terça-feira, janeiro 20, 2009

ZP090120

ZENIT

O mundo visto de Roma

Serviço diario - 20 de janeiro de 2009



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SANTA SÉ
Papa pede a Obama que «promova a paz entre as nações»
Católicos e ortodoxos tentarão chegar a acordo sobre primado do Papa
Diálogo ecumênico, prioridade para Bento XVI
Cardeal Lozano: Igreja sempre esteve ao lado dos leprosos

ESPECIAL: ENCONTRO MUNDIAL DAS FAMÍLIAS
México: surgiram propostas a favor da família, não polêmicas
Bertone: povo privado de sua identidade é ameaçado por colonialismo cultural

MUNDO
Oportunidades e desafios de Obama, segundo bispos americanos
442 mil euros para «católicos esquecidos da China»
Santiago de Compostela se prepara para celebrar ano jubilar de 2010

ESPIRITUALIDADE
Meditação para o quarto dia da Semana pela Unidade dos Cristãos

DOCUMENTAÇÃO
Telegrama do Papa ao novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama

Santa Sé

Papa pede a Obama que «promova a paz entre as nações»

Publicado o conteúdo do telegrama enviado pela Santa Sé ao novo presidente dos EUA

CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 20 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O Papa Bento XVI enviou um telegrama ao novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, no qual pede que promova a paz entre as nações. 

O texto original em inglês do telegrama foi divulgado hoje pela Santa Sé e está assinado pessoalmente pelo Papa. 

Nele, o pontífice pede a Obama que «confirme sua resolução de promover a compreensão, a cooperação e a paz entre as nações, para que todos possam participar do banquete da vida que Deus preparou para toda a família humana». 

O Papa sublinhou o papel que o novo presidente pode levar a cabo no âmbito mundial, «em uma época na qual muitos irmãos e irmãs nossos em todo o mundo clamam por sua libertação do flagelo da pobreza, da fome e da violência». 

Desta forma, o Papa pede ao novo premier que promova «o respeito à dignidade, a igualdade e os direitos de cada um de seus membros, especialmente os pobres, os marginalizados e os que não têm voz». 

«Que sob seu mandato os americanos possam continuar encontrando em sua impressionante herança religiosa e política os valores espirituais e princípios éticos para cooperar na construção de uma sociedade realmente livre e justa.»

O Papa termina sua mensagem invocando «as bênçãos de Deus sobre o senhor, sua família e sobre todo o povo americano». 

«Eu lhe ofereço meus mais cordiais bons desejos e lhe asseguro ao mesmo tempo minhas orações para que o Deus Todo Poderoso lhe conceda sabedoria e força indefectíveis no exercício de suas altas responsabilidades», acrescenta.

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Católicos e ortodoxos tentarão chegar a acordo sobre primado do Papa

O debate sobre este tema centrará os trabalhos conjuntos durante 2009

Por Inma Álvarez

CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 20 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Apesar das dificuldades, o diálogo entre as Igrejas Católica e Ortodoxa avança positivamente, tanto no diálogo teológico como nas relações fraternas. Assim constatou o subsecretário do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos, Dom Eleuterio F. Fortino, em um breve informe sobre a situação dos trabalhos da Comissão Mista, publicado por L'Osservatore Romano em sua edição de ontem.

Para o especialista, é significativo o desenvolvimento, nos últimos anos, de «relações construtivas» entre Roma e Constantinopla, mas também «com o Patriarcado de Moscou e outras Igrejas», como mostra o recente intercâmbio de visitas entre patriarcas e cardeais, assim como a participação, pela primeira vez na história, do Patriarca de Constantinopla na Assembléia do Sínodo dos Bispos. 

Com relação ao diálogo teológico, Dom Fortino explica que a Comissão está atualmente revisando a questão de como se entendia o primado do bispo de Roma, prima sedes, no primeiro milênio do cristianismo, quando ambas as Igrejas estavam em comunhão apesar das dificuldades. 

Para facilitar os trabalhos, a Comissão de dividiu em duas subcomissões, uma de língua inglesa e outra francesa, que estudam os documentos eclesiais em que se trata desta questão, como as cartas apostólicas dos primeiros séculos ou os Padres da Igreja. 

