terça-feira, dezembro 23, 2008

ZP081223

ZENIT

O mundo visto de Roma

Serviço diario - 23 de dezembro de 2008


Anuncio: "Tu és Pedro - Bento XVI e as Chaves do Reino" - Edição especial

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dos últimos momentos de João Paulo II, o conclave, e a eleição de Bento XVI.
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SANTA SÉ
Bento XVI quer visitar Terra Santa em maio
Ano Paulino: peregrinação «interior e exterior», afirma Papa
Novidades litúrgicas para celebrações presididas pelo Papa
Cardeal Bertone: Pio XII, grande Papa «injustamente difamado»

MUNDO
Custódio da Terra Santa ajuda Papai Noel em Belém
Bispos iraquianos, esperançosos diante dos gestos de apoio aos cristãos no Natal

EM FOCO
Cantigas de Natal: origem, história e curiosidades

ENTREVISTAS
A ONU e a ameaça aos direitos humanos

ESPIRITUALIDADE
Pregador do Papa: terceira pregação do Advento



ANÚNCIOS
DVD: "Tu és Pedro - Bento XVI e as Chaves do Reino" - Edição especial
LIVRO: "João Paulo II Peregrino do Mundo"


Santa Sé

Bento XVI quer visitar Terra Santa em maio

Anuncia o patriarca latino de Jerusalém

JERUSALÉM, terça-feira, 23 de dezembro de 2008 (ZENIT.org).- Bento XVI quer visitar a Terra Santa no próximo mês de maio, revelou nesta terça-feira o novo patriarca latino de Jerusalém, Sua Beatitude Fuad Twal. 

O patriarca fez o anúncio em uma coletiva de imprensa que convocou nesta terça-feira para apresentar sua primeira mensagem de Natal. 

«É com alegria que anunciamos o desejo de Sua Santidade o Papa Bento XVI de visitar a Terra Santa como peregrino, em maio de 2009. O pontífice deseja rezar conosco e por nós e conhecer em primeira pessoa as duras condições da nossa região», escreve o patriarca. 

Em suas respostas às perguntas dos jornalistas, o patriarca explicou que ele se decidiu após o convite que apresentaram, em primeiro lugar, os bispos católicos da Terra Santa, e depois as autoridades civis envolvidas: Jordânia, Israel e Palestina. 

Os jornalistas perguntaram se a Igreja exige como condição para que aconteça a viagem do Papa a assinatura do acordo pendente entre a Santa Sé e Israel ou garantias para que as religiosas possam receber o visto. 

«Não fizemos uma troca – respondeu o patriarca. Cada visita do Papa é  uma visita pastoral, mas o Papa é também um chefe de Estado, e nós esperamos que sua visita possa fazer avançar as relações entre todos nós, e que leve a resoluções.»

A Comissão bilateral entre a Santa Sé e Israel se reunirá quatro vezes daqui até o final de março, celebrando um encontro geral no mês de abril. 

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Ano Paulino: peregrinação «interior e exterior», afirma Papa

Em seu discurso ontem à Cúria Romana

CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 23 de dezembro de 2008 (ZENIT.org).- O Papa explicou a transcendência da celebração, durante 2008, do bimilênio do nascimento do apóstolo São Paulo, como um dos três eixos, junto com o Sínodo da Palavra e as viagens a Sydney, França e Estados Unidos, deste ano que conclui.

O Papa explicou, em seu tradicional discurso e felicitação de Natal à Cúria Romana, no qual faz um balanço do ano, que 2008 foi um ano abundante em celebrações, como o cinquentenário da morte de Pio XII e da eleição de João XXIII, ou os 40 anos da Humanae Vitae, por exemplo. 

Contudo, assinalou, o Ano Paulino é mais que uma lembrança, pois «o olhar da memória se dirigiu a antes dos acontecimentos do século passado, e precisamente assim nos dirigiu para o futuro». 

«Paulo não é para nós uma figura do passado. Mediante suas cartas, ele nos fala ainda hoje. E quem entra em diálogo com ele, é impulsionado para o Cristo crucificado e ressuscitado», acrescentou. 

O Ano Paulino, explicou, «é um ano de peregrinação, não só no sentido de um caminho exterior para os lugares paulinos, mas também é uma peregrinação do coração, junto com Paulo, para Jesus Cristo». 

O Papa sublinhou a importância ecumênica deste bimilênio, e recordou que na cerimônia de inauguração, na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, estavam presentes o patriarca ecumênico Bartolomeu I de Constantinopla, assim como representantes de muitas outras igrejas e comunidades eclesiais. 

«Em definitivo, Paulo nos ensina também que a Igreja é Corpo de Cristo, que Cabeça e Corpo são inseparáveis e que não pode haver amor a Cristo sem amor à sua Igreja e à sua comunidade viva», concluiu. 

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Novidades litúrgicas para celebrações presididas pelo Papa

Dom Marini: «Não se trata de fazer coisas novas, mas de fazer as coisas de forma nova»

CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 23 de dezembro de 2008 (ZENIT.org).- Estão previstas para este ano algumas novidades, como a colocação da imagem da Virgem com o Menino, nos ritos litúrgicos de Natal presididos pelo Papa na Basílica de São Pedro. 

Estas mudanças, segundo Dom Guido Marini, Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, respondem ao objetivo, «não de fazer coisas novas, mas de fazer de forma nova» alguns elementos litúrgicos já existentes. 

Dom Marini explicou estas mudanças em uma entrevista concedida ao L'Osservatore Romano, na qual sublinhou que as celebrações litúrgicas do tempo de Natal «devem conduzir os fiéis à contemplação do mistério da Encarnação», frente ao qual «tudo deve contribuir para suscitar assombro: as palavras, os gestos, os silêncios, a música, os símbolos, o canto, o rito em seu conjunto». 

Entre as novidades destes ritos, o prelado explicou em primeiro lugar que a «bela escultura policromada que representa a Virgem no trono com o Menino que abençoa se colocará junto ao altar da confissão desde a noite do dia 24 até o dia da Epifania, e não só na Solenidade da Santíssima Mãe de Deus. 

«Quis-se sublinhar asism que o tempo de Natal é um tempo mariano – explicou. A Virgem Santa não distrai a atenção do mistério do Filho de Deus que se faz homem, mas ao contrário, ajuda a compreendê-lo em seu significado verdadeiro.»

Também se dará importância ao tempo da preparação para a celebração, para que «o alternar-se das leituras, oração e música ajude a preparar a alma de todos os presentes ao clima de recolhimento adequado», como o breve momento de silêncio previsto após a homilia do Santo Padre e após a distribuição da comunhão. 

