ZENIT
O mundo visto de Roma
Serviço diario - 13 de janeiro de 2009
SANTA SÉ
Adeus de Bento XVI a um diplomata de Deus, cardeal Laghi
Festa das famílias: também para quem não pode ir ao México
MUNDO
Bispos e crianças de Belém em marcha pela paz em Gaza
Fátima reza pela paz entre israelenses e palestinos
Crise é também moral, diz núncio
Cáritas Congo lança novo plano de emergência na guerra
Americanos se preparam para «marcha pela vida» em Washington
Líderes religiosos no Brasil pedem paz no Oriente Médio
ENTREVISTAS
Novidades do Sínodo da Palavra
ANÁLISE
Informar ou desinformar sobre a religião
Adeus de Bento XVI a um diplomata de Deus, cardeal Laghi
Homilia nas exéquias celebradas na Basílica de São PedroCIDADE DO VATICANO, terça-feira, 13 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Bento XVI prestou homenagem nesta terça-feira à obra evangelizadora e diplomática ao serviço da Igreja e da paz que realizou o cardeal Pio Laghi, durante suas exéquias.
«Peçamos ao Senhor que faça nosso irmão partícipe da beatitude eterna – disse –, cujas primícias ele pôde experimentar antecipadamente já aqui na terra, na comunhão eclesial e na edificação de laços de paz e de concórdia entre os povos e as nações, às quais foi enviado como representante pontifício.»
Escutavam o Papa, na Basílica de São Pedro, os participantes da liturgia exequial que acabava de ser presidida pelo cardeal Angelo Sodano, decano do colégio cardinalício, junto a outros cardeais presentes em Roma.
O Papa pronunciou a homilia e participou do rito da ultima commendatio e da valedictio do purpurado italiano, patrono da Soberana Ordem Militar de Malta, prefeito emérito da Congregação para a Educação Católica, que faleceu no domingo passado, aos 86 anos, em um hospital de Roma.
O cardeal Laghi foi enviado de João Paulo II ao presidente americano George Bush para tentar evitar a guerra no Iraque, em 1º de março de 2003.
Em sua carreira ao serviço da Santa Sé, foi o mediador papal que permitiu a abertura de relações diplomáticas com os Estados Unidos, convertendo-se no primeiro núncio apostólico nesse país.
Foi também núncio apostólico na Argentina e deleagdo apostólico em Jerusalém e na Palestina.
Em sua homilia, o Papa leu algumas frases do testamento espiritual, redigido em 14 de novembro do ano passado pelo purpurado: «Ofereço minha vida a Deus novamente, pela Igreja, pelo Santo Padre e pela santificação de meus irmãos no sacerdócio».
«Desde agora aceito a morte que a Divina Providência me reservou: só lhe peço que os dias de meu sofrimento sejam breves, se é possível, em parte para não ser de peso a quem tem de ajudar-me», escrevia o cardeal.
«E o Senhor – afirmou o Papa –, a cujo serviço se dedicou totalmente, agora lhe abriu seus braços de Pai bom e misericordioso.»
O Papa recordou a missão que o cardeal cumpriu em 2003 na Casa Branca, assim como a que o levou em maio de 2001 à Terra Santa, para entregar aos representantes de Israel e à Autoridade Palestina uma mensagem do Papa Karol Wojtyla, na qual pedia o cessar-fogo e o reinício do diálogo.
«Missões delicadas que ele procurou realizar, como sempre, com sua fiel entrega a Cristo e à sua Igreja», recordou o Santo Padre.
«Eu quis amar Cristo – escreveu em seu testamento espiritual citado pelo Papa – e servi-lo durante toda a minha vida, apesar de que com frequência minha fragilidade humana me impediu de manifestar-lhe de maneira sempre identificante, como eu teria querido, meu amor, minha fidelidade e minha entrega total à sua vontade.»
Festa das famílias: também para quem não pode ir ao México
Fala o cardeal Antonelli, presidente do Conselho Pontifício para a FamíliaCIDADE DO VATICANO, terça-feira, 13 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O cardeal Ennio Antonelli, presidente do Conselho Pontifício para a Família, garante que o VI Encontro Mundial do México será uma festa para a família, também para as que não podem ir a Guadalupe.
Antes de viajar à capital asteca, o purpurado italiano, nomeado para este cargo por Bento XVI em junho passado, em uma entrevista concedida à Zenit, compartilhava as grandes esperanças do Papa e da Santa Sé para este encontro, que deve congregar mais de um milhão de pessoas até 18 de janeiro.
