ZENIT
O mundo visto de Roma
Serviço diario - 29 de janeiro de 2009
SANTA SÉ
Papa pede maior atenção nas nulidades matrimoniais por imaturidade psíquica
Papa convida bispos católicos russos a renovado esforço pelo ecumenismo
Santa Sé organiza congresso internacional sobre Galileu Galilei
Bento XVI: «Que a Shoá seja para todos uma advertência contra o esquecimento»
Papa elogia projeto de construção de «altar da paz» em Jerusalém
MUNDO
Cardeal pede compromisso para combater o que desfigura o Rio de Janeiro
Água como direito universal e bem público, pedem Igrejas
Bispos preparados para novos desafios da evangelização
EM FOCO
Dom Marchetto: diálogo é «motor da integração dos migrantes»
FLASH
João Paulo II retratado no Santuário de Fátima
Papa pede maior atenção nas nulidades matrimoniais por imaturidade psíquica
Na audiência aos membros do Tribunal da Rota RomanaPor Mirko Testa
CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Ao receber nesta quinta-feira em audiência os membros do Tribunal da Rota Romana, por ocasião da solene inauguração do Ano Judicial, Bento XVI advertiu sobre o perigoso aumento das declarações de nulidade matrimonial com o pretexto da imaturidade psíquica.
Em sua reflexão, o pontífice fez referência a dois discursos pronunciados por João Paulo II sobre esta questão (5 de fevereiro de 1987 e 25 de janeiro de 1988), constatando a «grande atualidade» deste problema e a necessidade de que o juiz recorra à ajuda de peritos na hora de comprovar a existência de uma incapacidade real.
É necessário, explicou, preservar a comunidade eclesial «do escândalo de ver destruído na prática o valor do matrimônio cristão pela multiplicação exagerada e quase automática das declarações de nulidade, em caso de fracasso do matrimônio, com o pretexto de certa imaturidade ou fraqueza psíquica do contraente».
A propósito disso, o Papa exortou os agentes do direito «a tratar as causas com a devida profundidade que requer o ministério de verdade e de caridade que é próprio da Rota Romana», recordando a diferença «entre uma maturidade psíquica, que seria o ponto de chegada do desenvolvimento humano, e a maturidade canônica, que é, ao contrário, o ponto mínimo de partida para a validez do matrimônio».
O pontífice pôs o acento na diferença entre «incapacidade» e «dificuldade» – enquanto que apenas a primeira torna nulo o matrimônio; «entre a dimensão canônica da normalidade, que inspirando-se na visão integral da pessoa humana, compreende também formas moderadas de dificuldade psicológica, e a dimensão clínica, que exclui do conceito de normalidade toda limitação da maturidade e toda forma de psicopatologia».
O Santo Padre convidou, portanto, a discernir «entre a capacidade mínima, suficiente para um válido consenso, e a capacidade idealizada de uma maturidade plena que visa a uma vida conjugal feliz».
O conceito de «incapacidade»
Entre as diversas causas de nulidade por imaturidade psíquica estão todas aquelas que podem ter comprometido em um dos dois cônjuges a capacidade consensual para assumir e cumprir as obrigações fundamentais do matrimônio.
Nestes casos entram: a falta de suficiente uso de razão, no qual o sujeito que apresenta uma grave alteração das faculdades psíquicas não é consciente de seu próprio estado e não pode autodeterminar-se livremente; ou também o chamado «defeito de discrição de juízo» no qual o sujeito é consciente de seu estado e não perde a racionalidade necessária, como as formas graves de neurose e de psicopatia.
A incapacidade de assumir e cumprir as obrigações essenciais do matrimônio pode ser também provocada por dependência química ou também ser produto de perversões ou afecções de caráter sexual.
As definições que os canonistas oferecem dos distúrbios da personalidade se aproximam às formuladas nas edições do Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, elaborado pela Sociedade Americana de Psiquiatria (DSM).
O DSM as subdivide fundamentalmente em três grupos: estranho-ecêntrico (distúrbios paranóides, esquizóides e esquizotípicos da personalidade); amplificativo-emotivo (distúrbios anti-sociais, borderline, histriônico e narcisita); ansiedade-medo (distúrbios de personalidade evasiva, dependente e obsessivo-compulsivo). A estes três grupos se acrescenta uma categoria residual, denominada distúrbios da personalidade não especificados ou «mista».
Contudo, a questão da natureza psicopatológica dos distúrbios da personalidade é relevante do ponto de vista canônico somente se a presença de uma séria forma de anomalia clínica incidir sobre as faculdades naturais da pessoa, ou seja, sobre a inteligência e a vontade.
