segunda-feira, fevereiro 09, 2009

ZP090209

ZENIT

O mundo visto de Roma

Serviço diario - 09 de fevereiro de 2009



SANTA SÉ
Papa pede ao Brasil que defenda família e embrião
Exposição permite reviver história da Cidade do Vaticano
Porta-voz vaticano reconhece mediação conseguida pelo cardeal Castrillón
Discurso do cardeal Bertone como «grande luz» para Espanha

MUNDO
Crise: Cáritas Portuguesa pede atenção às famílias e ao emprego
Congresso Mundial de comunicadores católicos na Tailândia
Cáritas apóia vítimas de Darfur e da violência religiosa na Índia
Estados Unidos: Igreja contra gasto de impostos em abortos
Bispos da África Central denunciam corrupção em seus países
Católicos contra denúncia de clandestinos por parte de médicos

EM FOCO
Reafirmar opção preferencial pelos pobres, com atitudes e com a referência de Deus

DOCUMENTAÇÃO
Os desafios do Brasil, segundo Bento XVI

Santa Sé

Papa pede ao Brasil que defenda família e embrião

Adverte contra o risco do materialismo e da corrupção política

Por Inma Álvarez

CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- O Papa Bento XVI pediu nesta segunda-feira ao Brasil que «fomente e estenda os valores humanos fundamentais», especialmente «a santidade da vida familiar e a salvaguarda do não-nascido, desde o momento de sua concepção até o de seu término natural», em seu discurso ao novo embaixador do país, Luis Felipe de Seixas Corrêa. 

Em um amplo discurso, o Papa elogiou os esforços do Brasil em sua luta por uma maior justiça social e pelo progresso, e reconheceu que «a política de redistribuição da renda interna facilitou um maior bem-estar entre a população». 

O Papa centrou sua atenção em três campos: a defesa da família e da vida, a moralidade da vida pública e a colaboração entre a Igreja e o Estado. 

Com relação à primeira questão, explicou que é necessário «reconhecer de forma explícita a santidade da vida familiar e a salvaguarda do não-nascido, do momento de sua concepção até o de seu término natural». 

Destes princípios «que velam pela dignidade humana», o Brasil «sempre foi um defensor», afirmou. 

O pontífice se referiu também às pesquisas com embriões, e recordou que «a Santa Sé continua promovendo incansavelmente a defesa de uma ética que não distorce, mas protege a existência do embrião e seu direito de nascer». 

Por outro lado, expressou sua satisfação ao «considerar a convergência de princípios, tanto da Sé Apostólica como de seu governo, com relação às ameaças à paz no mundo, quando se vê afetada pela falta de visão do respeito ao próximo em sua dignidade humana». 

«O recente conflito no Oriente Médio demonstra a necessidade de apoiar todas as iniciativas destinadas a resolver pacificamente as divergências, e faço votos para que seu governo prossiga nesta direção», acrescentou. 

Moralidade pública

O segundo tema do discurso do Papa foi a pobreza, entendida não só como escassez material, mas sobretudo como pobreza moral. 

Após elogiar os esforços do Brasil em sua luta contra a pobreza e «uma maior justiça social para o bem da população», advertiu sobre «o perigo do consumismo e do hedonismo». 

Estes, «aliados à falta de sólidos princípios morais que guiem a vida dos cidadãos simples, torna vulnerável a estrutura da sociedade e da família brasileira». 

O Papa insistiu na importância de uma formação moral «em todos os níveis, incluindo o político, diante das constantes ameaças geradas pelas ideologias materialistas hoje reinantes e, particularmente, da tentação da corrupção na gestão do dinheiro público e privado». 

«Com este fim, o cristianismo pode proporcionar uma contribuição válida – como disse recentemente – por ser uma religião de liberdade e de paz, ao serviço do verdadeiro bem da humanidade», acrescentou. 

Cooperação Igreja-Estado

O terceiro eixo do discurso do Papa foi a colaboração entre a Igreja e o Estado, que considera «de estreita amizade e frutífera parceria». O papa aludiu especialmente à importância dos acordos bilaterais recentemente assinados. 

Neste acordo, assinalou, «define-se o estatuto jurídico civil da Igreja Católica no Brasil e se regulam as matérias de interesse mútuo entre ambas as partes, sinais significativos desta colaboração sincera que a Igreja deseja manter». 

«Os objetivos, o da Igreja, em sua missão de natureza religiosa e espiritual, e o do Estado, ainda que diferentes, confluem em um ponto de convergência: o bem da pessoa humana e o bem comum da nação», acrescentou. 

Neste sentido, o Papa expressou sua confiança em que o Acordo «facilite o livre exercício da missão evangelizadora da Igreja e fortaleça ainda mais sua colaboração como as instituições civis para o desenvolvimento integral da pessoa».