«O encontro mundial das famílias é um evento de tal importância, de tal significado, que por si só convida a participar, e de fato vêm representantes de todo lugar do mundo. Em particular, do México, vêm também representantes qualificados da sociedade civil», explica.
«Faço um convite aos cidadãos da Cidade do México e aos cidadãos das diversas cidades do México, para que venham em massa, porque será certamente uma grande festa, uma festa belíssima, e também muito acolhedora, como os mexicanos gostam», afirma.
Pois bem, dado que muitas pessoas não podem viajar ao México, o purpurado recorda que será possível acompanhar pela rádio, televisão e internet os momentos culminantes do Encontro: em particular, o evento festivo testemunhal, às 18h, hora local do México, de 17 de janeiro, assim como a missa do domingo, 18 de janeiro, que começará às 9h, horário local.
O purpurado convida a «unir-se espiritualmente com a oração, e interessando-se pelos temas tratados e pelas experiências que são apresentadas, assim como também recebendo os benefícios espirituais».
«O Santo Padre concedeu a indulgência plenária não só a quem participa fisicamente, mas também a quem se une através dos meios de comunicação ao evento da Cidade do México», recorda.
«Bento XVI estará presente espiritualmente. Sempre se interessou muito na preparação e conhece muito bem os detalhes dos preparativos», declara o purpurado.
«Estará presente no evento do sábado com uma videomensagem. No domingo, de Roma, pela televisão, participará de toda a celebração da santa missa. Ao final da mesma, fará um link televisivo ao vivo para falar à multidão e dar sua bênção. Depois anunciará a sede do VII Encontro Mundial das Famílias», recorda.
O purpurado reconhece que o Encontro é particularmente importante para o México, o segundo país do mundo em número de católicos.
«A família é muito amada no México, apesar de atravessar dificuldades, sobretudo por motivos da imigração, que provoca separação dos cônjuges, pois um vai trabalhar no exterior», assinala.
«Mas a família é muito querida e, em particular, as mulheres foram importantes ao longo da história do México, tiveram também momentos de grande ressonância histórica. Nossa Senhora de Guadalupe deixou sua marca não só no México em geral, mas também na família mexicana», conclui.
Mais informação em: http://www.emf2009.com.
Bispos e crianças de Belém em marcha pela paz em Gaza
«Comecemos hoje mais uma vez, carregando a cruz do amor e da justiça», diz o patriarca latinoPor Nieves San Martín
BELÉM, terça-feira, 13 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O patriarca latino de Jerusalém e bispos do mundo dirigiram uma marcha pela paz em Belém, da qual participaram cerca de 800 crianças, oferecendo orações pelas vítimas inocentes do conflito em Gaza.
Sua Beatitude Fouad Twal presidiu o ato, no domingo, 11 de janeiro, junto aos bispos da América e da Europa, assim como de importantes instituições católicas do mundo que, como todos os anos nesta data, visitam a Terra Santa para promover a solidariedade com as comunidades cristãs locais e compartilhar a vida pastoral da Igreja local, que vive sob intensa pressão política e sócio-econômica.
No final da procissão, o patriarca deu as boas vindas aos participantes na cidade natal de Jesus, «nestes dias em que somos testemunhas do horror de Gaza, e digo convosco: a violência, venha de onde vier, e tome a forma que tomar, deve ser condenada».
«Enquanto estamos aqui reunidos em nome e no espírito do Príncipe da Paz, a criança que nasceu para ser luz do mundo e esperança de cada ser humano, quero nesta oportunidade condenar a violência no Oriente Médio, e de modo especial os ataques na Faixa de Gaza.»
«O nascimento do menino Jesus no humilde estábulo de Belém – acrescentou –, tão frágil e indefeso, nos leva naturalmente a pensar na situação de Gaza, onde nas últimas duas semanas fomos testemunhas de uma nova explosão de violência. Esta violência causou uma enorme perda de vida e a destruição de casas, escolas e instituições, produzindo imensos danos e trazendo um terrível sofrimento para a população civil, especialmente para muitas crianças inocentes.»
O patriarca latino advertiu sobre a tentação da violência, «porque parece que ela resolveria nossos problemas». «É uma falsa esperança – assegurou. Esta explosão de violência só traz complicações na busca de uma solução justa ao conflito, fervorosamente desejada pelo povo desta terra e inclusive do mundo.»
Recordou que «o período sempre traz alegria e esperança» e exortou a iniciar o Ano Novo «com a esperança de que a paz está no horizonte do mundo, na Palestina e em Israel».
