ZENIT
O mundo visto de Roma
Serviço diario - 11 de fevereiro de 2009
SANTA SÉ
Bento XVI mostra como progredir na vida espiritual
Santa Sé pede à Europa mais solidariedade com África e Terra Santa
Bento XVI a enfermos: confiar-se a Nossa Senhora de Lourdes
Porta-voz vaticano: morte de Eluana Englaro não tem última palavra
Brasil: diocese de Divinópolis tem novo bispo
MUNDO
Cáritas continua distribuindo ajuda de emergência a Gaza
Católicos votam na liberdade segundo a sua consciência, diz CEP
Bispos constatam feridas abertas do comunismo na Europa do Leste
Papa expressa desejo de visitar Portugal
EM FOCO
Toda enfermidade é um período de humildade, diz cardeal
Passos para normalização das relações entre judeus e católicos
ENTREVISTAS
Encontro Mundial das Famílias, segundo cardeal Bertone
AUDIÊNCIA DE QUARTA-FEIRA
Bento XVI apresenta «escada do paraíso» a partir de João Clímaco
Bento XVI mostra como progredir na vida espiritual
Propõe a «Escada do Paraíso» de João Clímaco como exemploCIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- O crescimento da própria vida na virtude não é algo que pertencia aos monges do deserto ou a quem queria levar uma vida de heroísmo, mas é um caminho para todos os batizados, afirma Bento XVI.
Diante dos cerca de 8 mil peregrinos reunidos na Sala Paulo VI para a audiência geral, o Papa retomou seu ensinamento sobre os Padres da Igreja, que havia deixado no ano passado para começar o ciclo de 20 catequeses sobre São Paulo.
Nesta ocasião, falou sobre João Clímaco, monge ermitão do século VI, autor da «Escada do Paraíso», um dos escritos espirituais mais importantes da história cristã.
João Clímaco foi um monge que viveu no Sinai como ermitão e como cenobita, em uma época em que o Império Romano havia se desmoronado diante do impulso das invasões bárbaras, e a única instituição que subsistiu foi a Igreja.
«A Escada, obra escrita por um monge eremita que viveu há 1400 anos, pode dizer-nos algo hoje? O itinerário existencial de um homem que viveu sempre na montanha do Sinai em um tempo tão distante, pode ser de atualidade para nós?», perguntou o Papa.
Ainda que a resposta parecesse ser negativa em um primeiro momento, o pontífice convidou os presentes a perceberem que «aquela vida monástica é só um grande símbolo da vida batismal, da vida do cristão».
O bispo de Roma disse que este método de vida espiritual proposto na Escada culmina «com as virtudes fundamentais, iniciais, mais simples: a fé, a esperança e a caridade».
«Não são virtudes acessíveis só aos heróis morais, mas dom de Deus a todos os batizados: nelas também cresce nossa vida», acrescentou.
A fé, por exemplo, «implica em que eu renuncie à arrogância, ao meu pensamento, à pretensão de julgar por mim mesmo, sem confiar-me a outros. Este caminho para a humildade, para a infância espiritual, é necessário: é necessário superar a atitude de arrogância».
Por outro lado, «só a esperança nos torna capazes de viver a caridade, a esperança na qual transcendemos as coisas de cada dia, não esperamos o êxito em nossos dias terrenos, mas esperamos finalmente a revelação do próprio Deus».
«Só nesta extensão de nossa alma, nesta autotranscendência, nossa vida se engrandece e podemos suportar os cansaços e desilusões de cada dia, podemos ser bons com os demais sem esperar recompensa. Só se Deus existe, esta grande esperança à qual tendo, posso cada dia dar os pequenos passos de minha vida e assim aprender a caridade», explicou.
«Escada»
O pontífice explicou aos fiéis em que consiste a «Escada» de João Clímaco, que este monge escreveu depois de 40 anos de vida eremita aos pés do monte Sinai.
Neste tratado de vida espiritual, João «descreve o caminho do monge desde a renúncia ao mundo ate a perfeição do amor. É um caminho que – segundo este livro – acontece através de 30 escadas, cada uma das quais está unida à seguinte».
Esta «ascensão» se divide em três fases: «a primeira mostra a ruptura com o mundo com o fim de voltar ao estado de infância evangélica»; a segunda «o combate espiritual contra as paixões»; e a terceira, «a perfeição cristã».
A primeira fase, explica Bento XVI, supõe «a volta à verdadeira infância em sentido espiritual, o chegar a ser como crianças. João comenta: «um bom fundamento é formado por três bases e três colunas: inocência, jejum e castidade. Todos os recém-nascidos em Cristo devem começar por estas coisas, tomando o exemplo dos recém-nascidos fisicamente». O afastamento voluntário das pessoas e lugares queridos permite à alma entrar em comunhão mais profunda com Deus. Esta renúncia desemboca na obediência, que é o caminho da humildade, através das humilhações – que não faltarão nunca – por parte dos irmãos».
A segunda, o combate contra as paixões, não deve ver-se como algo negativo, pois «é importante tomar consciência de que as paixões não são más em si mesmas, mas o são pelo mau uso que a liberdade do homem faz delas».
«Se forem purificadas, as paixões abrem ao homem o caminho para Deus com energias unificadas pela ascética e pela graça e, ‘se receberam do Criador uma ordem e um princípio..., o limite da virtude não tem fim’», afirma o Papa, citando João Clímaco.
Com relação à última fase, o sucessor de Pedro destaca os três princípios, «simplicidade, humildade e discernimento», dos quais «João, em linha com os Padres do deserto, considera mais importante este último, ou seja, a capacidade de discernir».
Refere-se também à oração, que pode ser corpórea, ou a «oração do coração», «a invocação do nome de Jesus, uma invocação contínua como a respiração». O fim da escada é a «trindade das virtudes»: a fé, a esperança e a caridade.
Esta caridade, comparada com o amor humano, está intimamente unida à esperança. «A ausência da esperança anula a caridade: a ela estão vinculadas nossas fadigas, por ela nos sustentamos em nossos problemas e graças a ela estamos rodeados pela misericórdia de Deus», conclui o Papa.
Santa Sé pede à Europa mais solidariedade com África e Terra Santa
Cardeal Bertone aos embaixadores europeus: mais políticas a favor da famíliaROMA, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- A Santa Sé pede à Europa mais solidariedade com o demais povos do mundo, especialmente com a África e a Terra Santa. Assim afirmou o cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado de Bento XVI, durante seu discurso desta terça-feira aos embaixadores da União Européia no Vaticano.
O purpurado dedicou estas palavras aos representantes europeus durante um encontro na sede da Embaixada da República Tcheca, ato com o qual se celebrou a inauguração da presidência semestral deste país na União.
Duas são as questões morais que a Europa deve enfrentar atualmente: frente ao exterior, uma maior solidariedade para com os povos mais desfavorecidos, especialmente os africanos e a Terra Santa; e no âmbito interno, uma aposta mais decidida na defesa da família.
O purpurado dedicou grande atenção à questão da África, continente que estará no centro da atenção da Igreja, com a realização do Sínodo dos Bispos, na próxima visita papal de março e no simpósio das Conferências Episcopais do continente.