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Exposição permite reviver história da Cidade do Vaticano

Comemora os 80 anos da assinatura dos Pactos Lateranenses

Por Carmen Elena Villa

CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- Uma grande maquete tridimensional da Cidade do Vaticano, feita em madeira, com todos seus edifícios reproduzidos, abre a exposição «80 anos do Estado Vaticano», que será inaugurada na próxima quarta-feira, no Braço de Carlo Magno, junto à Praça de São Pedro. 

«A exposição apresenta a parte histórica do tratado Lateranense, que deu início à vida e depois à constituição do Estado do Vaticano, como foi pensado por Pio XI e construído nos anos seguintes», explica à Zenit Dom Renato Boccardo, secretário de governo do Estado Vaticano, entidade que promoveu a exposição. 

Dom Boccardo definiu a exposição como «um álbum fotográfico ou uma janela que se abre sobre a vida cotidiana deste pequeno Estado simbólico, mas que garante à Santa Sé a liberdade necessária para exercer sua missão». 

Um percurso pela história do Estado Vaticano 

A primeira seção mostra como era o Vaticano antes de 11 de fevereiro de 1929, data na qual se assinaram os pactos lateranenses. Parte de algumas imagens dos séculos XVI e XVII e mostra as modificações urbanísticas e topográficas que a cidade teve durante os séculos sucessivos. 

Expõem-se desenhos e fotos inéditas, provenientes da Biblioteca Apostólica, da Fábrica São Pedro e do Governo do Vaticano. 

A sala seguinte está dedicada ao Papa Pio XI, que era o pontífice no momento da assinatura dos Pactos Lateranenses. Expõe alguns de seus objetos pessoais, como sua mitra, um retrato inédito e numerosos documentos de seu pontificado. 

Depois, os visitantes podem ver a mesa onde foram assinados os pactos lateranenses, negociados com o rei da Itália, Víctor Manuel III; através deles se reconheceu a independência e soberania da Santa Sé, criou-se o Estado da Cidade do Vaticano e se definiram as relações civis e religiosas entre o governo e a Igreja na Itália. 

Expõe-se também o texto original do Tratado, que se conserva normalmente no Arquivo Secreto Vaticano. Também se mostram outros documentos sobre os lugares extraterritoriais estabelecidos no acordo. 

O núcleo central da exposição está dedicado ao nascimento do novo Estado. Podem-se ver assim as novas construções feitas a partir da assinatura dos pactos lateranenses: o governo, o tribunal, a estação ferroviária, a rádio (onde se exibe o primeiro microfone da Rádio Vaticano), os museus e a academia da ciência, entre outras. 

A última parte da exposição está dedicada aos pontífices do Estado Vaticano, cada um representado com seu retrato proveniente da coleção dos Museus Vaticanos: Pio XI, Pio XII, João XXIII, Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II e Bento XVI. 

Também há uma sala onde os assistentes podem ver um documentário sobre o nascimento, a formação e história do Estado Vaticano. 

«O que nos importava ao pensar nesta mostra era fazer ver como o Estado nasceu, cresceu e como funciona hoje», disse Dom Boccardo. 

A exibição estará aberta até 10 de maio. Em sua preparação, participou uma comissão organizada por Dom Boccardo, e integrada, entre outros, por Dom Cesare Pasini, prefeito da Biblioteca Apostólica Vaticana, Giovanni Maria Vian, diretor de L'Osservatore Romano, e Dom Antonio Flipazzi, da Secretaria de Estado. 

Os Pactos de Latrão ou Pactos Lateranenses (11 de fevereiro de 1929) consistem em três acordos: um pacto reconhece a independência e soberania da Santa Sé e cria o Estado da Cidade do Vaticano; um acordo define as relações civis e religiosas entre o governo e a Igreja na Itália – resume-se no lema «Igreja livre em Estado livre»; e, em terceiro lugar, uma convenção financeira proporciona à Santa Sé uma compensação pelas perdas sofridas na anexação dos Estados Pontifícios à Itália, em 1870. Os pactos foram revisados em 1984, quando era primeiro-ministro o socialista Bettino Craxi.

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Porta-voz vaticano reconhece mediação conseguida pelo cardeal Castrillón

Esclarece interpretações de uma de suas entrevistas

CIDADE DO MÉXICO, segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- O porta-voz da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi S.J., reconheceu o trabalho de mediação exercido pelo cardeal Darío Castrillón Hoyos, que permitiu o levantamento da excomunhão dos quatro bispos lefebvristas, um passo importante para a superação do cisma mais recente na Igreja. 

O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, em uma entrevista concedida a Néstor Pongutá Puerto para o jornal El Colombiano, constata que o presidente da Comissão Pontifícia Ecclesia Dei não podia saber o que pensam todos os seguidores de Dom Marcel Lefebvre, motivo pelo qual não pode ser acusado de não saber o que pensava sobre a Shoá o bispo Richard Williamson. 

O Pe. Lombardi esclarece deste modo interpretações de sua entrevista ao jonal parisiense La Croixsegundo as quais o sacerdote reprovaria o cardeal Castrillón Hoyos por não ter informado ao Papa sobre as declarações de negação do Holocausto por parte do prelado tradicionalista britânico residente na Argentina. 