Disse sentir-se, junto a seu povo, reforçado em suas orações e esperança de paz «pelas enérgicas palavras de nosso Santo Padre Bento XVI» de quem citou estas palavras: «Mais uma vez, eu gostaria de repetir que a alternativa militar não é a solução e que a violência, de onde quer que provenha e qualquer que seja sua forma, deve ser firmemente condenada. Expresso minha esperança em que, com o decisivo empenho da comunidade internacional, se restabelecerá o cessar-fogo na Faixa de Gaza, condição indispensável para restaurar condições de vida aceitáveis para a população, e de que se reiniciem as negociações de paz, com a rejeição dos odiosos atos de provocação e o uso das armas».
«Ainda que Jesus tenha nascido aqui, teve uma missão significativa para o mundo inteiro – destacou o patriarca Twal. Assim, também os problemas da nossa Terra Santa requerem uma aproximação que vai muito além das nossas fronteiras», sublinhou o patriarca Twal. E afirmou que «exigirão a adoção de um enfoque global aos problemas destes países, que respeite as aspirações e os interesses legítimos de todas as partes».
«Somos um povo que sofreu e continua sofrendo pela violência há 60 anos», afirmou. Ainda que, disse, «também renascemos como filhos de Deus, cujo Filho veio e sofreu de tal maneira, que todos podemos esperar em sua vitória. Nosso pensamento e oração se dirigem não só ao povo da Terra Santa, mas também àqueles de outras terras que estão sofrendo discriminação por razão de sua etnia ou religião».
Ele se referiu às «terríveis imagens do povo que sofre em nossa terra, especialmente às imagens das menores vítimas em Gaza», que «abriram fontes de compaixão entre nós».
«Em nome de Deus, que mostrou sua compaixão sacrificando seu Filho por nós, vemos o sofrimento em todas as parte», afirmou o patriarca, elevando sua voz «em defesa das crianças que, vinte anos depois da adoção da Convenção dos Direitos das Crianças, continuam sendo vulneráveis, precisam de assistência humanitária e, sobretudo, foram privadas de seus direitos e dignidade mais elementares».
«Não somos líderes políticos – declarou –, mas enquanto pedimos que Cristo venha a nossos corações para reforçar em nós a esperança e a fé, assumimos a missão de Cristo que não sabe de fronteiras ou confins.»
«Que nosso amor, sacrifícios e orações – exortou – levem os líderes políticos a construírem uma civilização de amor, reconciliação e segurança para todos.»
Certamente, afirmou, «a lista de horrores e sofrimentos é interminável. Contudo, a resposta a todo este sofrimento nasceu aqui e começa novamente hoje conosco, aqui na Terra Santa».
E pediu «que a missão de Cristo menino, nascido para testificar por meio da cruz a compaixão de Deus, se renove hoje em nós».
«Que a presença destas crianças aqui entre nós hoje – exortou – nos recorde que nossa fraqueza e nossa pobreza não são um limite, porque o Salvador do mundo não veio em meio ao poder mundano, mas na fragilidade. Hoje nós alcançamos a vitória na presença de Cristo ressuscitado, que nos deu e compartilhou sua vitória mediante o perdão de nossos pecados e a comunhão com seu Pai, mediante nossa comunhão com toda a humanidade, especialmente os pobres, os que sofrem e os perseguidos».
«Precisamos abraçar e anunciar esta vitória – disse; e depois, levá-la ao mundo.» E convidou a começar «hoje, em nossas famílias e povos, tomando uma vez mais a cruz do amor e da justiça, e tomá-la por todos aqueles que procuram a vitória do amor de Deus, onde quer que estejam. Que todos aqueles que sofrem, onde quer que estejam, mas especialmente nestes dias e nestas terras, vejam nosso amor, compromisso e solidariedade para com eles, em nome de nosso salvador Jesus Cristo».
«Senhor, Príncipe da Paz – concluiu –, dai-nos a paz que o mundo, a violência e a ocupação não podem nos dar. Senhor, continuamos acreditando em que vossa misericórdia reforçará nossa fé.»
Fátima reza pela paz entre israelenses e palestinos
Na peregrinação mensal de janeiroFÁTIMA, terça-feira, 13 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O reitor do Santuário de Fátima exortou os peregrinos a «rezar insistentemente» pela causa da paz entre israelenses e palestinos.
O pedido ecoou durante a Eucaristia da peregrinação mensal de janeiro, celebrada hoje na Igreja da Santíssima Trindade, em Fátima.
«Queremos hoje pedir a Maria, Mãe da Unidade, que olhe para aquela região e para aqueles filhos, amigos e vizinhos.»
«Ela que partilhou algo da vida, do território, da esperança e da tristeza de todos eles, esteja perto para apontar Deus, de quem é Mãe, como fonte de unidade e de paz», afirmou o padre Virgílio Antunes durante a homilia, segundo informa o departamento de comunicação do Santuário.