Após recordar o importante trabalho diplomático que a Igreja realiza em favor dos países africanos, especialmente «no referente a seus direitos fundamentais», o cardeal Bertone afirmou que «o direito dos africanos ao desenvolvimento se baseia em sua pertença à família humana, assim como a uma mesma dignidade e destino que os países ricos».
«Os países europeus devem superar a tentação de estabelecer contatos com os países africanos com o único objetivo de tirar o maior proveito possível deles», advertiu.
Por outro lado, pediu um maior esforço por promover a reconciliação no continente, «ajudando na solução dos conflitos em curso, a lutar contra as injustiças que os provocaram, e a socorrer as massas de prófugos e refugiados que sofrem e que desestabilizam o continente».
Com relação à situação na Terra Santa, o cardeal Bertone se referiu, por um lado, à necessidade de atuar com urgência diante da situação da Faixa de Gaza, e por outro, à necessidade de ajudar os povos do Oriente Médio a prosseguir o «difícil caminho» da reconciliação.
«A guerra e o ódio não são a solução dos problemas: a alguns parece uma frase utópica, mas na verdade se trata de uma verdade confirmada pela história recente da Terra Santa», acrescentou.
Para chegar a uma paz duradoura, acrescentou o purpurado, é necessário levar em conta «o mais amplo panorama do Oriente Médio e, portanto, «uma aproximação global das dificuldades dos países dessa região, respeitando suas aspirações e legítimos interesses».
Mais política familiar
Com relação à situação interna do continente europeu, o cardeal Bertone insistiu na importância de reforçar a instituição familiar com políticas adequadas.
Por isso, pede que as instituições políticas e econômicas «revisem também o estilo de vida consumista e hedonista e apoiem a vida e a família com ações decididas nas diversas frentes».
«A Santa Sé não se cansa de recordar aos países da União que, para ter sociedades estáveis e coesas, são necessárias famílias estáveis e estas, por sua vez, precisam de casais estáveis. Contudo, entre 1998 e 2006, na Europa, de 27% descendeu a 23,9% o número de casais, enquanto se produz um divórcio cada 30 segundos.»
O purpurado sublinhou que «o casal homem-mulher estável e duradouro» oferece «mais vantagens sociais que os casais de fato ou os lares monoparentais».
«O casal casado comporta, para os filhos, maiores probabilidades de boa educação, menos ausência escolar, menos delinquência, menos consumo de álcool ou drogas» e também «comporta maior equilíbrio psicológico para os filhos e para os próprios pais».
«Portanto, é de interesse público que a família se funda no matrimônio e que seja saudável», acrescentou.
Bento XVI a enfermos: confiar-se a Nossa Senhora de Lourdes
No Dia Mundial do EnfermoCIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- Bento XVI recomendou aos jovens, enfermos e recém-casados, que confiem sua vida a Maria no dia em que a Igreja celebrava a festa de Nossa Senhora de Lourdes.
No final da audiência geral, celebrada na Sala Paulo VI, o pontífice convidou os jovens presentes entre os 8 mil peregrinos a confiar-se «sempre à maternal proteção de Maria para que vos ajude a conservar um coração generoso, disponível e repleto de entusiasmo apostólico».
Nesse dia, no qual a Igreja também celebrava oDia Mundial do Enfermo, o Bispo de Roma se dirigiu aos enfermos para desejar-lhes que «Nossa Senhora de Lourdes, a cuja intercessão recorrem com confiança muitos enfermos do corpo e do espírito, dirija seu olhar de consolo e esperança a todos vós».
Deste modo, os enfermos poderão receber apoio para «carregar a cruz cotidiana, em íntima união com a cruz redentora de Cristo».
«Que Maria vos acompanhe em vosso caminho, queridos recém-casados, para que vossas famílias se convertam em comunidades de intensa vida espiritual e de testemunho cristão concreto», concluiu.
Porta-voz vaticano: morte de Eluana Englaro não tem última palavra
Pede que seja motivo de reflexão sobre o valor da vida humanaROMA, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- A morte de Eluana Englaro, a mulher italiana de 38 anos em estado vegetativo há 17 anos, falecida na noite desta segunda-feira, não tem a última palavra, assegura o porta-voz vaticano.
O Pe. Federico Lombardi S.J., diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, comentou o desenlace terreno desta frágil vida, que aconteceu enquanto no Senado da Itália se debatia um projeto de lei para proibir a suspensão da nutrição e hidratação que mantinha a jovem com vida.
O sacerdote recordou Eluana como «uma pessoa que foi muito querida e que nos últimos meses se converteu em parte de nossa vida. Agora que Eluana está na paz, esperamos que seu caso, depois de tantas discussões, seja motivo para todos de uma reflexão serena e de busca responsável dos melhores caminhos para acompanhar as pessoas mais frágeis, com amor e cuidadosa atenção, com o devido respeito do direito à vida», afirma em uma nota difundida através da Rádio Vaticano.
Citando as palavras que Bento XVI pronunciou durante o Ângelus deste domingo, seu porta-voz mencionou especialmente as pessoas que «não podem valer-se por si mesmas, mas dependem totalmente dos demais».
«A morte de Eluana nos deixa necessariamente uma sombra de tristeza pelas circunstâncias nas quais aconteceu – reconhece o Pe. Lombardi. Mas a morte física não nunca tem a última palavra para o cristão. Portanto, em nome de Eluana, continuaremos procurando os caminhos mais eficazes para servir a vida», conclui.
A morte de Eluana aconteceu enquanto cumpria o terceiro dia sem alimentos nem hidratação na clínica La Quiete da cidade de Udine.
Os bispos italianos haviam pedido repetidas vezes que ela fosse mantida viva, pois não dependia de máquinas para viver, mas unicamente do fornecimento de alimentação e hidratação.
Ao tornar-se pública a notícia de sua morte, a Conferência Episcopal Italiana publicou um comunicado para manifestar sua «grande dor» e expressar a esperança de que sua morte una «aqueles que creem na dignidade da pessoa e no valor inviolável da vida, sobretudo quando é indefesa».
«Dirigimos um pedido a todos para que não desfaleça esta paixão pela vida humana, desde sua concepção até seu ocaso natural», concluem os prelados italianos.
Brasil: diocese de Divinópolis tem novo bispo
Padre Tarcísio Nascentes dos Santos, atualmente pároco na arquidiocese de NiteróiCIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- Segundo informou a Santa Sé nesta quarta-feira, Bento XVI aceitou a renúncia ao governo pastoral da diocese de Divinópolis (Minas Gerais, Brasil), apresentada por Dom José Belvino do Nascimento, de acordo com o cânon 401 § 1 do Código de Direito Canônico.
O Papa nomeou bispo de Divinópolis o padre Tarcísio Nascentes dos Santos, pároco de Nossa Senhora de Fátima, em São Gonçalo, arquidiocese de Niterói.
Segundo biografia difundida pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), padre Tarcísio nasceu a 27 de fevereiro de 1954. Estudou nos seminários menor e maior da arquidiocese de Niterói. Cursou filosofia na Escola Teológica da Congregação Beneditina e formou-se em teologia também na Escola dos Beneditinos, em 1978, ano em que foi ordenado sacerdote.
