domingo, junho 21, 2009

Canivete: Atanasio e Malena, um amor duas estradas, um sonho quebrado pelo tempo

Existem homens e mulheres sem meias medidas. Outros são a personificação da ambigüidade humana. Assim era Janasio, homem muito forte e muito fraco contemporaneamente; duro com os moles e mole com os duros, homem de várias caras e diferentes atitudes para problemas idênticos. Um homem a todas as dimensões, assim Janasio, que para os amigos era somente Jan, se sentia e afirmava em cada oportunidade que a vida lhe dava. Para ele nada era impossível, tudo se podia fazer porque o mundo é um milagre e tudo aquilo que nele acontece são milagres.

Certamente Jan aveva uma visão fantasmagórica da vida, era um homem optimista a 100% esperava contra todas as esperanças. Este seu trato caracterial, deixava Malena - a belissima mulher da sua vida -  em constante carburação. Malena era uma com os pés no chão, não acreditava muito nas anedotas e nos projetos do seu homem; ela era uma autentica antitesi de Janasio. Talvez este contrasto ajudava a relação amorosa que ligava os dois. Se é verdade que os símis se atraem é também verdade que os dois não eram iguais e nenhuma dos campos além da cama. O dado de facto é que o casal viveu uma juventude amorosa sem igual, mas como o tempo não perdoa, a idade adulta pediu-lhes as suas contas.

A vida de Jan era um contínuo recomeçar, era um homem de grandes idéias e monumentais projetos, mas infelizmente não levava nada a conclusão. Capacidades não lhe faltavam, instinto nem menos, era um homem com H, mas as coisas não mudavam. Nos blocos de notas de Jan se encontram a cada página um novo projecto, uma nova idéia, nomes de pessoas com quem falar, projetos que se articulavam em milhares de possibilidade de sucesso e desenvolvimento pessoal e comunitário; infelizmente nenhum dos projetos se realizava.

Malena era mais prática. "Va al dunque", dizia com freqüência a Jan, lhe pedia para ser mais sintético e menos falador, mais prática e resultados. Estas externações de Malena magoavam Jan, mas era a verdade. Malena não fazia isto por mal, ela queria impulsionar o seu homem, mas para ele, as afirmações de Malena não tinham um bom fim.

O tempo passa e leva consigo as nossas vidas; assim, quando Jan se apercebeu tinha cinquenta anos, con 31 mil projetos por realizar e 27 centésimos de Kwanzas no bolso. Era um homem de estatura média, bonitão e de muitas amizades, mas agora tinha também uma barriga grandinha, cabelos brancos e muitas arrelias. Depois de tanto tempo nada tinha realizado, mas os projetos aumentavam a cada dia que passava. Vivia de sonhos, vivia de esperança e de projetos, vivia de palavras, vivia sem viver aquilo que sempre sonhava. A pergunta que lhe atazanava os sonhos era: aonde foi que eu errei? Todas as respostas que se dava não lhe convenciam, e na pior das vezes caía na solidão e aos poucos se deixava andar.

Malena teve mais sorte, no trabalho foi promovida e chegou a ser diretora do sector. Pouco a pouco se apercebeu que não queria gastar sua vida atrás de Jan então decidiu abrir o jogo.

 - "A nossa relação termina por aqui caro Jan!" Uma voz quase rouca, olhos vermelhos de quem chorou bastante e cara pesada, propria de que meditou muito antes de decidir.  E continuou.

 - "Jan, considerando a tua situação e pelos bons momentos que juntos vivemos, saio de casa mas continuo a pagar a renda. Espero que aceites". Malena sabia que Jan era um homem muito orgulhoso, sabia que a decisão que apenas tomara era pesada, mas era a única solução naquele momento. Para Jan aquela proposta não estava nem terra nem no céu, reconhecendo a gravidade da sua situação aceitou, baixando a cabeça não disse uma só palavra. Era a derrota de um homem, o falimento de um sonhador.

Dali a poco tempo Malena era tinha já 4 filhinhos e fazia uma vida feliz entre trabalho, casa, viagens e muitas relações. O seu Jan era cada vez mais velho e sem nada na vida. Tentou tudo, provou tudo, mas não realizou nada.

Um dia, ao acordar, Janasio se apercebeu que se tratava tudo de um sonho, tinha toda a vida por viver, tudo por fazer e muitos projetos por realizar. Recordando-se do sonho, decidiu concentrar-se no melhor dos seus projetos e dedicar a sua vida em realizações, mesmo que pequenas, mas organizar-se, realizar-las fazendo experiencia e crescendo na vida.

A cada minuto que passa nós construímos ou destruímos o nosso futuro. A cada minuto que passa nos aproximamos ou nos afastamos da pobreza. Está a cada um de nós escolher o próprio futuro, escolher a própria estrada e meter-se súbito a construir. Não espere, meta-se a trabalhar. Se sabes que queres fazer, porque esperas? O tempo passa e com ele as nossas vidas. Recorda-te: Deus perdoa, mas o tempi não.

Qualquer semelhança com o caso é pura coincidência.

Roma aos 27 de Maio de 2009
Francis*PAC

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