ZENIT
O mundo visto de Roma
Serviço diario - 16 de janeiro de 2009
SANTA SÉ
Papa convida cristãos do Irã a dialogar com autoridades islâmicas
Coréia inspira Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos de 2009
Representante do Google na apresentação de uma mensagem do Papa
ESPECIAL: ENCONTRO MUNDIAL DAS FAMÍLIAS
Esclarecimento do cardeal Antonelli sobre homossexualidade
Povos indígenas no encontro das famílias
Encontro sabor Família
É imperativo dar carta de cidadania à família nas sociedades modernas
Casamento sem compromisso não funciona
MUNDO
Arquidiocese do Rio de Janeiro prepara festa de São Sebastião
ENTREVISTAS
Congresso das famílias já dá primeiros frutos
Representante vaticano: família migrante pode e deve ser missionária
DOCUMENTAÇÃO
Bento XVI aos cristãos do Irã
Papa convida cristãos do Irã a dialogar com autoridades islâmicas
Indica-lhes duas vias: o diálogo cultural e a ação caritativaPor Inma Álvarez
CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 16 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Bento XVI agradeceu o trabalho dos cristãos na República Islâmica do Irã e lhes indicou duas vias para aprofundar em sua relação com as autoridades do país: o diálogo cultural e o exercício da caridade.
Em seu discurso aos bispos deste país do Oriente Médio, que foram a Roma por ocasião da quinquenal visita ad limina apostolorum, o Papa manifestou a «antiga presença» dos cristãos no Irã, em suas três comunidades, armênia, caldéia e latina, uma presença que se «desenvolveu e manteve ao longo do tempo».
O pontífice pôs de manifesto a importância do testemunho de «unidade na diversidade» que as três comunidades oferecem dentro da Igreja.
Também explicou a transcendência do testemunho da caridade que os sacerdotes, religiosos e religiosas estão dando através da assistência aos mais necessitados e aos idosos, e especialmente «a bela contribuição da Igreja Católica, em particular através da Cáritas, na obra de reconstrução após o terrível terremoto que abalou a região de Bam».
«Não quero esquecer todos os católicos, cuja presença na terra de seus antepassados traz à mente a imagem bíblica do fermento na massa, que faz crescer o pão, lhe dá sabor e consistência.», acrescentou.
O Papa animou os cristãos a «permanecerem fiéis à fé de vossos pais e permanecer unidos à voss terra, para trabalhar conjuntamente no desenvolvimento da nação».
Para isso é necessário, explicou, «desenvolver relações harmoniosas com as instituições públicas, com a graça de Deus, que se aprofundem gradualmente e lhes permita desempenhar melhor sua missão de Igreja no respeito mútuo pelo bem de todos».
Para isso, o Papa lhes indicou dois caminhos, «o do diálogo cultural, riqueza plurimilenar do Irã, e o da caridade. Esta última iluminará a primeira e será seu motor».
Também pediu aos pastores que cuidem das vocações, que não são muito numerosas devido ao exíguo número de cristãos, e que fortaleçam os laços com os cristãos iranianos que migraram a outros países.
«O caminho que se abre perante vós requer muita paciência e constância. O exemplo de Deus, que é paciente e misericordioso com seu povo, será vosso modelo e vos ajudará a abrir o espaço necessário para o diálogo», acrescentou.
O Papa assegurou, por último, seu afeto e oração pelos cristãos iranianos: «Em minha oração, nunca esqueço vosso país e as comunidades católicas presentes em vosso território, e peço a Deus que as abençoe e auxilie».
«Eu agradeceria que, em vosso retorno, transmitais aos vossos sacerdotes, religiosos, religiosas e a todos os fiéis que o Papa está próximo deles e reza por eles», concluiu.
Dos mais de 65 milhões de habitantes do Irã, 98% são muçulmanos e 0,04% católicos (caldeus, armênios e latinos).
Coréia inspira Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos de 2009
«Serão um, em tuas mãos», é o lema extraído do livro de EzequielCIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 16 de janeiro de 2008 (ZENIT.org).- Este ano, o projeto da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, de 18 a 25 de janeiro, foi elaborado pelos cristãos que sofrem em sua própria carne a divisão, na Coréia.
Como se fosse ontem, seus redatores sentem o drama da guerra que dividiu o país (1950-1953) e que, além de uma quantidade enorme de mortos, deixou 10 milhões de famílias divididas nos dois lados, sem poder se comunicar.
O lema que estes cristãos escolheram para propor reflexões aos dois bilhões de cristãos do planeta foi tomado do profeta Ezequiel: «Serão um, em tuas mãos» [as duas partes de uma mesma madeira].
Após a escolha do lema, o Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos e a Comissão «Fé e Constituição» do Conselho Ecumênico das Igrejas, acolheram o projeto coreano e o lançaram a todas as Igrejas locais para alimentar a oração que se eleva em todos os lugares do planeta pelos cristãos para que «sejam todos um».
Frente à divisão de seu país, representantes das Igrejas na Coréia «buscaram a inspiração no profeta Ezequiel, que também viveu em um país tragicamente dividido e que desejava a unidade para seu povo», explica a apresentação dos Subsídios para a Semana de Oração.
«Em 2009, os cristãos do mundo inteiro rezarão pela unidade ‘para que estejam unidos em tua mão’ (cf. Ez 37,17) – acrescenta o documento –. Ezequiel – cujo nome significa ‘Deus o faz forte’ – foi chamado para restituir esperança a seu povo, numa situação política e religiosa desesperada que perdurou depois da queda e ocupação de Israel, com o exílio de grande parte de seu povo».