Como explica o porta-voz, o cardeal «conhece muito bem as posições do superior geral» da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X, o bispo Bernard Fellay, «mas isso não significa que deva conhecer ou levar em conta todas as idéias e opiniões de cada um dos membros desta comunidade sobre as diversas situações». 

«Naturalmente, todas as negociações foram adiantadas com o superior geral e não com os outros bispos», informa. 

«Não era só o Papa que não estava informado das posições de Willianson com relação à Shoá. Dom Willianson, recordemos, geralmente está na Argentina. É compreensível que o próprio cardeal Castrillón não estivesse informado sobre a última entrevista à televisão sueca.»

Nas declarações do Pe. Lombardi a La Croixque alguns interpretaram como uma reprovação ao cardeal, ele simplesmente dizia que é «a pessoa que conhece melhor a situação com os lefebvristas», «mas isso não significa que o cardeal Castrillón tivesse que conhecer com clareza as posições de negação de Willianson sobre a Shoá».

«Nós continuamos tendo muita confiança e agradecimento pelo trabalho difícil e complexo que o cardeal fez e está fazendo para tecer de novo esta relação muito delicada e para reconstruir a unidade da Igreja, tarefa que realiza por encargo específico do Papa», reconhece o Pe. Lombardi, confessando sua admiração pelo serviço à Igreja do purpurado colombiano. 

«Com o Santo Padre, o cardeal Castrillón tem uma relação de confiança total, porque é um de seus colaboradores mais próximos. Este tema delicado da reagrupação da Igreja, sobretudo com os grupos tradicionalistas que se separaram, é uma situação que o Papa sentiu muito profundamente, porque ele o viveu em primeira pessoa.»

O cardeal Joseph Ratzinger, sendo prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, guiou, em nome de João Paulo II, as negociações que procuravam promover a reconciliação com a fraternidade que Dom Lefebvre, já octogenário, fundou em 1988. 

Aquelas negociações foram interrompidas pelo arcebispo, ao consagrar, sem o mandato do Papa, 4 bispos, que deste modo incorreram em excomunhão.

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Discurso do cardeal Bertone como «grande luz» para Espanha

Segundo explica o cardeal Antonio Cañizares

TOLEDO, segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- O novo prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, cardeal Antonio Cañizares Llovera, apresentou a conferência sobre direitos humanos, que o cardeal Tarcisio Bertone pronunciou na Espanha, como uma «grande luz» para esse país. 

O purpurado, que é também administrador apostólico da arquidiocese primaz de Toledo, recolheu os frutos da visita do secretário de Estado do Papa a esse país, de 4 a 5 de fevereiro, na missa deste domingo, na qual celebrou o 50º aniversário da fundação de Manos Unidas

Em sua homilia, denunciou as situações de injustiça que nossa sociedade gera e constatou que o discurso do cardeal Bertone na Conferência Episcopal «constitui para todos uma luz grande para dirigir nossos passos, os de todos, no momento presente e nos anos vindouros».

O purpurado insistiu na importância da visita, pois o cardeal italiano é «o segundo na Igreja, colaborador imediato e íntimo do Santo Padre, seu principal porta-voz e executor de seu ministério junto a ele». 

No contexto da celebração do 60º aniversário da Declaração dos Direitos Humanos, o prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos assegurou que foi «um discurso válido para todos, que abre um grande horizonte de esperança em uma sociedade nova, em uma humanidade nova, em uma nova civilização». 

Assim, este discurso do cardeal Bertone, «que não podemos separar de seus diversos encontros, dirigidos a todos, como proposta, não imposição a ninguém nem condena de ninguém, oferece o ‘sim’ de Deus que nos é dado de maneira irrevogável em Jesus Cristo». 

«Aí está – continuou – o fundamento último dos direitos humanos fundamentais e universais, expressão da verdade do homem amado por Deus, cada um, em sua criação e redenção. Aí nós, bispos, nos vimos confirmados em nossos ensinamentos, porque a única coisa que pretendemos, fazendo-nos tudo para todos, sobretudo identificando-nos com os frágeis e indefesos, é mostrar, oferecer, entregar e fazer participar do amor de Deus pelo homem, do Evangelho que não podemos calar.»

Em sua visita à Espanha, o cardeal Bertone, convidado pelo presidente da Conferência Episcopal Espanhola, cardeal Antonio María Rouco, foi recebido pelos mais altos representantes do Estado e da vida política, incluindo Sua Majestade o Rei Juan Carlos I e o primeiro-ministro José Luis Rodríguez Zapatero.

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Mundo

Crise: Cáritas Portuguesa pede atenção às famílias e ao emprego

LISBOA, segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- A Cáritas Portuguesa pediu que a classe política do país esteja atenta às famílias e ao emprego neste contexto de crise.

Em comunicado da Comissão Permanente do organismo, divulgado nesse sábado, afirma-se que, além dos trabalhos de revitalização da economia, «não se podem esquecer as preocupações concretas e quotidianas das famílias atingidas pela crise».

