em Ezequiel, a visão dos dois pedaços de madeira sobre os quais estão escritos os nomes dos reinos divididos, no antigo Israel, que tornariam a ser “um” na mão de Deus, é uma imagem eloqüente da reconciliação eficaz que Deus cumpriu para o povo, suprimindo suas divisões – unidade que o povo não pode restaurar por si mesmo.Esta metáfora evoca adequadamente a divisão dos cristãos e prefigura a reconciliação que está no coração da proclamação cristã. Sobre os dois pedaços de madeira que formam sua cruz, o Senhor da história cura as feridas e as divisões da humanidade. No dom total de Si sobre a cruz, Jesus uniu o pecado do homem ao amor fiel e redentor de Deus. Ser cristãos significa ser batizados nesta morte pela qual o Senhor, na sua infinita misericórdia, grava os nomes da humanidade ferida no madeiro de sua cruz, nos unindo a ele e restabelecendo, assim, nossa relação com Deus e com o próximo.
A unidade cristã é uma comunhão que se baseia na nossa subscrição à Cristo e a Deus. Convertendo-nos sempre mais a Cristo, nós nos percebemos reconciliados pela potência do Espírito Santo. Rezar pela unidade cristã é reconhecer nossa confiança em Deus; é nos abrir inteiramente ao Espírito. Unida aos demais esforços que empreendemos em prol da unidade dos cristãos – como o diálogo, o testemunho comum e a missão – a oração é um instrumento privilegiado pelo qual o Espírito Santo manifesta ao mundo nossa reconciliação em Cristo, este mundo que ele veio salvar.
Oração
Deus de compaixão, tu nos amaste e perdoaste em Cristo. Tu reconciliaste toda a humanidade em teu amor redentor. Olha com bondade todos aqueles que trabalham e rezam pela unidade das Comunidades cristãs, ainda divididas. Dá-lhes serem irmãos e irmãs em teu amor. Possamos nós ser um, “um em tua mão”. Amém.
Meditação para o segundo dia da Semana pela Unidade dos Cristãos
Os cristãos diante da guerra e da violênciaCIDADE DO VATICANO, domingo, 18 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Publicamos o comentário aos textos bíblicos escolhidos para o segundo dia da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, 19 de janeiro.
O texto forma parte dos materiais distribuídos pela Comissão Fé e Constituição do Conselho Ecumênico das Igrejas e o Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos. A base do texto foi redigida por uma equipe de representantes ecumênicos da Coréia.
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Os cristãos diante da guerra e da violência
Is 2, 1-4
Não se aprenderá mais a guerra
Sl 74, 18-23
Não esqueças para sempre a vida dos teus pobres
1Pd 2, 21-25
Suas chagas vos curaram
Mt 5, 38-48
Orai pelos que vos perseguem
Comentário
A guerra e a violência erguem os maiores obstáculos à unidade que Deus concede aos cristãos. A guerra e a violência procedem, em última análise, da divisão que existe no interior de nós mesmos – que ainda não foi curada – e da arrogância humana que é incapaz de voltar ao fundamento verdadeiro da nossa existência.
Os cristãos na Coréia desejam pôr um fim a mais de cinqüenta anos de separação entre a Coréia do Sul e a Coréia do Norte, para estabelecer a paz no mundo. A instabilidade que reina na península coreana, não representa apenas a dor da única nação do mundo ainda dividida institucionalmente, mas simboliza os mecanismos de divisão, de paradoxo, de hostilidade e de vingança que afetam toda a humanidade. Quem colocará fim neste ciclo de guerra e violência?
Nas situações de violência e de injustiça mais brutais, Jesus nos mostra a força capaz de pôr fim ao ciclo vicioso da guerra e da violência: aos discípulos que pretendiam reagiram à violência e ao furor conforme a lógica do mundo, ele instrui de modo paradoxal a renúncia de toda violência (Mateus 26,51-52).
Jesus revela a verdade da violência humana; fiel ao Pai, ele morreu na cruz para nos salvar do pecado e da morte. A cruz revela o paradoxo e o conflito inerente à natureza humana. A morte violenta de Jesus marca a instauração de uma nova criação, carregando sobre a cruz os pecados dos humanos, a violência e a guerra.
Jesus Cristo não propõe uma não-violência baseada apenas sobre o humanismo. Ele propõe a restauração da Criação de Deus e por Deus, confirmando nossa esperança e nossa fé na manifestação vindoura dos novos céus e da nova terra. A esperança fundada sobre a vitória definitiva de Jesus Cristo sobre a cruz nos permite perseverar na busca da unidade dos cristãos e na luta contra toda forma de guerra e violência.
