quinta-feira, janeiro 08, 2009

ZP090108

ZENIT

O mundo visto de Roma

Serviço diario - 08 de janeiro de 2009



SANTA SÉ
Bento XVI: perseguições contra cristãos, «sinal de pobreza moral»
Papa pede esforços redobrados contra pobreza para assegurar paz
Papa condena «uso das armas» no conflito palestino-israelense
177 países mantêm relações diplomáticas com Santa Sé
Papa: porta-voz dos migrantes latino-americanos

MUNDO
18 de janeiro, dia de oração pela paz na Terra Santa
Presidente da Cáritas pede cessar-fogo em Gaza
Cardeal Bertone se encontrará no México com mundo da cultura
Bíblia em lugar de destaque na casa, pede arcebispo

EM FOCO
Felicidade e paz só podem ser produto do amor, diz cardeal

ENTREVISTAS
«Humanae Vitae»: profecia científica

Santa Sé

Bento XVI: perseguições contra cristãos, «sinal de pobreza moral»

«As religiões podem contribuir para lutar contar a pobreza», adverte

Por Inma Álvarez

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 8 de janeiro de 2008 (ZENIT.org).- Bento XVI lamentou nesta quinta-feira, em seu discurso aos membros do Corpo Diplomático acreditado na Santa Sé, as perseguições que milhares de cristãos sofreram, especialmente na Índia e Iraque, durante o ano acaba de terminar. 

Diante dos embaixadores reunidos na Sala Régia do Palácio Apostólico Vaticano, o Papa dedicou uma ampla passagem de sua intervenção à liberdade religiosa, dentro do tema principal de sua intervenção: a pobreza e a paz. 

«As discriminações e os graves ataques de que foram vítimas, no ano passado, milhares de cristãos, mostram como o que afeta a paz não é só a pobreza material, mas também a pobreza moral. De fato, é na pobreza moral onde tais atrocidades têm suas raízes», afirmou o Papa. 

Mas advertiu também que no Ocidente «se cultivam preconceitos ou hostilidades contra os cristãos, simplesmente porque, em certas questões, sua voz perturba». 

Diante dos representantes das diversas nações, o Santo Padre afirmou que «o cristianismo é uma religião de liberdade e de paz e está a serviço do autêntico bem da humanidade», e que as religiões «podem dar uma valiosa contribuição à luta contra a pobreza e à construção da paz». 

«Renovo o testemunho de meu afeto paternal aos nossos irmãos e irmãs vítimas da violência, especialmente no Iraque e na Índia», assegura. Em 13 de março apareceu o cadáver do arcebispo caldeu de Mosul, no Iraque, Dom Paulos Faraj Rahho, de 65 anos, quem dias antes havia sido sequestrado. 

Em 2008, na Índia, em particular no Estado de Orissa, segundo dados da Conferência Episcopal desse país, a violência de radicais hindus contra os cristãos provocou 81 mortos, mais de 40 mil desabrigados do distrito de Kandhamal, 4.677 casas destroçadas, 236 igrejas e 36 conventos destruídos ou seriamente afetadas; cinco sacerdotes católicos feridos, assim como o estupro e o escárnio público de uma religiosa. 

O pontífice mostrou sua proximidade às vítimas e as convidou a «não perder o ânimo» diante destas provas, e a não deixar de «proclamar o Evangelho desde os telhados». 

«O testemunho do Evangelho é sempre um ‘sinal de contradição’ com relação ao ‘espírito do mundo’. Se as tribulações são duras, a constante presença de Cristo é um consolo eficaz», afirmou. 

Por outro lado, pediu aos governos das nações onde houve perseguições cruentas contra os cristãos que «as autoridades civis e políticas se dediquem com energia a acabar com a intolerância e com as humilhações contra os cristãos; que intervenham para reparar os danos causados, em particular nos lugares de culto e nas propriedades; que estimulem por todos os meios o justo respeito por todas as religiões, proscrevendo todas as formas de ódio e de desprezo». 

Liberdade religiosa 

Em seu discurso, o bispo de Roma aludiu em várias ocasiões à questão da liberdade religiosa, à qual deu grande importância dentro da busca da paz. 

Referindo-se em geral à situação da Ásia, recordou que as comunidades cristãs que vivem lá «com frequência são pequenas do ponto de vista numérico, mas desejam oferecer uma contribuição convencida e eficaz ao bem comum, à estabilidade e ao progresso de seus países». 

O testemunho destes cristãos expressa, explicou, «a primazia de Deus, que estabelece uma sã hierarquia de valores e outorga uma liberdade mais forte que as injustiças. A recente beatificação no Japão de 124 mártires o destacou de forma eloquente». 

O sucessor de Pedro recordou que a Igreja «não pede privilégios, mas a aplicação do princípio de liberdade religiosa em toda sua extensão», e pediu especialmente aos países asiáticos que «garantam o pleno exercício deste direito fundamental, no respeito das normas internacionais». 

Em outro momento, recordou suas viagens à França e aos Estados Unidos, e com elas a questão da «sã laicidade». 

