ZENIT
O mundo visto de Roma
Serviço diario - 22 de janeiro de 2009
SANTA SÉ
Papa recorda que Nossa Senhora «nos faz irmãos e nos une»
Cresce boa relação entre Roma e Moscou
MUNDO
Vice-presidente do Parlamento Europeu condena ataques contra Igreja na Venezuela
«Embaixador» do Papa leva ajuda a Gaza
Nova onda de violência contra cristãos no Paquistão
Cáritas teme nova crise de deslocados no Congo
EM FOCO
Três erros sobre a oração pelos judeus em latim da Sexta-Feira Santa 2008
Fundamento da paz: relacionamento com Deus, diz arcebispo
Paternidade consciente, mais que paternidade responsável
ESPIRITUALIDADE
Meditação para o sexto dia da Semana pela Unidade dos Cristãos
Papa recorda que Nossa Senhora «nos faz irmãos e nos une»
«O santuário de Mariazell mostra as raízes cristãs da Europa»Por Inma Álvarez
CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 22 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O Papa Bento XVI dedicou nesta quarta-feira um emocionado e improvisado discurso a Nossa Senhora como «promotora da unidade» entre os homens, em agradecimento por ter recebido a cidadania honorária da localidade austríaca de Mariazell, sede de um dos santuários marianos mais importantes da Europa.
Esta distinção lhe foi conferida na presença do prefeito, Helmut Pertl, do bispo de Graz-Seckau, Dom Egon Kapellari, e do reitor do Santuário de Mariazell, Pe. Karl Schauer, O.S.B. Diante deles, o Papa expressou vivamente seu agradecimento.
«Segundo as previsões humanas, nesta vida não poderei voltar a peregrinar até lá fisicamente, mas agora vivo lá de verdade e neste sentido estou presente sempre», afirmou. «Estou contente por ser de casa com o coração, e também agora de direito, por assim dizer, em Mariazell.»
O Papa recordou duas visitas anteriores ao Santuário e contou algumas histórias vividas com o bispo e o reitor lá presentes, especialmente em sua última visita, por causa da chuva torrencial que os surpreendeu.
Por outro lado, manifestou a importância que este santuário, muito venerado pelos católicos alemães, teve na história européia: «Mariazell é muito mais que um ‘lugar’: é a atualização da história viva de uma peregrinação de fé e de oração durante os séculos», explicou.
Nesta peregrinação, acrescentou o Papa, «não estão somente as orações e as invocações dos homens, mas também está presente a realidade de uma resposta: sentimos que a resposta existe, que não estendemos a mão para algo desconhecido, mas que Deus existe, e que através de sua Mãe Ele quer estar particularmente próximo de nós».
Mariazell também expressa «o que a Europa foi capaz de construir e de onde procede tudo aquilo que hoje compõe sua identidade, e através de que a Europa poderá voltar a ser ela mesma: através do encontro com o Senhor, ao qual sua Mãe nos conduz», acrescentou o Papa.
A verdadeira grandeza
Bento XVI recordou que Nossa Senhora de Mariazell recebeu importantes títulos durante a história, como «grande mãe» da Áustria e dos povos eslavos, neste santuário visitado por milhares de pessoas durante os séculos, até o ponto de Mariazell ter sido consideda o centro espiritual do Império Austro-húngaro.
Contudo, acrescentou, a Virgem «nos ensina que o que é verdadeiramente ‘grande’ não é o fato de ser ‘inalcançável’».
Maria «manifesta sua grandeza precisamente no fato de que Ela se dirige aos pequenos e está presente para os pequenos; que podemos recorrer a ela em qualquer momento, sem ter de pagar nenhum ingresso de entrada, simplesmente levando o coração», explicou o Papa.
Esta grandeza, portanto, não tem a ver com «a majestade exterior», acrescentou, mas com «a bondade do coração que oferece a todos a experiência do que significa estar juntos».