Os membros do grupo local da Coréia viram que o texto de Ezequiel mostrava «semelhanças notáveis com a situação que eles viviam no seu país dividido, bem como a situação mais ampla dos cristãos desunidos».
«A palavra de Ezequiel lhes confirmou a esperança de que Deus reunirá novamente o seu povo, para fazer apenas um: o povo de sua pertença, que Ele abençoará e fortalecerá. Da Palavra brotou uma nova e suprema esperança: Deus criará um mundo novo».
O projeto de base dos textos para a oração foi preparado por um grupo de representantes da Conferência dos Bispos Católicos da Coréia (CBCK) e do Conselho Nacional das Igrejas da Coréia (NCCK).
Os materiais para a oração servem para denunciar a divisão da península coreana, «onde seus habitantes estão na impossibilidade de se comunicar com seus pais, filhos, irmãos e irmãs, famílias e amigos que vivem do outro lado».
«O sistema político norte-coreano que proíbe seus habitantes de pertencerem à tradição religiosa de sua escolha é um regime autoritário que limita a liberdade de consciência», continuam denunciando os cristãos das diferentes confissões.
Também esclarecem que tais antagonismos, conflitos, violências e guerras que nascem de hostilidades religiosas, raciais e étnicas não existem unicamente na Península coreana mas atualmente existem em numerosas regiões do mundo».
Por isso, concluem, «a situação de divisão e os sofrimentos que os coreanos vivem interpelam certamente aos cristãos e às sociedades do mundo inteiro».
«Os cristãos da Coréia (católicos, protestantes e ortodoxos) trabalham juntos pelo bem comum – para levar a paz autêntica à península coreana – com seus irmãos de outras religiões (Budismo, Confucionismo e outras religiões tradicionais, incluindo o Budismo Won e o Taoísmo Chon-Chon Do Gyo)», conclui o documento.
O programa redigido pelos cristãos coreanos oferece orações para cada um dos dias da semana em que representantes cristãos do mundo se reunirão em encontros ecumênicos.
A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos tem sua origem no movimento pentecostal na Escócia com vínculos nos Estados Unidos.
Em 1820, o reverendo James Haldane Stewart publicou «Conselhos para a união geral dos cristãos com vista a uma efusão do Espírito» (Hins for the outpouring of the Spirit). Em 1894, o Papa Leão XIII já animava a prática do Oitavário de oração pela unidade no contexto de Pentecostes.
Mais informação em http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/chrstuni/weeks-prayer-doc/rc_pc_chrstuni_doc_20080630_week-prayer-2009_po.html
Representante do Google na apresentação de uma mensagem do Papa
"Novas tecnologias, novas relações. Promover uma cultura do respeito, diálogo e amizade"CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 16 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Um representante do Google estará presente na coletiva de imprensa de apresentação da mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial das Comunicações Sociais.
Segundo informa esta sexta-feira a Sala de Imprensa da Santa Sé, a mensagem do quadragésimo terceiro Dia Mundial das Comunicações Sociais tem como tema «Novas tecnologias, novas relações. Promover uma cultura de respeito, de diálogo, de amizade».
A coletiva de imprensa terá lugar na sexta-feira 23 de janeiro. Nela participarão o arcebispo Claudio Maria Celli, presidente do Conselho Pontifício das Comunicações Socias, mons. Paul Tighe, secretário desse mesmo Conselho vaticano, e o padre Federico Lombardi, S.J., diretor da Rádio Vaticano, do Centro Televisivo Vaticano e da Sala de Informação da Santa Sé.
Também falará Henrique de Castro, Managing Director Media Solutions do Google.
Segundo informa a Sala de Imprensa da Santa Sé, «na roda de imprensa se apresentará uma nova iniciativa do Centro Televisivo Vaticano e de Rádio Vaticano em colaboração com o Google».
O Dia Mundial das Comunicações Sociais é o único dentre esse tipo de jornada que foi estabelecido pelo Concílio Vaticano II (Inter mirifica, 1963). Celebra-se em muitos países, animado pelos bispos do mundo, no domingo anterior ao Pentecostes.
A mensagem do Santo Padre para esse dia se publicará na véspera do dia de São Francisco de Sales, patrono dos jornalistas.
Esclarecimento do cardeal Antonelli sobre homossexualidade
Nota emitida pelo Conselho Pontifício para a FamíliaCIDADE DO MÉXICO, sexta-feira, 16 de janeiro de 2009 (ZENIT.org-El Observador).- Publicamos a nota esclarecedora sobre a homossexualidade emitida em nome do cardeal Ennio Antonelli, presidente do Conselho Pontifício para a Família, pelo sacerdote Carlos Simón Vázquez, subsecretário desse dicastério vaticano.
* * *
Deram-se diversas interpretações à referência à homossexualidade feita pelo cardeal Ennio Antonelli, presidente do Conselho Pontifício para a Família, em seu discurso de abertura do Congresso de Teologia Pastoral do México. O cardeal quis sublinhar três aspectos importantes:
1) A homossexualidade não é um componente necessário da sociedade, como a família. A sociedade se organiza em torno da relação de casal formada por um homem e uma mulher. Eles se encontram na origem da vida conjugal e da vida familiar. Neste sentido, o casal e a família entram no campo da vida social e, portanto, da lei civil. A relação entre duas pessoas do mesmo sexo não é equivalente a uma relação de casal, que se baseia na diferença sexual. A relação homossexual não entra neste campo social. É, portanto, uma questão privada. O legislador comete um erro antropológico quando quer organizar socialmente a homossexualidade. Corre o risco de provocar uma confusão intelectual, de identidade e relacional. Não se deve esquecer que a confusão favorece frequentemente a insegurança, a instabilidade das relações e a violência quando o legislador não respeita o sentido fundamental das relações humanas. A família é um bem comum da humanidade que não se encontra à livre disposição do legislador para responder às reivindicações subjetivas e problemáticas da época atual. O desejo individual não pode estar na origem da lei. Aqui nos encontramos em presença de uma confusão entre o direito, que é de domínio público, e o desejo, que depende do sujeito.