«No canto do Glória, após a entoação do Santo Padre, tocarão os sinos com acompanhamento do órgão, mas não se fará o tradicional rito de oferenda de flores das crianças em representação dos diversos continentes. Esta oferenda se traslada ao final da celebração eucarística, quando o oontífice se aproximar do presépio para colocar a imagem do Menino Jesus», explicou. 

Com relação à benção Urbi et orbi, Dom Marini assinalou que o Papa não usará a capa pluvial. «Preferiu-se optar pela murça com a estola, ao tratar-se de uma benção solene que não comporta um rito particular.»

Este ano, também, na festa do Batismo do Senhor, o Papa celebrará no altar da Capela Sistina. 

«Celebrar-se-á. novamente no antigo altar para não alterar a beleza e harmonia desta jóia arquitetônica, preservando sua estrutura desde o ponto de vista celebrativo, e usando uma possibilidade contemplada pela normativa litúrgica.»

«Isso supõe que o Papa em alguns momentos, junto com os fiéis, se voltará para o Crucifixo, sublinhando também assim a orientação correta da celebração eucarística: a orientação ao Senhor.»

Entre outros elementos, o prelado sublinhou que os idiomas escolhidos para as leituras e para as intenções da oração dos fiéis querem refletir a participação de pessoas procedentes dos diversos países do mundo, enquanto o latim usado na celebração «expressa a unidade e a catolicidade, inclusive na diversidade das pertenças linguísticas». 

«Ao canto das Vésperas do último dia do ano seguirão, também dessa vez, a exposição do Santíssimo Sacramento com o canto do Te Deum, de ação de graças, e a conseguinte bênção eucarística, que manifestarão a centralidade da adoração na vida da Igreja.»

Na Missa de 1º de janeiro participarão, na apresentação das oferendas e na leitura das intenções da oração dos fiéis, algumas crianças e adultos procedentes do Líbano, enquanto na Solenidade da Epifania, o Papa vestirá uma casula de Paulo VI, «como já fez em alguma celebração, para sublinhar mais uma vez o necessário equilíbrio no uso litúrgico de coisas novas e antigas».

Em resumo, observou, «o nascimento de Jesus não é só um fato do passado», mas «um fato que ainda hoje se faz vivo e presente na celebração litúrgica. Precisamente por isso o Natal se caracteriza pela alegria». 

«O encontro com o mistério de Deus, quando é autêntico, não pode deixar de provocar uma mudança na existência», explicou o prelado, e sublinhou a importância de que o rito «resplandeça luminoso e, portanto, capaz de fazer todos partícipes do mistério celebrado».

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Cardeal Bertone: Pio XII, grande Papa «injustamente difamado»

No domingo passado se encerraram os atos pelo cinquentenário de sua morte

MONTEFIASCONE, terça-feira, 23 de dezembro de 2008 (ZENIT.org).- Pio XII foi um «sincero amigo da humanidade e um fiel servidor da Igreja», um «autêntico arquiteto da paz», que «hoje é injustamente difamado».Com estas palavras do cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado vaticano, terminou no domingo passado, na concatedral de Montefiascone (Viterbo, Itália), a celebração do cinquentenário da morte deste papa. 

O purpurado dedicou a homilia à figura deste papa e a seus esforços pela paz durante a 2ª Guerra Mundial, não só invocando-a, mas também trabalhando por ela «dando refúgio aos hebreus que fugiam da fúria nazista». 

De forma particular, e diante das próximas festas de Natal, o cardeal Bertone recordou outro Natal muito diferente, o de 1942, em plena revolução mundial, quando o pontífice emitiu sua famosa rádio-mensagem na qual fazia um urgente apelo pela paz. 

Nele, indicou ao mundo os cinco pontos essenciais para construir uma paz sobre fundamentos sólidos em uma sociedade nova: reconhecimento e tutela dos direitos e da dignidade da pessoa humana, centralidade da família, dignidade do trabalho e salários justos, segurança jurídica mediante um ordenamento jurídico justo e uma concepção do Estado ao serviço da pessoa. 

Mas Pio XII, recordou o cardeal Bertone, «não se limitou a proclamar a necessidade da paz, mas levou adiante uma conhecida e intensa atividade caritativa a favor das famílias afetadas pelos trágicos acontecimentos bélicos». 

Da mesma forma, «quando se desencadeou a perseguição contra os hebreus, enviou disposições precisas e urgentes às instituições católicas de Roma, para que abrissem as portas a homens, mulheres e crianças, que puderam salvar-se graças ao valor e à sensibilidade do Papa e da Igreja». 

Finalmente, o purpurado se referiu à coincidência com o 60º aniversário da Declaração dos Direitos do Homem, e reafirmou que esses direitos «inalienáveis e universais» hoje «correm risco por causa do individualismo e do relativismo cultural e ético que caracterizam nosso tempo». 

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Mundo

Custódio da Terra Santa ajuda Papai Noel em Belém

Visita e presentes para a Casa do Menino

BELÉM, terça-feira, 23 de dezembro de 2008 (ZENIT.org).- Com um pouco de antecipação, neste domingo, o custódio franciscano da Terra Santa, Pe. Pierbattista Pizzaballa, visitou Belém para levar presentes aos pequenos. 

A Casa do Menino é uma obra social da Custódia que acolhe jovens – exclusivamente homens – provenientes de famílias carentes. 

Em seu segundo ano de vida, alcançou seu limite de acolhida. Desde o começo do ano escolar há 30 jovens, dos quais 16 são internos. As idades vão dos 6 aos 18 anos. 

Nesse dia estavam todos presentes, acompanhados por algum membro de suas famílias, para celebrar a missa do último domingo do Advento. 

O custódio da Terra Santa presidiu a celebração, acompanhado pelo Frei Peter Vasko, da Fundação Franciscana para a Terra Santa, que ajuda a financiar a Casa junto à ONG franciscana italiana Associação da Terra Santa

Apoiando-se nos textos da liturgia do dia, pergunta: «De onde é o rei Davi?». Os jovens, tímidos, vacilam. O custódio insiste: «De onde é o rei Davi?»... e começam a elevar-se as vozes, em uma graciosa desordem: «De Belém!». 

«E o que fez o rei Davi?», perguntou o custódio. «Construiu sua casa.»

«E depois?», insistiu o franciscano. «Uma Igreja!» O custódio sorri, e também a assembléia. «Construiu uma casa para Deus, um templo. E Deus, estava de acordo?» «Siiiiiimmm.» E o sacerdote perguntou: «Têm certeza?». 

Silêncio... um dos mais espertos começa a pensar que talvez teria sido melhor responder «não». 

Os jovens escutam o custódio o mais atentamente que podem, e ele lhes explica que quando o Senhor quis, escolheu para Ele uma casa, fazendo Jesus nascer graças ao «sim» de Maria, e que também nós dizemos «sim» ao Senhor; então, graças a nós, Jesus continuará nascendo no mundo.