Em Roma,de 1985 a 1992, fez bacharelado, mestrado e doutorado em Teologia Sistemática no Centrum Academicum Romanum Sanctae Crucis. Na arquidiocese de Niterói, padre Tarcísio foi pároco das paróquias de São Domingos, em Niterói; Nossa Senhora de Nazaré, em Saquarema; Nossa Senhora da Conceição, em Ilha da Conceição e Nossa Senhora de Fátima, da Venda da Cruz.
Além disso, foi vice-reitor, diretor espiritual e ecônomo do Seminário da arquidiocese; pró-vigário geral; membro do Conselho Presbiteral, da Comissão Regional dos Presbíteros; sócio da Sociedade Brasileira de Canonistas e da Associação Nacional dos Presbíteros do Brasil. Foi professor na Faculdade de São Bento, no Rio de Janeiro, e no Instituto Filosófico e Teológico da diocese de Nova Friburgo.
Cáritas continua distribuindo ajuda de emergência a Gaza
CIDADE DE GAZA, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- A Cáritas iniciou um novo plano de distribuição de alimentos, ajuda e reconstrução de infraestruturas em Gaza.A agência humanitária da Igreja informou nesta segunda-feira que, apesar das restrições para entrar na cidade, estão levando pacotes de alimentos a cerca de 200 famílias.
As famílias receberão suprimentos que incluem óleo, farinha, arroz, açúcar, chá, massa de tomate, leite e conservas de carne, assim como cobertores e medicamentos. Após a recente guerra de 22 dias entre Israel e Hamas, muitas pessoas de Gaza ficaram fora do alcance das organizações de ajuda, ainda que se estime que 90% da população depende da assistência alimentar exterior.
Em 18 de janeiro, foi declarado um cessar-fogo por ambas as partes, mas os militantes palestinos continuaram trocando tiros esporádicos com Israel.
O conflito produziu a morte de 1.330 palestinos e 13 israelenses. Os bombardeios destruíram casas, hospitais, escolas, infraestruturas de fornecimento de água e saúde.
Aproximadamente um milhão de pessoas de Gaza está sem eletricidade e meio milhão não tem água corrente.
A Cáritas lançou um pedido de emergência para receber donativos que proporcionem às famílias alimentos e ajuda de saúde, assim como sustento econômico a duas mil famílias.
Católicos votam na liberdade segundo a sua consciência, diz CEP
Secretário do episcopado de Portugal faz esclarecimentoFÁTIMA, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- Diante de algumas interpretações «desfocadas» da imprensa, após a reunião de ontem do Conselho Permanente do Episcopado Português, que discutiu a questão do genuíno casamento, seu porta-voz, Pe. Manuel Morujão, esclareceu que os católicos votam «na liberdade segundo a sua consciência».
«A Igreja move‑se em favor de causas e valores, nunca contra ninguém nem contra qualquer grupo ou partido que se oriente por um ideário divergente ou mesmo oposto», afirmou em nota o porta-voz.
Assim, «perante qualquer eleição no campo da política (e no ano de 2009 vamos ter três atos eleitorais em Portugal), a Igreja pede que os católicos votem na liberdade segundo a sua consciência, esclarecida pelos princípios e a moral cristãos».
Ao destacar que a Igreja procura a inclusão de todos, «sem descriminar ninguém», «recordamos que o casamento entre um homem e uma mulher, e a consequente família, é uma instituição anterior à criação dos próprios Estados e aos seus ordenamentos jurídicos, que estes devem respeitar e promover».
«A verdade da vida humana assenta na complementaridade do homem e da mulher e o casamento, por definição e estrutura essencial, assenta sobre a heterossexualidade.»
«Qualquer iniciativa que um Estado ache por bem implementar para conceder direitos a um grupo humano que se constitui, por razões de amizade e ajuda, deverá ter um enquadramento jurídico claramente distinto do casamento e da família», afirma.
Segundo a nota do porta-voz, «esta possível equiparação seria um erro antropológico com consequências graves para a estabilidade e consolidação da célula fundamental da sociedade que é a família, constituída por uma mulher e um homem que se unem em amor perene, aberta aos filhos que dela porventura nascerem».
Bispos constatam feridas abertas do comunismo na Europa do Leste
Conclui o 3º encontro de bispos de países ex-comunistasPor Inma Álvarez
ZAGREB, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- As feridas causadas pelo comunismo continuam presentes e envenenam a vida e a sociedade nos países que sofriam atrás da Cortina de Ferro. Assim reconhecem em uma mensagem os bispos dos países da Europa do Leste, reunidos até esta quarta-feira em Zagreb (Croácia).
Trata-se da terceira reunião desde a queda do Muro em 1989. As anteriores aconteceram em Budapeste (2004) e Praga (2007).
A última, com o tema «A missão da Igreja nos Países do Centro-Leste europeu 20 anos após a queda do sistema comunista, 1989-2009», reuniu na capital croata representantes de 13 conferências episcopais, convidados pelo cardeal Josip Bozanic, arcebispo de Zagreb e vice-presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa.
A data foi eleita para coincidir com o aniversário da beatificação do cardeal Alojzije Stepinac por parte de João Paulo II, e grande parte dos trabalhos da reunião giraram em torno da figura e do legado espiritual deste e de muitos outros mártires do comunismo.
Em sua intervenção, durante a homilia de encerramento do encontro, o cardeal Bozanic comparou a fé de Stepinac e dos outros mártires do comunismo com o «grão que morre para dar fruto».
«A cortina de ferro é a imagem da divisão, da fratura, do afastamento e do egoísmo. O homem a colocou porque queria impedir o acesso ao próprio homem, mas seu objetivo era muito mais profundo, o de impedir que o olhar do homem se dirigisse a Deus e pudesse conhecer seu amor», explicou.
Porém, enquanto o homem construía o muro, «Deus deixou a semente, o dom da vida, e permitiu que morresse. E precisamente quando parece que a terra impediu a vida, gerou-se o fruto»...
O comunismo continua presente
Contudo, advertiu o purpurado, «temos a impressão de que ainda que o sistema parecia ter parado de funcionar em suas formas precedentes, ele se transformou, apresentando-se como solo envenenado em que deveria ter brotado o fruto».
De fato, uma das questões que mais preocupa os prelados é que apesar da queda do comunismo, «sua estrutura permaneceu na legislação e no poder judicial, na economia, na educação e na cultura», especialmente «no silêncio que se impôs sobre os acontecimentos do passado recente».
«Como explicar que, 20 anos após sua queda, a verdade não consegue lançar raízes?», pergunta-se o purpurado, afirmando que na Croácia, por exemplo, evita-se falar sobre Stepinac.
«Os ‘filhos da mentira’ recolheram os pedaços do Muro e com eles escondem e nublam a verdade sobre os fatos, tanto sobre os indivíduos como sobre determinadas instituições. Alguns, com os restos do muro, plantam a semente da divisão e da confusão.»
A verdade, admite o purpurado, «é que o Muro caiu, o sistema se foi, mas os pedaços são muito resistentes e se manifestam em formas de promoção das próprias falsidades não só através da política e da relação com o passado, mas também com a educação, a ciência e a instrução».
