domingo, janeiro 25, 2009

ZP090125

ZENIT

O mundo visto de Roma

Serviço diario - 25 de janeiro de 2009



SANTA SÉ
Papa afirma que horizonte da unidade plena dos cristãos segue aberto
São Paulo ajuda a entender significado da conversão, segundo Papa
Porta-voz vaticano: unidade dos cristãos traz esperança
Papa espera que presença do Vaticano na internet ajude «quem busca respostas»

ENTREVISTAS
Encontro Mundial das Famílias começa agora

ANGELUS
Bento XVI: convite à conversão

DOCUMENTAÇÃO
Retirada a excomunhão de quatro bispos ordenados por Dom Lefebvre
Decreto da Santa Sé para retirar a excomunhão de quatro bispos
Comunicado do superior da Fraternidade São Pio X

Santa Sé

Papa afirma que horizonte da unidade plena dos cristãos segue aberto

Hoje na conclusão da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos

Por Inma Álvarez

CIDADE DO VATICANO, domingo, 25 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O Papa assegurou hoje que o «horizonte da unidade plena» permanece «aberto diante de nós», e que se trata de uma tarefa «árdua, mas entusiasmante para os cristãos que querem viver em sintonia» com a unidade querida por Cristo.

O Papa lançou esta mensagem positiva na homilia da celebração ecumênica que teve lugar esta tarde na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, para concluir a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, ainda que advertiu que alcançar a unidade plena «não é possível com as forças humanas».

Esta tradicional celebração, que reuniu na basílica paulina membros da Cúria romana e representantes de outras confissões cristãs presentes em Roma para a oração das Vésperas, coincide este ano com a Festa da Conversão de São Paulo, assim como com o 50 aniversário do anúncio, por parte do Papa João XXIII, da convocatória do Concílio Vaticano II.

O Papa referiu-se ao Concílio precisamente como «uma contribuição fundamental ao ecumenismo, condensada no Decreto Unitatis redintegratio».

«A atitude de conversão interior em Cristo, de renovação espiritual, de caridade acrescentada perante os demais cristãos deu lugar a uma nova situação nas relações ecumênicas», explicou.

O Papa, nesse sentido, agradeceu o Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos pelo «serviço que faz à causa da unidade de todos os discípulos do Senhor» e indicou duas linhas de trabalho: «valorizar o que se alcançou» e «encontrar novos caminhos para continuar as relações no contexto atual».

«Este Deus, que é Criador e é capaz de ressuscitar os mortos, é também capaz de reconduzir à unidade o povo dividido em dois», explicou.

O Papa insistiu em que a unidade depende da conversão interior dos cristãos. «Esta conversão é um dom de Cristo ressuscitado, como sucedeu para S. Paulo», que foi «alcançado por Cristo», esclareceu.

A conversão «implica duas dimensões. No primeiro passo se conhecem e se reconhecem à luz de Cristo as culpas, e este reconhecimento converte-se em dor e arrependimento, desejo de um novo começo. No segundo passo se reconhece que este novo caminho não pode vir de nós mesmos», explicou o Papa.

Ademais, esta conversão de Paulo «não foi um passo da imoralidade à moralidade, de uma fé equivocada a uma fé correta, mas que foi o ser conquistado pelo amor de Cristo: a renúncia à própria perfeição, foi a humildade de quem se coloca sem reserva ao serviço de Cristo para os irmãos».

«Apenas nesta renúncia a nós mesmos, nesta conformidade com Cristo, estamos unidos também entre nós, convertemo-nos em ‘uno’ em Cristo. É a comunhão com Cristo a que nos dá a unidade», afirmou.

A conversão de S. Paulo, explicou o Papa aos presentes, «oferece-nos o modelo e nos indica o caminho para ir até a unidade plena. A unidade de fato requer uma conversão: da divisão à comunhão, da unidade ferida à unidade curada e plena».

«O próprio Senhor, que chamou Saulo no caminho de Damasco, dirige-se aos membros de sua Igreja –que é una e santa– e chamando cada um por seu nome pergunta: por que me dividiu? Por que feriu a unidade de meu corpo?», acrescentou.