«Uma sociedade saudavelmente leiga não ignora a dimensão espiritual e seus valores, porque a religião, e me pareceu útil repeti-lo durante minha viagem pastoral à França, não é um obstáculo, mas, ao contrário, um fundamento sólido para a construção de uma sociedade mais justa e livre», advertiu. 

O mundo contempla a Igreja 

Bento XVI, ao recordar suas recentes viagens, constatou que pôde «perceber as expectativas de muitos setores da sociedade com relação à Igreja Católica». 

«Nesta fase delicada da história da humanidade, marcada por incertezas e interrogantes, muitos esperam que a Igreja exerça com decisão e clareza sua missão evangelizadora e sua obra de promoção humana», afirmou.

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Papa pede esforços redobrados contra pobreza para assegurar paz

«Hoje mais que nunca está em jogo o destino de nosso planeta e seus habitantes»

Por Inma Álvarez

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 8 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Bento XVI insistiu nesta quinta-feira, em seu tradicional discurso anual ao Corpo Diplomático acreditado na Santa Sé, sobre a necessidade de lutar contra a pobreza para garantir a paz no mundo, e afirmou que para construir a paz «é necessário voltar a dar esperança aos pobres».

O Papa fez um balanço da situação internacional, especialmente dos conflitos existentes no mundo, da guerra e da atividade terrorista, e constatou que «apesar dos muitos esforços realizados, a tão desejada paz ainda está distante». 

Contudo, acrescentou, «não podemos nos desanimar nem atenuar o compromisso a favor de uma autêntica cultura de paz, mas, pelo contrário, redobrar os esforços a favor da segurança e do desenvolvimento». 

Dedicou uma especial atenção à atual crise econômica e suas consequências, especialmente para os países subdesenvolvidos. 

Em seu discurso, o bispo de Roma quis dirigir o olhar «para os numerosos pobres de nosso planeta», especialmente no atual contexto de crise econômica. 

Em linha com sua mensagem para a Jornada Mundial da Paz, recordou que para assegurar a paz no mundo é necessário «combater a pobreza».  

Também advertiu que é «urgente adotar uma estratégia eficaz para combater a fome e favorecer o desenvolvimento agrícola local, mais ainda quando a porcentagem de pobres aumenta inclusive nos países ricos». 

Neste sentido, ainda que avaliasse positivamente os acordos sobre desenvolvimento alcançados na Conferência de Doha, o Papa advertiu que «para sanar a economia, é necessário criar uma nova confiança» que «só se poderá alcançar através de uma ética fundada na dignidade inata da pessoa humana». 

«Sei bem que isso é exigente, mas não é uma utopia», afirmou. 

Hoje, mais que nunca, acrescentou o Santo Padre, «nosso porvir está em jogo, como o destino de nosso planeta e seus habitantes, em primeiro lugar das gerações jovens que herdam um sistema econômico e um tecido social duramente questionado». 

Jovens, crianças, idosos e imigrantes

Outro dos pontos no qual o Papa se deteve foi a importância das novas gerações, especialmente de crianças e jovens, recordando também seu encontro da Jornada Mundial da Juventude de Sydney. 

O Papa expressou seu convencimento de que para «combater a pobreza, devemos investir antes de tudo na juventude, educando-a em um ideal de autêntica fraternidade». 

Este ideal, recordou, está expresso na Declaração Universal dos Direitos Humanos. 

«Meu discurso na sede da Organização das Nações Unidas se situa neste contexto: sessenta anos depois da adoção da Declaração universal dos direitos humanos, quis colocar em destaque que este documento se baseia na dignidade da pessoa humana, e esta, por sua vez, na natureza comum a todos, que transcende as diferentes culturas», afirmou. 

Este reconhecimento da dignidade da pessoa deve levar a «construir nossa existência e as relações entre os povos sobre algumas bases de respeito e de fraternidade autênticas, conscientes de que esta fraternidade pressupõe um Pai comum a todos os homens, o Deus Criador». 

Por outro lado, ao deter-se na situação da África, o Papa afirmou que a infância «deve ser objeto de uma atenção particular: vinte anos depois da adoção da Convenção sobre os direitos da criança, estes continuam sendo muito vulneráveis». 

Em especial, o Papa recordou que «muitas crianças vivem o drama dos refugiados e dos desabrigados na Somália, em Darfur e na República Democrática do Congo. Trata-se de fluxos migratórios que afetam milhões de pessoas que têm necessidade de ajuda humanitária e que antes de tudo estão privadas de seus direitos elementares e feridas em sua dignidade». 

Também recordou as crianças não nascidas, que definiu como «os seres humanos mais pobres», assim como os idosos e os enfermos. 

Ao se referir à América Latina, o Papa falou sobre os imigrantes e pediu que as legislações «levem em conta as necessidades dos que migram, facilitando o reagrupamento familiar e conciliando as legítimas exigências de segurança com as do respeito inviolável da pessoa». 

O desarmamento é necessário 

O Papa aludiu também à questão do desarmamento, e mostrou a preocupação da Santa Sé pelos «sintomas de crise que se percebem no campo do desarmamento e da não proliferação nuclear». 

«A Santa Sé não cessa de recordar que não se pode construir a paz quando os gastos militares subtraem enormes recursos humanos e materiais aos projetos de desenvolvimento, especialmente dos países mais pobres», afirmou o Papa. 