A Cáritas pede também «o apoio às pequenas e médias empresas, pois nelas reside o verdadeiro fortalecimento do tecido econômico».

Além disso, «é ainda da mais elementar justiça apoiar todos aqueles e aquelas que por perda de emprego ou por endividamento excessivo vivem no desespero, muitos deles e delas vítimas de uma cultura consumista desregulada que promove o ter em detrimento do ser».

Outro motivo de preocupação e mais um indicador da gravidade desta crise, segundo a Cáritas, «é a falência da classe média que contribuiu para o recrudescimento da designada “pobreza envergonhada”».

«São cada vez mais as famílias desta classe social que recorrem à ajuda fraterna das comunidades cristãs e de outras instituições, encontrando aí as respostas possíveis às suas mais elementares necessidades».

A Cáritas pediu ainda «todo o empenho na criação e manutenção de emprego, não excluindo o apoio aos que, o tendo perdido, possam criar o seu próprio posto de trabalho».

«Mas é preciso ir mais longe», afirma o organismo. «É preciso que todos se apercebam que esta crise teve origem no homem que fez da ganância a sua cartilha de valores, no egoísmo que só se satisfaz na busca da riqueza, na aquisição de bens supérfluos, na vida superficial, sem valores espirituais nem solidariedade».

«Para a superação da crise, a Cáritas reafirma que hoje, como sempre aconteceu, continuará presente, em cada diocese, em cada paróquia, junto de todos os homens e mulheres de boa vontade, para ajudar todos os que estão verdadeiramente empenhados em construir uma sociedade mais humana e mais justa.»

«É preciso que todos nos mantenhamos vigilantes e empenhados na superação da crise. A própria Democracia o exige. Mas porque os tempos são tão preocupantes, é preciso que haja uma resposta solidária e invulgarmente forte. É nos momentos mais difíceis que se vê a verdadeira alma de um Povo», afirma o organismo.

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Congresso Mundial de comunicadores católicos na Tailândia

De 17 a 21 de outubro

ROMA, segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- Estão abertas as inscrições para o Congresso Mundial de SIGNIS, Associação Católica Mundial para a Comunicação, que podes realizar-se através do site www.signisworldcongress.net

O encontro será levado a cabo em Chiang Mai (Tailândia), de 17 a 21 de outubro de 2009. O tema central será «Meios para uma cultura de paz: direitos das crianças, promessa do amanhã» e terá como objetivo «ressaltar o papel da comunicação para a construção de uma cultura de paz através da capacitação criativa das gerações futuras». 

O programa se estrutura ao redor de três eixos: temas globais de atualidade sobre os direitos humanos e os direitos das crianças, novas perspectivas sobre a mídia e as transformações sociais, e os desafios de crescer na Era Digital. 

Durante o congresso, três conferências magistrais abordarão os principais temas propostos por estes eixos. As sessões de trabalho aprofundarão a reflexão, considerarão e debaterão mais detalhadamente as perspectivas práticas de como os participantes podem envolver-se no uso criativo da mídia para promover uma cultura de paz com e para as jovens gerações.

Espera-se que assistam ao encontro cerca de 400 profissionais da comunicação de todo o mundo e os interessados poderão encontrar no site a informação relativa ao processo de inscrição, participação, alojamento, programa e perspectiva do congresso. 

Mais informação: info@signis.net.

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Cáritas apóia vítimas de Darfur e da violência religiosa na Índia

MADRI, segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- A Cáritas Espanhola acaba de aprovar o envio de 250 mil euros para apoiar, pelo quinto ano consecutivo, o programa de ajuda humanitária que o consórcio Cáritas/ACT (Action by Churches Together) desenvolvem em Darfur.

Desta forma, a instituição de ajuda da Igreja na Espanha ofereceu sua colaboração ao plano de emergência posto em andamento pela Cáritas Índia para prestar ajuda humanitária aos milhares de cristãos que fugiram de seus lares por causa da violência religiosa que se registrou nos últimos meses no Estado de Orissa. 

Programa humanitário de Cáritas/ACT em Darfur

Segundo informa a Cáritas Espanha, «os fundos com destino a Darfur se dirigem a garantir as necessidades mais urgentes dos mais de dois milhões e meio de desalojados sudaneses que continuam sem poder regressar a seus lares devido à persistência de um conflito que continua sem encontrar vias de solução pacíficas». 

«Como contribuinte ativa do esforço que a rede Cáritas/ACT vem desenvolvendo desde o início desta emergência para prestar assistência humanitária aos milhares de desalojados, a Cáritas Espanhola renovou mais um ano do seu compromisso com as necessidades do programa de ajuda, cujas prioridades visam a garantir estes cinco elementos: água e saneamento, saúde e nutrição, produção agrícola, educação e construção da paz.»

