Todos os dias são bons para começar uma nova estrada. Escrevo estas linhas partindo da minha experiência de vida: nada é fácil, e infelizmente as coisas importantes na senda terrena de um homem ou mulher que seja, são sempre difíceis.
Hoje conversando por chat com um velho amigo da Kipata, bairro da cidade de N’dalatando, Província do Kwanza Norte, suas palavras acordaram em mim um velho desejo de voltar a sulcar as terras vermelhas do meu mabululu, as poeiras da minha cidade dos jardins. Não volto em Dalas city desde 1993, ano que deixei a cidade após a ocupação da mesma por parte da UNITA. Deixar aquela cidade nas condições que deixei, fizeram de um inimigo daquelas terra. Foi um trauma que dura até o dia e hoje, mas nunca perdi a esperança que tarde ou cedo o meu cérebro conseguisse eliminar os traumas da guerra.
Como dizia, em todos estes anos N’dalatando tornou-se para mim um pesadelo, um lugar cheio de fantasmas, uma terra amaldiçoada, o fim do mundo, o meu mundo infantil, o meu paraíso cheio de sonhos e com as melhores recordações da minha família. Perguntem a quem viveu aqueles anos em Dalas: o sofrimento era de casa; o medo do caça ao homem faziam de nós pessoas perdidas e sem esperança num futuro qualquer. Após a minha ida para Luanda nunca mais pensei em voltar aí, não obstante uma parte remota do meu cérebro fazia confusões temporâneas. Talvez tenha chegado o momento de voltar a visitar Dalas e quem sabe, voltar a projetar qualquer coisa na terra que me viu nascer.
Voltando à conversa desta manhã. Não vejo o Manuel desde o longínquo 1993, ano de guerra e muito sofrimento. A conversa na chat ajuda, TODAVIA, creio que tornar a reencontrar os meus antigos amigos seria ainda melhor. O que é feito do Pazito e da sua irmão Minda? O que é feito do Apaiacu? Aonde está o Álcio? Aonde se encontram muitos dos meus caros amigos da Paróquia da Kipata? Só Deus sabe.
Faço parte daquele grupo de homens que não possui amigos de infância porque a guerra os dispersou. Faço pare daquele grupo de “angolanos raivosos” que não possuem grandes referências aonde encontrar os que sobreviveram porque logo após a guerra saíram de Angola. TODAVIA, SEMPRE QUE PENSO A DALAS, TUDO CONTINUA IGUAL. Na minha mente, Dalas City continua bela como fim dos “Anos Oitenta” e princípio dos “Noventa”, anos de muita alegria e divertimento, anos de grandes investimentos, anos de projectos de grande invergadura. Ai que saudades de Ndalatando!
Coisas da vida!
MUNGWENO, vamos indo!
Roma, aos 02 de Junho de 2015
Francisco Pacavira Bernardo!
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