2) Afirmando que a homossexualidade é um fato privado, o presidente do Pontifício Conselho para a Família não pretendeu justificá-la. O cardeal simplesmente sublinhou que a homossexualidade não contribui favoravelmente para a estruturação das pessoas e da sociedade. O exercício da homossexualidade não reflete a verdade da amizade. A amizade é inerente à condição humana, na qual se dão relações de proximidade, apoio e cooperação, em um clima cortês e afável. A amizade deve ser vivida na castidade.
3) A Igreja mantém a preocupação de acolher e acompanhar as pessoas homossexuais. Toda pessoa que tem dificuldade para viver retamente a sexualidade está chamada a encontrar-se com Cristo e a viver, em consequência, de acordo com as exigências da liberdade e a responsabilidade da fé, da esperança e da caridade. Ao contrário, é contrário à verdade da identidade humana e ao desígnio de Deus viver uma experiência homossexual, uma relação deste tipo, e mais ainda pretender reivindicar o casamento entre pessoas do mesmo sexo. São contrários aos verdadeiros interesses das pessoas e às necessidades da sociedade. Constituem uma transgressão do sentido do amor tal como Deus nos revelou através da mensagem de Cristo, da qual a Igreja é servidora, como expressão da caridade aos homens e mulheres do nosso tempo.
Povos indígenas no encontro das famílias
Em sua V Assembléia Nacional, promoveram valores como respeito, dignidade e fraternidadePor Sergio Estrada
CIDADE DO MÉXICO, sexta-feira, 16 de janeiro de 2009 (ZENIT.org-El Observador).- No contexto do VI Encontro Mundial das Famílias, levou-se a cabo a V Assembléia Nacional de Pastoral Indígena, organizada pela Dimensão de Pastoral Indígena da Comissão Episcopal para a Pastoral Social da Conferência do Episcopado Mexicano.
Encabeçada por Dom Felipe Arizmendi, bispo de San Cristóbal de las Casas e titular da pastoral indígena no México, a reunião teve o objetivo de tratar do tema familiar a partir de quatro perspectivas: as famílias indígenas no contexto dos valores humanos; compartilhar as experiências de trabalho e fazer as propostas das linhas de ação desde as famílias indígenas; e a preparação do VI Encontro de Pastoral Indígena.
Segundo informou em entrevista à Zenit – El Observador o Pe. Ramón Sánchez, secretário da Comissão, os indígenas são conscientes que recebem seus valores na família: como o respeito aos idosos e a solidariedade integral.
«Vamos a Deus a partir da visão hebraica como totalidade. Vivemos em contato com Deus que vive e caminha conosco», explica.
O sacerdote explica que no atual contexto de crise econômica «parece que os programas de governo favorecem os indígenas; contudo, é no setor dos indígenas onde vai recair a crise econômica, já que tem menos possibilidades e oportunidades de sobressair».
A predisposição dos indígenas a se sentirem os mais afetados – assinalou o sacerdote – os obriga a regressar às suas terras e a produzir seus frutos. Neste momento, desde este lugar, estamos propondo a fraternidade e a solidariedade, «mas não tornar-nos dependentes dos sistemas de apoio e que não devemos estar sobrevivendo do que lhes estão dando. Temos de ser diligentes conosco mesmos e com nossas comunidades», reconhece.
Solidariedade e subsidiariedade
O presbítero enumerou as ações que os indígenas devem empreender para tornar a situação econômica menos difícil: «Temos de ser solidários entre as comunidades; há apoio entre nós e nos reconhecemos. Portanto, nós nos consideramos como membros e irmãos de uma comunidade e, por conseguinte, há solidariedade e subsidiariedade entre os indígenas».
Entre as conclusões desta Assembléia de Pastoral Indígena, o sacerdote destaca a de «impulsionar os valores das famílias, tomar consciência dos valores e renová-los para conservá-los como missão de famílias indígenas, entre a espiritualidade, solidariedade e o respeito para reconhecer-nos e respeitar-nos como irmãos indígenas e não envergonhar-nos, porque cada ser humano tem sua cultura».
Nesta assembléia estiveram membros de diversas comunidades e etnias dos estados de Oaxaca, Chiapas, Chihuahua, Toluca, Veracruz, Puebla, Distrito Federal, Querétaro e Nayarit, entre outros.
Em um dos informes finais da Assembléia, foi dito que correm risco de extinção 100 línguas indígenas do México, por falta de falantes delas.
Novo Pentecostes na capital mexicana
Por Gilberto Hernández García
CIDADE DO MÉXICO, sexta-feira, 16 de janeiro de 2009 (ZENIT.org-El Observador).- São 8h15 da manhã na Cidade do México. O sol quer aparecer para saudar a mais populosa metrópole latino-americana, mas as nuvens o impedem. Uma leve chuva se deixa sentir na região de Santa Fé, ao oeste da capital mexicana, que contribui para que a temperatura caia para 6º.
O clima é frio, mas não no interior da sede do Congresso Teológico Pastoral do VI Encontro Mundial das Famílias (EFM). Aqui dentro o calor não tem a ver com os termômetros. O calor do encontro fraterno vence qualquer temperatura baixa.