Também se estuda o papel dos Papas na refutação de heresias como o arianismo, o monofisismo etc., em particular na condenação das heresias iconoclastas (Concílio de Nicéia II, ano 787) que tanta transcendência teve para as igrejas orientais. 

A questão, explica Dom Fortino, não é tanto a do primado de Roma em si, que ambas as Igrejas aceitam, tal como mostra o documento conjunto de Ravena (assinado em 2007), mas a interpretação do conteúdo do primado, sobre a qual ainda existem grandes diferenças. 

Para isso, acrescentam, a chave está em «chegar a uma leitura comum dos fatos históricos, uma hermenêutica comum na interpretação dos dados da Escritura e das opções teológicas». 

Outra das questões que deverá ser estudada é como o conteúdo deste primado evoluiu no segundo milênio, após a ruptura entre as duas confissões, e qual é a situação atual após os Concílios Vaticano I e II, que tentam recuperar a visão de comunhão que existia no primeiro milênio. 

Em resumo, explica Fortino, o diálogo «continua aberto em uma nova fase e em uma perspectiva positiva», apesar das «dificuldades permanentes e novas».

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Diálogo ecumênico, prioridade para Bento XVI

Avança notavelmente com os ortodoxos, mas se mantêm as incertezas com os luteranos

Por Inma Álvarez

CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 20 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O diálogo ecumênico é uma prioridade para Bento XVI, como foi para todos os papas desde João XXIII e o Concílio Vaticano II. Este diálogo avança, ainda que de forma desigual: com os ortodoxos se deram grandes passos adiante, mas continuam existindo incertezas com as comunidades surgidas da Reforma. 

Assim afirma o secretário do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos, o bispo Brian Farrell L.C., no primeiro de uma série de artigos que estão sendo publicados por L'Osservatore Romano, por ocasião da anual Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. 

Dom Farrell explicou que para o atual pontífice, o diálogo ecumênico é uma «questão prioritária», como manifestam «seus numerosos encontros e discursos de caráter ecumênico». 

Ele aludiu precisamente ao último encontro que os membros deste dicastério tiveram com o Papa, em 12 de dezembro passado, como referência para explicar a que ponto se encontra atualmente o diálogo com os «irmãos separados». 

Farrell afirmou, recordando a intervenção do Papa naquele encontro, que enquanto o diálogo com os ortodoxos «avançou de forma significativa», ainda não aconteceu o mesmo com as igrejas e comunidades da Reforma. 

Como o Papa afirmou, houve um grande «progresso no diálogo da caridade» entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas e Orientais, com intercâmbio de visitas entre os prelados de ambas as confissões, e com «um sincero espírito de amizade entre católicos e ortodoxos, que foi crescendo nos últimos anos». 

«Precisamente este progresso no ‘diálogo da caridade’ permitiu que o ‘diálogo teológico’ entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa obtivesse resultados notáveis, inclusive inesperados», explicou. 

Contudo, lamentou, «continua havendo um interrogante difuso, cercado de certa desconfiança, sobre os resultados do diálogo com as comunidades e igrejas da Reforma». 

O objeto da passada plenária do dicastério em dezembro teve por objeto examinar a que ponto está este diálogo nas quatro frentes que a Igreja tem aberto neste sentido: com a Federação luterana mundial, com o Conselho Metodista, com a Comunhão Anglicana e com a Aliança Mundial das Igrejas Reformadas. 

Nestes 40 anos de diálogo, Dom Farrel constatou que, ainda que «tenham sido superados muitos preconceitos e incompreensões do passado», contudo perduram antigas diferenças. 

Estas diferenças vão em duas direções: por um lado, a relação entre a Escritura e a Tradição, e por outro, a natureza da Igreja de Cristo. 

No primeiro aspecto, Dom Brian Farrell explicou que, ainda que se tenha chegado a um consenso em admitir que não há contraposição entre a Escritura e a Tradição (a Escritura existe graças à tradição apostólica das origens), não há acordo, entre outras questões, sobre o «magistério competente» para interpretá-la. 

No segundo aspecto, ainda que se tenha dado um grande passo com a Declaração Conjunta sobre a Justificação, em uma das implicações deste desacordo, ou seja, na natureza da própria Igreja, continua havendo uma «divisão profunda». 

Com aquela declaração, explica o bispo irlandês, admitiu-se que não há contraposição entre justificação pela fé e santificação através das obras. 