«Temos acompanhado o drama que se vive naquelas paragens, onde viveu Jesus, onde Maria deu à luz.»
Ainda durante a homilia, o reitor sublinhou que a unidade, aos mais vários níveis, é o grande desejo de Deus para a humanidade.
«O grande desejo de Deus foi a unidade em todos os seus filhos. Criou-nos para estarmos juntos. A incarnação de Cristo no seio de Maria fez dela participante no mistério da unidade de Deus com os homens, do Céu com a terra», disse.
Ele acrescentou que, por isso, «Deus sofre com as divisões do seu povo, assim como os pais sofrem com as divisões entre os seus filhos».
Deus «pede a unidade, pede o fim de todas as guerras, das pequenas e das maiores, daquelas que causam alguma insatisfação, e das que causam a morte», disse.
Crise é também moral, diz núncio
Representante do Papa em Portugal participa de encontro diplomáticoLISBOA, terça-feira, 13 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O núncio apostólico em Portugal, Dom Rino Passigato, considera que a crise que o mundo atravessa não é apenas econômica, mas também moral.
Diante disso, o arcebispo afirmou que «urge congregar as melhores energias de todos os homens do mundo» para superá-la.
«E estamos seguros de que Portugal não vai regatear o seu esforço neste desafio», disse essa terça-feira, durante a cerimônia de cumprimentos de Ano Novo do Corpo Diplomático ao presidente da República, Cavaco Silva, segundo informa Agência Ecclesia.
O núncio enfatizou no encontro o desejo de fraternidade na missão diplomática, que «mais não é do que o esforço para alcançar, a nível global, o bem da liberdade», e o trabalho pelo «ideal humanista».
Dom Rino Passigato disse que já pôde apreciar o trabalho que Portugal realiza «para fomentar o desenvolvimento e a cooperação entre os povos».
O presidente de Portugal já havia recebido o novo núncio recentemente, em encontro na residência oficial. A Concordata de 2004 foi um dos temas abordados, tendo-se manifestado a vontade recíproca de levar por diante o processo de aplicação no ordenamento jurídico português.
Cáritas Congo lança novo plano de emergência na guerra
Para atender 60 mil desalojadosCIDADE DO VATICANO, terça-feira, 13 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- A Cáritas da República Democrática do Congo pôs em andamento, na região de Dungu-Doruma, a primeira fase de um novo plano de ajuda urgente para 60 mil desalojados (10 mil famílias) como consequência da onda de sangrentos ataques por parte dos rebeldes ugandeses do LRA (Lord's Resistence Army) que se sucedem nessa região desde o dia do Natal.
Na primeira etapa, este programa humanitário de distribuição de lotes de produtos não perecíveis – gêneros domésticos, roupa de frio e produtos de higiene, principalmente –está atendendo 2 mil famílias em Doruma, 1.500 em Faradje, 1.000 em Dungu e 500 em Isiro.
Uma vez concluída esta fase, a meados de janeiro, nas semanas seguintes se completará a partilha a outras 5 mil famílias de desalojados em outras localidades das dioceses de Isiro-Niangara e Dungu-Doruma.
Concluído outro programa de ajuda a 4 mil famílias
A Cáritas congolesa pôs em andamento esta nova operação humanitária na região depois de ter completado, a meados de dezembro, outro programa de distribuição de produtos de primeira necessidade a 4 mil famílias de desalojados (25 mil pessoas).
Estima-se que a atual escalada bélica na região produziu o deslocamento de pelo menos 25 mil famílias (cerca de 150 mil pessoas).
Americanos se preparam para «marcha pela vida» em Washington
O evento anual recorda mais um ano da legalização do aborto neste paísPor Carmen Elena Villa
WASHINGTON, terça-feira, 13 de janeiro de 2008 (ZENIT.org).- Todo dia 22 de janeiro, as principais ruas da capital americana são invadidas por cartazes com mensagens como «Defender a vida» ou com painéis que têm rostos de bebês e crianças recém-nascidas.
Nem o inverno nem a neve podem deter as quase 200 mil pessoas que chegam a Washington de diferentes lugares dos Estados Unidos para marchar diante do Capitólio. Seguem a rota da Corte Suprema de Justiça com cantos. Exigem o respeito e a dignidade dos não nascidos, assegurando que esta é equivalente à de qualquer outro ser humano e recordando que o valor da vida não pode ser relativizado.