Pouco a pouco as instalações vão se enchendo. Não há um sino que indica a hora da missa, mas os congressistas sabem que têm um encontro às 8h30 com Deus, Pai amoroso, na Eucaristia, na mesa onde todos têm lugar e ninguém se sente estranho nem estrangeiro.
Ao caminhar pelo grande corredor do centro de exposições Santa Fé e ao andar pelos salões, é possível observar rostos brancos, negros, amarelos, diferentes; contudo, há algo em comum: o sorriso nos lábios.
Neste lugar se encontram cerca de 10 mil pessoas, segundo dados atualizados pelos organizadores, provenientes de 98 países. Seria fácil intuir que esta diversidade converteria o Encontro em uma pequena Babel, mas é um novo Pentecostes, pois o Espírito Santo suscita formas de entendimento: gestos amáveis, sorrisos, sinais simpáticos, intentos de expressão em um idioma que pouco se conhece e torna engraçado o «diálogo».
Contudo, todos os que se encontram no lugar sentem de maneira viva sua pertença à Igreja, e a oportunidade do encontro com outras culturas ajuda a perceber a catolicidade da Igreja: «Agora entendo o que significa ser católico», diz Laura, uma mulher equatoriana, levantando a voz para fazer-se ouvir em meio à correria que reina no longo corredor do edifício.
«Por que estou aqui? Porque amo minha família, porque a família vale a pena», diz Adilson, um jovem brasileiro, em um raro «portunhol», quando questionado acerca de sua presença no EMF.
Ao avançar pelo edifício, é possível ver os grupos nacionais, alguns com seus trajes típicos, o que imprime um belo toque autóctone ao encontro. Os cantos populares se deixam ouvir e pouco a pouco se vão formando coros ao redor dos artistas emergentes.
Os seminaristas, as religiosas – de todas as cores e carismas – perambulam pelo lugar testemunhando sua vocação – nascida no seio de uma família – com sua simples presença, inquietando os jovens que foram à reunião «para ver o que pescavam» e talvez aqui «sejam pescados».
Mais adiante, uma delegação de cubanos atrai a atenção de muitos assistentes. «Foto, foto!», pedem alguns. E os irmãos cubanos, como se já tivessem ensaiado, posicionam-se para atender ao pedido. Mais que simpatia, os irmãos da ilha recebem demonstrações de solidariedade. «Ânimo, irmãos, Cristo é o caminho», escuta-se de repente.
Talvez tudo se reduzisse a uma manifestação pública de apoio aos cubanos, se não fosse uma voz dizendo: «Aí vem Nossa Senhora de Guadalupe!». Tanto nos corredores como no salão de plenárias – onde os moderadores do dia dão indicações para a recepção da imagem da Guadalupana – os congressistas irrompem em aplausos e vivas. Espontaneamente, brota o universal canto: «Desde el cielo, una hermosa mañana...», e tudo se converte em loucura: loucos de amor, loucos por Cristo, loucos pela Moreninha do Tepeyac, claro.
E esse é o clima que impera em todo momento. Começam as conferências e os participantes fazem silêncio e procuram imitar a Santíssima Virgem, guardando no coração tudo o que escutam, para depois compartilhá-lo como «discípulos e missionários».
Passam as horas e o ânimo não decai. Chegam os intervalos organizados, a refeição, o momento de passear pela Expo Família, a oportunidade de compartilhar tudo com outras famílias na hora das refeições.
Hoje, como ontem ou como no terceiro dia do congresso, as atividades terminarão, as vozes irão se apagando, os salões ficarão vazios, as luzes deixarão seu lugar à escuridão, mas nos corações de cada um dos assistentes a presença dos irmãos, que também é de Deus, permanecerá viva; o ideal da família, motivo de reunião, será motor para voltar à vida cotidiana. Depois de tudo, o Encontro fez todos sentirem que somos família, família de Deus.
É imperativo dar carta de cidadania à família nas sociedades modernas
Adverte o sociólogo italiano Pierpaolo DonatiPor Gilberto Hernández
CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 16 de janeiro de 2009 (ZENIT.org-El Observador).- A sociedade espera que os indivíduos sejam bons cidadãos e que contribuam para que a própria sociedade humana cresça e se fortaleça, mas de onde vêm os indivíduos, se não é da família?
Mundial das Famílias, no qual tratou da questão da família como geradora de virtudes sociais.
Sua resposta foi clara: se a sociedade não é capaz de reconhecer a família e de ajudá-la a ser fiel à sua vocação, como instituição fundante da sociedade, dificilmente poderá haver indivíduos íntegros.
Donati, fundador da sociologia relacional, assegurou que a família se concebe como um lugar de harmonia, mas pouco se valorizam as contribuições que oferece realmente à sociedade.
«Devemos entender que a família é operadora na sociedade, que transforma as virtudes pessoais em virtudes sociais», assinalou o catedrático de sociologia da Faculdade de Ciências Políticas da Universidade de Bolonha.
É evidente que muitas vezes as virtudes que se vivem dentro da família nem sempre transcendam à esfera pública, advertiu Donati, que dirigiu o Observatório Italiano sobre a Família. «Uma família pode ser acolhedora, mas se não é consciente da função pública que esta virtude tem para a sociedade, não será capaz de transmiti-la à própria sociedade», assinalou o palestrante, membro da Academia Pontifícia de Ciências Sociais.
A família não é uma mercadoria
Na família, indicou, aprende-se a reconhecer o outro e se entrega o dom da própria presença. «O exercício das virtudes pessoais no interior da família leva a viver instintivamente as virtudes que beneficiarão a sociedade em seu conjunto», afirmou Donati.