«Nos passeios que faço nas paisagens das lembranças, volto sempre a fazer uma parada em Mariazell, precisamente porque sinto que lá a Mãe sai ao nosso encontro e reúne todos nós», concluiu o Papa.
Cresce boa relação entre Roma e Moscou
A amizade pessoal com cristãos ortodoxos, chave para o diálogo ecumênicoCIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 22 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- A Igreja Católica melhorou significativamente suas relações com a Igreja Ortodoxa Russa nos últimos anos, sobretudo graças ao estabelecimento de laços de amizade pessoal com o Patriarcado de Moscou por parte de altos dignitários da Santa Sé.
Assim explica o Pe. Milan Zust S.J., secretário do Comitê católico para a colaboração cultural com as Igrejas Ortodoxas e as Igrejas Ortodoxas orientais diante do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, em um artigo publicado por L'Osservatore Romano em sua edição desta quinta-feira.
Zust, que acompanhou no mês de maio passado o presidente deste dicastério, cardeal Walter Kasper, em sua visita oficial a Moscou, ressaltou a importância destes encontros pessoais com altos dignitários ortodoxos, que se intensificaram nos últimos tempos.
«As relações entre os cristãos são um meio eficaz para promover a comunhão. Com isso não se pretende substituir ou relegar o diálogo teológico, mas sim aumentar a confiança recíproca, necessária para que este diálogo aconteça», explica.
Neste sentido, o subsecretário destacou a importância da visita do cardeal Kasper a Moscou, no final do mês de maio passado, por ocasião da festividade dos santos Cirilo e Metódio, tão venerados pela Ortodoxia.
Esta visita, explica Zust, «tinha como fim aprofundar no conhecimento da Igreja Ortodoxa Russa e em sua rica tradição espiritual e cultural».
«Esta questão é muito importante, porque a contínua ausência até agora da delegação ortodoxa russa no diálogo teológico oficial estava afetando os trabalhos da comissão», explica Zust.
O cardeal Kasper também teve a oportunidade de encontrar durante mais de uma hora o Patriarca Alexis II, com quem teve um diálogo «cordial». De fato, o purpurado encabeçou a delegação da Santa Sé que participou dos funerais do patriarca, falecido há poucas semanas.
Também com a Igreja Ortodoxa ucraniana se abriu um diálogo frutífero, com a visita do cardeal Kasper ao Metropolita Volodymyr de Kiev, em dezembro de 2007. Esta visita foi importante, já que a relação entre ambas as confissões havia atravessado momentos difíceis em épocas passadas, após a perseguição comunista.
Além destes gestos de amizade, Zust explica a importância do trabalho do Comitê cultural do qual ele faz parte e que tem como tarefa fundamental a de oferecer bolsas de estudo a seminaristas ortodoxos que vão a Roma para estudar nas faculdades pontifícias.
«Este crescimento da confiança mútua entre os cristãos divididos pelos tristes acontecimentos da história e pelo pecado humano está sendo muito significativo», conclui Zust.
Com frequência, estes contatos acontecem com grande discrição. Manter este caráter «privado» supõe, segundo Zust, «aumentar sua força, que, unida à de Cristo, pode fazer milagres, ainda quando se tenha a impressão de que o caminho da comunhão avança muito lentamente».
«Os sacrifícios pessoais, as renúncias íntimas, escondidas aos outros mas conhecidas pelo Senhor, são o meio que temos para rezar pela unidade. O Senhor sabe como transformá-los em elementos de comunhão», acrescenta.
Vice-presidente do Parlamento Europeu condena ataques contra Igreja na Venezuela
Após o atentado contra a Nunciatura ApostólicaPor Inma Álvarez
BRUXELAS, quinta-feira, 22 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O vice-presidente do Parlamento Europeu, Mario Mauro, expressou nesta quinta-feira sua condenação do atentado ocorrido em 19 de janeiro passado na Nunciatura Apostólica de Caracas, e mostrou sua preocupação pela situação deste país sul-americano, onde teme um «corte das liberdades».