Oração
Senhor, tu que te entregaste na cruz pela unidade do gênero humano, nós te oferecemos nossa humanidade ferida pelo egoísmo, arrogância, vaidade e ira.
Senhor, não abandones teu povo oprimido a sofrer toda forma de violência, de ira e de ódio, vítima de falsas crenças e de divergências ideológicas.
Senhor, concede que nós, cristãos, trabalhemos juntos para que se cumpra a tua justiça, antes que a nossa.
Dá-nos coragem de ajudar os outros a levar sua cruz, ao invés de colocar a nossa sobre seus ombros.
Senhor, ensina-nos a sabedoria de tratar nossos inimigos com amor ao invés de odiá-los. Amém.
Bento XVI no Dia Mundial do Migrante e do Refugiado
Intervenção por ocasião do Ângelus do Domingo «gaudete»CIDADE DO VATICANO, domingo, 18 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Publicamos as palavras que Bento XVI dirigiu neste domingo ao rezar a oração mariana do Ângelus junto a milhares de peregrinos congregados na praça de São Pedro no Vaticano.
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Celebra-se hoje o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado. Dado que este ano celebra-se o Ano Paulino, pensando precisamente em São Paulo, como grande missionário itinerante do Evangelho, foi escolhido como tema «São Paulo, migrante, apóstolo dos povos». Saulo, este era seu nome hebraico, nasceu em uma família de judeus migrados a Tarso, cidade importante da Cilícia, cresceu com uma tripla cultura – judaica, helenista e romana – e com uma mentalidade cosmopolita. Quando se converteu de perseguidor dos cristãos em apóstolo do Evangelho, Paulo passou a ser «embaixador» de Cristo ressuscitado para dá-lo a conhecer a todos, com a convicção de que n'Ele todos os povos estão chamados a formar a grande família dos filhos de Deus.
Esta também é a missão da Igreja, mais que nunca em nosso tempo de globalização. Como cristãos, não podemos deixar de experimentar a necessidade de transmitir a mensagem de amor de Jesus, especialmente àqueles que não o conhecem, ou se encontram em situações difíceis e dolorosas. Hoje penso particularmente nos migrantes. Sua realidade é sem dúvida muito variada: em alguns casos, graças a Deus, é serena e bem integrada; outras vezes, infelizmente, é penosa, difícil, e em certas ocasiões inclusive dramática. Quero assegurar que a comunidade cristã dirige sua atenção a toda pessoa e a toda família e pede a São Paulo a força de um novo impulso para favorecer, em todas as partes do mundo, a convivência pacífica entre homens e mulheres de etnias, culturas e religiões diferentes.
O apóstolo nos diz qual foi o segredo de sua nova vida: «eu também – escreve – fui conquistado por Jesus Cristo» (Fil 3, 12); e acrescenta: «sede imitadores meus» (Fil 3, 17). Sim, cada um de nós, segundo sua própria vocação e ali onde vive e trabalha, está chamado a testemunhar o Evangelho, com uma atenção maior por esses irmãos e irmãs que vieram de outros países, por diferentes motivos, a viver entre nós, valorizando assim o fenômeno das migrações como ocasião de encontro entre civilizações. Rezemos e atuemos para que isto suceda sempre de maneira pacífica e construtiva, no respeito e no diálogo, prevenindo toda tentação de conflito e abuso.
Desejo acrescentar algumas palavras dirigidas em especial aos marinheiros e pescadores, que vivem há muito tempo maiores problemas. Além das habituais dificuldades, sofrem restrições para atracar em terra e acolher a bordo os capelães; enfrentam também os riscos da pirataria e os danos da pesca ilegal. Expresso-lhes minha proximidade e o desejo de que sua generosidade, em suas ações de auxílio no mar, seja recompensada com uma maior consideração.
Penso, por último, no Encontro Mundial das Famílias, que conclui na Cidade do México, e na Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que começa precisamente hoje. Queridos irmãos e irmãs: convido-vos a rezar por todas estas intenções, invocando a intercessão maternal da Virgem Maria.
[Após rezar o Ângelus, acrescentou:]
Acompanho com profunda preocupação com o conflito na Faixa de Gaza. Encomendemos também hoje ao Senhor as centenas de crianças, anciãos, mulheres, vítimas inocentes da violência, os feridos, aqueles que choram por seus entes queridos e os que perderam seus bens.
Convido-os, ao mesmo tempo, a acompanhar com oração os esforços que numerosas pessoas de boa vontade estão realizando para deter a tragédia. Espero profundamente que se saiba aproveitar, com sabedorial, as primeiras aberturas de trégua e encaminhar-se para soluções pacíficas e duradouras.