O purpurado advertiu sobre as «reclamações contraditórias sobre a verdade antropológica do homem», especialmente na defesa da vida e da família. «Não consentiremos nunca nem permitiremos o compromisso político diante destas questões, porque não se trata de acordos humanos, mas da verdade central da qual nós somos a fonte».
Outra das questões às que se referiu foi a da comunhão entre as igrejas, uma comunhão que «as ideologias tentaram romper» entre os fiéis do Oriente e Ocidente; e convidou os presentes a «não esquecerem o grande apoio das Igrejas que viviam em liberdade e que, com sua solidariedade, deram valor aos passos da Igreja mártir».
Recuperar o passado
Os bispos reunidos durante as sessões de trabalho manifestaram a necessidade de que a Igreja ajude a reconstruir a «memória histórica» dos anos do comunismo, lutando «contra a tendência a calar o que realmente aconteceu», especialmente com os mártires.
«O comunismo deixou como herança feridas profundas na vida das pessoas e da sociedade, das quais surge um apelo de ajuda e a necessidade de Deus e da Igreja para curar o homem», afirmam os prelados, em uma nota distribuída pela secretaria do arcebispado de Zagreb.
Com este fim se tomou a decisão de promover congressos históricos para iluminar a vida da Igreja e dos cristãos no período comunista.
Papa expressa desejo de visitar Portugal
Núncio apostólico foi recebido pelo pontíficeLISBOA, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- O núncio apostólico em Portugal, Dom Rino Passigato, afirmou que Bento XVI expressou a ele o desejo de visitar o país.
«Espero poder ir a Portugal num futuro próximo», afirmou o Papa ao núncio, durante a audiência que lhe concedeu há cerca de um mês, antes de Dom Rino Passigato embarcar para Portugal para assumir a nunciatura.
«Há um desejo firme, um propósito mesmo do Santo Padre», enfatizou Dom Passigato, numa entrevista concedida ao Programa Ecclesia, segundo refere Agência Ecclesia, da Conferência Episcopal Portuguesa.
Dom Rino Passigato chega a Portugal num momento em que as relações Igreja-Estado estão fortemente marcadas pelo processo de regulamentação da Concordata.
Segundo o representante vaticano, «todas as pessoas que trabalham, da parte do governo e da parte da Igreja, estão comprometidas e querem avançar bem e chegar a uma solução», isso para que se traduzam em leis e decretos-lei os termos da Concordata.
«Os católicos em Portugal representam, de um ponto de vista sociológico, 80, 85% da população. É uma realidade, que tem de ser expressa em todas as circunstâncias, em todas as situações: nas escolas, nos hospitais, nas cadeias, no exército, etc... É uma realidade», disse.
Sobre a fé em Portugal, o núncio afirmou: «temos uma promessa, de Nossa Senhora, em Fátima, que assegura que o seu coração vai triunfar e que Portugal ficará católico, crente, cristão».
«Os cristãos em Portugal, se mantiverem firme o amor a Nossa Senhora, creio que vão manter também viva a sua fé, que nos leva diretamente a Jesus.»
«Maria não quer uma devoção a ela mesma, para ser o fim dessa devoção. Ela é a Mãe do Salvador e nos conduz a Jesus, o único salvador do homem», disse.
Dom Rino Passigato, italiano de 64 anos, foi nomeado núncio apostólico em Portugal no dia 8 de novembro passado.
Toda enfermidade é um período de humildade, diz cardeal
Dom Eusébio Scheid comenta sobre o Dia Mundial do EnfermoRIO DE JANEIRO, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- «Apenas a fé pode nos conduzir a encarar o sofrimento de forma positiva, como uma situação que pode ser fecunda e libertadora», afirma o cardeal Eusébio Scheid.
Neste Dia Mundial do Enfermo, o arcebispo do Rio de Janeiro escreveu uma mensagem aos fiéis, difundida ontem pelo portal de sua arquidiocese, em que reconhece que, «aparentemente, nunca vamos conseguir sondar as razões do sofrimento até as suas profundidades».
«A enfermidade é, de fato, uma tragédia, se a olharmos apenas em si. É uma tragédia que faz parte do nosso dia-a-dia.»
Dom Eusébio afirma que «pensar na doença como meio para a santificação pessoal e para a redenção do mundo é algo que parece totalmente anacrônico em relação ao nosso tempo, a era da produtividade e da eficácia».
Entretanto –prossegue o arcebispo–, «toda enfermidade é um período de humildade, de humilhação mesmo, que expõe nossas próprias fraquezas, submetendo-nos à dependência de outros, encarregados de cuidar de nós. É momento de nos colocarmos face-a-face com nossa finitude humana, diante do Deus vivo e verdadeiro».
Segundo o cardeal, «experimentar nossas próprias limitações torna-nos mais humanos e, por isso mesmo, mais próximos de Deus».
Por outro lado –destaca o arcebispo–, «a aceitação do sofrimento não pode jamais significar um conformismo masoquista diante dos problemas. Deus nos concedeu aptidões para ser empregadas na construção do mundo e na promoção do próprio ser humano».
Com ocasião do Dia Mundial do Enfermo, o arcebispo lança um apelo aos governos e entidades da sociedade civil, «no sentido de que as pesquisas sobre doenças ainda incuráveis, verdadeiras tragédias para a humanidade, recebam prioridade de recursos para experimentos».
«E que estes experimentos não ofendam a dignidade humana, porém respeitem a ética e a moral cristãs. É desumano que se possa dar maior ênfase aos projetos ligados à supremacia política e econômica, como tecnologia espacial e bélica, do que à melhoria da qualidade de vida da população», afirma.
Dom Eusébio considera que a questão da saúde é «um dos mais graves problemas» do Brasil, «em âmbito federal, estadual e municipal».
«Não se pode usar a enfermidade como trampolim de poder ou como recurso de manobra política. Isso, infelizmente, ainda é feito e eu diria que é, de certo modo, criminoso, porque há leis estabelecidas quanto ao que se deve fazer em atendimento aos enfermos. E os doentes, hospitais e médicos não podem ser joguetes de grupos interessados apenas nos lucros, a qualquer preço.»
Aos profissionais da saúde, o arcebispo do Rio de Janeiro dirige uma palavra de estima e alento. «O próprio Jesus se declarou médico, ao dizer que tinha vindo ao mundo para aqueles que precisavam d’Ele, os doentes (cf. Mt 9,12)».
«A seu exemplo –afirma o cardeal–, os que trabalham com os enfermos não são apenas profissionais. Exercem uma missão, a serviço da vida e da saúde, do bem-estar corporal, psicológico e, consequentemente, espiritual daqueles que estão sob seus cuidados.»
Passos para normalização das relações entre judeus e católicos
As duas partes se encontraram em RomaCIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- As dificuldades nas relações entre representantes judeus e a Santa Sé, após o levantamento da excomunhão de um bispo negacionista do Holocausto, poderiam estar chegando a seu fim, segundo o Congresso Mundial Judaico.