Contudo, «católicos e protestantes continuam profundamente divididos na concepção da realidade da Igreja, entre uma visão ao mesmo tempo espiritual e institucional – católica – e uma visão somente espiritual – protestante». 

«Apesar de que nenhuma destas questões tenha sido resolvida no sentido de um consenso pleno, e ainda que apareçam novas dificuldades no horizonte – explica Dom Farrell –, as convergências alcançadas corroboram e aprofundam o sentido da real, ainda que incompleta, comunhão existente sobre a base de um único batismo e de outros muitos elementos de fé e de vida cristã preservados da tradição antiga.»

Após recordar que o ecumenismo é «um dom de Deus», o secretário declarou que ainda que «os diálogos não podem por si mesmos garantir a realização do objetivo final do movimento ecumênico, que é a unidade eucarística», não obstante «constituem uma base sólida e um incentivo a realizar o que é a vontade do Senhor e a aspiração de muitos cristãos».

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Cardeal Lozano: Igreja sempre esteve ao lado dos leprosos

Mensagem do Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde

CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 20 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- A Santa Sé, através do Conselho Pontifício para a Pastoral no Campo da Saúde, presidido pelo cardeal Javier Lozano Barragán, publicou uma mensagem na qual pede que «não marginalizem os enfermos de lepra». 

Esta mensagem foi divulgada por ocasião da 56ª Jornada Mundial dos Enfermos de Lepra, que acontecerá no próximo domingo, 25 de janeiro. 

Nela se recorda que ainda que a lepra, grave doença endêmica de épocas passadas, pareça ter sido erradicada, «atualmente ainda afeta no mundo mais de 250 mil pessoas, a maioria das quais vive em condições de indigência», e delas mais de 40 mil são crianças. 

O problema da lepra (ou hanseníase), assinala a mensagem, são «os sentimentos de exclusão e com frequência de pesado estigma com relação aos enfermos de lepra, o que os torna particularmente vulneráveis». 

Precisamente por isso, a Santa Sé pede que se dê «uma informação correta, ampla e capilar acerca da lepra e dos efeitos devastadores que pode causar nos corpos se não forem cuidados, nas famílias e na sociedade, e suscitar o dever individual e coletivo de uma ativa e fraterna solidariedade». 

Também recorda que a Igreja «sempre teve uma especial solicitude pelos enfermos de lepra», como manifesta a existência de congregações e organizações dedicadas a eles. 

Entre eles, o Conselho recorda especialmente o Pe. Damião de Veuster, mais conhecido como «Damião de Molokai», que deu sua vida pelos leprosos e que atualmente está em processo de canonização. 

Junto a ele, os religiosos que cuidam dos enfermos de lepra «estão escrevendo as páginas mais belas da história missionária da Igreja», acrescenta. 

Recorda também o leigo Raoul Follereau, «idealizador e promotor desta Jornada Mundial», que através de sua associação mantém «sempre viva a atenção pelos enfermos de hanseníase, sensibilizando a opinião púbica e suscitando a participação para sustentar programas e arrecadação de recursos financeiros». 

O Conselho agradece também o trabalho de associações e ONGs não católicas, entre elas a «Sasakawa Foundation», a quem anima «a prosseguir com determinação, para que, depois dos resultados positivos que conseguiu até agora, realizem outros mais adiantados pelo bem dos enfermos de lepra e de suas famílias».

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Especial: Encontro Mundial das Famílias

México: surgiram propostas a favor da família, não polêmicas

Balanço do cardeal Norberto Rivera Carrera, arcebispo primaz do México

Por Jesús Colina

CIDADE DO MÉXICO, terça-feira, 20 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Do VI Encontro Mundial das Famílias, convocado por Bento XVI de 14 a 18 de janeiro na Cidade do México, surgiu um programa de propostas para redescobrir a beleza da família, não polêmicas estéreis, considera seu anfitrião, o cardeal Norberto Rivera Carrera.

O arcebispo primaz do México apresentou um balanço das conclusões do Congresso Teológico Pastoral (14-17 de janeiro), celebrado no Expo Bancomer, com a participação de 10 mil pessoas de 98 países, em sua assembléia conclusiva, na presença do cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado e legado do Papa para o evento. 