O homem é capaz de casar-se
Na audiência aos membros da Rota Romana, o Papa sublinhou em primeiro lugar a necessidade de «redescobrir em positivo a capacidade que em princípio toda pessoa humana tem de casar-se em virtude de sua própria natureza de homem ou de mulher».
Logo depois, alertou sobre o risco, na sociedade atual, de «cair em um pessimismo antropológico que, à luz da situação atual cultural, considera quase impossível casar-se».
«Além do fato de que esta situação não é uniforme nas diversas regiões do mundo – observou –, não se pode confundir a incapacidade consensual com as dificuldades que muitos atravessam, especialmente os jovens, chegando a considerar a união matrimonial como normalmente impensável e impraticável.»
«Ao contrário – precisou –, a reafirmação da inata capacidade humana ao matrimônio é precisamente o ponto de partida para ajudar os casais a descobrirem a realidade natural de matrimônio e a relevância que ele tem no plano da salvação.»
«A capacidade deve colocar-se em relação com o que é o matrimônio essencialmente, ou seja, a íntima comunhão de vida e amor conjugais, fundada pelo Criador e estruturada com leis próprias e, de modo particular, com as obrigações essenciais inerentes a ela.»
Dentro das obrigações essenciais do estado conjugal se inclui o consortium vitae ou também o ius ad vitae communionem, que se identifica com a ajuda mútua, não só prática ou do ponto de vista da intimidade sexual, mas também no sentido mais amplo e profundo, orientado ao bem dos cônjuges, exaltando sua dimensão oblativa.
A capacidade para o matrimônio, continuou o Papa, «não se mede em relação a um determinado grau de realização existencial ou efetiva da união conjugal mediante o cumprimento das obrigações essenciais, mas em relação com a vontade eficaz de cada contraente, que torna esta realização possível e operante já no momento do pacto nupcial».
Da mesma forma, recordou como algumas correntes antropológicas «humanistas», orientadas «à autorrealização e à autotranscendência egocêntrica», idealizam até tal ponto a pessoa humana e o matrimônio, que acabam por «negar a capacidade psíquica de muitas pessoas, fundado-a em elementos que não correspondem às exigências essenciais do vínculo conjugal».
Frente a estas concepções, os especialistas de direito eclesial devem levar em conta o «realismo saudável» ao qual se referia João Paulo II, «porque a capacidade faz referência ao mínimo necessário para que os noivos possam entregar seu ser de pessoa masculina e feminina para fundar esse vínculo ao qual está chamada a grande maioria dos seres humanos», concluiu o Papa.
História da Rota
As competências do Tribunal da Rota Romana, que teve sua origem na Chancelaria Apostólica, foram fixadas definitivamente por Bento XIV com a Constituição Iustitiae et pacis, em 1747. Desde Gregório XVI (1834), a Rota foi também tribunal de apelação para o Estado Pontifício, enquanto que as causas pertinentes ao fórum eclesiástico eram decididas preferentemente pelas Congregações.
As normas vigentes foram aprovadas e promulgadas por João Paulo II, em 7 de fevereiro de 1994.
A Rota Romana atua como tribunal de apelação e julga; em segunda instância, as causas definidas pelos tribunais ordinários de primeiro grau e remetidas à Santa Sé por legítima apelação; e também em terceira e ulterior instância, as causas tratadas já em apelação pela própria Rota ou por outro tribunal eclesiástico de apelação.
Também é tribunal de apelação para o Tribunal Eclesiástico da Cidade do Vaticano.
Papa convida bispos católicos russos a renovado esforço pelo ecumenismo
«Este diálogo, apesar dos progressos alcançados, ainda tem algumas dificuldades»Por Inma Álvarez
CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O Papa pediu hoje aos bispos católicos russos, a quem recebeu em audiência por ocasião de sua visita ad limina apostolorum, um «renovado esforço no diálogo com nossos irmãos e irmãs ortodoxos».
«Sabemos que este diálogo, apesar dos progressos alcançados, ainda tem algumas dificuldades», assinala o Papa, mas acrescenta que é importante «que os cristãos enfrentem juntos os desafios que a sociedade atual propõe».
Entre estes desafios, mencionou especialmente «a defesa da vida em todas suas fases, a tutela da família e outras questões urgentes, econômicas e sociais».
«Infelizmente, também na Rússia, como em outras partes do mundo, registra-se a crise da família e a conseguinte diminuição da natalidade, junto com os demais problemas que a sociedade contemporânea enfrenta.»