A missa continua, animada pelos cantos dos próprios jovens, um pequeno coro no qual as vozes não estão todas perfeitamente entoadas, mas que contudo participam unânimes da alegria. 

Ao final da missa, todos se reúnem compartilhando a amizade, à espera de «Santa Claus», o Papai Noel. Ele finalmente chega, trazendo muitos presentes. O padre custódio e Frei Peter lhe ajudam em seu trabalho, e as crianças estão confusas e ao mesmo tempo contentes e alvoroçadas. 

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Bispos iraquianos, esperançosos diante dos gestos de apoio aos cristãos no Natal

Acreditam que se dêem «passos concretos» para acabar com a discriminação

BAGDÁ, terça-feira, 23 de dezembro de 2008 (ZENIT.org).- Os bispos iraquianos agradecem os gestos de apoio aos cristãos recebidos nos últimos dias das autoridades e líderes religiosos por ocasião da próxima celebração do Natal, e confiam em que estes signifiquem um maior empenho em acabar com a discriminação que os cristãos sofrem no país. 

Em declarações à agência italiana AsiaNews, os prelados mostraram sua confiança em que estes gestos sejam «pequenos sinais de esperança» em que a situação da comunidade cristã mudará. 

Em 20 de dezembro passado, o Ministério do Interior iraquiano organizou em Bagdá uma festa pública em apoio aos cristãos, na qual se colocou uma árvre de Natal, um Papai Noel, imagens de Jesus e de Maria e a bandeira do Iraque. Dela participaram muitas crianças. 

A festa tinha como objetivo premiar as pessoas que se distinguiram no diálogo inter-religioso, assim como animar os cristãos que migraram do país a voltarem a ele. 

Os bispos agradeceram este «gesto de amizade com os cristãos», assim como a «condenação simbólica da violência» sofrida nos últimos anos; mas alguns manifestaram seu temor de que se trate só de uma fachada para ocultar a inação na hora de tutelar os direitos da minoria cristã. 

Para Dom Shleiman Warduni, continua havendo «muitas questões sem resolver», como o cancelamento do artigo 50 da lei eleitoral, que limita a representação política dos cristãos, assim como a discriminação no âmbito trabalhista. 

Outro caso difícil é o dos cristãos de Mosul, que deverão celebrar os atos religiosos de dia por medo dos ataques fundamentalistas, apesar de que está prevista uma maior presença policial para protegê-los. 

Contudo, os bispos se mostram esperançosos diante destes e de outros gestos de abertura. Dom Rabban Al Qas, bispo de Ammadiya ed Erbil (região próxima do Curdistão), explicou que a televisão local anunciou a emissão ao vivo da Missa de Natal. 

Por sua parte, Dom Louis Sako, arcebispo de Kirkuk, afirma a AsiaNews ter recebido visitas de delegações «árabes, tucomanas e curdas para felicitar a comunidade cristã pelo Natal». «Ainda entre tantas perseguições, podemos sentir um clima de maior solidariedade», acrescentou.

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Em foco

Cantigas de Natal: origem, história e curiosidades

É necessário diferenciá-las das demais músicas de Natal

Por Carmen Elena Villa

ROMA, terça-feira, 23 de dezembro de 2008 (ZENIT.org).- Durante séculos, as cantigas de natal ambientaram o espírito do Natal. As tradicionais melodias com múltiplas adaptações, de acordo com cada país, recordam ano após ano o nascimento de Jesus. 

Segundo explicou à Zenit José Sole, integrante do coro Capela Musical Liberiana, da basílica Santa Maria a Maior, em Roma, entre os cristãos, antigamente eram mais populares os cantos que faziam alusão à Páscoa. 

A tradição popular levou depois a que o gênero musical natalino, não só no âmbito litúrgico, alcançasse uma enorme produção e criatividade. 

Em castelhano, a palavra villancicos deriva do termo «cantigas da vila». Em inglês, ao contrário, são denominados «carols», que vem do francês caroler, que significa bailar fazendo roda.  

Na Espanha, especialmente nema Castilha, os villancicos surgiram no século XV. Recebiam este nome cantos compostos por estribilhos cujo conteúdo não necessariamente era de caráter religioso. Três séculos mais tarde, começou a usar-se este gênero para que o povo pudesse meditar sobre alguns episódios da vida de Jesus. 

«Primeiro, as cantigas de Natal tinham um rítimo musical muito simples. Depois começou a introduzir-se diversas melodias e começaram a unir mais instrumentos», disse José Sole em diálogo com Zenit. 

Cantigas de Natal tradicionais 

A cantiga de natal mais antiga que a história da música registra é «Iesus Refulsit Omnium», (Jesus, luz de todas as nações); ela data do século IV e a letra é atribuída a Santo Hilário de Poitiers.

O mais conhecido, no entanto, é «Noite Feliz». Seu título original é «Stille nacht, heilige yach» e foi escrito, poderia dizer-se «acidentalmente», pelo sacerdote austríaco Joseph Mohr, que ao ver que se havia estragado o órgão de sua paróquia, a capela de São Nicolau, localizada na pequena cidade de Oberndorf, decidiu escrever um canto que pudesse ser interpretado com violão na missa do galo. Foi assim como no natal de 1818 se cantou pela primeira vez «Noite Feliz», atualmente traduzido a 330 idiomas. 

Outro dos cantos mais conhecidos nos países de fala inglesa é «Joy to the World», escrito por Isaac Wats, inspirado no salmo 98 («Cantai ao Senhor um cântico novo, porque Ele fez maravilhas») e cuja música é atribuída a Federico Hendel, devido a que as partituras coincidem em várias partes do canto com sua célebre obra «O Messias». 

Por sua parte, na Itália, a cantiga mais conhecida é «Tu scendi delle stelle» (Tu desces das estrelas), escrito por Santo Alfonso Maria de Ligório. Na França está «Il est ne le divin enfat», «Nasceu o divino menino, traduzido ao inglês em várias versões. 

Segundo José Sole, na Espanha os mais conhecidos são «Sinos de Belém», enquanto qe na região meridional está «Os Peixes no Rio». 

Na América Latina, cada país tem suas próprias cantigas e diversas maneiras de interpretar as cantigas de natal universais. Na Argentina, está «Vamos Pastorcitos» e o «Huachito Torito»; na Venezuela, «Mi burrito sabanero»; no Peru «Llegaran ya», um canto aos reis magos; no Panamá «Dime niño de quién eres». Na Colômbia, por sua vez, está «Tutaina tuturumania»; e em Honduras, «Caminando por Tegucigalpa». São típicas do Equador as tradicionais pousadas, um canto que conta como Maria e José buscam um lugar onde o Menino Jesus pudesse nascer. 