No Congresso participaram 30 cardeais e 200 bispos, assim como representantes de congregações religiosas e agrupamentos de leigos, universidades e centros de estudo. 

Em sua exposição, o cardeal Rivera Carrera constatou que nestes dias «ficou muito claro que não estamos contra ninguém, mas só a favor do direito que temos de propor o Evangelho da Família e da vida». 

«Cabe a nós voltar a propor o modelo familiar que sabemos que é o mais completo, o mais harmônico, o modelo que forma a comunidade de vida e amor, que é o matrimônio, e que se prolonga nos filhos como frutos naturais do primeiro de todos os valores», afirmou, ao sintetizar as conclusões. 

«Sabemos que este modelo nem sempre está presente em todas as comunidades humanas; também sabemos que este modelo nos é apresentado muitas vezes quebrado na sociedade, pela fragilidade humana, mas não podemos deixar de aspirar a continuar construindo este modelo, que realiza maravilhosamente a vocação humana e divina do ser humano», reconheceu. 

No comunicado conclusivo do Congresso Teológico Pastoral (http://www.emf2009.com), os organizadores expõem conclusões concretas. 

«O Encontro constatou mais uma vez a riqueza da família como educadora, formativa, transmissora da fé, dos valores, das tradições e da identidade cultural e espiritual, que foram questionados por uma globalização pragmática», explica o documento.

O comunicado explica que, «frente à crise econômica, a família também se confirma como eixo da solidariedade e o apoio fraterno a quem perde seu emprego ou vê suas rendas diminuídas». 

Os participantes reconheceram «a mulher como centro riquíssimo de valores e bases sólidas para a formação dos filhos e da sociedade. Para a Igreja, a mulher ocupa um lugar essencial, merecedor do maior reconhecimento. Sua sensibilidade oferece enormes fundamentos à família, ao trabalho, à sociedade». 

Por último, o comunicado recorda «aos políticos que estão comprometidos com o bem comum, com a vida e com o respeito à família, com seu crescimento e sua consolidação».

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Bertone: povo privado de sua identidade é ameaçado por colonialismo cultural

Encontro do secretário de Estado vaticano com o mundo da cultura no México

Por Gilberto Hernández García

QUERÉTARO, terça-feira, 20 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- «Se quisermos ser fermentos de uma nova cultura, temos de começar por abrir o coração à pujante ação do Espírito de Jesus Cristo», afirmou ontem o secretário de Estado vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, em um encontro inédito com intelectuais e representantes do mundo da cultura mexicana, na cidade de Querétaro.

No encontro, realizado no Teatro da República, lugar onde se promulgou a Constituição de 1917, o cardeal Bertone convidou os participantes a refletir sobre a presença da Igreja e dos católicos na vida pública do país e de seu papel na configuração da cultura mexicana.

Ele assegurou que sua presença no encontro obedece ao objetivo de «alentar todos aqueles que se esforçam decididamente para criar pontes entre a fé e a razão, em alentar o diálogo franco e cordial entre a fé e a ciência, em estabelecer relações fluidas e frutíferas entre a fé e a cultura».

Ao início de seu discurso, recordou as palavras de João Paulo II: «Sim. O futuro do homem depende da cultura. Sim. A paz do mundo depende da primazia do Espírito. Sim. O porvir pacífico da humanidade depende do amor».

Assinalou que para a Igreja, a cultura é uma realidade vital, urgente e necessária, já que, «o vínculo do Evangelho com o homem é efetivamente criador da cultura em seu próprio fundamento». A cultura, continuou, é o que permite ao homem ser mais homem, portanto, «toda expressão que não contribui à plena humanidade da pessoa, não é autenticamente cultura».

O cardeal afirmou, ao sustentar o fundamento da cultura, que esta se situa na ordem do ser e não do ter. Portanto, se a cultura se situa em relação ao homem e ao ser, necessariamente há de estar ligada à questão da verdade.

Enfatizou que no mundo ocidental a primazia do ser sobre o fazer «foi sempre uma evidência pacificamente compartilhada» e na qual descansa o conjunto da ordem social.

No entanto, reconheceu, esta ordem se alterou pela afirmação do primado da ação sobre o ser, que aparece com todo o brilho sedutor da eficiência, a energia e a ação. Esta concepção, explicou, deu lugar às ideologias dos regimes totalitários de inspiração marxista, assim como a algumas concepções do mercado. 