O Papa assinalou que a própria existência da comunidade católica russa deve ser «um convite e um estímulo ao diálogo também pessoal» com os ortodoxos.
«Se nos diversos encontros não se chega sempre a enfrentar questões de fundo, contudo estes contatos contribuem para um maior conhecimento mútuo, graças ao qual podeis colaborar juntos em âmbitos de interesse comum», acrescentou.
Esta visita ad limina, que coincidiu com a eleição do novo patriarca de Moscou, deu outra vez ao Papa ocasião de felicitar-lhe e de orar «para que o Senhor nos confirme no empenho de caminhar juntos na via da reconciliação e do amor fraterno».
Precisamente, esta visita ad limina traz à luz, explicou o Papa, «a comunhão que vos liga ao Sucessor de Pedro».
«A comunhão com o Bispo de Roma, garantia da unidade eclesial, permite às comunidades confiadas aos vossos cuidados pastorais, ainda que minoritárias, sentir-se cum Petro e sub Petro, parte viva do Corpo de Cristo estendido por toda a terra.»
«A vós, pastores da Igreja que vive na Rússia, o Sucessor de Pedro vos renova a expressão de sua solicitude e proximidade espiritual, animando-vos a continuar unidos na atividade pastoral, beneficiando-vos também da experiência da Igreja universal», acrescentou.
Por outro lado, o Papa se referiu à situação de minoria que a comunidade católica russa vive, exortando-lhes a «não desanimar-vos se às vezes as realidades eclesiais vos parecem modestas, e se os resultados pastorais que obtendes não parecem corresponder aos esforços realizados».
«Alimentai mais, em vós e em vossos colaboradores, um autêntico espírito de fé, com a consciência totalmente evangélica de que Jesus não deixará de tornar fecundo, com a graça de seu Espírito, vosso ministério para glória do Pai, segundo tempos e formas que só Ele conhece.»
Bento XVI pediu aos bispos uma «atenção especial aos jovens», aos que a comunidade católica russa, «fiel à memória de suas próprias testemunhas e mártires e utilizando os oportunos instrumentos e linguagens, está chamada a transmitir inalterado o patrimônio de santidade e de fidelidade a Cristo, e os valores humanos e espirituais que estão na base de uma eficaz promoção humana e evangélica».
Também lhes pediu um esforço na promoção das vocações sacerdotais e religiosas: «a pastoral das vocações é particularmente necessária em nossa época», acrescentou.
Santa Sé organiza congresso internacional sobre Galileu Galilei
Dentro da celebração do Ano Internacional da AstronomiaPor Carmen Elena Villa
CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Hoje se apresentou na Sala de Imprensa da Santa Sé o congresso internacional de estudos «O Caso de Galileu. Uma releitura histórica, filosófica e teológica», que se realizará em Florença, de 26 a 30 de maio.
O evento acadêmico será realizado dentro do Ano Internacional da Astronomia, proclamado pelas Nações Unidas em memória dos 400 anos das primeiras observações astronômicas (1609) por parte de Galileu Galilei (1564-1642).
Será organizado por Stensen, um instituto dos padres jesuítas localizado em Florença, com o fim de favorecer a pesquisa e o debate entre diversas culturas. Seu objetivo é plenamente formativo e está dirigido especialmente às gerações mais jovens.
O congresso contará com 33 expositores, entre historiadores, teólogos e cientistas; entre eles está o jesuíta e astrônomo George Coyne, ex-diretor do observatório astronômico vaticano, o professor Evandro Agazzi, professor presidente honorário da Federação Internacional de Sociedades Filosóficas (FISP), Nicola Cabibbo, físico italiano, conhecido pelos trabalhos sobre integração nuclear, Paolo Rossi, professor emérito de História da Ciência da Universidade de Estudos de Florença, entre outros.
O professor Rossi assegurou durante a apresentação do evento que este tratará de «todos os temas essenciais: a condenação da doutrina de Copérnico em 1616 e o processo a Galileu em 1633; a gêneses do caso Galilei na Itália, França e Inglaterra do século XVII; a história deste caso antes do Iluminismo e depois no século XIX (na idade do Positivismo) e por último, do século XX até os nossos dias».
O congresso, apoiado pela presidência da República Italiana, está patrocinado pela Região Toscana, e conta com o apoio da presidência do Conselho de Ministros e do Ministério para os Bens e Atividades Culturais.
Participarão 18 instituições de setores representativos da vida cultural e científica, entre elas o Conselho Pontifício para a Cultura, a Pontifícia Universidade Gregoriana, a Pontifícia Academia das Ciências e a Universidade de Florença.