A organização internacional, que representa 100 comunidades judaicas de todo o mundo, teve conversas em Roma nesta segunda-feira com o cardeal Walter Kasper, presidente da Comissão Pontifícia para as Relações com os Judeus.
A delegação visitou Roma para dialogar sobre o levantamento da excomunhão de quatro bispos da Fraternidade de São Pio X, incluindo o bispo Richard Williamson, que em uma entrevista à televisão sueca negou a eliminação com gás de seis milhões de judeus, quase ao mesmo tempo em que se levantava a excomunhão.
Os bispos, incluindo o atual superior geral da Fraternidade de São Pio X, incorreram em excomunhão quando, em 1988, receberam a ordenação episcopal ilicitamente das mãos de Marcel Lefebvre, que os ordenou sem a permissão papal.
Ronald Lauder, presidente do Congresso Mundial Judaico, disse que a Santa Sé deu os primeiros passos para responder às preocupações da comunidade judaica, mas que a estes passos deveriam seguir ações concretas.
O bispo britânico Richard Williamson, 68 anos, desde então foi reduzido ao silêncio sobre o tema do Holocausto, e substituído em suas funções como diretor do Seminário da Fraternidade de São Pio X na Argentina.
«Desejamos que o Vaticano compreenda que, acomodando-se a antissemitas como Williamson, as conquistas de quatro décadas de diálogo judaico-católico, desde a declaração de 1965 Nostra Aetate, serão postos em dúvida – disse. Agora cremos que nossa mensagem foi compreendida. A controversa das últimas três semanas teve um impacto positivo.»
Richard Prasquier, presidente do Centro Representativo das Instituições Judaicas da França (CRIF), e Maram Stern, vice-secretário-geral responsável pelo diálogo inter-confessional do Congresso Mundial Judaico, consideraram que a atual situação se superará logo e que não pesará sobre a futura relação judaico-católica.
Referindo-se às declarações do bispo Williamson à televisão sueca, Prasquier disse: «Hoje, reafirmamos com força que a negação da Shoá não é uma opinião, mas um crime».
Lauder expressou sua esperança em que a visita de Bento XVI a Israel, ao final deste ano, poderia ir além do esperado: «Confiamos na visita do Papa à Terra Santa. Será uma oportunidade para reafirmar o compromisso vaticano no diálogo com os judeus».
Encontro Mundial das Famílias, segundo cardeal Bertone
Entrevista do secretário de Estado vaticanoCIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- Publicamos a seguir a entrevista concedida pelo cardeal Tarcisio Bertone ao «L’Osservatore Romano, Rádio Vaticano e Centro Televisivo Vaticano, sobre a viagem ao México por ocasião do VI Encontro Mundial das Famílias. O texto foi difundido pela Santa Sé.
–Eminência, a sua visita ao México mostrou-se totalmente diferente das outras viagens precedentes: além da sua participação como legado do Papa, teve-se a impressão de um novo início de relações entre a Igreja, a Santa Sé e a sociedade mexicana. O que aconteceu verdadeiramente?
–Cardeal Bertone: Foi uma viagem que teve um realce pastoral como legado papal para o sexto Encontro mundial das famílias e também político, naturalmente, nos encontros com o presidente da República e com outras autoridades. É preciso recordar que já nestes últimos tempos tinha ido ao México D. Dominique Mamberti, por ocasião do décimo quinto aniversário da retomada das relações diplomáticas, uma grande mudança do México, que João Paulo II tinha marcado com uma etapa em 1993 por ocasião da sua viagem para a Jornada Mundial da Juventude em Denver. Agora, o secretário de Estado foi ao México como legado papal, mas também como secretário de Estado, e ressaltou precisamente esta retomada de relações positivas. Não se trata ainda de laicidade positiva este tema foi discutido no encontro em Querétaro mas de encontros e de relações mais positivos no México entre o Estado e a Igreja. Uma Igreja em grande retomada, uma Igreja mártir como a do México. Tratou-se de uma ocasião excepcional na qual o Papa se tornou presente com as duas mensagens, com a sua bênção videoregistrada, e na qual ressoou o insistente e jubiloso refrão dos mexicanos: "Está presente o legado papal, mas Bento está aqui, está presente: Bento está aqui presente". É uma convicção que expressava um grande desejo da presença do Papa mas também o sentido de plena comunhão e de presença com o Papa, com o Bispo de Roma.
–Família e cultura foram os dois pólos de maior atenção nas suas diversas intervenções. Por que tanta atenção demonstrada ao falar quer da família quer da cultura?
–Cardeal Bertone: Porque, na realidade, a família é a primeira agência de transmissão dos valores e da cultura para as novas gerações, para as crianças, para os jovens em crescimento: família transmitidora de valores. É um dado confirmado, mesmo com todas as dificuldades que marcam o caminho, a experiência da vida familiar, não só na Europa mas também na América Latina. Recordo uma conferência, um debate que fizemos aqui em Roma, na basílica de São João de Latrão, com o professor Barbiellini Amidei, precisamente sobre a família capaz ou incapaz hoje, diante de todas as outras agências, de socializar, de transmitir valores, e concordámos e esta é uma convicção dos Papas: de João Paulo II, do Papa Bento XVI de modo particular, reafirmada também nas duas mensagens dirigidas ao México que a família é a primeira protagonista na transmissão de valores, a primeira na formação humana e cristã. Ela transmite a identidade: a identidade própria da família, a identidade cultural, espiritual, moral de um povo. O Estado depois nasce do conjunto, da comunhão das famílias, e o Estado deve ter esta missão de consolidar o sentido de identidade de um povo fundado sobre as próprias raízes, sobre as origens que determinaram o desenvolvimento quer de uma comunidade política quer da comunidade eclesial.
–De certa forma, pareceu que Vossa Eminência encorajou uma refundação da cultura católica mexicana. Com que objectivo?
–Cardeal Bertone: Houve no México grandes tradições culturais: há muitas universidades, instituições educativas e há o risco que estas realidades, que renasceram depois de um espaço de liberdade dado de novo à Igreja, permaneçam ainda num ângulo. Há uma grande marca de laicismo, existem forças que se contrapõem à Igreja, que contrastam com a missão educativa, a missão formadora da Igreja, com a função de fazer cultura da Igreja. Recordamos que a Igreja inventou, criou as universidades; elas nasceram do seio da Igreja, e no México dizem que há mais de duas mil universidades estatais e privadas: são muitas as universidades católicas, pertencentes também a institutos religiosos. Elas são um recurso imenso que se deve desalfandegar por assim dizer e tornar presente e activo, de modo que possa incidir sobre a cultura do povo e demonstrar que também as universidades de matriz católica e de inspiração católica eis o problema da evangelização da cultura podem realizar, fazer progredir a ciência e portanto criar novos âmbitos, novas formas de desenvolvimento cultural, precisamente em concreto para a Nação mexicana. Por isso procurei encorajar este progresso e dar este estímulo.
–No encontro com o mundo da cultura e da educação, Vossa Eminência insistiu sobre o sucesso limitado da cultura católica no México do último século. Não é um juízo duro, na presença de uma Igreja que sofreu uma perseguição até sanguinolenta?