Neste sentido, recordou que a Santa Sé «procurou estar entre os primeiros em assinar e ratificar a «Convenção sobre as bombas cluster», documento que tem também o propósito de reforçar o direito internacional humanitário». 

«A pobreza se combate se a humanidade se torna mais fraterna, compartilhando os valores e as idéias, fundados na dignidade da pessoa, na liberdade vinculada à responsabilidade, no reconhecimento efetivo do lugar de Deus na vida do homem», concluiu. 

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Papa condena «uso das armas» no conflito palestino-israelense

Pede «que se retomem as conversas de paz» e condena «toda violência»

Por Inma Álvarez

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 8 de janeiro de 2008 (ZENIT.org).- Bento XVI condenou nesta quinta-feira o uso da violência no conflito palestino-israelense, durante seu tradicional discurso ao Corpo Diplomático acreditado na Santa Sé, que acontece no começo de cada ano no Vaticano.

Ele repassou cada um dos conflitos existentes atualmente nos cinco continentes, e dedicou especial atenção ao que neste momento afeta o Oriente Médio, onde, afirmou, «nestes dias, assistimos a uma intensificação da violência que provocou danos e sofrimentos imensos entre as populações civis». 

«Mais uma vez, quero assinalar que a opção militar não é uma solução, e a violência, venha de onde vier e sob qualquer forma, deve ser firmemente condenada», advertiu. 

O pontífice pediu a ajuda da comunidade internacional para que se restabeleça a trégua na faixa de Gaza, «indispensável para tornar aceitáveis as condições de vida da população», e também para buscar uma solução negociável ao conflito, «renunciando ao ódio, à provocação e ao uso das armas». 

«A ela não se poderá chegar sem adotar uma aproximação global dos problemas destes países, no respeito às aspirações e legítimos interesses de todas as populações envolvidas», acrescentou. 

Mostrou também sua confiança de que nos próximos encontros eleitorais da região «surjam dirigentes capazes de fazer progredir com determinação este processo, para guiar seus povos rumo à árdua, mas indispensável reconciliação». 

O Papa expressou, por outro lado, sua confiança em uma melhoria das relações entre Israel, Síria e Líbano, assim como em uma saída negociável no conflito entre o Irã e a comunidade internacional por causa de seu programa nuclear. 

Também se dirigiu aos iraquianos, que proximamente se verão livres da presença militar estrangeira, e lhes pediu que soubessem «virar a página» e «olhar para o futuro com o fim de construí-lo sem discriminações de etnia ou religião». 

Outros conflitos 

Com relação a outros países da Ásia, o bispo de Roma expressou sua satisfação pelos passos de solução de alguns conflitos, como «o reinício de novas negociações de paz em Mindanao (Filipinas) e o novo curso que estão tomando as relações entre Pequim e Taipei». 

Contudo, acrescentou, «em certos países perdura a violência e em outros a situação política permanece tensa», e augurou «uma solução definitiva do conflito no Sri Lanka». 

Quanto à África, o pontífice aludiu à dramática situação de milhares de refugiados na Somália, em Darfur e na República Democrática do Congo, assim como a «crítica» situação do Zimbábue. Também mostrou sua satisfação pelos acordos de paz alcançados no Burundi e confiou em que «se convertam em fonte de inspiração para outros países, que ainda não encontraram a via da reconciliação». 

Com relação à Europa, o Papa se referiu ao conflito do Cáucaso, e afirmou que «os conflitos que atêm os Estados da região não podem ser resolvidos pela via das armas». 

Citando expressamente a Geórgia, o Papa pediu que «sejam respeitados todos os compromissos subscritos no Acordo de cessar-fogo do mês de agosto passado, concluído graças aos esforços diplomáticos da União Européia, e que a volta dos desabrigados de seus lares seja possível o quanto antes». 

Quanto à situação nos Bálcãs, o Papa augurou «um futuro de reconciliação e de paz entre as populações da Sérvia e Cossovo, no respeito às minorias e sem esquecer a preservação do precioso patrimônio artístico e cultural cristão, que constitui uma riqueza para toda a humanidade». 

Terminou seu repasso da Europa aludindo ao conflito cipriota; saudou o reinício das negociações «visando à justa solução dos problemas vinculados à divisão da Ilha». 

Deteve-se também na América Latina, onde elogiou «o compromisso prioritário de certos governos para restabelecer a legalidade e empreender uma luta sem tréguas contra o tráfico de entorpecentes e a corrupção». 

«A Igreja acompanha há cinco séculos os povos da América Latina, compartilhando suas esperanças e suas preocupações. Seus pastores sabem que, para promover o autêntico progresso da sociedade, sua tarefa é iluminar as consciências e formar leigos capazes de intervir com ardor nas realidades temporais, colocando-se ao serviço do bem comum», concluiu.

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177 países mantêm relações diplomáticas com Santa Sé

O último a fazê-lo foi a República de Botsuana, em novembro passado

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 8 de janeiro de 2008 (ZENIT.org).- Com o estabelecimento de relações diplomáticas com a República de Botsuana, em 4 de novembro passado, já são 177 Estados de todo o mundo que mantêm um reconhecimento bilateral com a Santa Sé. 