As cantigas de natal originárias de cada país não necessariamente foram escritas neles; muitas são adaptações de cantos espanhóis, como o caso de «Antón tiruriru», muito conhecido na Colômbia, que é na realidade a adaptação da cantiga catalã «La pastora Caterina». 

Segundo José Solé, há algumas cantigas que têm disputas de suas origens. Por exemplo, o «Noel 10 dacquine», se diz que é francês, enquanto que os catalães o atribuem a eles mesmos, com o nome «El Desembre Congelat». 

Popularmente se conhecem mais os cantos que fazem alusão ao Natal que aqueles que se referem ao Advento; àss vezes por isso durante este tempo se cantam canções que falam do nascimento e não da espera do menino Jesus, como liturgicamente deveria ser. 

Segundo Sole, isso se dá devido a que os cantos de Advento são pouco conhecidos. No quarto domingo do Advento, explica, costuma-se cantar o «Magnificat», dentro das diversas interpretações musicais do hino. 

Ainda que o sentido das cantigas de natal é o de «elevar o espírito do Natal», como o afirma José Solé, muitas delas falam de elementos culturais desta época do ano e deixam de lado o nascimento de Jesus: «Uma coisa seria uma cantiga de natal e outra é a música de Natal. Quando se fala de Natal, é o natal de Jesus, não de outra coisa. Evidentemente, todas estas coisas são só o acompanhamento, e fizeram que muitas vezes se perca o sentido, inclusive do próprio Papai Noel ou da árvore, que têm uma razão de ser». 

«A verdadeira música de Natal, ao contrário, nos aproxima mais de Deus e faz que tenhamos um coração mais elevado», conclui José. 

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Entrevistas

A ONU e a ameaça aos direitos humanos

Entrevista com mons. Michel Schooyans

Por Alexandre Ribeiro

SÃO PAULO, quinta-feira, 25 de dezembro de 2008 (ZENIT.org). - Quando se celebram os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a maior ameaça ao documento e aos princípios ali proclamados vem da própria entidade que deu vida ao texto: a ONU.

Neste mês de aniversário da Declaração de 1948, Zenit entrevistou mons. Michel Schooyans, renomado especialista em filosofia política e demografia.

Mons. Schooyans é membro da Pontifícia Academia para a Vida, da Pontifícia Academia das Ciências Sociais e professor emérito da Universidade de Lovaina (Bélgica).

–Fale-nos, por favor, do surgimento da Declaração de 1948.

–Mons. Michel Schooyans: A ONU foi criada em 1945 com a carta de São Francisco e, de certa forma, consolidada em 1948 com a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Foi consolidada na base de uma missão essencial que é a promoção dos direitos de todo ser humano. Todo ser humano tem direito à vida, afirma o artigo terceiro da Declaração. O texto convida todos os homens, países, governantes a reconhecer a dignidade de cada ser humano, qualquer que seja a sua força, a cor da sua pele, a sua religião, idade. Todos merecemos ser reconhecidos simplesmente pelo fato de sermos homens. É sobre esta base, diz a Declaração, que vamos poder construir novas relações internacionais, uma sociedade de paz e de fraternidade.
Se houve a Guerra Mundial que terminou em 1945, é porque houve um desconhecimento da realidade desses seres humanos que, todos, têm direitos inalienáveis e imperecíveis. A Declaração situa-se na continuidade de todas as grandes declarações que marcaram a história política e jurídica das nações ocidentais. Por exemplo, a Declaração da Independência dos Estados Unidos, de 1776, a Constituição dos Estados Unidos de 1787, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, da França, em 1789, são as declarações clássicas. A Declaração de 1948 se situa na tradição mais fiel àquelas Declarações que demonstraram a sua eficácia no campo do reconhecimento e da promoção dos direitos humanos. Esses direitos são reconhecidos em decorrência de uma atitude moral e antropológica. Eu reconheço a realidade do meu semelhante. Eu me inclino na sua presença. Reconheço a sua dignidade. Ainda que ele seja doente, esteja no início ou no final da sua vida, ele tem uma dignidade igual à  minha.

–Que tipo de documento é a Declaração de 1948?

–Mons. Michel Schooyans: A Declaração não é um documento de Direito no sentido técnico da palavra. O documento enuncia os direitos básicos. Mas para que esses direitos básicos sejam colocados em prática, eles necessitam de uma tradução em textos legais. Precisam ser codificados. Devem ser prolongados em instrumentos jurídicos apropriados, no que se chama o direito positivo. Isso significa que os direitos proclamados em 1948 devem se exprimir em leis que serão aplicadas pelos governos das nações e controladas pelo poder judicial. São, portanto, duas coisas: primeiro, o reconhecimento da realidade de seres humanos que têm a mesma dignidade e os mesmo direitos básicos, e, por outro lado, instrumentos jurídicos que dão uma forma concreta, exigível, àqueles direitosreconhecidos como fundamentais.

Quando se trata da Declaração de 1948, convém perceber que os mesmos direitos fundamentais podem dar lugar a codificações diferentes de acordo com as diversas tradições jurídicas dos países. As nações podem traduzir diferentemente o mesmo respeito que elas têm aos direitos fundamentais dos homens.

O que acabamos de evocar é o que se chama a tradição realista. Essa tradição se inclina frente à realidade de seres concretos: você, eu e a universalidade dos seres humanos. Essa mesma tradição comanda todo o edifício das nações democráticas, não só o edifício jurídico, mas o edifício político, que também se baseia no reconhecimento da igualdignidade. Agora, hoje em dia, a Declaração de 1948, que se inspira nítida e explicitamente na tradição realista, e que foi redigida com a colaboração de um dos brasileiros mais ilustres da história, Alceu Amoroso de Lima, está sendo contestada.

–Que tipo de contestação?

–Mons. Michel Schooyans: Uma contestação que vem da influência da teoria positivista do Direito, elaborada sobretudo por um autor chamado Kelsen (1881-1973). Sob a influência de Kelsen, propagou-se uma nova concepção do direito e, portanto, dos direitos humanos. Tudo o que a gente explicou a respeito dos direitos inatos do homem que, por ser homem, tem naturalmente direitos, é contestado. Tudo isso é negado, é colocado entre parênteses, é desprezado e esquecido. Só subsistem as normas jurídicas; só subsiste o direito positivo, barrando toda referência aos direitos que os homens têm naturalmente. Nesse contexto, as determinações jurídicas são a única coisa que merecem estudo e respeito. Agora esses ordenamentos jurídicos, essas disposições lavradas nos Códigos, podem mudar ao sabor de quem tem força para defini-las. São puro produto da vontade de quem tem poder, de quem consegue impor a sua visão do que seja tal ou tal direito humano. De modo que, como salta aos olhos, a visão puramente positivista dos direitos humanos depende finalmente do arbítrio de quem tem a possibilidade de impor a sua concepção própria dos  direitos humanos, já que não há mais nenhuma referência à verdade, concernente à realidade do homem.