Participarão 18 instituições de setores representativos da vida cultural e científica, entre elas o Pontifício Conselho para a Cultura, a Pontifícia Universidade Gregoriana, a Pontifícia Academia das Ciências e a Universidade de Florença.
A inauguração se realizará na basílica florentina da Santa Cruz (Santa Croce), onde se encontra o túmulo de Galileu e de outros importantes personagens italianos.
O evento de encerramento será realizado em 30 de maio, na Vila il Gioiello ad Arcetri, em Florença, que foi a última casa onde Galileu morou. Lá, Evandro Agazzi, Paolo Galluzzi, Paolo Prodi e Adriano Prosperi discutirão sobre Galileu na contemporaneidade, a relação com a Igreja e as perspectivas da busca biotecnocientífica.
Igualmente, para esta ocasião estão sendo organizados eventos cinematográficos, culturais e teatrais que serão realizados em Florença, dentro da comemoração do Ano da Astronomia.
Mais informação: www.stensen.org
Bento XVI: «Que a Shoá seja para todos uma advertência contra o esquecimento»
O Rabino de Israel, após o caso Williamson, agradece a intervenção do PapaPor Mirko Testa
CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- «Que a Shoá seja para todos uma advertência contra o esquecimento», afirmou Bento XVI, ao término da audiência geral, na data que fazia memória dos hebreus massacrados pelos nazistas durante a 2ª Guerra Mundial.
Em 27 de janeiro, de fato, graças a uma Resolução aprovada em 1º de novembro de 2005 nas Nações Unidas, com o decidido apoio da Santa Sé, foi declarado Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.
Nestes dias se recorda a libertação, em 1945, por parte do exército soviético, de Auschwitz-Birkenau (Polônia), o principal campo de concentração nazista.
O Papa, em um comunicado ao término da audiência, afirmou: «vêm-me à memória as imagens recolhidas em minhas repetidas visitas a Auschwitz, um dos lugares nos quais se consumou o brutal massacre de milhões de hebreus, vítimas inocentes de um cego ódio étnico e religioso».
Por isso, acrescentou, «enquanto renovo com afeto a expressão de minha total e indiscutível solidariedade com nossos irmãos destinatários da Primeira Aliança, auguro que a memória da Shoá induza a humanidade a refletir sobre o imprevisível poder do mal quando conquista o coração do homem».
«Que a Shoá seja para todos uma advertência contra o esquecimento, contra a negação ou o reducionismo, porque a violência feita contra um só ser humano é violência contra todos», advertiu.
«Nenhum homem é uma ilha», acrescentou o Papa, citando os versos do poeta inglês John Donne (1571-1631).
«Que a Shoá ensine tanto às antigas como às novas gerações que só o fatigoso caminho da escuta e do diálogo, do amor e do perdão, conduz os povos, as culturas e as religiões do mundo ao desejado encontro da fraternidade e da paz na verdade.»
«Que a violência nunca mais humilhe a dignidade do homem!», exclamou no final.
As palavras pronunciadas por Bento XVI na quarta-feira, e expressadas «já em diversas ocasiões» no passado, «deveriam ser mais que suficientes para responder às perguntas de quem expressa dúvidas sobre a postura do Papa e da Igreja Católica sobre a questão», comentou o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, S.J., imediatamente depois da audiência geral.
As palavras do porta-voz da Santa Sé, recolhidas pela Rádio Vaticano, chegam depois de vários dias de polêmicas, enquanto os meios de comunicação internacionais difundiam certos rumores publicados pelo «Jerusalém Post» sobre uma possível ruptura de relações entre o rabino de Israel e a Igreja Católica.
O caso estourou após as controvertidas declarações à televisão pública sueca de Dom Richard Williamson – um dos quatro bispos ordenados em 1988 por Dom Marcel Lefebvre, a quem lhes foi revogado recentemente a excomunhão – negando a existência das câmaras de gás nos campos de concentração e reduzindo a 300 mil o número de hebreus assassinados durante a 2ª Guerra Mundial.
O jornal israelense havia assinalado a intenção do Rabinato de Israel de interromper «indefinidamente» as relações oficiais com o Vaticano e de cancelar também um encontro com a Comissão para as Relações Religiosas da Santa Sé, previsto de 2 a 3 de março em Roma.