Na madrugada da segunda-feira, cinco bombas lacrimogêneas foram lançadas contra a sede da nunciatura tem na capital venezuelana. O atentado foi reivindicado por um grupo pró-governo chamado «La Piedrita-23 enero», com insultos à hierarquia local da Igreja Católica.
Os repetidos atentados contra a nunciatura podem ter a ver com a proteção diplomática a um refugiado, tradição em todas as embaixadas do mundo, concedida ao estudante Nixon Moreno, acusado há dois anos, à espera de que o governo do presidente Hugo Chávez lhe permita abandonar o país em sua condição de perseguido político.
«Expresso minha solidariedade e minha proximidade à nunciatura e a toda a comunidade católica venezuelana, que é continuamente alvo da intolerância religiosa e do fanatismo dos grupos próximos ao presidente Chávez», afirmou Mauro.
Mario Mauro, que desde a semana passada é o representante da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) para a perseguição religiosa, afirma que «a proliferação de episódios similares no futuro piorará uma situação já difícil na Venezuela, onde os cidadãos estão pouco a pouco perdendo todas as liberdades fundamentais».
Segundo o vice-presidente europeu, «estamos frente a uma verdadeira emergência», pois o referendum convocado por Chávez sobre o prolongamento ilimitado do mandato, para o próximo dia 15 de fevereiro, poderá constituir a «pedra funerária do Estado de direito e para a liberdade religiosa do povo venezuelano».
Neste sentido, Mauro pediu «uma intervenção imediata da comunidade internacional para restabelecer dentro do país um clima de tolerância e de paz».
A Conferência Episcopal Venezuelana expressava, em seu último documento pastoral, sua postura crítica frente a este referendum, como «contrário» à vontade do povo.
«Embaixador» do Papa leva ajuda a Gaza
O delegado apostólico em Jerusalém não perde a esperança de pazJERUSALÉM, quinta-feira, 22 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O delegado apostólico em Jerusalém, Dom Antonio Franco, visitou Gaza nesta quarta-feira para distribuir entre os centros de assistência católicos as ajudas à população, enviadas por Bento XVI.
«Visitei o centro de Gaza, onde vi muita destruição. Os danos mais graves, contudo, encontram-se nas regiões periféricas. Pelo que vejo, parece também que a retirada do exército israelense está sendo completada», revelou Dom Franco à agência SIR, do episcopado italiano.
«Celebramos a missa na paróquia da Sagrada Família, cheia de fiéis – revela o prelado. Levei a proximidade, a oração e a solidariedade do Papa, também através de uma ajuda pessoal dirigida a aliviar os sofrimentos destes dias. A solidariedade é fundamental neste momento, pois é instrumento útil para criar as condições de paz e de reconciliação.»
O arcebispo teve encontros com o Pe. Manuel Musallam, pároco da Igreja da Sagrada Família, com as Missionárias da Caridade e outras religiosas, que prestam seu serviço aos mais vulneráveis.
«Muitas pessoas me confessaram seu medo e seu sofrimento», acrescenta o núncio apostólico em Israel e delegado diante da Autoridade Palestina.
O prelado considera que a chegada de Barack Obama à Casa Branca pode trazer uma mudança.
«Esperamos que a política trate, pelo menos um pouco, de concentrar-se nos sofrimentos das pessoas, buscando dar suas respostas, sem cair em jogos de poder e interesses. É urgente ocupar-se dos direitos, das exigências e das aspirações do povo. E creio que Obama sublinhou isso no discurso inaugural: são necessárias soluções aos problemas que afligem a humanidade.»
Nova onda de violência contra cristãos no Paquistão
Escolas, igrejas e lares foram vítimas dos ataquesISLAMABAD, quinta-feira, 22 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- A violência contra os cristãos na Índia superou as fronteiras. Seu país vizinho, Paquistão, também se viu gravemente afetado.