Perante esta cultura da ação, o cardeal Bertone apresentou o que o Papa Bento XVI chamou de «cultura da Palavra», que requer «a atitude da acolhida, a disposição interior à escuta».

Esta cultura da Palavra, sublinhou, «nutre-se da Palavra que Deus dirige aos homens e que por sua vez se serve da palavra humana, materializada em todas as suas ricas e diversas expressões, dando lugar às maravilhosas manifestações da cultura», como a reflexão filosófica, a pintura, a música, a literatura, etc.

Ao ser uma cultura da Palavra, esta é, ao mesmo tempo, cultura do Logos, da razão. E tem como exigência «contemplar o mundo, antes que pretender transformá-lo».

Portanto, acrescentou, esta visão cristã da realidade «é uma aposta por um mundo de sentido frente ao absurdo de um devir irracional guiado apenas pelas forças da matéria».

O secretário de Estado ponderou: «esta paideia cristã deu lugar no México a uma nova síntese cultural, que marcou sua identidade», barroca ou mestiça, como «à contribuição específica à cultura universal que o México partilha com os povos latino-americanos», e comporta «a novidade do encontro, o produto da transformação das culturas, que não são já nem plenamente europeias nem puramente indígenas».

Mais adiante, o cardeal assinalou que «sendo esta a grande riqueza cultural da América, surpreende o ‘grande divórcio’ entre a cultura popular, que qualificamos de grande síntese barroca e mestiça, com a cultura das elites e das minorias dirigentes. É paradoxal a cisão entre a cultura das elites, que vivem olhando para a Europa ou para o Norte, e a cultura barroca do povo».

Ele alertou que esta situação de cisão interna das culturas americanas «constitui um fator de empobrecimento, não apenas para a Igreja, mas para o conjunto das sociedade latino-americana. Um povo privado de sua identidade se vê permanentemente ameaçado por novas formas de colonialismo cultural, que frequentemente são fonte de tensões».

O cardeal Bertone disse que a evangelização da cultura é hoje mais urgente que nunca: «assim como o primeiro anúncio do Evangelho foi, antes de tudo, um encontro entre culturas, é necessário hoje um novo anúncio que tenha entre suas prioridades a cultura». Afirmou-se firmemente persuadido de que «enquanto não iluminarmos com o Evangelho a alma da cultura, não poderemos esperar a transformação tão desejada de nossos povos».

O purpurado reconheceu que neste objetivo «joga a nosso favor um fundo de religiosidade popular que a onda do secularismo ainda não conseguiu apagar».

Concluiu dizendo que «se quisermos ser fermentos de uma nova cultura, temos de começar por abrir o coração à pujante ação do Espírito de Jesus Cristo, que, divinizando-o, não o despoja do humano, mas que o enaltece, purificando-o e transformando-o».

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Mundo

Oportunidades e desafios de Obama, segundo bispos americanos

Mensagem do presidente do episcopado no início do novo mandato

WASHINGTON, terça-feira, 20 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Os bispos americanos falam sobre as oportunidades e desafios que se abrem no país, com o novo mandato presidencial, em mensagens dirigidas tanto ao presidente eleito, Barack Obama, como ao Congresso. 

Nas cartas, os prelados católicos prometem «fazer deste período de mudança nacional um tempo de avanço para o bem comum e defender a vida e a dignidade de todos». 

Quem assina a carta, apresentada como «agenda para o diálogo e a ação», é o cardeal Francis George, de Chicago, presidente da Conferência Episcopal dos Estados Unidos. 

Uma carta similar foi enviada ao vice-presidente, Joseph Biden, e a cada membro da Câmara Baixa do Parlamento. 

Entre os temas que a carta-agenda aborda está, em primeiro lugar, o econômico. 

Os bispos incitam «a fortes, prudentes e efetivas medidas para enfrentar o terrível impacto e as injustiças da crise econômica» e advogam «por uma clara prioridade para com as famílias pobres e os trabalhadores vulneráveis, no desenvolvimento e implementação da recuperação econômica, incluindo novos investimentos, ao mesmo tempo que um reforço da rede de segurança social nacional». 