–Quais as consequências?

–Mons. Michel Schooyans: São trágicas. O positivismo jurídico abriu e abre o caminho para todas as formas de ditadura. Como o próprio Kelsen dizia, na União Soviética de Stalin havia estado de direito, já que havia leis. Era um ditador, mas ele fazia a lei.  Mas que lei? A lei que era a expressão da  vontade dele, da brutalidade dele. Não tinha referência a direitos que seriam naturais, que seriam objeto de uma verdade à qual a gente adere e que se impõe pelo seu fulgor. A lei no tempo de Stalin era reflexo da vontade do mais forte. Hoje em dia, a lei que permite o aborto, que permite a eutanásia, não é outra coisa. É uma lei que permite que vença a força do mais forte, que diz: já que tal é a minha vontade, nós vamos decidir quem pode ser admitido à existência e quem não pode.

Essa mentalidade entrou em várias agências da ONU. E a ONU hoje em dia está se comportando como uma superpotência global, transnacional, na linha exata de Kelsen. Ele mesmo diz que as leis nacionais, as que conhecemos nos nossos Códigos nacionais, devem ser submetidas à aprovação, validação, de um centro  de poder piramidal. A validez das leis nacionais depende da validade outorgada, concedida pelo poder supranacional aos códigos nacionais, particulares. Isso significa que as nações ficam totalmente alienadas da sua soberania e os seres humanos de sua autonomia. A gente observa isso todos os dias, nas discussões parlamentares. Muitos parlamentos são simplesmente teatros de marionetes que executam determinações vindo de fora, cumprem a vontade de quem impõe suas decisões, eventualmente comprando os votos, através da corrupção.

Isso tudo se passa sob o simulacro da globalização, que merece muito a nossa vigilância. É que, na mentalidade de quem adere a essa concepção puramente positivista do direito, a lei não está a serviço dos homens e da comunidade humana; está apenas a serviço deste ou daquele centro de poder. Este pode ser uma nação como os Estados Unidos, mas pode ser sobretudo a trama das vontades que se aglomeram nas Nações Unidas, apoiadas por numerosas ONGs, e também por algumas sociedades secretas, como a maçonaria. Isso mostra que hoje em dia o direito internacional tende a prevalecer sobre os direitos nacionais, a esmagá-los, pois estão sendo aos poucos desativados. É uma coisa terrível! Estamos assistindo à emergência de um direito internacional tirânico porque puramente positivista, ignorando os direitos humanos inalienáveis proclamados em1948. E a gente não percebe...

–Um novo tipo de totalitarismo?

–Mons. Michel Schooyans: Sim, porque daqui em diante a soberania das nações é pura fachada. Kelsen explica muito bem isso: o direito internacional, que dita sua lei às nações, deve ser ele mesmo validado, aprovado, pelo topo da pirâmide, pela instância suprema. Vejamos um exemplo: no momento em que estamos falando, há uma discussão na sede das Nações Unidas sobre a introdução ou não do aborto como “novo direito humano”. Seria uma nova versão da Declaração de 1948. Uma modificação calamitosa porque introduziria sub-repticiamente um princípio puramente positivo numa declaração que é antropológica e moral. Ali se colocaria também o direito à eutanásia. Restaria às nações particulares ratificar estes “novos direitos humanos” emanando da instância suprema. Isso significa que, como a referência aos direitos naturais dos homens já teria sido desativada, essa nova Declaração se tornaria um documento de direito puramente positivo, que deveria ser aplicado por todas as nações que aderissem ao novo texto da Declaração ou a algum outro documento similar.

É uma coisa pavorosa o que está quase acontecendo. E vai mais longe. A Corte Penal Internacional, que foi instituída há alguns anos, vai ter como área de competência julgar as nações ou as entidades que se recusarem a reconhecer esses “novos direitos” inventados ou a serem inventados. A Igreja Católica é um dos alvos possíveis dessa Corte Internacional. Já houve quem dissesse há anos que o Papa João Paulo II poderia ter sido intimado a comparecer no Tribunal Internacional por se opor a um “novo direito”, o “direito” da mulher ao aborto. Ameaça semelhante paira sobre Bento XVI. E no domínio da educação é a mesma coisa com a ideologia do gênero. Em virtude de um “novo direito humano”, as pessoas escolheriam o seu gênero, poderiam mudar de gênero. Então o gênero deve ser ensinado nas escolas. É doutrinação ideológica em grande escala, a ponto de quem não subscrever a essa ideologia ser passível de punição por uma corte internacional.

–Discute-se então uma alteração do texto da Declaração?

–Mons. Michel Schooyans: A Declaração de 1948 enuncia princípios fundamentais. São verdades primeiras, fundadoras. Nós reconhecemos esse fato, que o ser humano tem naturalmente direito à vida, à liberdade, à propriedade, a se casar, a se associar, a se exprimir livremente e que tudo isso não decorre da vontade arbitrária dos homens. Mesmo antes de entrar numa sociedade política, organizada, o homem já tem direitos humanos fundamentais. E os direitos precedem a lei. Mas o homem precisa que a sociedade se organize para que esses direitos sejam aplicados, respeitados e que, eventualmente, as infrações sejam reprimidas. Tudo isso está sendo questionado atualmente. Circulam abaixo-assinados. Há um abaixo-assinado a favor do aborto e outro contra. Mas os que mais alto gritam são os partidários da introdução de uma modificação da Declaraçãode 1948 que alteraria a natureza da Declaração, bem como da própria ONU.

–Isso é fruto unicamente da manipulação do poder ou também de um ‘obscurecimento das consciências’, utilizando uma expressão de Bento XVI?

–Mons. Michel Schooyans: Bento XVI tem motivos dos mais sólidos para insistir no papel e na nobreza da razão. Tudo o que acabamos de discutir são problemas de antropologia e de moral natural. Note-se que a defesa do ser humano não é um privilégio da Igreja; faz parte do patrimônio das grandes tradições morais da humanidade. A necessidade de defender o homem, de reconhecer a dignidade do homem é uma coisa à qual a gente tem acesso através do uso correto da razão. Infelizmente estamos assistindo a uma espécie de perversão da própria razão. A razão é utilizada para ser levada a certas armadilhas dela mesma. O homem é capaz de ser manipulado; é capaz de ser dominado. Em português há uma expressão muito bonita, ao que parece usada no candomblé, para dizer isso: a gente pode ‘fazer a cabeça’ de alguém. É exatamente isso. A razão de um indivíduo ou de um povo pode ser desconectada. E você pode encher a cabeça de alguém com idéias completamente malucas. É o caso do aborto e da eutanásia.