Nesse sentido, também recordou as palavras da Unitatis redintegratio, e acrescentou que o «ecumenismo verdadeiro não pode existir sem conversão interior; porque o desejo da unidade nasce e amadurece na renovação da mente, da abnegação de si mesmo e da efusão da caridade».

«O Concílio Vaticano II nos advertiu que o santo propósito de reconciliar todos os cristãos na unidade da Igreja de Cristo, una e única, supera as forças humanas», recordou o Papa, pedindo a intercessão de São Paulo para o futuro do ecumenismo.

«Confiando na oração do Senhor Jesus Cristo e animados pelos significativos passos dados pelo movimento ecumênico, invocamos com fé o Espírito Santo para que siga iluminando e guiando nosso caminho», concluiu.

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São Paulo ajuda a entender significado da conversão, segundo Papa

A conversão «é o caminho rumo à unidade dos cristãos»

CIDADE DO VATICANO, domingo, 25 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- A experiência de São Paulo pode ser «um modelo para toda autêntica conversão cristã», afirmou hoje Bento XVI, durante a oração do Ângelus com os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.

«Graças à conversão de São Paulo – explicou o Papa, aludindo à festa da conversão de São Paulo, que toda a Igreja celebra hoje – podemos compreender o verdadeiro significado da conversão evangélica.»

Ainda que no caso de São Paulo «alguns preferem não utilizar a palavra ‘conversão’, porque dizem que ele já era crente e não teve de abandonar sua fé para aderir a Cristo», o Papa recorda que a experiência de Paulo «amadureceu no encontro com Cristo ressuscitado».

«Foi este encontro que transformou radicalmente sua existência. No caminho de Damasco aconteceu com ele o que Jesus pede no Evangelho de hoje: Saulo se converteu porque, graças à luz divina, ele ‘acreditou no Evangelho’», explicou.

«Sua conversão e a nossa – observou o pontífice – consistem em acreditar em Jesus morto e ressuscitado e em abrir-se à iluminação da sua graça divina.»

Naquele momento, de fato, «Saulo compreendeu que sua salvação não dependia das boas obras realizadas segundo a lei, mas do fato de que Jesus havia morrido também por ele – o perseguidor – e que estava, e está, ressuscitado».

Segundo o Papa, «esta verdade, que graças ao Batismo ilumina a existência de todo cristão, ilumina também completamente nossa forma de viver».

Converter-se, portanto, significa «acreditar que Jesus se entregou por mim, morrendo na cruz, e que, ressuscitado, vive comigo e em mim».

Confiando no poder do seu perdão, explicou o Papa, podemos «sair das areias movediças do orgulho e do pecado, da mentira e da tristeza, do egoísmo e de toda falsa segurança, para conhecer e viver a riqueza do seu amor».

Ecumenismo e conversão

O Papa afirmou que o convite à conversão era particularmente oportuno neste domingo, em que esta festa paulina coincide com a conclusão da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que havia começado no dia 18 de janeiro.

A conversão «é a atitude espiritual adequada que o Apóstolo nos indica para poder progredir no caminho da comunhão», explicou.

«Nós, cristãos, ainda não alcançamos a meta da unidade plena, mas se nos deixarmos converter continuamente pelo Senhor Jesus, chegaremos a ela certamente», constatou Bento XVI.

O Papa pediu a intercessão de Nossa Senhora, para que «obtenha para nós o dom de uma conversão verdadeira, para que, o quanto antes, realize-se o desejo de Cristo: Ut unum sint».

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Porta-voz vaticano: unidade dos cristãos traz esperança

Ao concluir a Semana de Oração

ROMA, domingo, 25 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- A unidade dos cristãos é um motivo de esperança para o mundo, assegura o Pe. Federico Lombardi, S.J.

O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé comentou o tema do último dia da Semana de Oração pela Unidade dos cristãos, celebrado neste domingo: «Os cristãos proclamam a esperança em um mundo dividido».

O tema, segundo o Pe. Lombardi, «expressa com muita força o serviço precioso que os cristãos, juntos, podem e devem desenvolver pela unidade: com a força da sua esperança, conduzir a família humana rumo à unidade e à paz».