Graças a este esforço, a rede Cáritas em Darfur proporciona atualmente educação primária a 41.600 crianças, água e saneamento a 235 mil pessoas, atenção à saúde básica de 207 mil usuários, nutrição infantil a 28 mil crianças e apoio agrícola a 22 famílias. 

Ajuda às vítimas da violência religiosa na Índia

Por sua parte, o envio de 50 mil euros com destino à Índia é a primeira resposta da Cáritas Espanhola ao pedido de emergência lançado pela Cáritas Índia para financiar um programa urgente de ajuda humanitária aos milhares de cristãos que fugiram de seus lares nos últimos meses no Estado de Orissa, devido à violência religiosa por parte de fundamentalistas hindus. 

A Cáritas Índia pôs em andamento um amplo programa de emergência para proporcionar alimento, albergue temporário e roupa a cerca de 5 mil famílias afetadas pela violência. Junto a esta ajuda de emergência, o plano contempla a reconstrução dos meios de vida de 3.500 famílias que perderam tudo por causa dos ataques integristas, assim como a posta em andamento de um programa de atenção psicológica e social a 5 mil famílias em 125 aldeias de cinco distritos de Orissa.

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Estados Unidos: Igreja contra gasto de impostos em abortos

O cardeal Rigali pede ao Congresso que proteja as atuais leis pró-vida

WASHINGTON, segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- Os Estados Unidos têm algumas políticas «baseadas no bom senso», apoiadas tanto por pessoas pró-vida como partidários do aborto, razão pela qual um representante da Conferência Episcopal deste país pede ao Congresso que as preserve. 

Este pedido foi feito em 5 de fevereiro, em uma carta escrita pelo cardeal Justin Rigali, presidente da Comissão Episcopal de Atividades Pró-Vida. Desta forma, a Igreja iniciou uma campanha contra a mudança de leis nesta matéria. 

O cardeal Rigali indicou que um dos primeiros assuntos a tratar na atual sessão parlamentar é o exame das disposições necessárias para manter o financiamento dos programas federais, e neste processo o bispo advertiu contra a possível remoção das cláusulas antiaborto. 

Assinalando a ampla falta de apoio à Lei sobre a Liberdade de Escolha (Freedom of Choice Act, FOCA), advertiu que «uma proposta extrema» como esta «poderia tocar de uma só vez centenas de leis a favor da vida», motivo pelo qual os bispos estão «preocupados por que tais leis possam ser mudadas durante o processo de exame parlamentar». 

Legisladores de diferentes tendências, afirmou, «há muito tempo acordaram que os norte-americanos não deveriam ser obrigados pelo governo a apoiar ou participar do aborto contra sua vontade», acrescentou o cardeal. 

«Os esforços para pressionar as consciências desta maneira violam qualquer possível definição de ‘pro choice’ [assim se conhece a opção a favor do aborto, N. da R.] e mina a longa tradição de respeito à consciência e à liberdade religiosa do nosso país.»

O cardeal Rigali enumerou várias emendas vigentes, cujo fim consiste em proteger a legislação para evitar que os dólares dos impostos dos norte-americanos financiem abortos, e assim proteger os direitos de consciência dos agentes de saúde. 

«Estas e outras leis similares foram efetivas durante muitos anos, sem importar que partido controlava o congresso ou a Casa Branca, porque são políticas de bom senso, que foram amplamente apoiadas, inclusive entre pessoas que estão em desacordo sobre o status legal do aborto», afirmou o purpurado. 

«Em uma sociedade que com frequência se vê desgarrada entre os valores ‘pro choice’ [pelo aborto, N. da R.] e ‘pro life’ [pela vida, N. da R.], é fácil estar de acordo em que nós deveríamos honrar as consciências das mulheres grávidas e as dos profissionais de saúde que desejem escolher a vida.»

«Em uma sociedade que procura reduzir os abortos, não tem sentido que o governo force seus cidadãos a financiar e promover o aborto», conclui o purpurado. 

Para saber mais sobre a campanha dos bispos contra a FOCA, em espanhol: http://www.usccb.org/prolife/issues/FOCA/Color_BellTowerSP.pdf

Texto completo da carta do cardeal Rigali em inglês:www.usccb.org/prolife/rigali_2-5-09.pdf

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Bispos da África Central denunciam corrupção em seus países

No Quênia, a Igreja lança um plano quinquenal contra a pobreza

IAUNDÉ/NAIRÓBI, segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- A corrupção é uma das causas da pobreza na África: assim denunciaram os bispos da Associação das Conferências Episcopais da Região da África Central (ACERAC), em um informe difundido pelo jornal vaticano L'Osservatore Romano em sua edição do domingo passado. 

A ACERAC reúne as conferências episcopais de Gabão, Congo, Camarões, Chade, República Centro-Africana e Guiné Equatorial. 

Neste informe, os bispos denunciam, entre outras coisas, o aumento da corrupção na exploração, por exemplo, de fontes energéticas como o petróleo, que «exigem a necessidade de maior transparência nas atividades econômicas». 