O palestrante expressou que a sociedade atual nega esta função social da família, e mais ainda, diz que não é fonte de virtudes, mas de vícios, abusos e violência. Por tal motivo, afirmou, é importante que se reconheça de onde nascem estas críticas e como responder a elas.
«É verdade que muitas vezes algumas famílias não são fonte de virtudes, e sim núcleo de problemas», reconheceu Donati, que também é diretor do Centro de Estudos de Política Social e Sociologia Sanitária da Itália (CEPOSS).
A sociedade contemporânea, sublinhou, faz da família uma mercadoria, a privatiza e a reduz e, por outro lado, o Estado não ajuda a família porque subtrai dela sua função educativa, para depois culpá-la de ter uma crise educativa.
Outro problema, mencionou Donati, é a pouca conciliação que existe entre o trabalho e a família, pois o tempo para ajudar os filhos se vê reduzido.
O catedrático, autor de mais de 600 publicações em vários idiomas, expressou que uma família virtuosa não implica só a virtude dos particulares, mas também inclui a da família como uma pessoa moral.
Do mesmo modo, mencionou que a família é a base primária para o desenvolvimento das virtudes sociais, devido à confiança que gera, à capacidade de cooperar e à reciprocidade, e isso é o que a converte em «capital social».
Dessa forma, assinalou, é importante entender que este «capital social» não vem só de uma família, mas que surge da inter-relação destas.
Uma nova reflexão
Pierpaolo Donati convidou a desenvolver uma nova reflexão familiar, já que a família não só cria virtudes pessoais e privadas, mas também sociais, pois é a que nos dá a capacidade de relacionar-nos.
O sociólogo italiano concluiu sua participação falando da importância que a família tem como nexo entre a felicidade privada e pública, ao mesmo tempo em que afirmou que a família é a única capaz de gerar as virtudes que são bem relacionadas e que é necessário fazer um pacto entre sociedade e família e reconhecer o papel da família na sociedade.
Insistiu na idéia de que deve existir uma «cidadania da família»; assim como existe uma relação entre indivíduo e Estado, deve existir entre o Estado e a família, direitos e deveres da família como sujeito social.
Casamento sem compromisso não funciona
Comunicações na Expo Família do Encontro Mundial das FamíliasPor Gilberto Hernández
CIDADE DO MÉXICO, sexta-feira, 16 de janeiro de 2009 (ZENIT.org-El Observador).- Paralelamente às conferências do Congresso Teológico Pastoral do Encontro Mundial das Famílias, a Expo Família traz uma série de atividades de livre acesso ao público, onde se abordam temas como saúde, superação, noivado, violência, entre outros, em sua relação com a família.
A entrada é gratuita e nesse lugar os visitantes podem encontrar desde assessoria para o bom manejo da economia familiar até informação sobre agrupamentos que trabalham e promovem a família.
Participam mais de cem movimentos, associações, editoras e instituições educativas. Neste contexto, apresentam-se também na Expo Família conferências de participantes no encontro, gente comum, com experiência familiar, que partilha suas preocupações ou experiências.
José Ángel Rivero, falando sobre a família como ambiente de vida e de amor, assinalou que «é preocupante a falta de compromisso por parte das pessoas que optam pelo matrimônio, pois não sabem o que esperar e não têm as bases e os valores suficientes para sustentar uma relação comprometida cem por cento».
Esta falta de compromisso, afirmou Rivero, «leva a eleger o caminho fácil quando as coisas não funcionam no casamento: o divórcio. Este destrói famílias inteiras e fere fortemente os esposos e filhos. Tudo isso se deve a que muitas vezes se deixa de lutar e já não se quer seguir adiante, fazendo que o amor não cresça».
O palestrante assinalou que hoje em dia a cultura dominante tem grande influência sobre todas as pessoas. «Desde telenovelas até revistas mostram uma sociedade que perdeu seus valores e que põe em dúvida o sentido verdadeiro do matrimônio, mostrando-o como algo passageiro e que não pode durar para toda a vida».
Por sua vez, José Luis Guerrero, ao falar de violência e insegurança, considerou que a crise que a instituição familiar passa é um grave problema que desestabiliza a sociedade e por isso se devem unir esforços, provenientes de todos os atores sociais, para resgatá-la e consolidá-la.
«Violência, corrupção, pobreza, baixo rendimento escolar e emigração são apenas alguns dos fatores que incidem na crise da família. Ademais, a legalização do aborto, o aumento de divórcios e separações e a indiferença religiosa influenciam», assinalou.
Guerrero citou palavras de Bento XVI: «O Ocidente está cansado de sua própria cultura», para fazer notar que a «cultura light» dominante não só consome comida com poucas calorias, «mas nos torna medíocres e nos leva a cruzar os braços diante do aumento do número de divórcios, suicídios, prostituição e abortos».
O palestrante afirmou que no México «vivemos imersos no medo, com um sinal de perigo constante e incapacitados pela violência para atuar». Perante isso, a única solução é atacar a problemática na raiz. «Isso significa ir aos núcleos onde se apresenta com maior frequência a delinquência, quer dizer, os pobres e os marginalizados; e combater o problema antes que se desenvolva. «A família é o agente privilegiado para tal solução», destacou.
Arquidiocese do Rio de Janeiro prepara festa de São Sebastião
RIO DE JANEIRO, sexta-feira, 16 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Para comemorar o Dia de São Sebastião, 20 de janeiro, a arquidiocese do Rio de Janeiro organizou uma programação especial para os fiéis.De acordo com o departamento de imprensa arquidiocesano, a festa ao Padroeiro da cidade terá início na manhã da terça-feira, às 10h, com uma Santa Missa presidida pelo Cardeal Eusébio Oscar Scheid, na Igreja dos Capuchinhos (Tijuca).