«Porque esperança e união são termos inseparáveis – acrescenta o porta-voz vaticano. Por um lado, a divisão e o ódio matam a esperança; por outro, a verdadeira grande esperança é sempre uma esperança para todos e supõe, portanto, a união.»

O Pe. Lombardi convida a «encontrar o sentido sólido e duradouro da esperança, de forma que as esperanças humanas sejam plataformas para ela, e não fonte de ilusões e desilusões contínuas».

Além disso, ele alenta a «encontrar a força da reconciliação e do perdão, sim o qual a guerra não terminará jamais».

«O mundo tem necessidade de tudo isso, e estas coisas os cristãos podem encontrar, e todos os cristãos juntos podem e devem testemunhar isso, porque conhecem uma fonte que suas divisões confessionais: Jesus Cristo e o seu Evangelho.»

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Papa espera que presença do Vaticano na internet ajude «quem busca respostas»

Recorda também o Dia dos Leprosos e o Ano Novo asiático

CIDADE DO VATICANO, domingo, 25 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O Papa aludiu hoje, durante as saudações aos peregrinos de língua inglesa reunidos na Praça de São Pedro para a oração do Ângelus, à nova presença do Vaticano no site YouTube, anunciada na sexta-feira passada pela Santa Sé.

«Espero que esta iniciativa enriqueça um amplo leque de pessoas – incluindo aqueles que ainda não encontraram uma resposta à sua busca espiritual – através do conhecimento e amor de Jesus Cristo, cuja mensagem de Boa Notícia a Igreja quer levar até os confins da terra», afirmou.

O pontífice se referiu também à Mensagem da Jornada Mundial das Comunicações Sociais deste ano, dada a conhecer também na sexta-feira, na qual o Papa fala aos jovens da «generosidade digital» sobre o uso correto das novas tecnologias.

«Sem dúvida, o uso sábio das tecnologias da comunicação permite às comunidades formar-se em vias que promovem a busca da verdade, do bem e da beleza, transcendendo as fronteiras geográficas e as divisões étnicas – afirmou. Com este fim, o Vaticano lançou uma nova iniciativa que tornará a informação e as notícias da Santa Sé mais acessíveis na rede.»

Dia Mundial dos Leprosos

O Papa quis recordar hoje também o dia mundial dos leprosos, instituído há 55 anos por Raoul Follereau.

«A Igreja, seguindo os passos de Jesus, tem sempre uma atenção especial para as pessoas marcadas por esta doença», explicou o Papa, recordando a mensagem difundida há alguns dias pelo Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde.

Neste sentido, elogiou a recente declaração do Alto Comissionado da ONU para os Direitos Humanos, solicitando aos Estados a tutela dos leprosos e dos seus familiares. «Da minha parte, eu lhes garanto minha oração e renovo o ânimo dos que lutam com eles pela cura plena e por sua inserção social», acrescentou.

Ano Novo na Ásia

O Papa também quis parabenizar os países asiáticos que celebrarão proximamente o novo ano lunar.

«Desejo que vivam esta festa na alegria. A alegria é a expressão do estar em harmonia consigo mesmo, e isso só pode derivar de estar em harmonia com Deus e com a sua criação», afirmou o Papa, augurando «que a alegria viva sempre no coração de todos os cidadãos destas nações, tão queridas por mim, e se irradie no mundo».

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Entrevistas

Encontro Mundial das Famílias começa agora

Entrevista com o superior geral do Regnum Christi e dos Legionários de Cristo

CIDADE DO MÉXICO, domingo, 25 de janeiro de 2009 (ZENIT.org-El Observador).- O Encontro Mundial das Famílias, celebrado de 14 a 18 de janeiro na Cidade do México, começa agora, pois as sociedades precisam poder viver suas propostas, considera o superior geral do movimento apostólico Regnum Christi e da congregação religiosa dos Legionários de Cristo.