O Pe. Lombardi concluiu com o desejo de que «as dificuldades apresentadas pelo Rabinato de Israel possam ser objeto de uma ulterior e mais profunda reflexão, em diálogo com a Comissão para as Relações com o Judaísmo do Conselho para a Unidade dos Cristãos, de modo que o diálogo da Igreja Católica com o hebraísmo possa seguir adiante com fruto e serenidade».
Em uma entrevista concedida ontem a Sky Tg24, o diretor geral do Rabinato de Israel, Oded Wiener, afirmou ao contrário: «Não interrompemos as relações com o Vaticano, também porque creio que elas são fundamentais, tanto para nós como para o próprio Vaticano».
«Esta questão tão importante deverá, contudo, ser discutida – precisou. Adiamos este encontro enquanto não falamos de tudo isso com as pessoas da Santa Sé e discutimos como retomar nossas relações.»
«Certamente, neste âmbito tão sensível e em um período histórico tão importante, todo o mundo hebraico está comovido por esta questão», observou.
Sobre as palavras de condenação de Bento XVI sobre o negacionismo do Holocausto, Wiener sublinhou: «Em primeiro lugar, creio que a declaração do Papa desta manhã foi extremamente importante, para nós e para o mundo inteiro. Não há lugar para pessoas como Williamson, que negam a existência do Holocausto».
«Creio que foi um grande passo adiante – acrescentou – e uma importante declaração para resolver esta questão, ainda que devemos discutir junto com os membros da Comissão da Santa Sé e do governo de Israel sobre o que pode ser acrescentado para colocar fim a este problema.»
Como sinal de distensão, o embaixador israelense na Santa Sé, Mordechay Lewy, em declarações publicadas por Apcom, afirmou estar «muito contente por uma declaração de tão alto nível por parte da Santa Sé, que esclarece e ajuda a superar os equívocos».
«Penso que é equivocado, agora, personalizar a questão, concentrando-se em um único bispo», precisou Lewy.
Com relação à intenção de Bento XVI de viajarà a Terra Santa no próximo mês de maio, o embaixador israelense sublinhou que «o Papa é bem-vindo em Israel hoje, como era bem-vindo ontem e anteontem».
Papa elogia projeto de construção de «altar da paz» em Jerusalém
CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Um altar para invocar a paz na Terra Santa e em todo o mundo: assim definiu Bento XVI o artístico altar em forma de tríptico destinado à basílica dos armênios católicos de Jerusalém, e que lhe foi apresentado imediatamente depois da audiência geral desta quarta-feira.O projeto foi realizado pela associação polonesa «Comunidade Rainha da Paz», à qual o pontífice agradeceu durante as saudações nos diferentes idiomas aos diversos grupos de fiéis congregados na Sala Paulo VI.
«Este será um lugar de contínua oração pela paz na Terra Santa e em todo o mundo – afirmou o Papa. Peço a Deus que escute esta oração e encha os corações dos homens de sua paz.»
Logo depois, segundo publica L'Osservatore Romano, o Papa abençoou esta obra com o ostensório para a adoração eucarística, que representa Nossa Senhora de Czestochowa com o Menino.
Após ter realizado uma peregrinação simbólica pelos santuários marianos poloneses e alemães, o altar será colocado na capela da Quarta Estação da Via Dolorosa em Jerusalém.
Cardeal pede compromisso para combater o que desfigura o Rio de Janeiro
A violência, a destruição ecológica e a epidemia da imoralidade, diz D. Eugenio SalesRIO DE JANEIRO, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O cardeal Eugenio de Araujo Sales, arcebispo emérito do Rio de Janeiro, pediu aos cidadãos o compromisso de «combater o que desfigura a nossa cidade».
Segundo Dom Eugenio, três agressões mancham de forma especial o rosto do Rio de Janeiro: a violência, a destruição ecológica e a epidemia da imoralidade.
No contexto da festa do padroeiro da cidade, São Sebastião, celebrada no dia 20 de janeiro, o cardeal difundiu uma mensagem aos fiéis em que destaca que «nossa devoção nos leva a empenhar-nos para que o Rio de Janeiro corresponda ao seu nome original: “a mui leal e heróica cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro”».
De acordo com o cardeal Sales, a primeira mancha «é a crescente violência nas suas mais variadas modalidades. Ela deforma o Rio, ao roubar-lhe o espaço de liberdade indispensável ao convívio humano».
«A justiça social, fundamento da paz entre os indivíduos, é dura e cruelmente atingida, quando, entre os filhos do mesmo Pai, e com igual destinação eterna, 60% das famílias ganham menos de três salários mínimos e mais de um milhão e meio não possuem um lar digno desse nome», afirma.