Assim indica um comunicado divulgado nesta quinta-feira por ocasião da tradicional recepção do Papa pelo corpo diplomático acreditado na Santa Sé, que acontece sempre nos primeiros dias de janeiro de cada ano, e na qual se resume a atividade diplomática levada a cabo pelo Vaticano no último ano. 

A Santa Sé, recorda o comunicado, mantém também representantes nas instituições européias, assim como diante do Soberano Militar da Ordem de Malta, e duas missões especiais que implicam em certo reconhecimento, ainda que não de forma plena: a Missão da Federação Russa, à frente da qual há um embaixador, e o escritório da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). 

O Vaticano está também representado nas instituições de caráter mundial: como «Estado observador» na ONU, como membro de 7 organizações e agências das Nações Unidas, observador de outras 8 e membro ou observador em 5 organizações de tipo regional. 

Entre os países que não têm relações diplomáticas com a Santa Sé se encontra a China, a Coréia do Norte, o Vietnã e a Arábia Saudita. 

Acordos bilaterais

Em 2008, a Santa Sé negociou três acordos bilaterais com o principado de Andorra, com o Brasil e com a França, e ratificou o acordo assinado anteriormente com a República das Filipinas. 

O acordo com o Principado de Andorra, ratificado em 12 de dezembro passado, e o acordo com o Brasil, assinado em 13 de novembro, tinham como objeto regular completamente a relação jurídica da Igreja Católica nestes países e se referiam a vários aspectos, enquanto o ratificado com as Filipinas (29 de maio) e o assinado com a França (18 de dezembro) se referiam a questões concretas, como os bens culturais e a educação.

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Papa: porta-voz dos migrantes latino-americanos

Pede que se facilite seu reagrupamento familiar

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 8 de janeiro de 2008 (ZENIT.org).- Bento XVI se fez porta-voz dos direitos dos migrantes latino-americanos, no discurso que pronunciou nesta quinta-feira aos embaixadores acreditados na Santa Sé. 

O pontífice dedicou uma passagem de sua intervenção, pronunciada em francês, à América Latina, e aos desafios políticos, sociais e religiosos que ela enfrenta neste momento. 

«Lá também os povos aspiram a viver em paz, livres da pobreza e exercendo livremente seus direitos fundamentais», começou constatando o bispo de Roma. 

Neste contexto, pediu que «as legislações levem em conta as necessidades dos que migram, facilitando o reagrupamento familiar e conciliando as legítimas exigências de segurança com as do respeito inviolável da pessoa». 

O sucessor de Pedro elogiou também «o compromisso prioritário de certos governos para restabelecer a legalidade e empreender uma luta sem tréguas contra o tráfico de entorpecentes e a corrupção». 

Recordou desta forma o 30º aniversário do começo da mediação pontifícia na disputa entre a Argentina e o Chile, relativa à região austral, e se alegrou ao constatar que «os dois países tenham assinalado de alguma maneira sua vontade de paz erigindo um monumento a meu venerado predecessor o Papa João Paulo II. 

Por outra parte, desejou «que a recente assinatura do acordo entre a Santa Sé e o Brasil facilite o livre exercício da missão evangelizadora da Igreja e reforce ainda mais sua colaboração com as instituições civis para o desenvolvimento integral da pessoa». 

Segundo explicou Bento XVI, «a Igreja acompanha há cinco séculos os povos da América Latina, compartilhando suas esperanças e suas preocupações». 

«Seus pastores sabem que, para promover o autêntico progresso da sociedade, sua tarefa é iluminar as consciências e formar leigos capazes de intervir com ardor nas realidades temporais, pondo-se ao serviço do bem comum», concluiu, ao fazer esta análise da atualidade latino-americana.

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Mundo

18 de janeiro, dia de oração pela paz na Terra Santa

Convocado pela Ação Católica

ROMA, quinta-feira, 8 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- A Ação Católica do mundo se une à oração dos cristãos da Terra Santa para implorar o fim do conflito na faixa de Gaza. 

Em resposta aos apelos de Bento XVI, a presidência da Ação Católica Italiana convidou todas as associações diocesanas e paroquiais a unirem-se em uma jornada de oração pela paz que acontecerá em 18 de janeiro. 

Nesse dia começará a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, motivo pelo qual se propõe dar à iniciativa um caráter ecumênico.

«Nosso compromisso – explicou o presidente nacional da Ação Católica, Franco Miano – é educar os jovens na paz, baseando-nos precisamente na mensagem de Bento XVI, um compromisso por um estilo de vida novo, mais sóbrio e solidário para combater o ódio e a pobreza».

«A exigência de uma paz imediata e de um cessar-fogo por parte de israelenses e palestinos é um imperativo, não podemos ficar com os braços cruzados diante do assassinato de vidas humanas, e o problema não será resolvido com as armas», explicou Miano.

«Os chamados lançados por Bento XVI não podem ficar esquecidos, mas devem levar a uma reflexão no mundo inteiro», conclui o representante da Ação Católica.