No mesmo horário Dom Edson de Castro Homem celebrará outra Missa na Catedral de São Sebastião (Centro).
Às 15 horas uma Procissão em honra ao santo sairá da Igreja dos Capuchinhos em direção à Catedral Metropolitana.
A imagem e a relíquia de São Sebastião serão conduzidas no carro andor, precedidos pelos coroinhas, associações, diáconos, padres, pelo paróco da Igreja dos Capuchinhos, Frei William Araujo e por Dom Wilson Tadeu Jönck.
Durante a caminhada serão feitas três paradas, seguidas de três meditações inspiradas em textos de São Paulo. A primeira meditação, iniciando a procissão, será sobre Caridade e Dom Wilson Tadeu Jönck falará.
Diante da Igreja do Divino Espírito, no Estácio, Dom Assis Lopes ministrará uma meditação sobre Esperança. A terceira parada será junto ao INCA, e o cardeal Scheid meditará sobre a Fé.
Já adiante na chegada da Procissão a seu destino final, às 17h, será apresentado o “Auto de São Sebastião”, escrito por Walcyr Carrasco e promovido pela Associação Cultural da Arquidiocese do Rio.
Às 18h30 haverá a procissão de regresso da imagem do Padroeiro à Igreja dos Capuchinhos. E às 19h, na Catedral, será celebrada a Missa de encerramento das festividades em homenagem ao santo, presidida por Dom Edney Gouvêa Mattoso, bispo auxiliar.
Congresso das famílias já dá primeiros frutos
Segundo o Pe. Sergio Omar Sotelo AguilarPor Karna Swanson
CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 15 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Reflexão sobre os problemas da família, nova colaboração entre especialistas e associações familiares, compromisso por promover os valores: estes são alguns dos frutos que já está dando o Congresso Teológico Pastoral que prepara o Encontro Mundial das Famílias. Assim constata nesta entrevista o Pe. Sergio Omar Sotelo Aguilar SSP, secretário executivo da Comissão da Conferência do Episcopado Mexicano (CEM).
– Como foi o segundo dia do VI Congresso Mundial das Famílias?
–Pe. Omar Sotelo: Iniciamos o dia com a entronização de uma réplica fiel da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, que em 1531 ficou impressa no ayate de São Juan Diego e até hoje se conserva intacta. Com este ato, a Virgem Morena continua se fazendo presente com esse amor maternal que tem pelo povo do México e pelas famílias do mundo inteiro.
Desde as primeiras horas da manhã, os mais de 10 mil congressistas do mundo inteiro começaram a reunir-se na sala de conferências, na Expo Família, nas capelas e confessionários, na adoração ao Santíssimo e nos encontros, com toda a riqueza de sacerdotes, bispos, cardeais, seminaristas, religiosas e voluntários que participam deste evento. É impressionante ver milhares de almas em um ambiente de tanta proximidade e comunhão.
– Quais foram os temas mais relevantes na mesa redonda de ontem?
– Pe. Omar Sotelo: A mesa redonda referente aos organismos que ajudam a família na formação dos valores foi presidida pelo cardeal Stanislaw Rylko, presidente do Conselho Pontifício para os Leigos.
A primeira intervenção foi a do Pe. Saúl Ragoitia, pároco da diocese de Querétaro, que comentou que atualmente os valores são dificilmente transmitidos, pelo que as famílias precisam de apoio para educar seus filhos e é precisamente a paróquia um dos principais suportes para esta tarefa.
Por sua parte, a Sra. Marilyn Barrio, representante do Movimento dos Focolares, assegurou que a família tem uma função fundamental e insubstituível como transmissora de valores às novas gerações e afirmou que atualmente «a família também contém o DNA de todas as feridas e os dramas do nosso tempo».
O Pe. Álvaro Corcuera, diretor geral do Regnum Christi e dos Legionários de Cristo, declarou que sua congregação e movimento de apostolado não buscam ser protagonistas, mas servir e colaborar com todas as demais realidades eclesiais.
Em representação do Caminho Neocatecumenal, Giovanni Stirati explicou que o neocatecumenato busca evangelizar a família que vive em meio a múltiplos desafios na sociedade atual.
Por sua parte, o movimento de Schoenstatt expôs testemunhos muito positivos da forma de vida em que o amor de Maria é o centro das famílias.
O Dr. Eduardo Zainos, representante do Instituto Superior de Estudos para a Família e da Rede de Universidades Anáhuac, comentou que a educação não é só uma ferramenta para adquirir conhecimentos, para conhecer aquilo que nos rodeia, mas um método de ensino na vida, já que a transmissão de valores fundamentais se dá mediante o valor supremo e pelo qual se deve viver: o amor.
– Que frutos concretos você acha que se obterão nestes dias?
– Pe. Omar Sotelo: O fruto dependerá da consciência e generosidade assumidas por cada um de nós, responsáveis por formar hoje em dia as presentes e futuras gerações.
Como frutos imediatos temos a reflexão profunda sobre temas e problemáticas que afetam a família no mundo de hoje, a possibilidade de interagir e conhecer realidades de famílias e especialistas de todo o mundo e sobretudo o compromisso, como mencionou o presidente Felipe Calderón, de dar testemunho, de ser famílias capazes de formar uma sociedade mais justa e mais humana, baseada nos valores universais e cristãos.
– Vieram representantes de muitos países ao Encontro?