Na Bélgica, o aborto foi criminalizado pela lei em 1867. Quem mandou aprovar essa lei não eram os católicos, mas sim os liberais, que, naquela época, eram mais de tendência maçônica, como até hoje, aliás. Foram eles que fizeram essa lei. Os católicos aprovaram, mas a iniciativa veio dos liberais, então maioritários. Quer dizer que a razão funcionava. A razão deles tinha descoberto que era evidente que o ser humano devia ser protegido antes do nascimento. É uma questão de razão. Os tempos mudaram. Pode-se alterar a capacidade de raciocínio. Hoje assistimos a várias manobras que vão nesse sentido. Há os casos de aborto, de eutanásia, do gênero. Há o problema da homossexualidade: há 30 anos, quem teria pensado em promover um “novo direito” à homossexualidade? A razão humana é capaz de genialidade, mas é também uma faculdade delicada, vulnerável, frágil, uma faculdade que pode ser desmobilizada, hibernada. A pior forma de escravidão é a escravidão mental, a escravidão da razão, que comporta um brinde: o naufrágio da fé, porque não há ato de fé que não seja razoável. Então se você entra naquela confusão mental de dizer que o aborto é um direito, a eutanásia é um direito, você entra num processo que acaba corrompendo não só a sua razão, mas também a sua fé.

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Espiritualidade

Pregador do Papa: terceira pregação do Advento

A Bento XVI e à Cúria Romana

CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 23 de dezembro de 2008 (ZENIT.org).- Publicamos a terceira pregação do Advento à Cúria Romana que, na presença de Bento XVI, pronunciou o Pe. Raniero Cantalamessa, OFM Cap., pregador da Casa Pontifícia, na capela «Redemptoris Mater» do palácio apostólico do Vaticano.

* * *

Terceira pregação do Advento

«Quando veio a plenitude dos tempos,

Deus enviou seu Filho, que nasceu de uma mulher»

1.Paulo e o dogma da encarnação

Leiamos, em primeiro lugar, também desta vez, a passagem paulina sobre a qual vamos meditar:

«Mas quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, que nasceu de uma mulher e nasceu submetido a uma lei, a fim de remir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a sua adoção. A prova de que sois filhos é que Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai! Portanto já não és escravo, mas filho. E, se és filho, então também herdeiro por Deus» (Gál 4, 4-7).

Escutamos esta passagem com freqüência no tempo natalino, começando pelas Primeiras Vésperas da solenidade de Natal. Digamos antes de tudo algo sobre as implicações teológicas deste texto. É a passagem que mais se aproxima, no copus paulino, da idéia de pré-existência e de encarnação. A idéia de «envio» («Deus enviou, exapesteilen, seu Filho») está em paralelo com o envio do Espírito do qual se fala em dois versículos e recorda o que se diz no Antigo Testamento do envio da Sabedoria e do Santo Espírito sobre o mundo por parte de Deus (Sab 9, 10.17). Estas aproximações indicam que não se trata de um envio «da terra», como no caso dos profetas, mas «do céu».

A idéia da pré-existência do Cristo está implícita nos textos paulinos nos quais se fala de uma função de Cristo na criação do mundo (1 Cor 8, 6; Col 1, 15-16) e quando Paulo diz que a rocha que seguia o povo no deserto era Cristo (1 Cor 10, 4). A idéia da encarnação, por sua vez, é subjacente no hino cristológico dos Filipenses 2: «Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo».

Apesar disso, deve-se admitir que pré-existência e encarnação em Paulo são verdades em gestação, que ainda não chegaram à sua formulação plena. O motivo é que o centro de interesse e o ponto de partida de tudo é para ele o mistério pascal, ou seja, o realizado, mais que a pessoa do Salvador. O contrário de João, para quem o ponto de partida e o epicentro da atenção é precisamente a pré-existência e a encarnação.

Trata-se de duas «vias» ou percursos diferentes, no descobrimento de quem é Jesus Cristo: um, o de Paulo, parte da humanidade para chegar à divindade, da carne para chegar ao Espírito, da história de Cristo para chegar à pré-existência de Cristo; o outro, o de João, que segue o caminho inverso: parte da divindade do Verbo para chegar à sua existência no tempo; uma põe como dobradiça entre as duas fases a ressurreição de Cristo, e a outra vê a passagem de um estado ao outro na encarnação.

Na época seguinte, ambas as vias tendem a consolidar-se, dando lugar a dois modelos ou arquétipos e finalmente a duas escolas cristológicas: a escola de Antioquia, que se refere preferentemente a Paulo, e a escola de Alexandria, que se refere mais a João. Nenhum dos seguidores de uma ou outra via tem consciência de eleger entre Paulo e João; ambos estão seguros de tê-los de sua parte. Isso é certo, mas é um fato que as duas influências persistem visíveis e distinguíveis como dois rios que, ainda confluindo juntos, continuam diferenciando-se pela cor de suas respectivas águas.

Esta diferenciação se reflete, por exemplo, na forma diferente com a qual se interpreta , nas duas escolas, a kenosis de Cristo de Filipenses 2. Até o século II-III se delineiam, neste texto, duas leituras diferentes que se voltam a encontrar também na exegese moderna. Segundo a escola de Alexandria, o sujeito inicial do hino é o Filho de Deus pré-existente na forma de Deus. A kenosis por isso, neste caso, consistiria na encarnação, no tornar-se homem. Segundo a interpretação dominante na escola de Antioquia, o sujeito único do hino desde o princípio até o final é o Cristo histórico, Jesus de Nazaré. Neste caso, a kenosis consistiria no aniquilamento inerente a seu fazer-se servo, em submeter-se à paixão e à morte.

A diferença entre ambas as escolas não é tanto que alguns sigam Paulo e outros João, mas que alguns interpretam João à luz de Paulo e outros interpretam Paulo à luz de João. A diferença está no esquema, ou na perspectiva de fundo, que se adota para ilustrar o mistério de Cristo. Na confrontação entre ambas as escolas, podemos dizer que se formaram as linhas mestras do dogma e da teologia da Igreja, que permanecem ativas até hoje.

2.Nasceu de uma mulher

O relativo silêncio sobre a encarnação comporta, em Paulo, um silêncio quase total sobre Maria, a Mãe do Verbo encarnado. O inciso «nascido de uma mulher» (factum sub muliere) de nosso texto é a alusão mais explícita que se tem a Maria no corpus paulino. Esta é equivalente a outra expressão: «nascido da linhagem de Davi segundo a carne», «factum ex semine David secundum carnem» (Rom 1, 3).