Nesta entrevista, o Pe. Álvaro Corcuera, L.C., um dos conferencistas desta cúpula eclesial – à qual Bento XVI se uniu através das novas tecnologias e da que participaram 30 cardeais e 200 bispos, assim como milhares de pessoas que quase 100 países –, faz um balanço das conclusões.

-- Como Deus age em momentos como este, do Encontro Mundial das Famílias no México? Que frutos se pode esperar?

-- Padre Corcuera: Eu tenho certeza de que nesses dias, Deus agiu de maneira profunda e plantou sementes de graça em muitos corações. O Encontro terminou, mas estas sementes crescerão pouco a pouco. O Papa recordava em junho, no porto de Brindisi, que o estilo característico e inconfundível de Deus é que Ele costuma realizar as maiores coisas de forma pobre e humilde; que sua obra sempre é silenciosa, e não espetacular, mas que esses gestos humildes e discretos, como os inpicios da Igreja na Galileia, são de uma grande força de renovação. Cristo quer reinar no «pequeno e decisivo mundo que é o coração do homem» – em palavras do Papa – e em cada lar. Este Encontro Mundial das Famílias foi como um Pentecostes, onde pedimos ao Espírito Santo que nos transforme. Ao mesmo tempo, acho que Ele nos pede, nesta época difícil, que vivamos como Jesus Cristo, com a urgência de fazer o bem, em estado de missão, formando entre todos um só coração e uma só alma, como os primeiros cristãos. 
 



-- Em sua intervenção durante o Congresso Teológico no Encontro Mundial das Famílias, o senhor destacou a fé, a esperança e a caridade como pilares da vida cristã e como desafio para as famílias católicas. Por quê?

-- Padre Corcuera: Se nós, cristãos, queremos construir a família, não podemos perder de vista o essencial da vida cristã, que é viver frente a Deus. As virtudes teologais são a forma propriamente cristã de nos relacionarmos com Deus; são a espinha dorsal que mantém a família unida e em pé, ainda que faltem outras realidades. Se falta a fé, a esperança e a caridade, a família cristã não sobreviverá, inclusive nas melhores condições externas.

E a família é o lugar espontâneo em que as crianças aprendem a viver essas virtudes de forma natural e espontânea. Isso se aprende não a partir da teoria, mas com o exemplo de que a fé não é cumprir uns mandatos por obrigação, mas uma resposta viva ao amor de Deus, onde a gratuidade do amor é um fator decisivo. Aprendem que Cristo não é uma idéia, mas o centro da nossa vida e a resposta a todos os problemas; que os sacramentos não são um evento social, mas uma verdadeira celebração da presença de Deus na nossa vida, um encontro com Ele.

Na família se aprende a viver a fé sem se acostumar com ela, mas como algo vivo que se renova e cresce, que se compartilha sem medo, que se une no amor. Na família, os filhos aprendem dos pais e dos irmãos mais velhos a falar com Deus, a escutá-lo, a aderir à sua vontade, a ir além do sofrimento ou da tristeza. E na família se aprende o amor, o que dá sentido a tudo e sem o qual nada tem sentido. Nela se aprende o perdão, a compaixão, a paciência, a justiça; aprende-se a desculpar, a falar bem, a pensar bem, a fugir da crítica e de tudo aquilo que possa fazer a alma morrer. Ao ver seus pais assim, as crianças se abrem às realidades últimas da vida e descobrem o valor do tempo frente à eternidade. É na família que se compreende que Deus é Pai e que amá-lo é a maior felicidade do homem. A família se converte, ainda em meio às dificuldades, em um paraíso na terra. E este mundo precisa de pequenos paraísos que irradiem a força transformadora do amor de Deus.

-- Falemos da esperança. Com todos os dados estatísticos e da paulatina deterioração da família, qual seria o fundamento da esperança nesta realidade?

-- Padre Corcuera: Bento XVI nos disse com toda clareza ao concluir o Encontro: «A resposta cristã diante dos desafios consiste em reforçar a confiança no Senhor e o vigor que brota da própria fé, a qual se nutre da escuta atenta da Palavra de Deus». Deus Pai, Filho e Espírito Santo: Ele é o fundamento da nossa esperança. Os testemunhos das famílias de todos os lugares do mundo, que compartilhamos neste encontro, são uma demonstração de que Deus age quando os seus filhos se abrem à sua graça, apesar das nossas limitações, fraquezas e quedas. Ele é o exemplo do Pai perfeito, do Filho perfeito, do Irmão perfeito e do Amigo perfeito. E como Ele é, assim nos ensina a ser no mundo. É o Espírito que age, e nós colaboramos com Ele.