– Pe. Omar Sotelo: Aproximadamente 80 países; este aspecto é talvez um dos mais notórios, além de que houve uma nutrida participação, as famílias e os congressistas vêm dos cinco continentes. A participação de famílias e assistentes da África é particularmente destacável e demonstra que, sem importar a distância e a diversidade cultural, o valor da família e da formação dos filhos é uma constante em todas as culturas do mundo.
– Mencionou-se muito a Expo Família; o que você pode nos dizer ao respeito?
– Pe. Omar Sotelo: A Expo Família do VI Encontro Mundial das Famílias reúne mais de 150 expositores que se encontraram para compartilhar diversos carismas e ferramentas de apoio para conseguir um desenvolvimento saudável e harmônico em família, tanto no âmbito econômico como no cultural e espiritual.
Nela se levam a cabo relações de contato entre expositores, movimentos religiosos, congregações, apostolados, programas de pastoral e patrocinadores, gerando uma sinergia que nos manifesta que não estamos sozinhos neste caminho rumo à consolidação de autênticas famílias católicas.
Representante vaticano: família migrante pode e deve ser missionária
Fala Dom Marchetto, secretário do Conselho Pontifício da Pastoral para os Migrantes e ItinerantesPor Gilberto Hernández
CIDADE DO MÉXICO, sexta-feira, 16 de janeiro de 2009 (ZENIT.org-El Observador).- As numerosas famílias migrantes de países católicos que buscam em outras nações um futuro melhor constituem uma oportunidade missionária extraordinária para anunciar a mensagem do Evangelho em sociedades nas quais está ausente, considera um representante da Santa Sé.
O arcebispo Agostino Marchetto, secretário do Conselho Pontifício da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes, comenta em exclusiva para Zenit-El Observador, dentro do VI Encontro Mundial da Família que se realiza no México, a oportunidade histórica que se abre diante da Igreja no mundo globalizado.
Dom Marchetto, de 68 anos, fala por experiência, pois foi núncio em Madagascar, Ilhas Maurício, Tanzânia (Belarus), e colaborou com o Papa na Secretaria de Estado. É também um dos maiores especialistas do mundo sobre o Concílio Vaticano II, ao qual dedicou um livro de referência.
Colaborou com João Paulo II e Bento XVI como secretário do conselho vaticano desde 2001.
– Em sua conferência, o senhor mostrou como o migrante é um potencial missionário, capaz de compartilhar sua fé nos lugares onde chega. Isso não é algo utópico?
– Dom Agostino Marchetto: Os migrantes estão levando a um mundo secularizado um brotar de fé, esperança e caridade. Muitas Igrejas na Europa, por exemplo, se alegram com a presença dos migrantes, porque é vida que chega. Têm uma fé que na Europa não é tão forte, não tão calorosa e é verdade que o gênio cultural dos migrantes ajuda nas celebrações. Eu sou testemunha desta capacidade que eles têm de dar vida às nossas comunidades, de ser testemunhas do Evangelho, testemunhas de Jesus Cristo.
– Contudo, o que para as comunidades receptoras, no âmbito da fé, é um lucro, para as famílias do migrante, as que ficam em seus povos, este movimento entranha uma perda. Inclusive no próprio campo da fé, muitos migrantes acabam renunciando a ela e adotando outra.
– Dom Agostino Marchetto: É uma das grandes questões que a migração acarreta, a dissolução das famílias; em muitos casos, é uma grande lástima. Deve-se dizer que esta convicção de perda estava presente na Igreja desde o início do século passado, por isso a Igreja não animava a ir como migrantes ao exterior.
É verdade que a migração é um fenômeno estrutural e que não se pode anular este movimento, que é parte do mundo de hoje, das necessidades econômicas dos países que têm uma velhice bastante notável. Há que fazer todo o possível para evitar o dano e aproveitar o que se possa por obter coisas boas deste fenômeno.
– No mundo das migrações, os Estados Unidos representam um paradigma. Como o senhor contempla esta realidade?
– Dom Agostino Marchetto: Devemos dizer que nos Estados Unidos a migração é um fenômeno muito grande e que o fenômeno também tem aspectos de irregularidade; por esta razão, compreendo que os governantes dos Estados Unidos têm dificuldades diante deste fenômeno. Espero vivamente que a entrada do novo presidente, pela maneira em que encarou este problema no passado, possa levar a uma compreensão da situação de milhões de migrantes irregulares e especialmente no trato que se deve ter com eles, no respeito de seus direitos humanos e também no que diz respeito aos lugares onde são detidos, a fim de que haja possibilidade de visitá-los. É necessário atenção pelos menores, que não podem ser tratados como os adultos, assim como pelas mães que têm filhos pequenos. Toda esta questão de direitos tem de ser pensada nos efeitos anti-humanos que acarreta.
– O que o senhor opina sobre a atuação dos bispos dos Estados Unidos e do México frente à migração?
– Dom Agostino Marchetto: Elogio os bispos dos Estados Unidos por suas atitudes muito valentes em relação a este fenômeno e também aos bispos mexicanos por todo o diálogo que promoveram entre eles para encarar esta realidade da melhor maneira, do ponto de vista eclesial.
Como comunidade cristã, temos a instrução Erga migrantes caritas Christi, que é uma guia que pode ajudar a compreender muitas coisas referentes à migração e a dar ânimo às igrejas locais para que façam o que devem fazer em relação à defesa dos migrantes e de seu cuidado pastoral.
Audiência aos bispos em visita "ad limina"
CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 16 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Oferecemos a seguir o discurso do Papa aos bispos da Conferência Episcopal do Irã que foram a Roma para a visita "ad limina apostolorum".