Um artigo publicado nesta quinta-feira no jornal L'Osservatore Romano dá a conhecer como as igrejas, escolas e instituições privadas, assim como dezenas de lares cristãos foram vítimas dos ataques no Paquistão.
A violência chega às escolas
Além das 170 escolas que sofreram assaltos ou destruições nos últimos dois anos, mais de 400 centros educativos se viram obrigados a fechar suas portas ou a suspender as atividades acadêmicas.
A razão desta medida é que em 15 de janeiro passado foi anunciado em uma das emissoras locais um edito que ameaçava com atentados e represálias as escolas que estivessem funcionando depois da data.
Diretores, professores e pais de família de instituições dirigidas por associações cristãs ou por outras comunidades e etnias independentes, decidiram fechar suas instalações até que não seja revogado este edito.
O artigo descreve um «clima de terror» que estão os habitantes vivendo no deserto de Swat, no interior da província de fronteira do Noroeste: «Trata-se de um território onde, de fato, governam os bandos dos talibãs, que tomaram como alvo os institutos de educação femininos».
Também foi destruído, com o lançamento de bombas rudimentares, um colégio que era dirigido por uma comunidade de irmãs carmelitas apostólicas, originárias do Sri Lanka; o colégio contava com cerca de mil estudantes.
O fechamento das escolas prejudicou cerca de 125 mil crianças e jovens estudantes que tiveram de interromper seus estudos de maneira indefinida.
Pânico nas igrejas e em vários lares
A violência atingiu também vários templos e lares na província de Punjab: «Um número indeterminado de muçulmanos assaltou a Igreja e quatro lares de cristãos na vila de Kot Lakha Singh, realizando também atos de tortura».
O primeiro lar em sofrer um assalto deste tipo foi o de um cidadão católico chamado William Masih. Os delinquentes torturaram quem se encontrava lá nesse momento, inclusive mulheres e crianças. Também roubaram dinheiro e objetos de ouro.
Os assaltantes atacaram outros lares cristãos. Entraram em igrejas católicas e protestantes, onde destruíram textos sagrados e causaram danos aos móveis.
Cáritas teme nova crise de deslocados no Congo
Diante do perigo de novos conflitosCIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 22 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Em um comunicado difundido esta quinta-feira, Cáritas Diocesana de Goma, na República Democrática do Congo, alerta do grave risco de uma nova crise de deslocados na região de Kivu Norte, em vista dos movimentos de grupos armados registrados nos últimos dias.
Segundo a nota, as tropas ruandesas que entraram no país no dia 20 de janeiro chegaram nesta manhã a Rutshuru e Tongo, ao norte de Goma, assim como a Sake, no território de Mushaki, feudo do CNDP, o Congresso Nacional para o Progresso do Povo, liderado pelo general Laurent Nkunda.
A missão das Nações Unidas no Congo (MONUC) calcula entre 3.500 e 4.000 o número de efetivos ruandeses que se encontram nas áreas de Kiwanja e Rutshuru, localidades de onde foram expulsos em outubro de 2008 pelos rebeldes do CNDP.
Em vista da precária situação de segurança que se desenha no contexto destes movimentos de grupos armados, a Cáritas alerta para uma nova crise na região que nos últimos seis meses viveu o deslocamento de mais de 300 mil pessoas.
De fato, o Departamento de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas recomenda a suspensão de qualquer movimento fora de Goma e ordenou seus funcionários a abandonarem as bases de operação próximas às posições dos guerrilheiros.
Três erros sobre a oração pelos judeus em latim da Sexta-Feira Santa 2008
Declaração do Pe. Remaud, especialista em estudos hebreusROMA, quinta-feira, 22 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- A oração pelos judeus da Sexta-Feira Santa segundo o rito de João XXIII, não diz «oremos pela conversão dos judeus» mas «oremos pelos judeus», aponta a ZENIT o Pe. Michel Remaud, diretor do Instituto Cristão de Estudos Judeus e de Literatura Hebraica de Jerusalém.