Também é muito importante que se viva a alegria na família, como uma característica essencial da virtude da esperança. Uma autêntica alegria, que é como quem já vai refletindo a beleza do céu no lar.

-- Que relação se dá entre a família e a felicidade pessoal? A família é insubstituível?

-- Padre Corcuera: Somos felizes quando somos amados e amamos. A família é o lugar privilegiado para experimentar esse amor profundo, o mais parecido com o amor de Deus, porque na família somos amados sem condições, por ser quem somos, não pelo que fazemos ou temos; não somos amados pelas nossas qualidades ou capacidades, nem nos deixam de amar pelas nossas limitações e defeitos. Essa incondicionalidade e gratuidade do amor, ainda que não sejamos capazes de amar sempre assim, é um reflexo do amor de Deus. Somos vistos como Deus nos vê. Os pais são testemunhas privilegiadas do amor infinito da vida dos filhos. Eles participaram do milagre, mas sabem que não são os artífices, que nem tudo esteve em suas mãos. Assim vislumbram o dom que é a vida, o aspecto divino que há nela.

A família é o lugar propício e insubstituível segundo os planos de Deus para o encontro com Cristo, porque está chamada a ser espelho do amor de Deus. A família se converte em um verdadeiro lar, como em Nazaré, onde se compartilham as alegrias e as tristezas, onde se pode dizer que se forma a atitude de ser um só corpo, uma só alma e um só coração. A base disso se encontra na oração, em particular na oração em família. Quanta razão tinha o Pe. Peyton, quando dizia que «a família que reza unida permanece unida». Também podemos dizer que a família é mais feliz na medida em que se dá e que se oferece, como no caso da família missionária. Neste caso, também poderíamos dizer que a família que reza unida, e que unida faz o bem levando o Evangelho, permanece ainda mais unida.

-- O que Deus pede ao movimento Regnum Christi, que o senhor dirige, para responder aos desafios que a família enfrenta hoje em dia?

-- Padre Corcuera: O Regnum Christi e a Legião de Cristo só têm sentido na Igreja e para a Igreja, e Deus nos fala através dos nossos pastores. No último mês de dezembro, o cardeal Franc Rodé, prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, visitou as obras do Regnum Christi no Chile e no Brasil, e durante a conferência que deu em Santiago do Chile, deixou às famílias do Regnum Christi a indicação de fazer Cristo presente sempre e em todo lugar. E nos disse: «Vivam seu carisma espiritual e apostólico em plenitude; cresçam para chegar a mais pessoas, e formem-se muito bem. O mundo de hoje requer apóstolos que possam guiar seus irmãos no bem e na verdade». Alguns dias depois, em Brasília, ele nos recordou que devemos ser sempre «homens e mulheres alegres que transmitam Cristo, alegria verdadeira de cada ser humano». Isso é que Deus nos pede: compartilhar o dom descoberto.

Tudo isso é algo que vemos simplesmente como servidores, com humildade, porque este dom não é fruto das nossas qualidades, mas é algo recebido para o bem dos homens, nossos irmãos. Se valorizamos esse dom, é porque acreditamos que ele é um sinal do amor recebido de Deus, e que nos leva a unir-nos intimamente aos demais grupos, movimentos e realidades da Igreja, na missão comum de transmitir o amor de Deus. Faz-nos oferecer e aprender, pra que, no final, mais homens cheguem a descobrir a verdade mais maravilhosa da vida: que Deus nos ama.

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Angelus

Bento XVI: convite à conversão

Intervenção por ocasião do Ângelus

CIDADE DO VATICANO, domingo, 25 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Publicamos as palavras que Bento XVI dirigiu neste domingo ao rezar a oração mariana do Ângelus junto a milhares de peregrinos congregados na praça de São Pedro no Vaticano.