A Ação Católica é uma associação pública de fiéis que tem sua origem no próprio seio da Igreja Católica. Fundada pelo Papa Pio XI em 1922, não assume como próprio um ou outro campo de apostolado particular, mas se integra nas próprias estruturas da Igreja para colaborar no anúncio do Evangelho a todos os homens e ambientes. Está presente nos cinco continentes.

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Presidente da Cáritas pede cessar-fogo em Gaza

Há «um colapso dos serviços médicos», segundo a entidade assistencial

Por Nieves San Martín

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 7 de janeiro de 2008 (ZENIT.org).- O presidente da Cáritas Internacional, cardeal Óscar Rodríguez Maradiaga, pede um cessar-fogo em Gaza que permita às agências humanitárias socorrer as vítimas dos ataques israelenses sobre a população palestina. 

Segundo a organização de ajuda da Igreja, os deslocamentos na Faixa de Gaza são perigosos e os médicos não conseguem chegar às clínicas e centros onde os esperam os civis feridos pelos bombardeiros. 

A Cáritas Internacional, confederação de 162 entidades humanitárias católicas, oferece assistência médica de emergência, mediante a Cáritas Jerusalém, na paróquia de Gaza. Apesar das dificuldades, ficam abertos alguns centros de saúde, enquanto a clínica móvel teve de suspender sua atividade. 

«A Cáritas e as contrapartes da Igreja Católica na Terra Santa pedem um imediato cessar-fogo para permitir que os enfermos e feridos sejam assistidos – afirmou o cardeal Maradiaga. Pessoas inocentes estão sofrendo devido a que as agências de ajuda não podem chegar até elas por causa da ação militar israelense.»

A Cáritas pede o cessar imediato tanto dos ataques do Hamas contra o sul do território israelense como dos bombardeios de Israel sobre Gaza, para permitir a chegada de ajuda. 

«Nossa equipe em Gaza testemunha um colapso dos serviços médicos – sublinhou a secretária geral da Cáritas Jerusalém, Claudette Habesch. As pessoas estão morrendo em casa porque não podem obter assistência. Nos hospitais de Gaza, há 2.053 camas, mas são 2.500 os feridos por bombardeios israelenses. Os médicos dizem que não têm faixas nem antissépticos.»

Uma firme condenação desta guerra e o pedido de um cessar-fogo foram feitos pelo Conselho Mundial das Igrejas (CMI) e pelo seu secretário geral, Samuel Kobia. 

«Nos países envolvidos neste conflito, as Igrejas e os membros das Igrejas pedem aos governos que comecem uma ação urgente para assegurar um futuro melhor aos palestinos, aos israelenses e aos seus vizinhos», afirma uma mensagem do CMI retomada pelo jornal vaticano L'Osservatore Romano

«A lógica fechada dos funcionários públicos, que culpam os demais, negando a responsabilidade de seu governo, levou à perda de muitas vidas»; «os governos devem agora ser responsáveis pela paz», acrescenta. 

«A morte e o sofrimento destes dias são espantosos e vergonhosos e não obterão mais que novas mortes e novos sofrimentos», denuncia o CMI. 

E pede que os governos da região, as Nações Unidas, a Liga Árabe, a União Européia e os Estados Unidos usem «seus bons ofícios para conseguir que todos aqueles que estão em risco sejam protegidos desde ambos os lados da fronteira» e se assegure o acesso das ajudas de emergência e dos médicos». 

Desta forma, a associação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) prometeu enviar ajudas para paliar a dramática situação de Gaza, onde, segundo as estimativas, o desemprego afeta 40% dos habitantes e 30% deles não têm acesso à água potável. Cerca da metade dos habitantes são crianças. 

O pároco Manuel Musallam, da igreja da Sagrada Família de Gaza, denuncia que «homens, mulheres e crianças choram. Procuram desesperadamente buscar como alimentar-se e garantir sua própria proteção», «lutando por sobreviver». «As pessoas têm medo, mas não querem render-se». 

Na Faixa de Gaza, de um total de um milhão e meio de habitantes, 5 mil são cristãos, em sua maioria gregos ortodoxos, e 300 são católicos de rito latino. 

Dado que era perigoso demais para os fiéis circular pela região, a paróquia cancelou a missa de final de ano à meia noite e a do ano novo, substituindo-as por celebrações em uma capela escolar. 

«Não consigo ver muitos de meus fiéis, mas lhes envio regularmente mensagens de texto pelo telefone celular (sms) para oferecer uma palavra espiritual que os anime e ajude a orar – revelou o Pe. Musallam. Decidimos recitar ao início de cada hora a oração: ‘Deus da paz, dai paz ao nosso país; Deus de misericórdia, dai misericórdia ao nosso país’». 

Contudo, por causa dos bombardeios, agora as companhias de celular não funcionam e possivelmente estas mensagens já não chegam aos paroquianos. 

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Cardeal Bertone se encontrará no México com mundo da cultura

País vive um incipiente movimento a favor da reconstrução da fé e da razão

Por Jaime Septién

QUERÉTARO, quinta-feira, 8 de janeiro de 2009 (ZENIT.org-El Observador).- No dia 19 de janeiro, na sede histórica do Teatro da República de Querétaro, local onde se firmou, em 1917, a Constituição que hoje rege a vida institucional da República, acontecerá um encontro entre o secretário de Estado de Bento XVI, cardeal Tarcisio Bertone, e o mundo da cultura e da educação no México.