Por ocasião do Oitavário pela Unidade dos Cristãos, de 18 a 25 de janeiro, a Conferência Episcopal Italiana (CEI) havia instituído uma jornada de diálogo com o judaísmo em 17 de janeiro. Os rabinos italianos não participaram, devido à aprovação por parte do Papa desta oração.
O texto do Ofício de Paixão da Sexta-feira Santa em latim, autorizado para seu uso «extraordinário» por Bento XVI, que se usou pela primeira vez na oração universal da Sexta-feira Santa de 2008, não diz «Oremus pro conversione Judaeorum» mas «Oremus et pro Judaeis», após a supressão de «perfidis», há quase cinquenta anos, pelo Papa Angelo G. Roncalli.
«Em um terreno tão delicado», como é o das relações entre cristãos e judeus, o Pe. Remaud recomenda «ser rigorosos».
Para o Pe. Remaud, a questão é a seguinte: «o cristão que expressa sua fé utilizando as fórmulas do Novo Testamento deve ser acusado de vontade de conversão quando dialoga com os judeus?».
Também, o especialista considera que é importante ter em conta os elementos litúrgicos do debate. Neste sentido, afirma, os jornais com frequência comentaram três erros.
Não é uma questão ligada à missa em latim
Antes de tudo, não é uma questão ligada à «missa em latim», pois a missa em latim também se celebra segundo o rito posterior ao Concílio Vaticano II, aprovado por Paulo VI.
É uma versão que se usa muito nas assembléias internacionais, em Lourdes e em Roma, por exemplo. Não se trata, portanto, de eleger entre a «missa em latim» ou a língua vernácula. Este é um alarme falso, declara.
«Para denominar o rito anterior à reforma de 1969 – sublinha o Pe. Remaud –, os jornalistas criaram a expressão, cômoda mas inadequada, de "missa em latim"».
Na realidade, adverte, o que distingue o antigo rito não é o uso do latim, porque o missal promulgado em aplicação da reforma conciliar está redigido originalmente em latim, e se usa contemporaneamente às suas traduções em línguas vivas».
Não é uma questão ligada à missa
Tampouco é um problema de «missa», acrescenta, porque na Sexta-feira Santa não se celebra a «missa», mas o Ofício da Paixão. Portanto, trata-se de outro alarme falso.
Quando não se celebra a «missa», a liturgia introduz, entre outras, uma oração por nossos «irmãos mais velhos», segundo a fórmula de João Paulo II, na sinagoga de Roma, em 13 de abril de 1986.
«É uma oração ‘universal’, por toda a humanidade – explica o especialista. O ofício próprio desse dia inclui uma longa série de orações nas quais se encomendam a Deus todas as categorias de crentes (também os não crentes) que integram a humanidade», precisa o Pe. Remaud.
E acrescenta que «até 1959 se rezava, entre outras intenções, em latim, ‘pro perfidis judaeis’. Mas, inclusive depois da supressão feita por João XXIII do adjetivo ‘pérfidos’, a oração continuou empregando fórmulas que se podiam considerar prejudiciais aos judeus».
«Pérfidos» não tinha em latim o sentido pejorativo que depois assumiu nas línguas vernáculas. Procede literalmente de «per» e «fides», ou seja, o que persiste ou permanece em sua fé.
A fórmula «caiu em desuso alguns anos depois, com a promulgação do missal chamado ‘de Paulo VI’», em parte, por causa do pejorativo significado que a fórmula assumiu.
Assim, a autorização de Bento XVI para utilizar este antigo missal com a fórmula emendada se usou pela primeira vez na liturgia do Ofício de Paixão da Sexta-Feira Santa de 2008.
João Paulo II, em 1984, autorizou o uso do antigo missal para os seguidores do arcebispo Marcel Lefebvre que haviam retornado à comunhão com Roma.