* * *

Queridos irmãos e irmãs! 

No Evangelho deste domingo ressoam as palavras da primeira pregação de Jesus na Galiléia: “Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo; fazei penitência e crede no Evangelho" (Mc 1, 15). E justamente hoje, 25 de janeiro, faz-se memória da "Conversão de São Paulo”. Uma feliz coincidência –especialmente neste Ano Paulino– graças ao qual podemos compreender o verdadeiro significado da conversão evangélica  –metànoia– guardando a experiência do apóstolo. No caso de Paulo, algumas pessoas preferem não usar o termo conversão, porque –dizem– ele já era um crente, um judeu fervoroso, e, portanto, não passou da não-fé à fé, de ídolos a Deus, nem teve de abandonar a fé judaica para aderir a Cristo. Na realidade, a experiência do apóstolo pode ser modelo de qualquer autêntica conversão cristã. 

Isso Paulo alcançou no encontro com Cristo ressuscitado; foi este encontro que mudou radicalmente a sua existência. No caminho para Damasco, aconteceu a ele o que Jesus pede no Evangelho de hoje: Saulo foi convertido, porque, graças à luz divina, "acreditou no Evangelho". Nisso consiste a sua e a nossa conversão: acreditar em Jesus morto e ressuscitado e abrir-se à iluminação de sua graça divina. Naquele momento, Saulo compreendeu que sua salvação não dependia das boas obras feitas em conformidade com a lei, mas pelo fato de que Jesus morreu também por ele –o perseguidor– e foi, e é ressuscitado. Esta verdade, que graças ao Batismo ilumina a vida de cada cristão, transforma completamente o nosso modo de vida. Converter-se significa, para cada um de nós, acreditar que Jesus "se entregou por mim”, morrendo na cruz (cf. Gl 2, 20), e, ressuscitado, vive comigo e em mim. Confiando no poder de seu perdão, deixando-nos conduzir por Sua mão, possamos sair da areia movediça do orgulho e do pecado, das mentiras e tristezas, do egoísmo e de cada falsa segurança, para conhecer e experimentar a riqueza do seu amor. 

Caros amigos, o convite à conversão, apoiado pelo testemunho de S. Paulo, ressoa hoje, na conclusão da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que é particularmente importante no âmbito do ecumenismo. O apóstolo nos indica a boa atitude espiritual para poder progredir no caminho da comunhão. Ele escreveu aos filipenses: “Não pretendo dizer que já alcancei (esta meta) e que cheguei à perfeição. Não. Mas eu me empenho em conquistá-la, uma vez que também eu fui conquistado por Jesus Cristo” (Fil 3, 12). Nós, cristãos, ainda não alcançamos a meta da plena unidade, mas se nos deixarmos continuamente nos converter pelo Senhor Jesus, certamente atingiremos. A Santíssima Virgem Maria, Mãe da Igreja una e santa, nos obtenha o dom de uma verdadeira conversão, para que o quanto antes se realize o desejo de Cristo: "Ut unum sint". A ela confiamos o encontro de oração que presidirei nesta tarde na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, e do qual participam, como todos os anos, representantes das Igrejas e Comunidades eclesiais presentes em Roma. 

[Depois do Ângelus]

Hoje é o Dia Mundial dos Doentes de Lepra, iniciativa que começou há 55 anos com Raoul Follereau. A Igreja, nas pegadas de Jesus, tem uma especial atenção para com as pessoas marcadas por esta doença, como testemunha a mensagem difundida pelo Pontifício Conselho para a Pastoral no Campo da Saúde. Apraz-me que as Nações Unidas, com uma recente declaração do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, tenham chamado os Estados à tutela dos pacientes com o mal da lepra e de suas famílias. De minha parte, posso garantir minhas orações e meu renovado alento àqueles que lutam com eles para uma recuperação total e uma boa integração social. 