A exploração dos recursos naturais de uma nação deve acontecer na observância das normas ambientais e sociais, para que se respeitem os direitos do homem e o bem-estar da população, advertem os prelados. 

«Se as riquezas procedentes do solo e do subsolo contrastam com a miséria da população, isso acontece por causa da corrupção, que obstrui o funcionamento da nossa administração e da nossa economia, de nossos investimentos, de nosso sistema educativo e de saúde», denunciam. 

Os bispos pedem «uma revisão dos contratos ilegítimos existentes e, sobretudo, dos que devem ainda ser assinados, para que nossas comunidades não se vejam empobrecidas pela atividade de exploradores desonestos». 

Não é a primeira vez que a ACERAC denuncia a corrupção nesta região da África. Em 2002, ao término de uma reunião em Malabo (Guiné Equatorial), já se publicou uma carta pastoral na qual os bispos denunciavam como, apesar da abundância de petróleo, «os habitantes da África Central estão entre os mais pobres da Terra». 

Plano contra a pobreza

Precisamente estes dias a Conferência Episcopal do Quênia pôs em andamento um plano estratégico de cinco anos para vencer a carestia provocada pela onda de saques e aumento de preços dos alimentos, segundo informa a agência Fides. É um plano que não só pretende oferecer respostas ao problema da fome, mas sobretudo formar consciências. 

Segundo explicou seu presidente, cardeal John Njue, trata-se de colocar em andamento «um apostolado eficaz e um serviço de apoio avançado a todas as dioceses do país», para favorecer «a renovação social do Quênia, uma renovação baseada nos princípios evangélicos e capaz de unir um país ainda surpreendido pelas violências pós-eleitorais do ano passado». 

«Em uma sociedade que tende à violência, à corrupção, à desigualdade, às injustiças de todo tipo, a Igreja Católica, mediante a Comissão Justiça e Paz, continuará formando as consciências, estando do lado da verdade, da justiça e da reconciliação», explicou o purpurado. 

«Sabemos que em muitas partes do país choveu pouco, mas também somos conscientes do fato que se tivéssemos tomado as medidas adequadas, programadas com antecipação, vencendo a avidez e o egoísmo, e se os políticos tivessem eliminado a cultura da corrupção, ninguém teria estado em perigo de vida nem teria morrido de fome», acrescentou.

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Católicos contra denúncia de clandestinos por parte de médicos

«Um gravíssimo passo atrás nos direitos humanos», denunciam

ROMA, segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- Várias organizações criticaram duramente a aprovação, por parte do Senado italiano, da emenda ao chamado «pacote de segurança», que revoga a proibição aos médicos de denunciar os imigrantes clandestinos que vão aos centros de saúde para receber assistência. 

Esta emenda, segundo declarou Andrea Olivero, presidente da Associação Cristã de Trabalhadores Italianos (ACLI), é um «gravíssimo passo atrás no campo dos direitos humanos e da integração». 

«Não se favorece a segurança e a legalidade – explica – produzindo leis injustas e inaplicáveis. Não se podem introduzir no ordenamento jurídico princípios contrários aos que declaram e praticam na vida profissional os médicos e agentes de saúde, que, por outro lado, estes dias, junto a muitas associações, haviam pedido a retirada desta emenda pelas graves consequências que se derivariam dela.»

Neste sentido, as associações pertencentes à ACLI pediram a objeção de consciência por parte dos agentes de saúde «pelo respeito que se deve a toda vida humana». 

Desta forma, expressam seu temor a que a lei possa provocar «uma marginalização de saúde dos estrangeiros irregulares presentes na Itália, com um grave risco para sua saúde, mas também para a segurança da população italiana em termos de difusão de doenças». 

Esta associação se opõe também à aprovação da emenda que impõe uma taxa para consecução da permissão de residência, que oscilará entre 50 e 200 euros, e outra que estabelece a constituição de um Registro de pessoas sem lar, «ou seja, de fichá-los». 

Segundo Olivero, «a incapacidade de administrar a insegurança parece que se paga com raiva contra os mais pobres». 

«A segurança física e social deve ser um bem para todos, italianos e estrangeiros, seja qual for a condição econômica das pessoas. Mas são a integração e a inclusão social que garantem a segurança, não o contrário. Continuar por este caminho nos afasta da solução do problema.»

Também os médicos, através de suas principais associações, criticaram o conteúdo do regulamento, que ainda deve ser aprovado pela Câmara. 

Reações contra a medida chegam também da hierarquia eclesiástica. O cardeal Dionigi Tettamanzi, arcebispo de Milão, recorda que «a solidariedade se desenvolve através da acolhida, do compartilhar e do respeito à legalidade», mas sobretudo «através da rejeição de toda discriminação e, portanto, observando uma lei mais profunda dentro do nosso coração». 

A Federação Universitária Católica Italiana (FUCI) advertiu que esta emenda contrasta com o princípio de tutela da saúde, definido no artigo 32 da Constituição Italiana como «direito fundamental do indivíduo».