Quanto ao serviço de saúde, pedem uma «cobertura verdadeiramente universal dos serviços de saúde que proteja toda vida humana, inclusive a vida pré-natal» e que inclua «uma diversidade de opções que assegurem o respeito às convicções de pacientes e provedores». 

Quanto aos assuntos internacionais, os prelados sublinham a necessidade de «uma transição responsável em um Iraque livre da perseguição religiosa». Também instam a que se realizem esforços para «um final do conflito violento e uma justa paz na Terra Santa» e uma liderança norte-americana continuada na luta contra a AIDS e outras doenças, para que sejam por sua vez «efetivas e moralmente adequadas». 

Os bispos prometem «ser voz dos pobres e dos vulneráveis do nosso país e de todo o mundo, que serão os mais afetados por todas as ameaças do meio ambiente». 

Pedem a reparação de «um sistema de imigração falido que fere tanto o nosso país como os imigrantes». 

Afirmam que tal reforma «deve incluir um itinerário para conseguir a cidadania com atenção ao fato de que o comércio internacional e as políticas de desenvolvimento influenciam as oportunidades econômicas nos países de procedência dos imigrantes. 

Os bispos deram as boas-vindas ao «compromisso para reforçar os grupos confessionais como colaboradores efetivos na superação da pobreza e outras ameaças à dignidade humana».

Por último, advertem que «os esforços por forçar aos americanos a financiar abortos com seus impostos podem ser uma grave aposta moral e colocar em risco a necessária reforma da saúde». 

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442 mil euros para «católicos esquecidos da China»

COPE e AIS apresentam o resultado da campanha de solidariedade no Natal

MADRI, terça-feira, 20 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- A campanha de solidariedade «Com os católicos esquecidos da China», desenvolvida pelo Grupo Cope e pela Associação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), alcançou 442 mil euros de arrecadação. Esta quantia foi oferecida por 3.741 pessoas e instituições. 

Em concreto, os donativos recebidos até 16 de janeiro se destinarão a projetos de construção e manutenção de templos (139 mil euros), meios de transporte (6.500 euros), sustento de seminaristas e religiosas (16.400 euros), construção de uma residência para religiosas idosas (15 mil euros), publicação de material catequético (5.500 euros) e formação de sacerdotes, seminaristas e religiosas (258.900 euros). 

O balanço da campanha foi divulgado esta manhâ em um encontro com a mídia, no qual participaram a presidente do Conselho de AIS-Espanha, María Pilar Gutiérrez Corada, o diretor do secretariado espanhol desta organização, Francisco Javier Menéndez Ros, e o diretor geral de Conteúdos de COPE, José Luís Restán. Gutiérrez Corada, que visitou alguns dos projetos que a organização desenvolve no país asiático, sublinhou que «é comovedora a fortaleza de sua fé, tanto dos bispos como dos sacerdotes, religiosos ou dos demais fiéis católicos. Em condições de pobreza absoluta se reúnem em quartos de casas particulares cedidos por católicos, onde rezam, celebram a Eucaristia e têm encontros de oração», para acrescentar que «após minha viagem à China, não só creio no trabalho da AIS, mas afirmo com a maior contundência que é necessário, que há muitos sacerdotes, religiosos, bispos que realizam seu trabalho pastoral em situações precárias, e que se nós não os ajudamos, ninguém os ajudará». 

«Com os católicos esquecidos da China» se desenvolveu entre 17 de dezembro de 2008 e 11 de janeiro de 2009, na Cadena COPE e Popular TV, através de espaços promocionais e de conteúdo na Espanha. Ao longo destas semanas, os ouvintes e telespectadores do Grupo COPE receberam testemunhos tão reveladores como o de Tomás, um seminarista clandestino que se forma na Europa graças a uma bolsa de estudos de Ajuda à Igreja que Sofre: «Nós não temos que sair à luz porque já estamos na luz. Não estamos na luz da sociedade, mas na luz do Senhor. Se nós nos tornássemos membros da Associação Patriótica, teríamos de cortar relações com o Papa. Se o fizéssemos, boa parte das pessoas, do povo, nos animaria. Mas se fizermos isso, sairemos da fonte da salvação, e isso sim seria uma grande perda». 

A campanha «Com os católicos esquecidos da China» é a terceira que desenvolvem de forma conjunta o Grupo COPE e Ajuda à Igreja que Sofre, depois das destinadas ao Iraque e à Bósnia. No ano passado, a arrecadação para o país centro-europeu foi de 385.000 euros. 