Quando os pró-vida decidiram unir-se
Em 22 de janeiro de 1973, sete de nove advogados da Corte Suprema de Justiça dos Estados Unidos deram via livre à lei Roe versus Wade, que assegura que o aborto deve ser permitido à mulher, por qualquer razão, até o momento em que o feto se transforme em «viável», ou seja, quando seja potencialmente capaz de viver fora do útero da mãe sem ajuda artificial.
Diferentes líderes pró-vida se deram conta das consequências que estava começando a ter a legalização do aborto nos Estados Unidos e foi assim como, em outubro de 1973, decidiram unir-se no dia 22 de janeiro seguinte, data na qual cerca de 20 mil pessoas participaram da primeira «Marcha pela vida» em Washington.
Desde esse dia, ano após ano, milhares de norte-americanos se reúnem para este evento. Várias dioceses dos Estados Unidos, assim como colégios e universidades católicas, enviam uma delegação para que façam parte da «Marcha pela vida».
O Pe. Frank Pavone, diretor da organização Priests for Life («Sacerdotes pela vida»), testemunha no site desta organização: «Minha primeira marcha pela vida foi em 1976, quando estava no último ano do colégio. Este evento me inspirou a ser um ativista no movimento pró-vida. Ao ver que havia tanta gente de diferentes etnias e religiões orando, cantando e marchando com fé e determinação, aprendi que esta causa é grandiosa, urgente e digna de meu tempo, minha energia e compromisso».
«É um grande sinal de esperança para o movimento e para a nação», conclui.
Durante estes 36 anos nos quais o aborto foi legalizado nos Estados Unidos, mais de 50 milhões de crianças foram assassinados no ventre materno. As menores de idade, que não podem tomar certos medicamentos sem uma permissão escrita de seus pais, podem contudo abortar sem seu consentimento.
Atividades que acompanharam a marcha
Ainda que o evento central consista nas duas horas de caminhada rumo ao Capitólio, o evento pró-vida inclui outras atividades que começam desde o dia anterior à marcha.
Conferências na Georgetown University, concertos de canções pró-vida, trabalhos em grupo, uma vigília de oração na Basílica do Santuário Nacional, missas, encontros, serviços religiosos de diferentes credos, um jantar depois da marcha, assim como a conferência anual do grupo «Estudantes pela vida», são algumas das atividades que procuram conscientizar sobre a defesa dos não nascidos.
«Se o aborto continua, podemos estar certos de que não continuará sem oposição. Compraz-nos estar unidos aos nossos compatriotas, que caminham no Capitólio para dar testemunho do fato de que uma política que permite a matança de milhares de crianças inocentes por dia não pode e não deve ser aceita de maneira passiva por qualquer país civilizado», diz o Pe. Pavone.
Mais informação: http://www.marchforlife.org
Líderes religiosos no Brasil pedem paz no Oriente Médio
BRASÍLIA, terça-feira, 13 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Líderes religiosos no Brasil difundiram hoje uma mensagem conjunta em que pedem a paz no Oriente Médio.
«Preocupados com a crescente escalada do conflito no Oriente Médio, nós, líderes religiosos, unimo-nos para pedir o estabelecimento e a manutenção da paz na região», afirma o comunicado.
O texto é assinado por Dom Raymundo Damasceno Assis, presidente do CELAM (Conselho Episcopal Latino-Americano), e por representantes dos muçulmanos, dos judeus e de outras tradições.
Os líderes reafirmam sua «opção pelo diálogo entre as partes, com a participação de terceiros, como caminho para a solução do conflito».
«No Brasil, os representantes das diferentes comunidades contam com um canal permanentemente aberto de conversação», destaca o texto.
«Desejamos que a relação fraterna entre povos de diferentes credos e culturas que se desenvolveu com mais intensidade nas últimas décadas em solo brasileiro se fortaleça, cada vez mais, e sirva de inspiração para outras sociedades ameaçadas em sua convivência pacífica», encerra a nota.
Novidades do Sínodo da Palavra
Segundo o teólogo Pié-Ninot, especialista em reunião eclesialPor Miriam Díez i Bosch
ROMA, terça-feira, 13 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- A experiência sinodal foi «viva», «dinâmica» e «fascinante», segundo um de seus participantes, o teólogo Salvador Pié-Ninot, professor na Faculdade de Teologia da Catalunha e na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
Para o teólogo, a quem Bento XVI nomeou «especialista» na reunião eclesial, o Sínodo ofereceu três grandes contribuições no campo eclesial, teológico e pastoral. Nesta entrevista concedida à Zenit, ele as explica.
– Os participantes do Sínodo saíram todos radiantes, contentes. Você também?