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Em foco

Reafirmar opção preferencial pelos pobres, com atitudes e com a referência de Deus

Pede o arcebispo de Belo Horizonte (Brasil)

Por Alexandre Ribeiro

BELO HORIZONTE, segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- O arcebispo de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, considera que, na trilha da Conferência de Aparecida e das indicações de Bento XVI na abertura desse evento, é preciso reafirmar o compromisso da opção preferencial pelos pobres, com atitudes concretas e a referência insubstituível de Deus.

Dom Walmor explica –em artigo enviado a Zenit na sexta-feira passada– que esse seria um caminho para alcançar um modo de vida novo, em um mundo que luta para sair da crise.

Segundo o arcebispo, a opção preferencial pelos pobres é «uma aposta da Igreja que se fundamenta no serviço universal da caridade chamado a frutificar num compromisso de amor ativo e concreto por cada ser humano».

«‘Através desta opção, testemunha-se o estilo do amor de Deus, a sua providência, a sua misericórdia, e de algum modo continua-se a semear na história aqueles germens do Reino de Deus que foram visíveis na vida de Jesus, ao acolher a quantos recorriam a Ele para todas as necessidades espirituais e materiais’», cita, tomando palavras da Carta Apostólica “Início do Novo Milênio” (n. 49), de João Paulo II.

De acordo com Dom Walmor, ter no horizonte o compromisso da opção preferencial pelos pobres, particularmente neste momento grave da história, «é recuperar um vértice indispensável para apostar e perseguir um modus vivendi novo».

«Um modus vivendi que se sustenta para além de palavras, palavras que são palavras nada mais do que palavras. O desafio que está neste detalhe leva a Igreja a falar da opção preferencial pelos pobres inclusive até o martírio.»

O arcebispo explica que ‘até o martírio’ «é uma expressão nova que, acrescida do entendimento largo e desafiador da opção preferencial pelos pobres, inclui a superação de um discurso repetitivo e estéril, sem força para configurar hábitos novos na cultura».

«Inclui, também, a superação do entendimento e a configuração de um discurso que não significa, hoje, mais do que simples narrativa ou até mesmo protestos inócuos, vendo permanecer tudo como antes.»

Até o martírio, como exigência da opção preferencial pelos pobres neste terceiro milênio, como indica a Conferência de Aparecida –prossegue Dom Walmor–, «é uma bifurcação que faz o entendimento da opção encontrar sua fonte inesgotável na referência insubstituível de Deus».

«A referência insubstituível de Deus é alternativa única para que o mundo contemporâneo tenha uma fonte inesgotável de indicações para o urgente repensar das condições de vida, da retomada de valores e da configuração da cultura nova, não subjugada ao mercado e ao poder das coisas que estão definindo processos e suas dinâmicas. Até o martírio é a novidade deste tempo», destaca o arcebispo.

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Documentação

Os desafios do Brasil, segundo Bento XVI

Discurso ao novo embaixador do país na Santa Sé

CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- Oferecemos a seguir o texto do discurso pronunciado hoje pelo Papa Bento XVI ao receber as cartas credenciais do novo embaixador do Brasil, Luiz Felipe de Seixas Corrêa, junto à Santa Sé.

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Excelência

1. É com grata satisfação que dou-lhe as boas-vindas ao acolhê-lo aqui no Vaticano, no ato da apresentação das Cartas Credenciais, como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República Federativa do Brasil junto à Santa Sé.

Esta feliz circunstância proporciona-me a oportunidade de verificar uma vez mais os sentimentos de proximidade espiritual que o povo brasileiro nutre para com o Sucessor de Pedro; ao mesmo tempo dá-me o ensejo de reiterar a expressão de meu sincero afeto e a ampla estima pela sua nobre Nação.

Agradeço vivamente as amáveis palavras que Me dirigiu. Em especial, agradeço os pensamentos deferentes e a saudação que o Presidente da República, senhor Luiz Inácio Lula da Silva, quis enviar-Me. Peço a Vossa Excelência a fineza de retribuir de minha parte a saudação, com os melhores votos de felicidades e que lhe transmita a certeza das minhas preces pelo seu País e povo.

É-me grato aproveitar a ocasião para recordar com apreço a Visita Pastoral que a Providência permitiu-me realizar no Brasil em 2007, a fim de presidir a V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, bem como os encontros havidos com o mais Alto Mandatário da Nação, tanto em São Paulo, como mais recentemente aqui em Roma. Possam essas circunstâncias testemunhar, uma vez mais, os estreitos laços de amizade e de frutífera colaboração entre o vosso País e a Santa Sé.

2. Os objetivos, o da Igreja, na sua missão de natureza religiosa e espiritual, e o do Estado, apesar de distintos, confluem num ponto de convergência: o bem da pessoa humana e o bem comum da Nação. Mas, como o meu Venerável Predecessor, o Papa João Paulo II, quis referir em certa ocasião "o entendimento respeitoso, a preocupação de independência mútua e o princípio de servir melhor o homem, dentro de uma concepção cristã, serão fatores de concórdia cujo beneficiário será o próprio povo" (Discurso ao Presidente do Brasil, 14 de outubro de 1991, 2). O Brasil é um país que conserva na sua grande maioria a fé cristã legada, desde as origens do seu povo, pela evangelização plantada há mais de 5 séculos.