Neste sentido, renovo meu alento àqueles, por uma e outra parte, que acreditam que na Terra Santa há espaço para todos, para que ajudem seus povos a voltar a levantar-se dos escombros e do terror e retomar valentemente o caminho do diálogo na justiça e na verdade. Este é o único caminho que pode abrir efetivamente um porvir de paz para os filhos desta querida região!
Começa hoje a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que concluirá no próximo domingo, 25 de janeiro. No hemisfério sul, seguindo a novena convocada pelo Papa Leão XIII, ao final do século XIX, a oração pela unidade dos cristãos se celebrará entre a Ascensão e Pentecostes. O tema bíblico, pelo contrário, é comum a todos. Este ano foi sugerido por um grupo ecumênico da Coréia e está tirado do Livro do Profeta Ezequiel: «Estarão unidas em tua mão» (37, 17). Acolhamos também este convite e rezemos com maior intensidade para que os cristãos caminhem decididamente para a plena comunhão entre si. Dirijo-me particularmente aos católicos espalhados pelo mundo para que, unidos na oração, não se cansem de trabalhar para superar os obstáculos que ainda impedem a plena comunhão entre todos os discípulos de Cristo. O compromisso ecumênico é ainda hoje mais urgente para dar à nossa sociedade, marcada por trágicos conflitos e por dilacerantes divisões, um sinal e um impulso para a reconciliação e a paz. Concluiremos esta Semana de Oração na Basílica Papal de São Paulo Fora dos Muros, com a celebração das Vésperas, domingo próximo, memória da Conversão de São Paulo, que fez da unidade do corpo de Cristo um núcleo essencial de sua pregação.
A diocese de Roma celebra hoje a Jornada Diocesana da Escola Católica. Saúdo os responsáveis, os dirigentes, os professores, os pais e os alunos que se reuniram aqui. Queridos amigos, o serviço educativo da escola católica é hoje mais precioso que nunca, pois as crianças, os adolescentes, os jovens têm necessidade de uma educação válida, dentro de uma visão coerente do homem e da vida. Com a oração estou junto aos que estudam nas escolas católicas de Roma, e os alento a se comprometer sempre para formar comunidades educativas ricas de valores humanos e cristãos.
[Traduzido por Zenit
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Videoconferência de Bento XVI ao Encontro das Famílias
A família cristã, «Evangelho vivo» que todos podem lerCIDADE DO MÉXICO, domingo, 18 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Publicamos a videomensagem que Bento XVI gravou por ocasião do evento festivo e de testemunho do VI Encontro Mundial das Famílias celebrado na noite de sábado.
A videomensagem não pôde ser transmitida na explanada da Basílica de Guadalupe, como estava previsto ao final do evento, por causa do frio e da chuva. Foi apresentada neste domingo antes que começasse a missa de encerramento do Encontro Mundial.
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Queridos irmãos e irmãs,
Queridas famílias
1. A todos vocês congregados para celebrar o VI Encontro Mundial das Famílias sob o maternal olhar de Nossa Senhora de Guadalupe, «desejo a graça e a paz de Deus Pai e do Senhor Jesus Critos» (2 Ts 1, 2).
Acabam de rezar o Santo Rosário, contemplando os mistérios gozosos do Filho de Deus feito homem, que nasceu na família de Maria e José e cresceu em Nazaré dentro da intimidade doméstica, entre as ocupações diárias, a oração e as relações com os vizinhos. Sua família o acolheu e o protegeu com amor, o iniciou na observância das tradições religiosas e das leis de seu povo, o acompanhou para a maturidade humana e para a missão à qual estava destinado. «E Jesus – disse o Evangelho de São Lucas – crescia em sabedoria, idade e graça diante de Deus e dos homens» (Lc 2, 52).
Os mistérios gozosos foram se alternando com o testemunho de algumas famílias cristãs provenientes dos cinco continentes, que são como um eco e um reflexo em nosso tempo da história de Jesus e sua família. Estes testemunhos nos mostraram como a semente do Evangelho continua germinando e dando fruto nas diversas situações do mundo de hoje.
2. O tema deste VI Encontro Mundial das Famílias – A família, formadora nos valores humanos e cristãos – vem recordar que o ambiente doméstico é uma escola de humanidade e de vida cristã para todos os seus membros, com consequências benéficas para as pessoas, a Igreja e a sociedade. Com efeito, o lar está chamado a viver e cultivar o amor recíproco e a verdade, o respeito e a justiça, a lealdade e a colaboração, o serviço e a disponibilidade para com os demais, especialmente para com os mais frágeis. O lar cristão, que deve «manifestar a todos a presença viva do Salvador no mundo e na natureza autêntica da Igreja» (Gaudium et spes, 48), há de estar impregnado da presença de Deus, pondo em suas mãos o acontecer cotidiano e pedindo sua ajuda para cumprir adequadamente sua imprescindível missão.