A antiga fórmula, portanto, foi usada durante 24 anos por algumas comunidades católicas sem que ninguém protestasse, sublinha o Pe. Remaud.
O «motu próprio» Ecclesia Dei remete, com efeito, à carta Quattuor Abhinc Annos, que diz claramente: «O soberano pontífice, desejando satisfazer estes grupos, oferece aos bispos diocesanos a faculdade de usar um indulto, para permitir aos sacerdotes e aos fiéis enumerados explicitamente no pedido apresentado a seus bispos, celebrar a Missa usando o Missal Romano editado oficialmente em 1962», observando quatro normas, entre elas que «esta celebração deverá fazer-se seguindo o Missal Romano de 1962 em latim».
Antes de dar sua autorização, Bento XVI pediu outra modificação, «proibindo inclusive a quem usa a título excepcional o missal anterior ao Concílio, tornar a utilizar já estas expressões».
«Paradoxalmente – faz notar o especialista –, é justamente a decisão de corrigir uma fórmula, julgada inaceitável e utilizada por um número muito restringido de católicos [uma vez ao ano], o que suscitou toda esta indignação.»
Não existe a palavra conversão
Há um último alarme falso surgido no debate em torno da oração: a palavra «conversão».
O Pe. Remaud destaca que «todo o debate suscitado por esta decisão se concentrou em uma palavra que não aparece no texto, ‘conversão’», e que «pedir a Deus que ilumine os corações é uma coisa, e pressionar as pessoas para tentar convencê-las é outra. A diferença é mais que de matiz».
Por isso, propõe este questionamento «mais fundamental»: se o cristão considera Jesus como «o Salvador de todos os homens» e expressa esta convicção em sua liturgia, pode-se impedir seu diálogo com quem não compartilha sua fé?
Fundamento da paz: relacionamento com Deus, diz arcebispo
Segundo Dom Walmor Oliveira de Azevedo, paz é valor e dever universalBELO HORIZONTE, quinta-feira, 22 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O arcebispo de Belo Horizonte (Brasil) considera que «o relacionamento de cada ser humano com Deus é o fundamento verdadeiro da paz».
«Na compreensão de si mesmo como instrumento na construção da paz, cada pessoa tem que ter presente que a paz é um dom e mais do que um projeto humano.»
«A paz é primeiramente um atributo essencial de Deus», destaca Dom Walmor Oliveira de Azevedo, em artigo semanal aos fiéis.
Como valor e dever universal e fruto da justiça –explica o arcebispo–, a paz corre perigo «quando ao homem não lhe é reconhecido o que lhe é devido enquanto homem, quando não é respeitada a sua dignidade e quando a convivência não é orientada ao bem comum».
«Assim como é fruto da justiça, a paz é fruto também do amor» –assinala. «Justiça e amor, transformado em compromisso caritativo, são pilares insubstituíveis na construção da paz. A justiça e o amor iluminam a realidade contemporânea exigindo compromissos nesta construção da paz».
Dom Walmor recorda a mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial da Paz 2009, em que o Papa destaca alguns compromissos particulares, diante da chaga da pobreza, na consecução da paz.
Segundo o arcebispo, a situação das crianças é um «compromisso moral». «Quando a pobreza atinge uma família, as crianças são as vítimas mais vulneráveis. Atualmente, metade dos que vivem em pobreza absoluta é de crianças».
Outro compromisso na construção da paz «é apontado na consideração da relação existente entre o desarmamento e o progresso».
«A corrida armamentista tem sido um problema sério trazendo comprometimentos como instabilidade, tensão, conflito, além da perpetuação de subdesenvolvimento e desesperos. É urgente o compromisso de tomar providências para que se reduzam as despesas com armamentos.»
Não menos importante –destaca Dom Walmor baseando-se na mensagem do Papa– «é o enfrentamento e solução para a atual crise alimentar».
