A convivência com o lixo é o outro modo de ser “caluanda”

Luanda nunca esteve tão porca e tão suja como nos últimos dias. Além do enorme esforço do Governo no sentido de modernizar várias zonas e estruturas da capital, o lixo em vários cantos da cidade constitui uma nódoa de tamanha gravidade no que toca as condições básicas de convivência civil. O meu S. Paulo de Luanda não é mais o bairro que eu conheci, o mesmo diz-se do Bairro Popular, hoje se parece com uma aldeia abandonada a considerar as estradas rebentadas, a areia nas estradas e buracos cheios de água residuais em pleno “cacimbo”. O Martires do Kifangondo é completamente agora é maliano/senegalês e libanês, pode ate mudar de nome. O Cassenda continua a jorrar águas. A zona da Cuca é um autentico “Congo”. Seria o caso de afirmar: “Luanda já fostes linda”, verdadeiramente já fostes linda.

Mas tem pão para todos. Todos devem assumir as próprias responsabilidades. O Governo da província, que não obstantes os esforços que tem demonstrado não consegue domar a tamanha incivilidade existente em Luanda – e reconhecer neste também a falta de uma séria e rígida fiscalização nas obras que paralisam a cidade, os passeios e estradas reparadas e novamente rebentadas por cidadãos e empresas privadas e governamentais, a degradação das obras recém-acabadas -, a sociedade civil, que se deve manifestar e levar a cabo acções de mobilização constante no que tange ao tratamento dos lixos caseiros e o saneamento das ruas, e os cidadãos não associados em qualquer organização. Todos devem arregaçar as mangas e re-começar a trabalhar. Luanda não vai mudar em dois anos, e observando a nossa capital hoje, direi que vamos precisar de mais 10/dez anos para podermos ter uma cidade capital digna de ser chamada “cidade”.

Vi lixeiras na baixa de Luanda, que nunca pensei pudessem existir. É tempos que todos assumam as próprias responsabilidades, e desta certa chamo a luta todos os cidadãos nacionais e internacionais que vivem e amam Luanda. Vamos controlar e denunciar os males que afectam Luanda, vamos informar o Governo da província, assim como apresentar sugestões de possíveis modos de resolução de certos problemas.

Era uma vez Luanda… mas, vais voltar a ser.

Kingamba Mwenho