Além disso –prossegue o purpurado–, «entremeado aos barracos, a ostentação do luxo injuria uma visão cristã da convivência social».
«A exaltação do consumismo e o esbanjamento humilham ou fazem crescer os sofrimentos de estômagos vazios.»
O arcebispo emérito também cita como agressões «a indução à esterilização de homens e mulheres e a distribuição de pílulas anticonceptivas aos pobres, assim como os preservativos»; «a insegurança que gera o medo», «o índice de criminalidade», «as máfias e os tóxicos».
A segunda mancha comentada por Dom Eugenio é «a destruição do meio ambiente, a poluição do ar e vários outros fatores dificultam a vida humana em nosso meio urbano».
«O egoísmo, por natureza, busca o próprio conforto e vantagens pessoais em detrimento do próximo; ameaça um bem que pertence à coletividade e desfigura a face da metrópole.»
Já a terceira agressão, «que muitos parecem não querer ver» –comenta o arcebispo emérito–, «mas que é a raiz das duas primeiras: perdem-se os valores morais que constituem a única base sólida de uma sociedade».
«Grupo humano algum sobrevive, sem reagir, à debilitação dos princípios básicos da dignidade da vida, indissolubilidade da Família, proteção à inocência, reconhecimento da nobreza do corpo, respeito ao alheio, aceitação de normas de um comportamento digno à fraternidade, o amor à Verdade.»
Segundo o cardeal Eugenio Sales, como fundamento desses males e a explicação de sua proliferação entre nós «avulta o enfraquecimento do autêntico sentimento religioso».
«Se ele não paira à superfície, eficazmente gera os antídotos a tais doenças que nos corroem. Para se alcançar esse objetivo urge passar de um sentimentalismo vazio ou convencional à vivência do Evangelho em profundidade.»
O arcebispo emérito enfatiza que ao longo dos mais de 400 anos de história do Rio de Janeiro «atua uma presença plasmadora desse organismo social: a Igreja».
«Apesar das falhas humanas de seus filhos, tem operado o Espírito de Deus. E ela pode apresentar larga folha de serviços, não acidentais, mas essenciais à preservação da nossa identidade», afirma o cardeal.
Água como direito universal e bem público, pedem Igrejas
Em carta difundida no contexto do Fórum Social Mundial, em Belém do ParáBELÉM, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O Regional Norte 2 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), que compreende os Estados do Pará e Amapá, e o Conic (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs) difundiram hoje um documento em que pedem que a água seja considerada um direito universal e um bem público.
Intitulado «Carta de Belém», o texto é fruto do Fórum Ecumênico das Águas, realizado em Belém do Pará (norte do Brasil) na véspera da abertura do Fórum Social Mundial, dia 26 de janeiro.
Entre as propostas de ação do texto, pede-se que sejam formadas «Redes Ecumênicas das Águas em todas as comunidades, com o objetivo de promover a educação de base e a defesa das águas».
O documento chama também a que, no âmbito internacional, «as Igrejas cristãs e os movimentos sociais se engajem na promoção do direito a água e ao saneamento para todos».
Figura ainda entre as propostas o chamado a que «todas as comunidades cristãs e movimentos sociais populares registrem suas experiências e práticas em defesa da água».
Isso para que essa documentação seja encaminhada, através do CONIC e da CNBB, à Relatora Independente da ONU para a Água, como forma de contribuir na construção de uma convenção internacional do Direito Humano à Água.
O texto afirma que as entidades se congratulam com o povo boliviano, «que aprovou, na Parte 4, Título 2, Capítulo 5º de sua Constituição, a proteção da água como direito fundamental da vida.»
Assim, «convocamos todos os países do mundo a incorporarem também em suas legislações o direito à água como direito universal e bem público».
Bispos preparados para novos desafios da evangelização
Começou o curso sobre «Liderança Episcopal no mundo de hoje à luz de Aparecida»SAN JUAN DE PUERTO RICO, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Realiza-se, desde o dia 20 até o próximo dia 31 de janeiro, na Universidade do Sagrado Coração e Casa de Pregação São Vicente Ferrer, em Bayamón, San Juan de Puerto Rico, o curso «Liderança Episcopal no mundo de hoje à luz de Aparecida», organizado pelo Departamento de Comunhão Eclesial e Diálogo do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM).
A coordenação está a cargo do presbítero Crisóforo Domínguez, secretário executivo do Departamento de Comunhão Eclesial e Diálogo do CELAM, e contou com a colaboração do Instituto Teológico Internacional de Porto Rico, segundo informava ontem a agência vaticana Fides.