Desta forma, apraz-me considerar a convergência de princípios, tanto da Sé Apostólica quanto do seu Governo, no que diz respeito às ameaças à Paz mundial, quando esta se vê afetada pela ausência da visão de respeito ao próximo em sua dignidade humana. O recente conflito no Oriente-Médio prova a necessidade de apoiar todas as iniciativas destinadas a resolver pacificamente as divergências havidas, e faço votos por que o vosso Governo prossiga nesta direção. Por outro lado, desejo reiterar aqui a esperança de que, de conformidade com os princípios que zelam pela dignidade humana, dos quais o Brasil sempre se fez paladino, se continuem a fomentar e divulgar os valores humanos fundamentais, sobretudo quando se trata de reconhecer de maneira explícita a santidade da vida familiar e a salvaguarda do nascituro, desde o momento da sua concepção até o seu termo natural. Pari passu, no que diz respeito às experiências biológicas, a Santa Sé vem promovendo incontinenti a defesa de uma ética que não deturpe e proteja a existência do embrião e o seu direito de nascer.

3. Vejo com satisfação que a Nação brasileira vem-se tornando, num clima de acentuada prosperidade, um fator de estímulo ao desenvolvimento em áreas limítrofes e em vários países do Continente africano. Em clima de solidariedade e de mútuo entendimento, o Governo procura apoiar iniciativas destinadas a favorecer a luta contra a pobreza e o despreparo tecnológico, tanto a nível nacional como internacional.

Por outro lado, a política de redistribuição da renda interna tem facilitado um maior bem-estar entre a população; neste sentido, faço votos por que se prossiga estimulando uma melhor distribuição da renda, e se fortaleça uma maior justiça social para o bem da população. Cabe ressaltar, porém, que, para além da pobreza material, incide de maneira relevante a pobreza moral que grassa pelo mundo afora, inclusive ali onde não se carece de bens materiais. De fato, o perigo do consumismo e do hedonismo, aliado à falta de sólidos princípios morais que norteiem a vida do simples cidadão, torna vulnerável a estrutura da sociedade e da família brasileira. Por isso, nunca é demais insistir na urgência de uma sólida formação moral a todos os níveis, inclusive no âmbito político, face às constantes ameaças geradas pelas ideologias materialistas ainda reinantes e, particularmente, à tentação da corrupção na gestão do dinheiro público e privado. A esta finalidade, o cristianismo pode proporcionar uma válida contribuição - como eu quis afirmar recentemente - por ser "uma religião de liberdade e de paz e está ao serviço do verdadeiro bem da humanidade" (Audiência ao Corpo Diplomático, 8 de Janeiro de 2009). É na esteira destes valores que a Igreja continua oferecendo este serviço de profundo valor evangélico que favoreça a consecução da paz e da justiça entre todos os povos.

4. O recente Acordo no qual se define o estatuto jurídico civil da Igreja Católica no Brasil e se regulam as matérias de mútuo interesse entre ambas as Partes são sinais significativos desta sincera colaboração que a Igreja deseja manter, dentro da sua missão própria, com o vosso Governo. Exprimo neste sentido a esperança por que esse Acordo, como já tive ocasião de assinalar "facilite o livre exercício da missão evangelizadora da Igreja e fortaleça ainda mais a sua colaboração com as instituições civis para o desenvolvimento integral da pessoa" (Audiência cit.). A fé e a adesão a Jesus Cristo impõem aos fiéis católicos, também no Brasil, tornarem-se instrumentos de reconciliação e de fraternidade, na verdade, na justiça e no amor. Faço votos, assim sendo, de ver ratificado este Documento solene a fim de que a organização eclesiástica da vida entre os católicos veja-se agilizada e alcance alto grau de eficiência.

Senhor Embaixador,

antes de concluir este encontro, reitero o pedido de transmitir ao Senhor Presidente da República os meus melhores votos de felicidades e de paz. E quero dizer a Vossa Excelência que pode contar com a estima, a boa acolhida e o apoio desta Sé Apostólica no desempenho da sua missão, que lhe desejo feliz e fecunda de frutos e de alegrias. O meu pensamento vai, nesta hora, para todos os brasileiros e para quantos conduzem os seus destinos. A todos desejo felicidades, em crescente progresso e harmonia. Estou certo de que o Senhor se fará intérprete destes meus sentimentos e esperanças junto ao mais Alto Mandatário da Nação. Por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, imploro para a sua pessoa, para seu mandato e para seus familiares, assim como para todos os amados brasileiros, copiosas bênçãos de Deus Todo Poderoso.

[© Copyright 2009 - Libreria Editrice Vaticana] 

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