«Nesta crise o problema não é só a falta de alimento, mas também a dificuldade de acesso a ele», afirma.
«A construção da paz tem como tarefa diminuir o vergonhoso fosso entre ricos e pobres que cresceu assustadoramente nos últimos decênios, em detrimento do crescimento econômico e dos avanços tecnológicos.»
Segundo o arcebispo, esta crise econômica atual «precisa desafiar a humanidade, particularmente os governantes e construtores da sociedade pluralista, na intuição de um modelo novo de convencia social e política, organizacional e produtiva.»
Paternidade consciente, mais que paternidade responsável
Janet Smith discute a verdadeira natureza do sexoPor Edward Pentin
ROMA, quinta-feira, 22 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Quantas vezes somos plenamente conscientes de que uma relação amorosa poderia levar à impressionante responsabilidade da paternidade? Ou, por exemplo, quando temos esta relação com outra pessoa, nós nos perguntamos se poderíamos ser pais juntos?
E, contudo, a consciência da paternidade deveria ser algo central na relação. Esta é uma verdade que a Igreja sempre ensinou, e constitui a essência da Humanae Vitae. Mas a assinalada encíclica de Paulo VI nem sempre foi lida nesse sentido.
Segundo a doutora Janet Smith, professora de teologia moral no Seminário Maior do Sagrado Coração, em Detroit, isto se deve a que a seção do documento que se centra na «conscia paternitas» se traduziu mal, como «paternidade responsável».
«Paternidade consciente» seria uma tradução mais correta, segundo ela, algo que João Paulo II também tentou transmitir em seus escritos, especialmente em seu livro «Amor e Responsabilidade».
Falando na Universidade Pontifícia da Santa Cruz no mês passado, Smith afirmava que ainda que «paternidade responsável» está bem em si, tem um significado utilitarista, associado com levar a cabo deveres de um pai, ou manter a família em um tamanho manejável.
Ao substituí-lo por «paternidade consciente» se transmite melhor a verdadeira natureza da relação conjugal.
«Se as pessoas fossem conscientes do fato de que o sexo não leva só a um bebê, mas a ser pais com alguém, seriam muito mais responsáveis em suas relações sexuais», explica Smith.
«Se vou ser pai com alguém, devo amar claramente esta pessoa e devo querer estar seguro com relação a ela. Por isso, escolho como futuro esposo ou esposa alguém capaz de ser pai. Escolhi esta pessoa porque penso mais em suas virtudes e sua bondade que em meus desejos sexuais.»
Smith destacava que João Paulo II considerava o desejo sexual como uma parte muito importante na busca de um esposo ou esposa (o que ele chamava a parte material do amor), mas acrescentava que deveria «comprovar-se a virtude da pessoa», porque os dois poderiam se converter em pais juntos.
Ser conscientes da paternidade, afirmava «guiará as decisões do casal em matéria sexual, ajudando-lhes a experimentar muitos bens pessoais, entre eles o crescimento no domínio de si mesmo e a capacidade de selecionar a um bom esposo».
O termo «paternidade consciente» também afeta a atenção de si mesmo, para orientá-la para o impressionante chamado a ser pai.
«Significa que se compreende verdadeiramente quão fantástico é ser capaz de trazer à existência um novo ser humano – continuava Smith –, que é basicamente o que (João Paulo II) chama um procriador com Deus, que está levando adiante algo de valor infinito, e que se escolheu esta pessoa, este esposo ou esposa, para serem pais juntos.»
Estes ensinamentos são especialmente comoventes para a sociedade de hoje, na qual o sexo se separou de seu verdadeiro significado e propósito, convertendo-se em um meio de entretenimento, mais que de procriação.
Como muitos outros, Smith culpa por esta ruptura a mentalidade de promoção da anticoncepção, que leva à errônea crença de que fazer sexo e ter filhos são duas atividades inteiramente diferentes.