Participam bispos de 17 países: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Honduras, Jamaica, Nicarágua, México, Panamá, Paraguai, Porto Rico, Uruguai, Venezuela e Estados Unidos.
O curso se propõe a analisar a situação atual, a proposta de Aparecida e os recursos humanos e materiais de que um bispo precisa para cumprir sua missão.
A iniciativa nasceu na própria V Conferência Geral de Aparecida, com a intenção de promover e estender entre os pastores o espírito que a animou, e buscar a aplicação do documento e suas orientações.
As atividades centrais do dia inaugural foram: a celebração eucarística presidida pelo arcebispo Roberto González, de San Juan de Puerto Rico, e a palestra «A Missão da Igreja à Luz de Aparecida. A formação integral de discípulo missionário», que esteve a cargo do arcebispo de Santiago de los Caballeros (República Dominicana), Ramón Benito de la Rosa.
Alguns dos temas da agenda são: Ecumenismo (abade Óscar Rivera, osb); Maria, discípula e missionária (Maria Clara Bingemer); Pastoral da Comunicação (Dom Baltasar Porras, Venezuela); Teologia, liturgia e comunicação (Dom Baltasar Porras); Ética e Deontologia da Comunicação (Bernardo Carrasco) e Redação para a Mídia (Bernardo Carrasco).
Outros temas previstos tratarão sobre planejamento, dinâmicas das organizações, liderança de equipes de trabalho, e também se abordarão de maneira ampla os mecanismos de autofinanciamento das dioceses e organizações eclesiásticas.
O curso termina em 31 de janeiro com uma conferência sobre «A importância das Relações Públicas» e uma celebração eucarística.
O curso coincide com os 500 anos da fundação da diocese de Porto Rico.
Dom Marchetto: diálogo é «motor da integração dos migrantes»
Intervenção na Universidade de San Diego (Califórnia)Por Roberta Sciamplicotti
SAN DIEGO, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O diálogo é o «motor» da integração dos imigrantes nas sociedades de acolhida: assim afirmou na terça-feira passada Dom Agostino Marchetto, secretário do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes.
O prelado interveio na Universidade de San Diego (Califórnia) sobre o tema «Religião, migração e identidade nacional», sublinhando que as migrações constituem «um dramático sinal de nossa época atormentada», «um vasto fenômeno que algumas instituições e governos querem controlar ou inclusive deter, porque não se dão conta de que se trata de um componente estrutural da realidade sócio-econômica e política da sociedade atual».
Por isso, explicou, «é inútil tentar eliminar o fenômeno»; é necessário, ao contrário, «enfrentá-lo e concentrar todos os esforços em responder aos desafios que apresenta; e identificar os benefícios que pode oferecer», usando em primeiro lugar o instrumento do diálogo.
Quando as pessoas migram, explicou o arcebispo, «levam consigo não só a capacidade de trabalhar e de produzir, mas também suas características pessoais, o trato, a educação, as convicções, as convenções sociais, os costumes, as tradições, as crenças, a religião, ou seja, todos os elementos estáveis e duradouros, e também os mutáveis e contingentes, que caracterizam uma cultura».
O contraste que se verifica quando os imigrantes chegam a um país de cultura e tradição diferentes «pode desorientar, sobretudo porque o imigrante se vê diferente da maioria».
Por esta razão, observou Dom Marchetto, «a Igreja Católica sublinhou a necessidade de preparar as pessoas para a migração, através de programas pré-migratórios de formação e instrução, para que sejam capazes de enfrentar esta situação».
Imigrantes e sociedade de acolhida
Em um ambiente novo, os imigrantes buscam geralmente companhia e segurança em quem procede de sua própria nação e cultura, mas «se não se abrem lentamente à vida e à cultura da sociedade de acolhida, rejeitando o que crêem que põe em perigo sua identidade, podem adotar uma postura fechada, que leva à formação de guetos com seus compatriotas e, infelizmente, à sua marginalização».
No outro extremo se situa a adoção in toto da cultura do país de acolhida, «sem sequer avaliar suas consequências sobre o próprio estilo de vida».
«Tendo desatendido ou inconscientemente suprimido a própria identidade cultural», os imigrantes «se convertem quase em uma ‘cópia’ dos residentes locais, privando a sociedade de acolhida da contribuição enriquecedora que sua cultura teria podido oferecer-lhes».
Frente a estas duas alternativas extremas, a melhor solução para a relação entre os imigrantes e a população do país de acolhida é «a via de uma autêntica integração, com um olhar aberto que rejeite considerar só as diferenças entre imigrantes e locais», e que esteja preparada para acolher as contribuições positivas de todos.