Os povos de vários países da Ásia Oriental preparam-se para comemorar o ano novo lunar. Desejo-lhes viver esta festa na alegria. A alegria é uma expressão de estar em harmonia consigo mesmo, e isto só pode resultar de estar em harmonia com Deus e sua criação. Que a alegria seja sempre viva no coração de todos os cidadãos desses países, tão queridos por mim, e brilhe sobre o mundo! 

E agora, com muito carinho, saúdo as crianças e os jovens da Ação Católica de Roma e de algumas paróquias e escolas da cidade, que deram vida à tradicional "Caravana da Paz". Saúdo o cardeal Vigário, que os acompanhou. Estimados jovens, agradeço por sua fidelidade ao compromisso com a paz, um compromisso assumido não por palavras, mas por escolhas e ações, como dirá um representante de vocês, a quem agora deixo a palavra.

[Traduzido por Zenit]

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Documentação

Retirada a excomunhão de quatro bispos ordenados por Dom Lefebvre

Comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé

CIDADE DO VATICANO, domingo, 25 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Publicamos o comunicado emitido nesse sábado pela Sala de Imprensa da Santa Sé, com o qual se anuncia que Bento XVI acolheu o pedido de retirar a excomunhão dos quatro bispos ordenados em 1988 pelo arcebispo Marcel Lefebvre.

* * *

O Santo Padre, depois de um processo de diálogo entre a Sé Apostólica e a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, representada por seu superior geral, Dom Bernard Fellay, acolheu o pedido formulado novamente por este bispo, com uma carta de 15 de dezembro de 2008, em nome também dos outros três bispos da Fraternidade, Dom Bernard Tissier de Mallerais, Dom Richard Williamson e Dom Alfonso de Galarreta, de retirar a excomunhão em que haviam incorrido há vinte anos.

Devido às ordenações episcopais de 30 de junho de 1988 realizadas pelo arcebispo Marcel Lefebvre, sem mandato pontifício, os quatro bispos mencionados haviam incorrido em excomunhão latae sententiae, declarada formalmente pela Congregação para os Bispos, a 1 de julho de 1988.

Dom Bernard Fellay, na mencionada carta, manifestava claramente ao Santo Padre que «estamos sempre fervorosamente determinados na vontade de ser e permanecer católicos e de colocar todas as nossas forças ao serviço da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a Igreja católica romana. Nós aceitamos todos os seus ensinamentos com ânimo filial. Cremos firmemente no primado de Pedro e em suas prerrogativas e, por isso, faz-nos sofrer tanto a atual situação».

Sua Santidade Bento XVI, que seguiu desde o início este processo, tentou sempre buscar a maneira de reparar a fratura com a Fraternidade, inclusive recebendo pessoalmente Dom Bernard Fellay, a 29 de agosto de 2005. Naquela ocasião, o Sumo Pontífice manifestou a vontade de proceder gradualmente e em tempo razoável neste caminho, e agora, benignamente, com solicitude pastoral e misericórdia paternal, mediante um decreto da Congregação para os Bispos de 21 de janeiro desde ano, levanta a excomunhão que pesava sobre os mencionados prelados.

O Santo Padre, nesta decisão, inspirou-se no desejo que de se alcance o mais rápido possível a completa reconciliação e a plena comunhão.

[Traduzido por Zenit]

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Decreto da Santa Sé para retirar a excomunhão de quatro bispos

Ordenados pelo arcebispo Marcel Lefebvre

CIDADE DO VATICANO, domingo, 25 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Publicamos o decreto da Congregação para os Bispos que retira a excomunhão dos quatro bispos ordenados em 1988 pelo arcebispo Marcel Lefebvre.

* * *

Decreto da Congregação para os Bispos

Com a carta de 15 de dezembro de 2008 enviada a sua eminência o cardeal Darío Castrillón Hoyos, presidente da Comissão Pontifícia Ecclesia Dei, Dom Bernard Fellay, em seu nome e no dos outros bispos ordenados a 30 de junho de 1988, voltava a solicitar a retirada da excomunhão latae sententiae formalmente declarada por decreto do prefeito desta Congregação para os Bispos com a data de 1 de julho de 1988.