Meditação para o sexto dia da Semana pela Unidade dos Cristãos
Os cristãos diante da doença e do sofrimentoCIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 22 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Publicamos o comentário aos textos bíblicos escolhidos para o sexto dia da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, 23 de janeiro.
O texto forma parte dos materiais distribuídos pela Comissão Fé e Constituição do Conselho Ecumênico das Igrejas e o Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos. A base do texto foi redigida por uma equipe de representantes ecumênicos da Coréia.
* * *
Os cristãos diante da doença e do sofrimento2 Rs 20, 1-6
Ah, Senhor, digna-te lembrares de mim
Sl 22 (21), 1-11
Por que me abandonaste?
Tg 5, 13-15
A oração com fé salvará o enfermo
Mc 10, 46-52
Que queres que eu te faça?
ComentárioQuantas vezes Jesus encontrou os doentes e quis curá-los! Todas as nossas Igrejas, ainda que divididas, têm uma clara consciência da compaixão do Senhor pelos que sofrem. No que toca às doenças, os cristãos sempre procuraram seguir o exemplo do Mestre, cuidando dos enfermos, construindo hospitais e dispensários, organizando “mutirões de saúde”, não se preocupando apenas com “a alma”, mas também dos corpos dos pequeninos de Deus.
Contudo, isto nem sempre é tão evidente. As pessoas saudáveis tendem a considerar a saúde como uma conquista sua, e esquecem aqueles que não podem participar plenamente da comunidade por causa da sua enfermidade ou limitação. Quanto aos enfermos, muitos deles se sentem esquecidos por Deus; distantes de sua presença, de sua graça e de sua força salvadora.
A profunda fé de Ezequias o sustenta na doença. Nos momentos de dor, ele encontra os termos certos para recordar a Deus sua promessa misericordiosa. Sim, aqueles que sofrem às vezes tomam da Bíblia as palavras inspiradoras para clamar por suas dores e confrontar o desígnio de Deus: “Por que me abandonaste?” Se nossa relação com Deus é sincera, profunda, e se diz com palavras de fé e reconhecimento, ela poderá também expressar na oração a nossa aflição, nossa dor e até mesmo nossa ira, quando esta última for necessária.
Os doentes não são apenas objeto de cuidados. Ao contrário, são sujeitos de viva experiência de fé, como descobriram os discípulos de Jesus certa vez – no relato que lemos no Evangelho de Marcos. Aconteceu que os discípulos queriam fazer seu próprio caminho ao seguir Jesus, ignorando o homem doente marginalizado pela multidão. Quando Jesus os interpela, ele os desvia de seus objetivos individualistas. Conosco pode acontecer algo parecido: estamos dispostos a cuidar dos doentes, desde que eles não reclamem e nos perturbem. Hoje, freqüentemente, são os doentes dos países pobres que gritam para nós pedindo medicamentos; isto que nos leva a refletir sobre a concessão de patentes e do lucro. Os discípulos que antes queriam impedir o cego de se aproximar de Jesus são interpelados pelo mesmo Jesus a levar a ele sua mensagem de cura; uma mensagem de amor que soa completamente nova: “Coragem! Levanta-te, ele te chama”.
Somente quando os discípulos conduzem o doente até Jesus é que eles finalmente entendem o que quer o Senhor: dedicar o tempo para encontrar-se com o doente, para lhe falar e ouvir, perguntando-lhe o que deseja e do que necessita. Uma comunidade de reconciliação só pode florescer quando os enfermos experimentam a presença de Deus nas suas relações com os irmãos e as irmãs em Cristo.
OraçãoSenhor, escuta teu povo quando este grita por ti, aflito pela doença e pela dor. Que aqueles que são saudáveis se façam dom pelo bem-estar dos outros; que eles possam servir os que sofrem com coração generoso e mãos abertas. Senhor, dá-nos viver na tua graça e pela tua providência, tornando-nos uma comunidade de reconciliação onde todos te louvem unidos. Amém.
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