O encontro, sem precedentes na história moderna do país, é organizado pela Conferência Episcopal Mexicana (CEM) liderada pelo bispo de Texcoco, monsenhor Carlos Aguiar Retes, a diocese de Querétaro, cujo bispo é Dom Mario de Gasperín Gasperín, e o Centro de Pesquisa Social Avançada (CISAV), a cuja frente está o doutor em filosofia Rodrigo Guerra López.

Apesar do México ser o segundo país com o maior número de católicos do mundo, em sua história e Constituição tiveram grande influência grupos orientados pelo laicismo militante.

Este acontecimento eminentemente religioso e cultural levará por título “A realização da razão no horizonte da fé” e terá como objetivo principal «colaborar a impulsionar um novo protagonismo público dos católicos comprometidos com a vida acadêmica e cultural no México através da presença e palavra do cardeal Tarcisio Bertone», segundo os organizadores.

Trata-se, diz um comunicado do comitê organizador, de propiciar «o surgimento de uma nova geração de universitários, pesquisadores e cientistas que sem timidez e em comunhão com a Igreja desejam que sua razão se deixe interpelar por sua fé».

Nas palavras do diretor geral do CISAV, Rodrigo Guerra López, «é preciso reconhecer que se apresenta no México um incipiente movimento a favor da reconstrução da fé e da razão, da fé e da ciência, da fé e da cultura; este movimento inicial não responde a nenhuma estratégia pastoral ou acadêmica, mas a uma sorte de despertar providencial de algumas pessoas distribuídas em diversas instituições públicas e privadas do México».

«Dentro deste despertar –continua dizendo o diretor do CISAV– há que tomar em conta três realidades que colaboram sinergicamente sob diferentes perspectivas: o Instituto Mexicano de Doutrina Social Cristã (Imdosoc), o próprio CISAV e a Rede Acadêmica Fides et Ratio, que tiveram uma importante participação –para citar um exemplo– no recente debate sobre o aborto no México».

«Com o encontro com o cardeal Bertone, trata-se –diz Guerra López– de estimular o trabalho destas realidades laicais e, ao mesmo tempo, de dar vida a novos sujeitos que permitam estimular um renovado protagonismo cultural (católico) no México».

Os convidados seriam –principalmente– professores universitários, pesquisadores, diretores de colégios católicos, escritores, editores, reitores das universidades católicas e de inspiração cristã, diretores de organizações que promovem a doutrina social cristã, a bioética personalista.

Estarão presentes também atores políticos, sociais e econômicos comprometidos com o desenvolvimento de uma cultura cristã propositiva tanto como bispos e superiores religiosos interessados na promoção de cultura e educação.

O cardeal Bertone visitará o México como legado do Papa no VI Encontro Mundial das Famílias, que se celebrará entre 14 e 18 de janeiro na capital mexicana.

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Bíblia em lugar de destaque na casa, pede arcebispo

Dom Jorge Ortiga dá indicações para renovação pastoral marcada pela Palavra

BRAGA, quinta-feira, 8 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- «Cada lar cristão não deveria prescindir da presença de uma Bíblia, colocada em lugar de destaque em casa», afirma o arcebispo de Braga (Portugal).

«Seria como que um sacrário doméstico, em que Deus está presente e lhe faz companhia em todas as horas»; «com ela, todos deveriam reconhecer a necessidade de uma leitura orante onde a vida familiar se confronta com a Palavra de Deus», enfatiza.

Dom Jorge Ortiga difundiu essa quarta-feira uma carta pastoral em que dá algumas indicações para ajudar a discernir caminhos de renovação pastoral marcados pela Palavra.

Entre as sugestões, Dom Ortiga destaca que a Bíblia poderia ir de casa em casa, «para, em leitura orante da família, poder iluminar os recantos mais escuros da vida familiar e servir de estímulo nos percursos positivos já empreendidos».

O arcebispo considera que seria desejável que os casais se reunissem para ler, meditar a Palavra e deixar-se conduzir pelos seus apelos.

Dom Ortiga pede também que se institua na diocese e em cada paróquia um Dia da Bíblia, «em que todos fossem sensibilizados para a riqueza da palavra, destinada a habitar entre nós, a montar a sua tenda nos desertos do nosso caminhar quotidiano».

Exorta ainda os pastores «a impregnar as pregações ou tríduos da palavra de Deus e a dar-lhe o espaço merecido nas homilias das eucaristias».

O arcebispo convida todos os diocesanos a se familiarizarem com a Bíblia através sobretudo da lectio divina, da leitura orante dos textos sagrados.

«Onde for possível, institua-se uma Escola da Palavra, que seja oportunidade de apresentar a riqueza inesgotável dos textos bíblicos.»

Dom Jorge Ortiga vê como «muito útil a prática de certos movimentos de escolher uma palavra da Escritura para cada mês, a Palavra de Vida que orienta decisões, opções, que ilumina problemas e sobre cuja vivência se trocam experiências».