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Santiago de Compostela se prepara para celebrar ano jubilar de 2010

Este destino de peregrinação faz sua exposição no festival Caminhos do Espírito

Por Carmen Elena Villa

CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 20 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Anualmente, Santiago de Compostela recebe cerca de seis milhões de peregrinos; contudo, para 2010 se espera que o número de visitantes aumente, pois será ano jubilar, que se celebra cada vez que 25 de julho, dia do apóstolo Tiago o Maior, cai no domingo, como ocorrerá no próximo ano. O seguinte ano jubilar será em 2021. 

Durante o festival Caminhos do Espírito, organizado pela Obra Romana para as Peregrinações (instituição dependente da Santa Sé), que se encerrou neste domingo na Feira de Roma, dezenas de stands foram destinados a dar a conhecer a peregrinação dos Caminhos de Santiago. 

Segundo Maria Carmen Furelos, presidente da organização Caminhos da Europa, que participou neste evento, quem acompanha esta rota descobre «territórios ricos em história, cultura, tradições, gastronomia e produtos locais de grande qualidade, sutilmente esquecidos pelos grandes circuitos turísticos internacionais». 

Um túmulo que esteve perdido durante 800 anos

Segundo a tradição, os restos de São Tiago, que foi martirizado na Palestina, foram trasladados para a Espanha, lugar onde havia desempenhado parte de sua obra apostólica. Seu túmulo foi descoberto em um bosque no ano 800, por um ermitão chamado Pelaio, em um lugar denominado Campus Stella, de onde deriva o nome Compostela. 

Alguns estudos arqueológicos realizados durante o século XX descobriram um mausoléu dentro de uma necrópole cristã, romana e germânica, entre os séculos I e VII. Estes dados encaixaram com a tradição do encontro do túmulo do apóstolo. 

Lá se construiu a primeira igreja dedicada à sua honra, que dá lugar à atual catedral. Entre os séculos X e XI começaram as peregrinações a Santiago de Compostela por diferentes caminhos: o mais conhecido é o francês, que chega à Espanha através dos caminhos de Roncesvalles e Jaca e depois passa por terras de Navarra, Aragón, La Rioja, Castilla e Leon, para atravessar a Galícia e chegar a Santiago. 

Nas rotas se foram construindo albergues e hospitais para os peregrinos. E o caminho de Santiago serviu como meio para propagar diferentes correntes artísticas, econômicas e culturais, como os estilos românico e gótico na arquitetura. Os monges de diferentes ordens ajudaram com a difusão deste trabalho. Alguns deles foram São João de Ortega e Domingo de la Calzada. 

Além do caminho francês, existe também o caminho do norte, que atravessa o País Vasco, Cantábria e Astúrias, até chegar a Santiago. Outra é a rota portuguesa, além de outra que parte desde Sevilha e atravessa a Espanha de sul a norte. 

«Todas as rotas têm como fundo o objetivo de encontrar-se consigo mesmo e falar de tu a tu com São Tiago ao chegar a Compostela, ter o encontro final com ele», explicou à Zenit Joaquín Rubal, do Centro Europeu de Informação e Peregrinação.  

Durante o século XVI começou a diminuir notavelmente o número de peregrinos a Santiago de Compostela. No século passado, na década de 50, alguns sacerdotes e leigos liderados pelo Pe. Elías Valiña, sacerdote da paróquia de Cebreiro, voltaram a impulsionar esta peregrinação, e durante os anos 70 e 80, o número de peregrinos começou a aumentar. 

Em 1989 se realizou lá a Jornada Mundial da Juventude, da qual participou o Papa João Paulo II, e em 1993 aconteceu o grande «boom» das peregrinações por ocasião do ano jubilar, ano também em que a Unesco o declarou Patrimônio da Humanidade. 

«Quem percorre o caminho de Santiago experimenta uma transformação; só se faz a verdadeira peregrinação quando se chega caminhando com peregrinos do mundo inteiro. Isso permite refletir e preparar-se para quando se chegar à meta final; ajuda a interiorizar e dialogar consigo mesmo», conclui Joaquín Rubal. 