Na mencionada carta, Dom Fellay afirma entre outras coisas: «estamos sempre fervorosamente determinados na vontade de ser e permanecer católicos e de colocar todas as nossas forças ao serviço da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a Igreja católica romana. Nós aceitamos todos os seus ensinamentos com ânimo filial. Cremos firmemente no primado de Pedro e em suas prerrogativas e, por isso, faz-nos sofrer tanto a atual situação».

Sua Santidade Bento XVI, paternalmente sensível ao mal-estar espiritual manifestado pelos interessados devido à sanção de excomunhão, e confiando no compromisso expressado por eles na citada carta de não poupar esforço algum para aprofundar nas necessárias conversações com as autoridades da Santa Sé nas questões ainda abertas, e poder assim chegar rapidamente a uma plena e satisfatória solução do problema existente em um princípio, decidiu reconsiderar a situação canônica dos bispos Bernard Fellay, Bernard Tissier de Mallerais, Richard Williamson e Alfonso de Galarreta surgida com sua ordenação episcopal.

Com este ato se deseja consolidar as relações recíprocas de confiança, intensificar e fazer mais estáveis as relações da Fraternidade São Pio X com a Sé Apostólica. Este dom de paz, ao final das celebrações de Natal, quer ser também um sinal para promover a unidade na caridade da Igreja universal, e por seu meio, chegar a remover o escândalo da divisão.

Deseja-se que este passo seja seguido pela solícita realização da plena comunhão com a Igreja de toda a Fraternidade São Pio X, testemunhando assim a autêntica fidelidade e um verdadeiro reconhecimento do Magistério e da autoridade do Papa, com a prova da unidade visível.

Em virtude das faculdades que me foram expressamente concedidas pelo Santo Padre, Bento XVI, em virtude do presente Decreto, retiro dos bispos Bernard Fellay, Bernard Tissier de Mallerais, Richard Williamson e Alfonso de Galarreta a pena de excomunhão latae sententiae declarada por esta Congregação a 1 de julho de 1988 e declaro desprovido de efeitos jurídicos a partir do dia de hoje o decreto àquele tempo publicado.

Roma, Congregação para os Bispos, 21 de janeiro de 2009

Cardeal Giovanni Battista Re

Prefeito da Congregação para os Bispos

[Traduzido por Zenit]

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Comunicado do superior da Fraternidade São Pio X

Dom Bernard Fellay

MENZINGEN, domingo, 24 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Publicamos o comunicado que o superior da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, Dom Bernard Fellay, emitiu nesse sábado, ao se fazer público o decreto da Congregação para os Bispos, assinado no dia 21 de janeiro pelo cardeal prefeito Giovanni Battista Re, com o qual Bento XVI acolhe o pedido de levantar a excomunhão dos quatro bispos ordenados em 1988 por Dom Marcel Lefebvre.

* * *

A excomunhão dos bispos sagrados por S. E. R. Dom Marcel Lefebvre no dia 30 de junho de 1988, que tinha sido declarada pela Sagrada Congregação para os Bispos por um decreto do dia 1º de julho de 1988 e que nós sempre contestamos, foi retirada por outro decreto da mesma Sagrada Congregação no dia 21 de janeiro de 2009, por mandato do Papa Bento XVI. 

Expressamos nossa gratidão filial ao Santo Padre por este ato que, além da mesma Fraternidade, será um bem para toda a Igreja. Nossa Fraternidade deseja poder ajudar sempre mais o Papa a por remédio nesta crise sem precedentes que comove atualmente o mundo católico, e que o Papa João Paulo II tinha designado como um estado de “apostasia silenciosa”. 

Além do nosso reconhecimento ao Santo Padre, e a todos aqueles que ajudaram a chegar a este ato corajoso, nos congratulamos de que o decreto do dia 21 preveja como necessário “conversações” com a Santa Sede, conversações que permitirão à Fraternidade Sacerdotal São Pio X de expor suas razões doutrinais de fundo que ela considera como a origem das dificuldades atuais da Igreja. 

Neste novo clima, nós temos a firme esperança de chegar logo a um reconhecimento dos direitos da Tradição católica. 

Menzingen, 24 de janeiro de 2009

+ Bernard Fellay

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