O arcebispo considera ainda que «será de multiplicar as celebrações da palavra, até porque os sacerdotes não podem celebrar a eucaristia com a frequência desejada das comunidades. É bom ter em atenção que a palavra proclamada é também presença de Jesus no meio do seu povo.»

No âmbito diocesano –prossegue Dom Ortiga–, «sente-se a conveniência e a urgência de um Secretariado bíblico que possa fornecer subsídios para uma devida animação bíblica de toda a pastoral».

O prelado questiona ainda: «será ousadia insensata esperar que em cada paróquia exista um “Grupo da Palavra” para descobrir o lugar da Palavra na vida das pessoas e das comunidades?»

«Julgo que não e espero vivamente que estas propostas dêem fruto e fruto que permaneça», afirma.

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Em foco

Felicidade e paz só podem ser produto do amor, diz cardeal

Dom Geraldo Agnelo convida à conversão ao amor, ao perdão e à solidariedade

SALVADOR, quinta-feira, 8 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- «A felicidade que desejamos pelos votos de Ano Novo e a Paz tão sonhada só podem ser produto do amor», afirma o arcebispo de Salvador (Bahia).

Em uma mensagem enviada a Zenit essa quarta-feira, de repercussão da festividade da Epifania, o cardeal Geraldo Agnelo recorda que a celebração revela que «Deus veio ao mundo num corpo humano, para que os homens, mergulhados nas trevas de todas as maldades, não perdessem por ignorância o que só puderam alcançar e possuir pela graça».

«Ele não vem hoje para salvar o mundo dos desmandos dos projetos de globalização da economia que não demonstram preocupação pelo valor do trabalho humano com o suor de seu rosto, mas com o ganho do capital, continuando a deixar a maioria da humanidade sempre mais pobre e carente até do indispensável para sobreviver.»

Segundo o arcebispo, «só há uma equação para resolver os problemas do mundo, aquela que Jesus Cristo fez e ensinou com sua vida e sua palavra: morrer na cruz por amor».

«Isso aconteceu não por derrota infligida, mas por escolha pessoal contida no plano de Deus.»

«Desde a apresentação de Jesus no Templo, no oitavo dia do nascimento, Simeão e a profetiza Ana anunciaram que Ele viera e seria sinal de contradição para muitos que não o reconheceriam», destaca.

O cardeal Agnelo enfatiza que «Jesus ensina com autoridade». «A felicidade que desejamos pelos votos de Ano Novo e a Paz tão sonhada só podem ser produto do amor.»

«Todos somos convocados e convidados à conversão ao amor, ao perdão para os que nos ofendem, a solidariedade sem condições para os semelhantes que mais sofrem e os mais necessitados.»

«Os magos, ao encontrarem o menino com Maria, sua mãe, prostraram-se e o adoraram. É a profissão de fé na divindade de um menino. Deus se faz presente e se manifesta na pequenez de uma criança», afirma.

Segundo o arcebispo de Salvador, a liturgia da festa da Epifania é um convite: «se Deus dignificou a fragilidade humana a ponto de assumi-la para, através dela, dar-se a conhecer ao mundo, à nenhuma pessoa humana pode ser negada a sua importância, o seu irrenunciável  direito de viver com dignidade».

«As festas de fim de ano e de novo ano passaram. Não podem ser transformadas em cinzas. Aguardam nossa conversão», afirma Dom Geraldo Agnelo.

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Entrevistas

«Humanae Vitae»: profecia científica

O presidente dos métodos católicos denuncia os perigos da pílula anticoncepcional

Por Antonio Gaspari

ROMA, quinta-feira, 8 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Apesar de ter sido publicada há 40 anos, a encíclica Humanae Vitae ainda suscita um forte debate. Para alguns, inclusive dentro da Igreja Católica, trata-se de um texto inadequado aos tempos e insuficiente nas respostas, enquanto outros sustentam que se trata de uma encíclica «profética». 

Para estes últimos, o Papa Paulo VI fez bem em advertir contra o uso de anticoncepcionais, já que estes são perigosos para a saúde da mulher e para a relação dentro do casal. 

Neste contexto, o doutor espanhol José María Simón Castellví, presidente da Federação Internacional das Associações de Médicos Católicos (FIAMC), anunciou um texto em 4 de janeiro passado, com o título «40 anos depois da Encíclica Humanae Vitae, do ponto de vista médico», no qual se ilustram todos os problemas relativos à saúde da mulher, à contaminação ambiental e ao enfraquecimento e banalização das relações de casal que a pílula contraceptiva provocou. 

Sobre esta questão, o dr. Simón Castellví concedeu esta entrevista à Zenit. 

– Os críticos da Humanae Vitae sustentam que os anticoncepcionais trouxeram a emancipação feminina, progresso, saúde médica e ambiental. Mas segundo o informe da FIAMC, isso não é verdade. Pode explicar-nos por quê?

– Simón Castellví: Os anticoncepcionais não são um verdadeiro progresso nem para as mulheres nem para o planeta. Compreendo e sou solidário com as mulheres que deram a vida a muitos filhos, mas a solução não está na contracepção, e sim na regulação natural da fertilidade. Esta respeita os homens e as mulheres. O estudo que apresentamos é científico e nos diz que a pílula é contaminadora e em muitos casos anti-implantatória, ou seja, abortiva. 