–Cardeal Bertone: Na realidade, é um juízo duro. Citei exactamente um autor, Gabriel Zaid, o qual recordou a relação com um bispo europeu que lhe perguntava: "Mas, no México é possível ter uma cultura católica ou uma influência cultural da parte da Igreja católica?". Quando este bispo europeu, que era holandês, lhe perguntou o que se podia esperar do México, Zaid desolado confessou: "Não lhe podeis dar a mínima esperança". No México, além dos vestígios dos tempos melhores e da cultura popular, a cultura católica tinha terminado. Observai que estamos nos anos setenta. Tinha permanecido à margem, num dos séculos mais importantes da cultura mexicana: o século XX. Como pôde acontecer isto? Responde Zaid: "Ainda me faço esta pergunta!". Este diagnóstico certamente é pessimista: revelei-o porque certamente houve impulsos e motivos muito significativos, e seria injusto ressaltar, subscrever integralmente este diagnóstico. Contudo, a observação do escritor e a pergunta deste bispo exigem respostas, são estimulantes. Que a cultura seja necessária na obra da Igreja e ainda mais na da própria humanidade, tinha afirmado num grande discurso à UNESCO o Papa João Paulo II, quando gritei: "O futuro do homem depende da cultura! A paz do mundo depende da primazia do espírito! O futuro pacífico da humanidade depende do amor". Portanto pôs em correlação cultura, paz, amor. Para a Igreja, a promoção cultural é uma realidade conatural, está inscrita no seu ADN , na sua história: é uma exigência urgente, necessária. Pelo mesmo facto de que o Evangelho é por si mesmo criador de cultura e portanto o anúncio do Evangelho é criação de cultura. Na realidade, a Igreja mexicana foi muito perseguida, teve tantos mártires. Recebi e venerei a relíquia de um jovem de 15 anos, mais maduro de quanto pudesse demonstrar a sua idade, José Sánchez del Río, que participou num círculo cultural da Acção Católica; tão jovem, foi preso, capturado e depois massacrado, e antes de morrer ainda escreveu: "Viva Cristo-Rei!", o grito dos mártires mexicanos. Portanto, a Igreja no México é uma Igreja mártir, certamente, mas uma Igreja colocada um pouco à margem da vida pública. Foi uma Igreja que praticou sempre uma grande religião do culto, muito significativa, importante, que é a fonte da fidelidade a Cristo e também do entusiasmo da fé, mas que sob o ponto de vista cultural era um pouco modesta. Então, era e é preciso voltar a dar impulso a toda a promoção cultural que como disse é conatural à missão da Igreja, de modo particular no México.
–Outro ponto de insistência foi o do abrir-se ou recuperar a cultura da mestiçagem: não é porventura um bom conceito não só para o México, mas também para os países ocidentais onde este conceito tem dificuldade de abrir caminho?
–Cardeal Bertone: A mestiçagem é um pensamento, uma realidade muito bela porque indica que a evolução da cultura se realiza através do encontro das culturas, um encontro que não deve ser exclusão. No México, mas pode-se falar de qualquer outro país por exemplo, no Ocidente, o código da cultura ocidental é a Bíblia a Bíblia, ou podemos também dizer as raízes cristãs, por vezes são postas de lado, são recusadas, como código de vida, da experiência, da evolução cultural da Europa ou do Ocidente. No México o barroco mexicano e toda a inspiração do mestiço de Nossa Senhora de Guadalupe, correm o risco de ser divididas quer por quem propugna só a cultura indígena e mais nada, quer por quem defende uma superioridade por assim dizer da cultura europeia que teria cancelado as raízes, as fontes indígenas. E portanto arrisca-se esta contraposição entre a cultura indígena e a cultura europeia, sem um verdadeiro diálogo, sem uma sinergia que tire das duas culturas e que forme esta nova cultura que é a característica de identidade do povo mexicano e de tantos povos da América Latina. Mas esta separação, este grande divórcio é o divórcio que se verificou entre a cultura popular e a cultura das elites, muito influenciada pela cultura europeia. Então, face a este divórcio, a grande síntese barroca e mestiça é o sinal da identidade do povo mexicano. É preciso evitar esta separação e retomar a síntese entre as culturas, a transformação das culturas num diálogo efectivo, fecundo, num diálogo frutuoso. No México está representado precisamente quer pela arte quer pela presença misteriosa, extraordinária que o Papa João Paulo II ressaltou na figura de Nossa Senhora de Guadalupe dizendo que é um pouco o símbolo da inculturação da evangelização. O rosto mestiço da Virgem de Guadalupe desde o início da história do Novo Mundo, demonstrou que há uma unidade da pessoa mas na variedade das culturas e no encontro entre as culturas.
–Como avalia o seu encontro com o Presidente da República?
–Cardeal Bertone: Foi um encontro muito cordial, diria muito belo, muito rico: pouco mais de uma hora e dez minutos. Um encontro com um homem que é católico e que fez um grande discurso à assembleia do Encontro mundial das famílias, que tem vontade de recuperar as raízes cristãs da cultura mexicana, e que faz inclusive perguntas claras à Igreja. Ressaltei também a relação entre religião e vida, a exigência da coerência da pertença à religião católica. Recordemo-nos que 87% dos mexicanos, segundo as estatísticas mais recentes, se declaram católicos, mas como em toda a parte por vezes o facto de se declarar católicos não significa que se viva em coerência com o Evangelho ou com as indicações da Igreja. Portanto, falámos com muita sinceridade, tratámos diversos argumentos, como o problema educativo no México; tratámos também o tema das escolas católicas, que são 5% parece-me de todas as escolas mexicanas, portanto uma percentagem muito baixa, mas que fazem um grande trabalho de carácter educativo, até aos máximos graus da instrução. Falámos também do ensino da religião católica para a formação integral dos jovens e dos adolescentes e para o desenvolvimento da sua personalidade. Citei como exemplo o Acordo estabelecido entre a Santa Sé e o Brasil que contempla esta matéria; trata-se de um grande país latino-americano, um país moderno. Saudei de bom grado todos os componentes da sua bela família com três crianças: um tem o nome de João Paulo, provavelmente em recordação das visitas de João Paulo II ao México.
–Que convicção maturou sobre a Igreja no México depois do seu encontro com os bispos, os seminaristas e os fiéis em oração?
–Cardeal Bertone: Penso que seja uma Igreja muito viva. A Igreja Católica no México não é uma instituição em crise; há um bom episcopado, encontrei-me com os Bispos como faço, aliás, em todas as visitas e viagens internacionais que realizo. Também com os bispos tivemos um diálogo muito franco. Vi uma Igreja em crescimento, sob muitos pontos de vista, com todas as dificuldades dos tempos modernos e dos países da América Latina. Obviamente: por exemplo, o problema da agressividade das seitas. Mas uma Igreja em crescimento que dá protagonismo aos leigos: os leigos têm um grande desejo de colaboração quer no campo da cultura quer no da economia e em todos os outros âmbitos típicos da sua actividade e na política. Eles pedem à Igreja orientações e propostas de comparticipação e de compartilha. Os bispos fizeram, precisamente no passado mês de Novembro, uma reunião da conferência episcopal com a participação de 120 representantes do laicado católico muito bem preparados e intencionados, e por conseguinte capazes de colaborar e dar novo impulso à presença da Igreja na sociedade mexicana. As vocações são sempre muitíssimas, os seminários ainda estão muito cheios, com diferenças de número entre uma diocese e outra, mas há dioceses que têm centenas de seminaristas. Permanece sempre o problema formativo, mas são uma força imensa. Consideremos que no México há 92 dioceses e que este país pode ser um recurso missionário para os outros países circunstantes.