– Pié-Ninot: Eu estou feliz por esta vitalidade: sobretudo, o forte impacto da América Latina – 43% do catolicismo! E me impressionou a «forte» Índia, com a insistência na pobreza e no analfabetismo; os africanos, preocupados pela difusão da Bíblia entre as pessoas simples e o Islã; os do Oriente Médio, interpelados pelo ecumenismo com os ortodoxos, assim como com Israel e o Islã; as cuidadas intervenções dos franceses; muitas intervenções de bispos do primeiro mundo sobre a secularização, a indiferença e a fome de uma palavra «definitiva»; o testemunho comunitário dos superiores gerais...
– E entre tanta eferverscência: qual foi a novidade deste Sínodo?
– Pié-Ninot: Como novidade deste Sínodo, cada dia houve uma hora para intervenções livres e de três minutos dos padres sinodais. Impactantes foram as diversas intervenções dos delegados fraternos: o patriarcado grego (com o primeiro teólogo ortodoxo atual: Zizoulas); o patriarcado de Moscou; a Comunhão Anglicana (com o notável biblista N.T. Wright), a Federação Mundial Luterana, assim como o testemunho de Taizé... Também o Arqui-Rabino Cohen, de Israel, fez uma explicação belíssima do uso da Bíblia no mundo judaico, ainda que suas declarações posteriores externas à Sala o escureceram.
– Foi um encontro eminentemente pastoral, e não tanto teológico...
– Pié-Nonit: As intervenções dos bispos priorizaram claramente a pastoral. Vimos como a Palavra de Deus não se reduz à Bíblia e seus diversos sentidos a partir de Jesus Cristo, Palavra de Deus, o cristianismo como religião, não do Livro (como judeus e muçulmanos), mas de uma Pessoa, Jesus Cristo.
– O que significa o fato de que o Papa estivesse tão presente na sala?
– Pié-Ninot: O Sínodo foi uma experiência eclesial fascinante, ainda com suas limitações, que recordam a bela formulação de Paulo VI durante o Concílio Vaticano II, quando afirmou que o Sínodo se institui para que na guia da Igreja «não falte ao Papa o calor da presença dos bispos, a ajuda de sua prudência e experiência, a segurança de seu conselho e o apoio de sua autoridade».
Com efeito, a presença quase permanente de Bento XVI neste Sínodo com 253 padres sinodais, assim como a novidade da publicação das proposições reservadas – só realizada igualmente assim por ele mesmo no Sínodo anterior – convidam a pensar que o objetivo sobre a criação do Sínodo vai continuando com firmeza em seu caminho pós-conciliar.
– A Palavra de Deus não se reduz a um livro escrito, ouvimos. Já se viu no Concílio Vaticano II. Por que esta apreciação volta com força?
– Pié-Ninot: Foi uma das questões fundamentais que se trataram. Afirmou-se que há três formas da Palavra de Deus: Jesus Cristo, a Bíblia e a transmissão eclesial. Esta explicação é decisiva e já estava na «Dei Verbum» (DV) do Concílio Vaticano II, mas é sublinhada agora com força para recordá-lo de novo.
– E a relação exegese-teologia?
– Pié-Ninot: Entramos aqui em um texto importante que segue a intervenção do Papa em 14 de outubro – a primeira vez que um Papa intervém em um debate sinodal –, que esclarece a necessidade de uma exegese que, além de histórico-crítica, seja «teológica», seguindo DV 12, ou seja: a unidade de toda Bíblia; a Tradição viva da Igreja; e a analogia da fé, e assim superar o dualismo exegese-teologia. Foi a explicitação de um debate latente no pós-concílio.
– Qual é seu balanço global?
– Pié-Ninot: Eu traçaria um balanço em três níveis. Primeiro, no nível sinodal-eclesial. Foi uma experiência eclesial de igreja universal única, através dos testemunhos dos diversos continentes, centrada na vontade de potenciar a Bíblia, sua leitura (com a sugestão nova do «ministério do leitorado» às mulheres) e sua influência na Igreja hoje, com a devida fascinação pelo tesouro, ainda não explorado suficientemente, que representa a Bíblia para a renovação eclesial; a comum «urgência de pregar a Palavra de Deus para poder evangelizar nosso mundo» (homilia conclusiva de Bento XVI).
No nível teológico, houve uma contribuição modesta, dado que o objetivo primário era bíblico-pastoral, objetivo ao qual se orientavam os «Lineamenta», ainda que o posterior «Instrumentum laboris», fruto das respostas dos diversos episcopados, já propôs algumas questões teológicas chaves, como: as diversas formas da Palavra de Deus como «um canto a várias vozes»; a relação entre a Escritura, a Tradição e o Magistério; e a difícil articulação entre exegese e teologia.