Este foi um dos pontos-chave na luta contra o docetismo gnóstico, do século II em diante. Diz, de fato, que Jesus não é uma aparição celeste; graças ao seu nascimento de uma mulher, ele está inserido plenamente na humanidade e na história, «em tudo semelhante aos homens» (Fl 2, 7). «Por que dizemos que Cristo é homem? – escreve Tertuliano – Porque nasceu de Maria, que é uma criatura humana». Pensando bem, «nasceu de uma mulher» é mais adequado para expressar a verdadeira humanidade de Cristo, que não o titula «filho do homem». Em sentido literal, Jesus não é filho do homem, não teve por pai um homem, mas sim é realmente «filho da mulher».

O texto paulino estará também no centro do debate sobre o título de Mãe de Deus (theotokos) nas disputas cristológicas posteriores, o que explica por que a liturgia nos faz escutar na segunda leitura da missa da Solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus, em 1º de janeiro.

É preciso ressaltar um dado. Se Paulo tivesse dito: «nasceu de Maria», teria se tratado só de um detalhe biográfico; tendo dito «nasceu de uma mulher», deu à sua afirmação um caráter universal e imenso. É a própria mulher, toda mulher, que foi elevada em Maria a tão incrível altura. Maria é aqui a mulher por antonomásia.

3. «Em que me afeta que Cristo tenha nascido de Maria?»

Estamos meditando no texto paulino diante do iminente Natal e no espírito da lectio divina. Por isso, não podemos deter-nos muito no dado exegético, mas após ter contemplado a verdade teológica contida no texto, devemos extrair dele ensinamentos para nossa vida espiritual, iluminando o «para mim» da palavra de Deus.

Uma frase de Orígenes, retomada por Santo Agostinho, São Bernardo, Lutero e outros, diz: «Que me aproveita que Cristo tenha nascido uma vez de Maria em Belém, se não nasce também por fé na minha alma?». A maternidade divina de Maria se realiza em dois âmbitos: físico e espiritual. Maria é a Mãe de Deus não só porque o teve fisicamente no ventre, mas também porque o concebeu antes no coração, com a fé. Não podemos, naturalmente, imitar Maria no primeiro sentido, gerando Cristo de novo, mas podemos imitá-la no segundo sentido, que é o da fé. O próprio Jesus começou esta aplicação à Igreja do título de «Mãe de Cristo», quando declarou: «Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a cumprem» (Lc 8, 21; cf. Mc 3, 31 s; Mt 12, 49).

Na tradição, esta verdade conheceu dois níveis de aplicação complementares, um de tipo pastoral e o outro de tipo espiritual. Em um caso, vê-se realizada esta maternidade da Igreja em seu conjunto enquanto «sacramento universal de salvação»; no outro, realiza-se em cada pessoa ou alma que crê.

Um escritor da Idade Média, o Beato Isaac do mosteiro de Stella, fez uma espécie de síntese de todos estes motivos. Em uma homilia famosa que lemos na Liturgia das Horas do sábado passado, ele escreve: «Maria e a Igreja são uma mãe e várias mães; uma virgem e muitas virgens. Ambas são mães e ambas virgens... Por tudo isso, nas Escrituras divinamente inspiradas, entende-se como dito em singular da virgem mãe Maria o que em termos universais se diz da virgem Mãe Igreja, e se entende como dito da virgem mãe Igreja em geral o que em especial se diz da virgem mãe Maria... também se considera com razão cada alma fiel como esposa do Verbo de Deus, mãe de Cristo, filha e irmã, virgem e mãe fecunda» (Discurso 51).

O Concílio Vaticano II se põe na primeira perspectiva quando escreve: «A Igreja... se converte também em mãe, já que com a pregação e o batismo gera em uma vida nova e imortal para seus filhos, concebidos por obra do Espírito Santo e nascidos de Deus» (Lumen gentium 64).

Concentramo-nos na aplicação pessoal a cada alma: «Toda alma que crê – escreve Santo Ambrósio – concebe e gera o Verbo de Deus... Se segundo a carne uma só é a Mãe de Cristo, segundo a fé, todas as almas geram Cristo quando acolhem a Palavra de Deus» (Exposição do Evangelho segundo São Lucas, II, 26). Faz-lhe eco outro padre do Oriente: «Cristo nasce sempre misticamente na alma, tomando carne daqueles que se salvam e fazendo da alma que o gera uma mãe virgem» (Máximo Confessor, Comentário ao Pai Nosso).

Como converte-se concretamente em mãe de Jesus nos indica ele mesmo no Evangelho: escutando a Palavra e pondo-a em prática (cf. Lc 8, 21; Mc 3, 31s.; Mt 12, 49). Reconsideremos, para compreender, como Maria se converteu em mãe: «A virgem conceberá e dará à luz um filho», lê-se em Isaías, e «Conceberás e darás à luz um Filho», diz o anjo a Maria.

Há duas maternidades incompletas ou dois tipos de interrupção da maternidade. Uma é antiga e conhecida, o aborto. Este acontece quando se concebe uma vida, mas não se dá à luz porque, por causas naturais ou pelo pecado do homem, o feto está morto. Até há pouco tempo, este aborto era o único caso que se conhecia de maternidade incompleta. Hoje se conhece outro que consiste, ao contrário, em parir um filho sem tê-lo concebido. Acontece no caso dos filhos concebidos em proveta e inseridos, em um segundo momento, no seio de uma mulher, e no caso do útero emprestado para hospedar, inclusive pagando, vidas humanas concebidas em outro lugar. Neste caso, o que a mulher dá à luz não vem dela, não é concebido «antes no coração que no corpo».

Infelizmente, também no campo espiritual existem estas duas tristes possibilidades de maternidade incompleta. Concebe Jesus sem dá-lo à luz quem acolhe a Palavra sem colocá-la em prática, quem continua fazendo um aborto espiritual atrás do outro, formulando propósitos de conversão que são sistematicamente esquecidos e abandonados na metade do caminho; quem se comporta diante da Palavra como o observador apressado que olha seu rosto no espelho e depois se esquece imediatamente de como era (cf. Tg 1, 23-24). Em suma, quem tem fé, mas não tem obras.

Dá à luz Cristo, ao contrário, sem tê-lo concebido quem faz tantas obras, inclusive boas, mas que não vêm do coração, do amor a Deus e da reta intenção, mas do costume, da hipocrisia, da busca de sua própria glória e de seu próprio interesse, ou simplesmente da satisfação que dá o fazer. Em suma, quem tem obras, mas não tem fé.

São Francisco de Assis tem uma frase que resume, em positivo, em que consiste a verdadeira maternidade de Cristo: «Somos mães de Cristo – diz – quando o levamos no coração e no corpo por meio do amor divino e da pura e sincera consciência; nós o geramos através das obras santas, que devem resplandecer diante dos demais como exemplo... Oh! que santo e querido, agradável, humilde, pacífico, doce, amável e desejável sobre toda outra coisa, ter um irmão e um filho semelhante, nosso Senhor Jesus Cristo» (Carta aos fiéis, 1). Nós – quer dizer o santo – concebemos Cristo quando o amamos com sincero coração e com consciência reta, e o damos à luz quando realizamos obras santas que o manifestam ao mundo. 