O «motor» deste processo, constatou Dom Marchetto, é o diálogo, porque a verdadeira integração acontece quando se verifica uma interação entre imigrantes e população local «no âmbito não só sócio-econômico, mas também cultural».
«Quando se reconhece a contribuição positiva do imigrante para a sociedade de acolhida, através de sua cultura e de seus talentos, o próprio imigrante está mais motivado para chegar a um alto grau de interação com a população local, e isso leva a uma integração cultural saudável», revelou.
O resultado deste diálogo, acrescenta o prelado, é «um enriquecimento recíproco das culturas, e a sociedade se transforma em um mosaico no qual cada cultura tem seu próprio lugar para compor um único desenho, que se torna mais belo à medida que aumenta a multiplicidade cultural».
Cultura e religião
Em sua intervenção, Dom Marchetto sublinhou também a existência de «um forte vínculo cultural entre cultura e religião, como se pode ver pelo fato de que, para algumas religiõe,s a identidade religiosa e a cultura coincidem».
«Na realidade – admitiu –, as migrações internacionais se converteram em uma preciosa oportunidade não só para o diálogo entre as culturas, mas também para o inter-religioso», porque alguns países com antigas raízes cristãs hospedam agora a sociedades multiculturais.
Neste contexto, é necessário garantir a todos a liberdade religiosa, como expressa o artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos. «Se a sociedade quer beneficiar-se das migrações internacionais – advertiu o arcebispo –, deve respeitar a liberdade dos imigrantes de professar, praticar e também de mudar sua própria religião.»
Deste ponto de vista, o prelado recordou o princípio da reciprocidade, que deve ser entendido «não só como uma atitude para fazer reclamações, mas como uma relação baseada no respeito recíproco e na justiça em questões jurídicas e religiosas».
A reciprocidade, observou, «é também uma atitude do coração e do espírito, que nos permite viver juntos com os mesmos direitos e deveres».
Só deste modo, concluiu, poderemos ser conscientes do que o Papa Bento XVI fala em sua Mensagem para a Jornada Mundial da Paz 2009, ou seja, que «todos somos partícipes de um único projeto divino, o da vocação a constituir uma única família, na qual todos – indivíduos, povos e nações – regulem seu comportamento com os princípios da fraternidade e da responsabilidade».
João Paulo II retratado no Santuário de Fátima
Exposição reúne documentos fotográficos de 1952 a 1954FÁTIMA, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O Santuário de Fátima inaugura no próximo dia 13 de fevereiro, no piso subterrâneo da Igreja da Santíssima Trindade, a exposição fotográfica «Karol Wojtyla, a fé, o caminho, a amizade. Excursões com os Amigos (1952-1954)».
A exposição foi proposta ao Santuário de Fátima pela Embaixada da República da Polônia em Portugal e a sua edição portuguesa é organizada por esta Embaixada e pela Universidade Católica Portuguesa; explica à Sala de Imprensa do Santuário Marco Daniel Duarte, um dos responsáveis do Museu do Santuário de Fátima.
A exposição fotográfica divide-se em quatro núcleos que mostram quatro tipos de caminhadas do grupo “Círculo”, grupo de oração e reflexão do qual fazia parte Karol Wojtyla quando dos seus trabalhos enquanto responsável pela pastoral universitária, em Cracóvia.
O âmbito cronológico dos documentos fotográficos é de 1952 a 1954. A frase do próprio Papa João Paulo II serve de legenda a esses quatro núcleos da exposição: «nas tradições do ‘Círculo’ incluem-se vários tipos de excursões a pé e de bicicleta, para além da canoagem e do esqui».
São esses os tipos de caminhadas que a exposição retrata: circuitos pedestres, prática de esqui, ciclismo e canoagem. Como o próprio pontífice virá, mais tarde, a escrever, «a história do ‘Círculo’ é, na verdade, a história das inúmeras excursões que marcaram profundamente os nossos corações».
A exposição é constituída por quase trinta expositores que mostram mais de oito dezenas de fotografias.
Apresentada pela primeira vez em Cracóvia, em Dezembro de 2006, depois de percorrer outros espaços na Polônia e noutros países, esteve patente, entre novembro e dezembro de 2008, na Biblioteca João Paulo II, na Universidade Católica, em Lisboa.
As fotografias históricas são da autoria de Jerzy Ciesielski e de Stanislaw A. Rybicki. A concepção da exposição é de Michal e Anita Michalak.
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