Estas questões estiveram presentes em todo o Sínodo, ainda que teologicamente foram enfrentadas de forma mais modesta. Só a questão da «analogia da expressão Palavra de Deus» (n. 3), é nova teologicamente, já que não é usada nem pelo Magistério, nem pela teologia recente; também o é a da «promoção de uma reflexão sobre a sacramentalidade da Palavra de Deus» (n. 7), que tem precedentes teológicos recentes. As outras questões já existem na Dei Verbum, do Vaticano II, em uma orientação certeira mas que convém difundir!
Já no nível pastoral-prático, recobra uma importância decisiva o relançamento da prioridade da Palavra de Deus na Igreja em todos suas ações, a partir de Jesus Cristo, testificada particularmente na Bíblia e transmitida pela Igreja, como tradição viva, a cujo serviço está o Magistério como «intérprete autêntico» (DV 10).
Este objetivo está bem sintetizado na Proposição n.2: «Esta Assembléia Sinodal formula o desejo que todos os fiéis cresçam no conhecimento vivo do mistério de Cristo, único salvador e mediador entre Deus e os homens (cf. 1Tim 2,5; Heb 9,15), e a Igreja renovada pela escuta religiosa da Palavra de Deus possa empreender uma nova etapa missionária, anunciando a Boa Nova a todos os homens».
Eis aí a fascinação e o futuro eclesial deste Sínodo!
Informar ou desinformar sobre a religião
Pontos obscuros e cobertura tendenciosa da mídiaPor Pe. John Flynn, L.C.
ROMA, terça-feira, 13 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- A exatidão e a objetividade são características que costumam faltar na cobertura que os meios de comunicação fazem das Igrejas e da religião em geral. Um exemplo foi um recente artigo da Newsweek sobre o casamento do mesmo sexo.
A revista publicava uma reportagem de capa de Lisa Miller em seu número de 15 de dezembro, em que se afirmava que não podemos tomar a Bíblia como uma fonte confiável sobre como deveria ser o matrimônio. Miller também afirmava que nem a Bíblia nem Jesus definiam explicitamente o matrimônio como a união entre um homem e uma mulher.
O artigo de Miller recebeu muitas críticas por suas citações seletivas de passagens bíblicas e por ignorar simplesmente muito do que as Escrituras dizem sobre o matrimônio. A própria Newsweek reconheceu que suas opiniões atraíram milhares de e-mails com críticas.
A ignorância exibida no artigo da Newsweek não é um caso isolado. No dia 15 de dezembro, o defensor do leitor do periódico Guardian teve de admitir que haviam confundido a Imaculada Conceição de Maria com o nascimento virginal de Jesus em um artigo publicado nada menos que no dia da Imaculada Conceição.
O editor também admitia que, como afirmava um sacerdote que lhes escreveu, este é um erro frequente. De fato, o Guardian teve de publicar retificações sobre este tema em sete ocasiões durante os últimos dez anos.
Outro erro chamativo foi cometido no dia 7 de julho, desta vez por FoxNews, quando informava que Webster Cook, estudante na Universidade Central da Flórida, levou escondido uma hóstia consagrada de uma Missa. O jornalista indicou erroneamente que os católicos crêem que a hóstia «simboliza o corpo de Cristo».
Os comentaristas apontaram rapidamente que a Igreja Católica não crê que a Eucaristia seja um mero símbolo, mas que é o verdadeiro Corpo de Cristo. FoxNews corrigiu o texto, mas inclusive assim a seguinte versão, ainda que reconhece que os católicos creem que seja o Corpo de Cristo, afirma que isto ocorre quando a hóstia é «abençoada», no lugar do termo correto, «consagrada».
Analfabetismo religioso
Tentar compreender por que muitos meios de comunicação equivocam-se com tanta frequencia com a religião é o objetivo de uma série de ensaios recentemente publicados: «Blind Spot: When Journalists Don't Get Religion" (Ângulo cego: quando os jornalistas não acertam com a religião) (Oxford University Press).
Editado por Paul Marshall, Lela Gilbert e Roberta Green Ahmanson, o prólogo do livro começa observando que muitos jornalistas são simplesmente analfabetos quando se trata de saber o que a Bíblia contém. Infelizmente, comenta o prólogo, um jornalista com tendências laicistas simplesmente perderá muitos dos mais importantes acontecimentos e tendências de nosso tempo.
Em sua contribuição, Allen D. Hertzke, professor de ciências políticas da Universidade de Oklahoma, acusava a maior parte da imprensa de perder um dos maiores desenvolvimentos da política exterior dos últimos tempos.