–As suas intervenções e as de Bento XVI estavam em singular harmonia, quase dois momentos de uma única trama de diálogo com a Igreja mexicana. O que significa isto e qual é o objectivo desta sintonia?
–Cardeal Bertone: Entretanto, devo dizer que o Papa conhece bem a Igreja do México porque a conferência episcopal, portanto todos os bispos do México, vieram em visita "ad limina" poucos meses depois da eleição de Bento XVI, o qual como para cada visita "ad limina" de episcopados do mundo se prepara adequadamente, estuda os relatórios das dioceses, dos núncios e das conferências episcopais e tem um diálogo garantido com cada bispo. Isto, naturalmente, permite conhecer a vida da Igreja e também lançar mensagens pertinentes, idóneas, concretas que dizem respeito à experiência vital da Igreja naquele determinado país. O primeiro colaborador do Papa está em perfeita sintonia com o próprio Papa. Naturalmente, os discursos do Papa são conhecidos do secretário de Estado e o secretário de Estado prepara-se para estas viagens com uma harmonização das intervenções sobre temas importantes para o Pontífice e para a Santa Sé. O tema da família, da cultura especialmente no encontro de Querétaro com o mundo da cultura são temas muito importantes para o Papa. Conhecemos um pouco toda o desenvolvimento do pensamento de Bento XVI, portanto não é difícil pôr-se em sintonia com o seu pensamento: apoiar os bispos, o mundo católico, os leigos mexicanos nesta plena, concreta comunhão não só na oração, no afecto, também público, entusiasta ao Pontífice, mas numa partilha dos projectos culturais, pastorais que para ele são importantes. Procurei encorajar este grande país católico eis o objectivo a ser um motor, um país modelo também para a América Latina e o Caribe, sobretudo para as forças, para os recursos extraordinários que tem em si; porque possui uma grande riqueza humana e grandes recursos materiais, morais, culturais. Pode portanto fazer de abre caminho também aos outros países da América Latina. São estes os votos que formulo depois da viagem ao México, e que coloco aos pés de Nossa Senhora de Guadalupe.
Bento XVI apresenta «escada do paraíso» a partir de João Clímaco
Durante a audiência geralCIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- Oferecemos a seguir a catequese que Bento XVI deu durante a audiência geral aos peregrinos na Sala Paulo VI.
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Queridos irmãos e irmãs:
Depois de vinte catequeses dedicadas ao apóstolo Paulo, quero retomar hoje a apresentação dos grandes escritores da Igreja do Oriente na Idade Média. E proponho a figura de João, chamado Clímaco, transliteração latina do termo grego klímakos, que significa da escada (klímax). Trata-se do título de sua obra principal, na qual descreve a escada da vida humana até Deus. Ele nasceu por volta do ano 575. Sua vida aconteceu nos anos em que Bizâncio, capital do Império romano do Oriente, conheceu a maior crise de sua história. De repente, o quadro geográfico do império mudou e a torrente das invasões bárbaras fez cair todas as estruturas. Restou apenas a estrutura da Igreja, que nesses tempos difíceis continuou com sua ação missionária, humana e sócio-cultural, especialmente através da rede dos mosteiros, nos quais estavam grandes personalidades religiosas, como era precisamente o caso de João Clímaco.
Entre as montanhas do Sinai, onde Moisés encontrou Deus e Elias ouviu sua voz, João viveu e narrou suas experiências espirituais. Conservaram-se notícias dele em uma breve Vida (PG 88, 596-608), escrita pelo monge Daniel de Raito: aos 16 anos, João, monge no monte Sinai, tornou-se discípulo do abade Martirio, um «ancião», ou seja, um «sábio». Por volta dos 20 anos, escolheu viver como eremita em uma gruta aos pés de um monte, na localidade de Tola, a oito quilômetros do atual mosteiro de Santa Catarina. Mas a solidão não o impediu encontrar pessoas desejosas de ter um guia espiritual, nem visitar alguns mosteiros perto de Alexandria. Seu retiro eremítico, de fato, longe de ser uma fuga do mundo e da realidade humana, conduziu-o a um amor ardente aos demais (Vida 5) e a Deus (Vida 7). Após 40 anos de vida eremítica vivida no amor a Deus e ao próximo, anos durante os quais chorou, rezou, lutou contra os demônios, foi nomeado higúmeno (superior, N. do T.) do grande mosteiro do monte Sinai e voltou assim à vida cenobítica, no mosteiro. Mas alguns anos antes de sua morte, nostálgico da vida eremítica, passou ao irmão, monge do mesmo mosteiro, a guia da comunidade. Morreu depois do ano 650. A vida de João se desenvolve entre duas montanhas, o Sinai e o Tabor, e verdadeiramente se pode dizer dele que irradiava a luz que Moisés viu no Sinai e que os apóstolos contemplaram no Tabor.
Ele se tornou famoso, como já disse, por sua obra «A Escada» (klímax), chamada no Ocidente de Escada do Paraíso (PG 88, 632-1164). Composta pelas insistentes petições do higúmeno do mosteiro de Raito, perto do Sinai, a Escada é um tratado completo da vida espiritual, na qual João descreve o caminho do monge desde a renúncia ao mundo ate a perfeição do amor. É um caminho que – segundo este livro – acontece através de 30 escadas, cada uma das quais está unida à seguinte. O caminho pode resumir-se em três fases sucessivas: a primeira mostra a ruptura com o mundo, com o fim de voltar ao estado de infância evangélica. O essencial, portanto, não é a ruptura, mas a união com o que Jesus disse, a volta à verdadeira infância em sentido espiritual, o chegar a ser como crianças. João comenta: «um bom fundamento é formado por três bases e três colunas: inocência, jejum e castidade. Todos os recém-nascidos em Cristo (cf. 1 Cor 3, 1) devem começar por estas coisas, tomando o exemplo dos recém-nascidos fisicamente» (1, 20; 636). O afastamento voluntário das pessoas e lugares queridos permite à alma entrar em comunhão mais profunda com Deus. Esta renúncia desemboca na obediência, que é o caminho da humildade, através das humilhações – que não faltarão nunca – por parte dos irmãos. João comenta: «Bendito aquele que mortificou sua própria vontade até o final e que confiou o cuidado de sua pessoa ao seu mestre no Senhor: será colocado à direita do Crucificado» (4, 37; 704).
