sábado, novembro 20, 2010

Discurso de José Eduardo dos Santos pelo 35° Aniversario da Independência de Angola

"Estamos aqui para homenagear e enaltecer a contribuição de todos os que estão vivos e participaram nos últimos e decisivos combates e batalhas militares, cuja vitória criou as condições para a proclamação da Independência Nacional no dia 11 de Novembro de 1975 pelo Dr. António Agostinho Neto, que se tornou depois no Primeiro Presidente da República.
Em todas as épocas e fases da nossa História houve pessoas que se destacaram pela sua devoção à causa do Povo, pela sua coragem e espírito de sacrifício na resolução dos problemas da sociedade, em todas as épocas e fases da nossa história houve pessoas que se destacaram pela sua honestidade e criatividade, colocando a sua força moral e intelectual ao serviço de causas nobres.
Estamos agora diante de cidadãos de várias idades, de diversos estratos sociais e regiões, do sexo masculino e feminino que souberam honrar as tradições de resistência e luta dos Povos e soberanos que as forças colonialistas encontraram nos territórios que hoje configuram a República de Angola.
As vossas acções heróicas inscrevem-se na linha dos actos de bravura praticados por exemplo por António Manimulaza, Rei do Congo, que tombou em combate na Batalha de Ambuila contra os ocupantes portugueses; por Ngola Kiluanji, Rei do N'dongo que
segundo o historiador Camabaia no seu livro o Renascimento Africano, combateu durante toda a vida contra a ocupação colonial, chegando a derrotar Paulo Dias de Novais e encontrando a morte já velho, numa emboscada das forças de ocupação dirigidas por outro enviado da monarquia portuguesa, as vossas acções heróicas, inscrevem na linha dos actos de bravura praticados por Ekuikui e por Katiavala, Reis do Planalto Central, que impuseram uma resistência sem tréguas aos colonialistas até à morte.
Do Rei Mandume, no sul de Angola, assumiu a mesma atitude e lutou heroicamente à frente do seu Povo até à morte.
Foi nesta senda que no dia 4 de Fevereiro de 1961 "os heróis quebraram as algemas para vencer o colonialismo e criar uma Pátria Renovada". Deste modo, os angolanos assumiram o legado histórico e cultural e as tradições positivas dos seus antepassados e juraram realizar o seu sonho de liberdade que culminou com a declaração da Independência Nacional em 11 de Novembro de 1975, podendo enfim cantar "Pátria Unida! Liberdade! Um só Povo e uma só Nação!"
São assim merecidas as distinções que conferimos hoje às pessoas indicadas e que simbolizam também o esforço, o sacrifício e a contribuição de todos aqueles que participaram na Luta de Libertação Nacional.
Milhares e milhares de jovens compreenderam os apelos dos Dirigentes do Movimento de Libertação nacional e incondicionalmente à luta com o propósito de libertar o País e o Povo da opressão.
É natural que num processo tão complexo como este ocorressem desvios por este ou por aquele, mas a verdade é que todos fizeram questão de considerar o 11 de Novembro como um compromisso firme e uma data inadiável para a proclamação da nossa Independência.
Sinto-me, assim, particularmente feliz por constatar que superamos as nossas divergências e que todos os angolanos se revêem nesta data como o dia da nossa Festa Nacional.
Superamos também as nossas divergências e contradições fazendo a travessia no deserto, como se diz, para conquistarmos a Paz e a Reconciliação Nacional.
A Independência Nacional e a paz criaram as condições para trabalharmos todos no sentido de melhorar a qualidade de vida de cada um.
Peço que nos inspiremos no exemplo de abnegação e espírito de missão dos homenageados que temos diante de nós e que façamos da Democracia a via para se alcançar a prosperidade e uma vida digna para todos.
É num Mundo cada vez mais globalizado em que as Nações são interdependentes e competem ou cooperam entre si que temos de realizar esse grande desígnio. Por outro lado, nesta relação de interdependência, há países mais dependentes dos outros, sendo considerados mais independentes e fortes aqueles que são capazes de assegurar a sua auto-suficiência em quase todos os domínios.
Se observarmos a questão deste ponto de vista, é fácil concluir que ainda é longo e complexo o caminho que devemos percorrer.
Para alcançarmos a prosperidade que pretendemos temos de criar e desenvolver capacidades nacionais de natureza técnica e científica em todas as áreas de actividade humana, criar valor e promover acções positivas, competir com vantagem qualitativa e alcançar a auto-suficiência interna em vários sectores da vida económica, social e cultural.
Isto não é impossível se aplicarmos o princípio da corrida de estafetas que consiste em seleccionar os "atletas" mais esclarecidos e dinâmicos que sejam capazes de passar o testemunho a outros ainda mais esclarecidos e dinâmicos no momento mais certo.
Cada um poderá assim afirmar que o seu futuro depende de si e que o futuro de todos, o nosso futuro, depende de nós em primeiro lugar!".

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