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Queridos e venerados irmãos no episcopado:
Eu vos recebo com alegria e afeto nesta manhã. Saúdo particularmente Sua Excelência Dom Ramzi Garmou, arcebispo de Teerã dos Caldeus e presidente da Conferência Episcopal Iraniana, que acaba de me dirigir este belo discurso em vosso nome. Vós sois Ordinários das Igrejas armênia, caldeia e latina. Representais, portanto, queridos irmãos, a riqueza da unidade na diversidade que existe no seio da Igreja Católica e do que vós dais testemunho dia a dia na República Islâmica do Irã. Aproveito a ocasião para expressar a todo o povo iraniano minha saudação cordial, de que vós vos fareis intérpretes nas comunidades. Hoje, como ontem, a Igreja Católica não deixa de animar todos aqueles que levam no coração o bem comum e a paz entre as nações. Por sua parte, o Irã, ponte entre o Oriente Médio e a Ásia subcontinental, não deixará de levar a cabo esta vocação.
Também me agrada expressar-vos pessoalmente meu profundo agradecimento pelo serviço que fazeis em uma terra onde a presença cristã é antiga, e onde se desenvolveu e manteve nas diversas circunstâncias da história iraniana. Meu reconhecimento se dirige igualmente aos sacerdotes, aos religiosos e religiosas que trabalham neste vasto e formoso país. Sei quão é necessária sua presença e quão preciosa e que belo testemunho oferecem a todos, a assistência espiritual e humana que asseguram aos fiéis, através de um contato diário e direto. Penso de maneira particular nos cuidados que dedicam aos anciãos, assim como a assistência aos grupos sociais mais necessitados. Saúdo assim, através de vós, todas as pessoas encarregadas das obras da Igreja. Gostaria de evocar também a formosa contribuição da Igreja Católica, em particular através da Cáritas, na obra de reconstrução após o terrível terremoto que abalou a região de Bam. Não quero esquecer todos os católicos, cuja presença na terra de seus antepassados traz à mente a imagem bíblica do fermento na massa, que faz crescer o pão, lhe dá sabor e consistência. Através de vós, queridos irmãos, gostaria de dar graças a todos por sua constância e perseverança, e animá-los a permanecer fiéis à fé de seus pais e permanecer unidos a sua terra, para trabalhar conjuntamente no desenvolvimento da nação.
Ainda que vossas diferentes comunidades vivam em contextos distintos, certos problemas são comuns. Necessitam desenvolver relações harmoniosas com as instituições públicas, com a graça de Deus, que se aprofundem gradualmente e lhes permita desempenhar melhor sua missão de Igreja no respeito mútuo pelo bem de todos. Animo-vos a promover todas as iniciativas que favoreçam um maior conhecimento recíproco. Podem-se explorar dois caminhos: o do diálogo cultural, riqueza plurimilenar do Irã, e o da caridade. Esta última iluminará a primeira e será seu motor. “O amor é paciente; o amor é serviçal... o amor não passará nunca...” (1 Cor 13, 4 e 8). Para desempenhar este objetivo, e sobretudo para o progresso espiritual de vossos respectivos fiéis, é necessário enviar trabalhadores que semeiem e que colham: sacerdotes, religiosos e religiosas. Vossas comunidades, reduzidas em número, não permitem o surgimento de muitas vocações locais, as quais devem ser animadas. Ademais, a difícil missão dos sacerdotes e dos religiosos os obriga a se deslocar para visitar as diferentes comunidades cristãs disseminadas no conjunto do país. Para superar esta e outras dificuldades, a criação de uma comissão bilateral com as autoridades de seu país é importante porque permitirá desenvolver as relações e a compreensão mútua entre a República Islâmica do Irã e a Igreja Católica.
Gostaria de mencionar outro aspecto de vosso dia-a-dia. Às vezes, os cristãos em vossas comunidades também buscam oportunidades mais favoráveis para suas vidas e a educação de seus filhos. Este desejo encontra-se em pessoas de muitos países e se baseia na condição humana que sempre está buscando melhorar. Isso vos incita a que, como pastores de vosso rebanho, ajudeis especialmente os fiéis que permanecem no Irã, e os alenteis a se manter em contato com os membros de suas famílias que elegeram um destino diferente. Eles serão capazes de manter sua identidade e sua fé ancestral. O caminho que se abre perante vós requer muitas paciência e constância. O exemplo de Deus, que é paciente e misericordioso com seu povo, será vosso modelo e vos ajudará a abrir o espaço necessário para o diálogo.
Vossas Igrejas são herdeiras de uma nobre tradição e de uma longa presença cristã no Irã. Contribuíram, cada uma a sua maneira, para a vida e a edificação do país. Elas desejam prosseguir com sua obra de serviço no Irã mantendo sua própria identidade e vivendo livremente sua fé. Em minha oração, nunca esqueço vosso país e as comunidades católicas presentes em seu território, e peço a Deus que as abençoe e auxilie.
Queridos irmãos no episcopado, desejo assegurar meu afeto e meu apoio. Agradeceria que, em vosso retorno, transmitais a vossos sacerdotes, religiosos e religiosas e a todos os fiéis que o Papa está próximo deles e reza por eles. Que a ternura maternal da Virgem Maria vos acompanhe em sua missão apostólica e que a Mãe de Deus apresente vossas intenções a seu divino Filho, todas as preocupações e as alegrias de todos os fiéis de sua comunidade. Invoco sobre vós neste ano dedicado a São Paulo, apóstolo das nações, uma bênção particular.
[Traduzido por Zenit
© Copyright 2009 - Libreria Editrice Vaticana]
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