A segunda fase do caminho está constituída pelo combate espiritual contra as paixões. Cada escada está unida a uma paixão principal, que é definida e diagnosticada, indicando também a terapia e propondo a virtude correspondente. O conjunto destas escadas constitui sem dúvida o mais importante tratado de estratégia espiritual que possuímos. A luta contra as paixões se reveste de positividade – não se vê como uma coisa negativa – graças à imagem do «fogo» do Espírito Santo: «Todos aqueles que empreendem esta bela luta (cf. 1 Tm 6, 12), dura e árdua, [...], devem saber que vieram para lançar-se ao fogo, se verdadeiramente desejam que o fogo imaterial habite neles» (1, 18; 636), o fogo do Espírito Santo, que é o fogo do amor e da verdade. Só a força do Espírito Santo assegura vitória. Mas, segundo João Clímaco, é importante tomar consciência de que as paixões não são más em si mesmas; só o são pelo mau uso que a liberdade do homem faz delas. Se forem purificadas, as paixões abrem ao homem o caminho para Deus com energias unificadas pela ascética e pela graça e, «se receberam do Criador uma ordem e um princípio..., o limite da virtude não tem fim» (26/2, 37; 1068).
A última fase do caminho é a perfeição cristã que se desenvolve nos últimos sete degraus da Escada. Estes são os estágios mais altos da vida espiritual, experimentados pelos esicasti, os solitários, que chegaram à quietude e à paz interior; mas são estágios acessíveis também aos cenobitas mais fervorosos. Dos três primeiros – simplicidade, humildade e discernimento – João, em linha com os Padres do deserto, considera mais importante este último, ou seja, a capacidade de discernir. Todo comportamento deve submeter-se ao discernimento, tudo depende, de fato, de motivações profundas, que é necessário explorar. Aqui se entra no profundo da pessoa e se trata de despertar no eremita, no cristão, a sensibilidade espiritual e o «sentido do coração», dom de Deus: «Como guia e regra de todas as coisas, depois de Deus, devemos seguir a nossa consciência» (26/1, 5; 1013). Desta forma se chega à tranquilidade da alma, a esichía, graças à qual a alma pode vislumbrar o abismo dos mistérios divinos.
O estado de quietude, de paz interior, prepara o esicasta para a oração, que em João é dupla: a «oração corpórea» e a «oração do coração». A primeira é própria de quem deve fazer-se ajudar por posturas do corpo: estender as mãos, sussurrar, bater no peito etc. (15, 26; 900); a segunda é espontânea, porque é efeito do despertar da sensibilidade espiritual, dom de Deus a quem se dedica à oração corpórea. Em João esta toma o nome de «oração de Jesus» (Iesou euché) e é constituída pela invocação do nome de Jesus, uma invocação contínua como a respiração: «A memória de Jesus se faz uma com tua respiração, e então descobrirás a verdade da esichía», da paz interior (27/26; 1112). No final, a oração se torna algo muito simples, a palavra «Jesus» se converte em uma só coisa com a nossa respiração.
O último degrau da escada (30), repleto da «sóbria embriaguez do Espírito», dedica-se à suprema «trindade das virtudes»: a fé, a esperança e sobretudo a caridade. Da caridade, João fala também como eros (amor humano), figura da união matrimonial da alma com Deus. E escolhe mais uma vez a imagem do fogo para expressar o ardor, a luz, a purificação do amor a Deus. A força do amor humano pode ser reorientada para Deus, como sobre a oliveira pode-se enxertar oliva boa (cf. Rm 11, 24) (15, 66; 893). João está convencido de que uma experiência intensa desse eros faz a alma avançar mais que a dura luta contra as paixões, porque é grande seu poder. Prevalece, portanto, a positividade do nosso caminho. Mas a caridade se vê também em relação estreita com a esperança: «A força da caridade é a esperança: graças a ela esperamos a recompensa da caridade... A esperança é a porta da caridade... A ausência da esperança anula a caridade: a ela estão vinculadas nossas fadigas, por ela nos sustentamos em nossos problemas e graças a ela estamos rodeados pela misericórdia de Deus» (30, 16; 1157). A conclusão da Escada contém a síntese da obra, com palavras que o autor atribui ao próprio Deus:« Que esta escada te ensine a disposição espiritual das virtudes. Eu estou no cume desta escada, como disse aquele grande iniciado meu (São Paulo): ‘Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade - as três. Porém, a maior delas é a caridade’» (30, 18; 1160).
Neste ponto, impõe-se uma última pergunta: a Escada, obra escrita por um monge eremita que viveu há 1400 anos, pode dizer-nos algo hoje? O itinerário existencial de um homem que viveu sempre na montanha do Sinai em um tempo tão distante, pode ser de atualidade para nós? Em um primeiro momento, pareceria que a resposta deveria ser «não», porque João Clímaco está muito longe de nós. Mas, se observarmos um pouco mais de perto, vemos que aquela vida monástica é só um grande símbolo da vida batismal, da vida do cristão. Mostra, por assim dizer, em letras grandes o que nós escrevemos cada dia com letra pequena. Trata-se de um símbolo profético que revela o que é a vida do batizado, em comunhão com Cristo, com sua morte e sua ressurreição. Para mim, é particularmente importante o fato de que o cume da escada, os últimos degraus sejam ao mesmo tempo as virtudes fundamentais, iniciais, mais simples: a fé, a esperança e a caridade. Não são virtudes acessíveis só aos heróis morais, mas um dom de Deus para todos os batizados: nelas também cresce a nossa vida. O início é também o final, o ponto de partida é também o ponto de chegada: todo o caminho se dirige a uma realização cada vez mais radical da fé, da esperança e da caridade. Nestas virtudes está presente a escada. Fundamentalmente é a fé, porque esta virtude implica em que eu renuncie à arrogância, ao meu pensamento, à pretensão de julgar por mim mesmo, sem confiar-me a outros. Este caminho para a humildade, para a infância espiritual, é necessário: é necessário superar a atitude de arrogância que faz dizer: eu sou melhor, neste tempo meu do século XXI, do que sabiam os que viviam naquele então. É necessário, ao contrário, confiar-se somente à Sagrada Escritura, à Palavra do Senhor, aproximar-se com humildade do horizonte da fé, para entrar assim na enorme vastidão do mundo universal, do mundo de Deus. Dessa forma, nossa alma cresce, cresce a sensibilidade do coração para com Deus. João Clímaco diz justamente que só a esperança nos torna capazes de viver a caridade. A esperança na qual transcendemos as coisas de cada dia, não esperamos o êxito em nossos dias terrenos, mas esperamos finalmente a revelação do próprio Deus. Só nesta extensão de nossa alma, nesta autotranscendência, nossa vida se engrandece e podemos suportar os cansaços e desilusões de cada dia, podemos ser bons com os demais sem esperar recompensa. Só se Deus existe, esta grande esperança à qual tendo, posso cada dia dar os pequenos passos de minha vida e assim aprender a caridade. Na caridade se esconde o mistério da oração, do conhecimento pessoal de Jesus: uma oração simples que só tende a tocar o coração do divino Mestre. E assim se abre o próprio coração, aprende-se d’Ele sua própria bondade, seu amor. Usemos, portanto, esta «escada» da fé, da esperança e da caridade, e chegaremos assim à vida verdadeira.
[Tradução: Élison Santos. Revisão: Aline Banchieri
© Copyright 2009 - Libreria Editrice Vaticana]
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