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Espiritualidade

Meditação para o quarto dia da Semana pela Unidade dos Cristãos

Os cristãos diante da crise ecológica

CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 20 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Publicamos o comentário aos textos bíblicos escolhidos para o quarto dia da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, 21 de janeiro.

O texto forma parte dos materiais distribuídos pela Comissão Fé e Constituição do Conselho Ecumênico das Igrejas e o Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos. A base do texto foi redigida por uma equipe de representantes ecumênicos da Coréia.


* * * 


Os cristãos diante da crise ecológica

Gn 1, 31-2,3

Deus viu tudo o que havia feito; e eis que era muito bom

Sl 148, 1-5

Pois ele ordenou, e foram criados

Rm 8, 18-23

A criação libertada do poder do nada

Mt 13, 31-32

A menor de todas as sementes

Comentário

Deus criou nosso mundo com sabedoria e amor; quando ele terminou a obra da criação, viu que tudo era bom. Mas hoje, o mundo enfrenta uma grave crise ecológica. Nossa Terra sofre com o aquecimento climático, devido ao nosso consumo excessivo de energia. A superfície das florestas sobre o Planeta diminuiu 50% nos últimos quarenta anos, enquanto que cresce sempre mais a desertificação. Os coreanos, que gostam muito de peixe se preocupam: são três quartos dos habitantes do mar que desaparecem por dia. A cada dia, são mais de cem espécies vivas que se extinguem! Esta perda de biodiversidade é uma ameaça para a própria humanidade. Com o apóstolo Paulo, nós podemos afirmar: a criação foi libertada do poder do nada; ela geme, como nas dores do parto.

Não encobrimos o rosto! Nós humanos carregamos uma grande responsabilidade nesta destruição do meio-ambiente. A ganância atrai a sombra da morte sobre o conjunto da criação.

Juntos, nós cristãos devemos nos envolver eficazmente na salvaguarda da criação. Esta imensa tarefa não permite que nós, batizados, trabalhemos sozinhos. Precisamos conjugar nossos esforços: atuando juntos, nos será possível proteger a obra do Criador.

No Evangelho, observamos o lugar central que os elementos da natureza ocupam nas parábolas e no ensino de Jesus. Ele valoriza até mesmo a menor de todas as sementes: o grãozinho de mostarda. Cristo manifesta grande consideração pelas criaturas. Com base na visão bíblica da Criação, nós cristãos podemos oferecer uma contribuição conjunta à reflexão e ação hodiernas pelo futuro do planeta.

Oração

Deus Criador, formaste o mundo pela da tua Palavra e viste que tudo era bom. Mas hoje nós cumprimos obras de morte e provocamos irremediavelmente a depredação do meio-ambiente. Dá-nos o arrependimento de nossas ganâncias; ensina-nos a cuidar das tuas criaturas. Juntos, nós queremos proteger a criação. Amém.

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Documentação

Telegrama do Papa ao novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama

CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 20 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Oferecemos a seguir o texto do telegrama enviado pelo Papa Bento XVI ao novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, por ocasião de sua tomada de posse hoje na Casa Branca. 


* * *

Honorável Barack Obama

Presidente dos Estados Unidos da América

Casa Branca 

Washington, D.C.

Por ocasião de sua posse como o 44º presidente dos Estados Unidos da América, eu lhe ofereço meus mais cordiais bons desejos e lhe asseguro ao mesmo tempo minhas orações para que o Deus Todo Poderoso lhe conceda sabedoria e força indefectíveis no exercício de suas altas responsabilidades. Que sob seu mandato os americanos possam continuar encontrando em sua impressionante herança religiosa e política os valores espirituais e princípios éticos para cooperar na construção de uma sociedade realmente livre e justa, marcada pelo respeito à dignidade, a igualdade e os direitos de cada um de seus membros, especialmente os pobres, os marginalizados e os que não têm voz. Em uma época em que muitos irmãos e irmãs nossos em todo o mundo clamam por sua libertação do flagelo da pobreza, da fome e da violência, rezo para que o senhor confirme sua resolução de promover a compreensão, a cooperação e a paz entre as nações, para que todos possam participar do banquete da vida que Deus preparou para toda a família humana (cf. Isaías 25, 6-7). Invoco de coração sobre o senhor, sua família e sobre todo o povo americano as bênçãos do Deus da alegria e da paz. 

Benedictus PP. XVI

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