3. Para isso é de suma importância a oração em família nos momentos mais adequados e significativos, pois, como o Senhor mesmo assegurou: «onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles» (Mt 18, 20). E o Mestre está certamente com a família que escuta e medita a Palavra de Deus, que aprende dEle o mais importante na vida (cfr. Lc 10, 41-42) e põe em prática seus ensinamentos (cf. Lc 11, 28). Deste modo, se transforma e se melhora gradualmente a vida pessoal e familiar, se enriquece o diálogo, se transmite a fé aos filhos, se acrescenta o gosto de estar juntos e o lar se une e consolida mais, como uma casa construída sobre a rocha (cf. Mt 24-25). Não deixem os pastores de ajudar as famílias a que aproveitem frutuosamente a Palavra de Deus na Sagrada Escritura.
4. Com a força que brota da oração, a família se transforma em uma comunidade de discípulos e missionários de Cristo. Nela se acolhe, se transmite e se irradia o Evangelho. Como dizia meu venerado predecessor o Papa Paulo VI: «os pais não só comunicam aos filhos o Evangelho, mas podem por sua vez receber deles este mesmo Evangelho profundamente vivido» (Evangelii nuntiandi, 71).
A família cristã, vivendo a confiança e a obediência filial a Deus, a fidelidade e a acolhida generosa dos filhos, o cuidado dos mais fracos e a prontidão para perdoar, se converte em um Evangelho vivo, que todos podem ler (cf. 2 Co 3, 2), em sinal de credibilidade talvez mais persuasivo e capaz de interpelar o mundo de hoje. Há de levar também seu testemunho de vida e sua explícita profissão de fé aos diversos âmbitos de seu meio, como a escola e as diversas associações, assim como comprometer-se na formação catequética de seus filhos e as atividades pastorais de sua comunidade paroquial, especialmente aquelas relacionadas com a preparação ao matrimônio ou dirigidas especificamente à vida familiar.
5. A convivência no lar, ao mostrar que liberdade e solidariedade se complementam, que o bem de cada um há de contar com o bem dos outros, que as exigências da estrita justiça hão de estar abertas à compreensão e o perdão como caminho do bem comum, é um dom para as pessoas e uma fonte de inspiração para a convivência social. Com efeito, as relações sociais podem tomar como referência os valores constitutivos da autêntica vida familiar para humanizar-se cada dia mais e encaminhar-se para a construção da «civilização do amor».
Também, a família é também célula vital da sociedade, o primeiro e decisivo recurso para seu desenvolvimento, e tantas vezes o último amparo das pessoas às quais as estruturas estabelecidas não chegam a cobrir satisfatoriamente em suas necessidades.
Por sua função social essencial, a família tem direito a ser reconhecida em sua própria identidade e a não ser confundida com outras formas de convivência, assim como a poder contar com a devida proteção cultural, jurídica, econômica, social, de saúde e, muito particularmente, com um apoio que, tendo em conta o número dos filhos e dos recursos econômicos disponíveis, seja suficiente para permitir a liberdade de educação e de eleição da escola.
É necessário, portanto, desenvolver uma cultura e uma política da família, que sejam impulsionadas também de maneira organizada pelas próprias famílias. Por isso as alento a unir-se às associações que promovem a identidade e os direitos da família, segundo uma visão antropológica coerente com o Evangelho, assim como convido tais associações a coordenar-se e a colaborar entre elas para que sua atividade seja mais incisiva.
6. Ao terminar, exorto todos vocês a ter uma grande confiança, pois a família está no coração de Deus, Criador e Salvador. Trabalhar pela família é trabalhar pelo futuro digno e luminoso da humanidade e pela edificação do Reino de Deus. Invoquemos unidos humildemente a graça divina, para que nos ajude a colaborar com afinco e alegria na nobre causa da família, chamada a ser evangelizada e evangelizadora, humana e humanizadora.
Nesta bela tarefa, nos acompanha com sua maternal intercessão e com sua proteção celestial a Santíssima Virgem Maria, a quem hoje invoco com o glorioso título de Nossa Senhora de Guadalupe, e em cujas mãos de Mãe coloco as famílias de todo o mundo.
Muito obrigado.
[Traduzido por Zenit
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