Hertzke explicava que um novo movimento de direitos humanos surgiu em meados dos anos noventa para defender a liberdade religiosa e os direitos humanos. O Congresso dos Estados Unidos aprovou uma importante legislação, que incluía a Lei de Liberdade Religiosa Internacional de 1998.
Levou a cabo um profundo estudo da cobertura da mídia durante os anos em que se aprovaram as principais leis e concluiu que o papel da aliança de grupos religiosos que foi a principal força do processo foi com frequencia mal entendida.
O professor observava, por exemplo, que o New York Times costumava simplesmente caracterizar o impulso legislativo como uma causa da «Direita Cristã», ignorando assim o papel de toda a diversidade de grupos que vão desde os judeus aos budistas tibetanos.
Assim, acrescentava Hertzke, a campanha contra o tráfico de mulheres e de crianças para exploração sexual é outra área onde os grupos religiosos tiveram um papel pioneiro, esquecido com frequencia pela mídia.
Informando sobre o Papa
A escritora e jornalista católica Amy Welborn dedica um capítulo do livro à cobertura da mídia ao papado. Ela reflete sobre a cobertura da morte de João Paulo II, a eleição de Bento XVI e os primeiros anos do pontificado deste último.
Muitas vezes, comenta Welborn, a cobertura da mídia se vê desqualificada por seus defeitos, primeiro, a falta de conhecimento do tema; segundo, confiar em método de informação que marca os acontecimentos em linguagem de categorias políticas contemporâneas.
Um perfil de João Paulo II publicado após sua morte pelo Boston Globe descrevia seu magistério como «autoritário e disciplinador». Muitos dos jornalistas, observava Welborn, apresentavam João Paulo II como «conservador» e ignoravam, por exemplo, suas contribuições pioneiras em áreas como a teologia do corpo.
Quanto à eleição de Bento XVI, Welborn observava que com muita frequencia a mídia caracterizou o novo Papa como intransigente e disciplinador. Apenas com o tempo, os meios laicos conseguiram apresentar uma imagem mais completa.
Welborn reconhecia que informar sobre a Igreja Católica é todo um desafio, dada a profundidade e complexidade histórica do tema em questão. E indicava que aprofundar seu conhecimento da Igreja seria um passo adiante para os jornalistas que cobrem o catolicismo. Isso não significa perder objetividade, mas informar sobre os acontecimentos em seu contexto apropriado. Também seria dar outro passo adiante resistir à tentação de apresentar cada informação relacionada com o Vaticano como uma batalha entre «conservadores e liberais».
Ignorância
Terry Mattingly, repórter e diretor do Washington Journalism Center no Council for Christian Colleges, escrevia sobre o tema de levar a religião à salas de redação.
Também comentava a assombrosa ignorância de alguns dos repórteres que cobrem religião. Mattingly observava que não podia imaginar que erros básicos como os cometidos em informações sobre temas religiosos se pudessem permitir em outras áreas, como a polític.
Entre os exemplos dados por Mattingly estavam informações que podiam inclusive não descrever perfeitamente os nomes das Igrejas ou das denominações, etiquetando os diferentes grupos de cristãos como «fundamentalistas» e mal interpretando completamente a terminologia religiosa.
Este não é um problema religioso, sustenta Mattingly, mas jornalístico, devido a que as mesas de redação carecem de ouvidos quando se trata de religião --escutando as palavras mas sem compreender a música.
Mattingly cita um caso dos editores do Washington Post de 1994, quando puseram um anúncio para um repórter de religião. O candidato «ideal», dizia, «não é necessariamente religioso nem especialista em religião».
É certo, reconhece, que um repórter que cobre religião não deve ser escolhido baseando-se em suas crenças religiosas, mas para ser um bom repórter profissional necessita-se conhecer o tema a tratar.
Mattingly recomenda algumas coisas que podem ser feitas para melhorar a cobertura da religião. As sugestões vão desde que os editores assegurem que os repórteres recebam uma melhor preparação à necessidade de mais diversidade em termos de procedência e crenças de quem trabalha nas mesas de redação.
«É preciso evitar que os meios de comunicação se tornem o megafone do materialismo econômico e do relativismo ético, verdadeiras pragas do nosso tempo», escrevia Bento XVI em sua mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, celebrado em maio passado.
«Pelo contrário, eles podem e devem contribuir para dar a conhecer a verdade sobre o homem, defendendo-a face àqueles que tendem a negá-la ou a destruí-la», animava o Papa. Uma parte essencial da comunicação desta verdade é informar corretamente sobre os fatos básicos da religião e da Igreja.
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