4.As duas festas do Menino Jesus

São Boaventura, discípulo e filho do Pobrezinho, recolheu e desenvolveu este pensamento em um opúsculo titulado «As cinco festas do Menino Jesus». Na introdução do livro, relata como um dia, enquanto estava de retiro no monte Verna, veio-lhe à mente o que dizem os Santo Padres, ou seja, que a alma devota de Deus, por graça do Espírito Santo e pelo poder do Altíssimo, pode conceber espiritualmente o Verbo bendito e o Filho Unigênito do Pai, dá-lo à luz, colocar-lhe nome, procurá-lo e adorá-lo com os Magos e finalmente apresentá-lo felizmente a Deus Pai em seu templo. 

Destes cinco momentos ou festas do Menino Jesus, que a alma deve reviver, interessam-nos sobretudo as duas primeiras: a concepção e o nascimento. Para São Boaventura, a alma concebe Jesus quando, descontente com a vida que leva, estimulada por inspirações santas e inflamada de ardor santo, cansada de seus velhos costumes e defeitos, é como fecundada espiritualmente pela graça do Espírito Santo e concebe o propósito de uma vida nova. Aconteceu a concepção de Cristo!

Uma vez concebido, o bendito Filho de Deus nasce no coração, sempre que, após ter feito um discernimento saudável, pedido oportuno conselho, invocado a ajuda de Deus, a alma põe imediatamente por obra seu santo propósito, começando a realizar o que há tempos estava amadurecendo, mas que havia deixado para mais adiante por medo de não ser capaz disso. 

Mas é necessário insistir em uma coisa: este propósito de vida deve ser traduzido, sem dúvida, em algo concreto, em uma mudança, possivelmente também externa e visível, de nossa vida e costumes. Se o propósito não se põe em prática, Jesus foi concebido mas não dado à luz. É um dos muitos abortos espirituais. Não se celebrará nunca a «segunda festa» do Menino Jesus, que é o Natal. É um dos muitos casos que são uma das razões pelas quais tão poucos chegam a ser santos. 

Se você decide mudar de estilo de vida e começar a fazer parte dessa categoria de pobres e humildes, que como Maria buscam encontrar graça diante de Deus, sem importar-lhe agradar outros homens, então, diz São Boaventura, você deve ter coragem, porque precisará disso. Deverá enfrentar dois tipos de tentação. Antes de tudo, os homens carnais do seu ambiente se apresentarão e lhe dirão: «É muito duro o que você pretende, não conseguirá, faltar-lhe-ão a força, você perderá a saúde; estas coisas não se adequam ao seu estado, você compromete seu bom nome e a dignidade do seu cargo»...

Superado este obstáculo, apresentar-se-ão outros com fama de ser, ou inclusive que são de fato, pessoas pias e religiosas, mas que não crêem verdadeiramente no poder de Deus e do seu Espírito. Estas lhe dirão que, se você começar a viver dessa forma – dando tanto termpo à oração, evitando participar de atividades e falas inúteis, fazendo obras de caridade –, será considerado logo um santo, um homem devoto e espiritual, e dado que você sabe perfeitamente que não o é, acabará enganando as pessoas e sendo um hipócrita, atraindo sobre você a reprovação de Deus, que escruta os corações. 

A todas estas tentações, é necessário responder com fé: «Não é a mão do Senhor que é incapaz de salvar» (Is 59, 1) e, quase bravos conosco mesmos, exclamar, como Agostinho na véspera de sua conversão: «Se estes e estas podem, por que eu não? Si isti et istae, cur non ego?» (Confissões). 

5. Maria disse «sim»

O exemplo da Mãe de Deus nos sugere o que fazer em concreto para imprimir à nossa vida espiritual neste novo impulso, para conceber e dar à luz Jesus verdadeiramente em nós neste Natal. Maria disse um «sim» decidido e pleno a Deus. Insiste-se muito no fiat de Maria, em Maria como «a Virgem do fiat». Mas Maria não falava latim e por isso não disse fiat , não disse sequer genoito, que é a palavra que encontramos, a este ponto, no texto grego de Lucas, porque não falava grego.

Se é lícito remontar-se, com pia reflexão, à ipsissima vox, à própria palavra que estava na fonte judaica usada por Lucas, esta deve ter sido a palavra amémAmén, palavra hebraica cuja raiz significa solidez, certeza, era usada na liturgia como resposta de fé à palavra de Deus. Cada vez que, ao término de certos salmos, na Vulgata se lia antes fiatfiat, agora na nova versão dos textos originais se lê: Amém, Amém. O mesmo para a palavra grega: cada vez que na Bíblia dos Setenta se lê nesses mesmos salmos genoitogenoito, o original grego usa: Amém, Amém

Com o amém se reconhece o que se disse como palavra firme, estável, válida e vinculante. Sua tradição exata, como resposta à palavra de Deus, é: «Assim seja, assim seja». Indica fé e obediência conjuntamente; reconhece que o que Deus diz é certo e se submete a isso. Ou seja, sim a Deus. Neste sentido o encontramos na própria boca de Jesus: «Sim, amém, Pai, pois tal foi teu beneplácito» (cf. Mt 11, 26). Ele é o Amém personificado: «Assim fala o Amém» (Ap 3, 14) e por meio dele, acrescenta Paulo, todo amém pronunciado na terra sobe a Deus (cf. 2 Cor 1, 20). 

Em quase todas as línguas humanas, a palavra que expressa o consenso é um monossílabo: «sim», «já», «yes», «oui», «tag»... A palavra mais curta do vocabulário, mas aquela com que tanto os noivos como os consagrados decidem sua vida para sempre. Também no rito da profissão religiosa e da ordenação sacerdotal há um momento em que se pronuncia um «sim». 

Há um detalhe no amém de Maria que é importante assinalar. Nas línguas modernas, usamos o modo indicativo para assinalar que algo aconteceu ou acontecerá, o modo condicional para indicar algo que poderá acontecer em certas condições, etc.; o grego tem um modo particular que se chama optativo. É um modo que se usa quando se quer expressar desejo ou impaciência por que algo aconteça. O verbo usado por Lucas, genoito, está precisamente neste modo. 

São Paulo diz que «Deus ama quem dá com alegria» (2 Cor 9, 7) e Maria disse seu sim a Deus com alegria. Peçamos-lhe que nos obtenha a graça de dizer a Deus um sim alegre e renovado, e assim conceber e dar à luz, também nós neste Natal, seu filho Jesus Cristo.

[Tradução: Élison Santos. Revisão: Aline Banchieri]

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