– O estudo sustenta de fato que a pílula denominada anovulatória, a mais utilizada, que tem como base doses de hormônios de estrogênio e progesterona, funciona em muitos casos com um verdadeiro efeito anti-implantatório. É verdade? 

– Simón Castellví: É verdade. Atualmente, a pílula anticoncepcional denominada anovulatória funciona em muitos casos com um verdadeiro efeito anti-implantatório, ou seja, abortivo, porque expele um pequeno embrião humano. E o embrião, inclusive em seus primeiros dias, é um pouco diferente de um óvulo ou célula germinal feminina. Sem essa expulsão, o embrião chegaria a ser um menino ou menina. 

O efeito anti-implantatório destas pílulas está reconhecido na literatura científica. Os investigadores o conhecem, está presente nos prospectos dos produtos farmacêuticos dirigidos a evitar uma gravidez, mas a informação não chega ao grande público. 

– O estudo em questão sustenta que a grande quantidade de hormônios no ambiente tem um efeito grave de contaminação meio-ambiental que influi na infertilidade masculina. Você poderia nos explicar por quê?

– Simón Castellví: Os hormônios têm um efeito nocivo sobre o fígado, e depois se dispersam no ambiente, contaminando-o. Durante anos de utilização das pílulas anticoncepcionais se verteram toneladas de hormônios no ambiente. Diversos estudos científicos indicam que isso poderia ser um dos motivos do aumento da infertilidade masculina. Pedimos que se façam pesquisas mais precisas sobre os efeitos contaminadores desses hormônios. 

– O estudo elaborado pela FIAMC retoma as preocupações expressas em 29 de julho de 2005 pela Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (International Agency for Research on Cancer), a agência da Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo a qual os preparados orais de combinados de estrogênio e progesterona podem ter efeitos cancerígenos. Você poderia ilustrar-nos a gravidade destas implicações?

– Simón Castellví: É grave que se esteja distribuindo um produto não indispensável para a saúde e que poderia ser cancerígeno. Esta não é uma opinião dos médicos católicos, mas da Agência da OMS que luta contra a difusão do câncer. Nós só citamos suas preocupações ao respeito. 

– Você e a associação que você representa sustentam que a Humanae Vitae foi profética ao propor os métodos naturais de regulação da fertilidade. Pode explicar-nos por quê? 

– Simón Castellví: O Papa Paulo VI foi profético também do ponto de vista científico. Com essa encíclica, ale alertou sobre os perigos da pílula anticoncepcional, como o câncer, a infertilidade, a violação dos direitos humanos, etc. O Papa tinha razão e muitos não quiseram reconhecer isso. Quando se trata de regular a fertilidade, são muito melhores os métodos naturais, que são eficazes e respeitam a natureza da pessoa. 

– Em um artigo publicado pelo L'Osservatore Romano L'Humanae vitae. Una profezia scientifica», 4 de janeiro de 2009), você sustenta que os métodos anticoncepcionais violam os direitos humanos. Pode precisar-nos por quê?

– Simón Castellví: No 60º aniversário da Declaração dos Direitos do Homem se pode demonstrar que os meios anticoncepcionais violam pelo menos cinco importantes direitos: 

O direito à vida, porque em muitos casos se trata de pílulas abortivas, e cada vez se elimina um pequeno embrião. 

O direito à saúde, porque a pílula não serve para curar e tem efeitos secundários importantes sobre a saúde de quem a utiliza. 

O direito à informação, porque ninguém informa sobre os efeitos reais da pílula. Em particular, não se adverte sobre os riscos para a saúde e a contaminação ambiental. 

O direito à educação, porque poucos explicam como se praticam os métodos naturais. 

O direito à igualdade entre os sexos, porque o peso e os problemas das práticas anticoncepcionais recaem quase sempre sobre a mulher. 

– A Humanae vitae sustenta que os anticoncepcionais influenciam negativamente na relação do casal, separando o ato de amor da procriação. Você poderia explicar-nos, como homem de ciência, esta afirmação? 

– Simón Castellví: A relação entre os esposos deve ser de total confiança e amor. Excluir com meios impróprios a possibilidade da procriação prejudica a relação de casal. O doar-se um ao outro deveria ser total e enriquecer-se pela capacidade da transmissão da vida. 

– Substancialmente, a Humanae vitae é um documento que une e reforça os casais; por que então tantas críticas? 

– Simón Castellví: Muitas das críticas foram sugeridas pelos interesses econômicos que estão por trás da venda da pílula. Outras críticas surgem daqueles que querem reduzir e selecionar a fertilidade e o crescimento demográfico. Finalmente, as críticas procedem também daqueles que querem limitar a autoridade moral da Igreja Católica. 

– O que teria acontecido se a Igreja não tivesse se oposto à difusão da pílula?

– Simón Castellví: Não quero sequer pensar nisso. Só considerando o efeito abortivo das pílulas, a própria Igreja Católica seria hoje menos numerosa. Posso compreender o pensamento de milhões de mulheres que usam a pílula, mas quero sugerir que existe uma antropologia melhor para elas, a que a Igreja Católica propõe.

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