quinta-feira, fevereiro 05, 2009

ZP090205

ZENIT

O mundo visto de Roma

Serviço diario - 05 de fevereiro de 2009



SANTA SÉ
Papa viverá aniversário da morte de João Paulo II com jovens
Falece Dom Cipriano Calderón, homem do Papa para América Latina
Diferença entre jejum no cristianismo e em outras religiões

MUNDO
«Portugal atual deve muito a seus seminários»
Novo ataque contra nunciatura apostólica na Venezuela
Cardeal Bertone na Espanha: direito à vida «não deve ser negado a ninguém»
Relegar religião ao âmbito privado viola liberdade religiosa
Reino Unido: enfermeira suspensa por oferecer-se para rezar por paciente
Arcebispo indica itinerário para viver a Quaresma
Dom Helder Camara homenageado em Recife

Santa Sé

Papa viverá aniversário da morte de João Paulo II com jovens

Em 2 de abril, ao anoitecer

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- Bento XVI viverá neste ano o 4º aniversário do falecimento de João Paulo II junto a milhares de jovens, segundo o calendário das celebrações presididas pelo Santo Padre publicado nesta quinta-feira.

Ele o fará presidindo em 2 de abril, às 18h, na basílica vaticana, uma santa missa à qual estão convidados em particular os jovens de Roma. 

Será ao mesmo tempo o tradicional encontro que o Papa tem todos os anos com os jovens de sua diocese em preparação da Jornada Mundial da Juventude, que este ano se viverá no âmbito local, nas dioceses três dias depois, no Domingo de Ramos. 

Bento XVI reviverá a noite de 4 anos atrás, na qual os fiéis que lotavam a Praça de São Pedro, muitos deles jovens, acompanharam a morte de Karol Wojtyla com a oração. 

Trata-se de uma das celebrações destacadas no calendário do Papa previsto para o mês de fevereiro até abril, que se caracteriza também por sua primeira viagem à África. 

Em 21 de fevereiro, o calendário prevê que às 11h, na Sala Clementina do Palácio Apostólico Vaticano, aconteça um consistório para algumas causas de canonização. 

Em 25 de fevereiro, Quarta-feira de Cinzas, o Papa participará, na basílica de Santo Anselmo, às 16h30, da procissão penitencial. Às 17h, na basílica de Santa Sabina, presidirá a santa missa, com a benção e imposição da cinzas. 

Em 1º de março, primeiro domingo da Quaresma, na capela Redemptoris Mater do Vaticano, o Papa começará junto à Cúria Romana, às 18h, os Exercícios Espirituais. Concluirá às 9h de 7 de março. 

Como já se anunciou, de 17 a 23 de março, o pontífice realizará sua viagem apostólica a Camarões e Angola. 

Em 29 de março, V Domingo de Quaresma, o bispo de Roma realizará uma visita pastoral à paróquia romana da Santa Face de Jesus, no bairro popular da Magliana. 

Três dias depois da celebração do aniversário de falecimento de João Paulo II, em 5 de abril, Domingo de Ramos, na Praça de São Pedro, às 9h30, o Papa abençoará as palmas e presidirá a procissão e a santa missa. 

Como é tradição, em 9 de abril, Quinta-Feira Santa, às 9h30, na basílica vaticana, concelebrará a Santa Missa do Crisma com os sacerdotes e bispos presentes na Cidade Eterna. 

Às 17h30, na basílica de São João de Latrão, catedral do Papa, ele dará início ao tríduo pascal, celebrando a Santa Missa da Ceia do Senhor. 

Em 10 de abril, Sexta-feira Santa, às 17h, na basílica vaticana, participará da celebração da Paixão do Senhor. Às 21h15, no Coliseu, Via Sacra

Em 11 de abril, Sábado Santo, às 21h, na basílica vaticana, o Papa dará início à Vigília Pascal da Noite Santa. 

No Domingo de Páscoa, às 10h30, na Praça de São Pedro, celebrará a santa missa do Dia de Ressurreição. Às 12h, desde o balcão central da basílica, enviará a benção Urbi et Orbi, acompanhada ao vivo por canais de televisão do mundo inteiro.

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Falece Dom Cipriano Calderón, homem do Papa para América Latina

Vice-presidente emérito da Comissão para o Continente da Esperança

Por Carmen Elena Villa

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- O bispo Cipriano Calderón Polo foi «um homem de Igreja, profundamente interessado e preocupado pela evangelização na América Latina»: assim o define em declarações à Zenit seu sucessor, o arcebispo José Octavio Ruiz Arenas. 

O vice-presidente emérito da Comissão Pontifícia para a América Latina (CAL) faleceu nesta quarta-feira à noite, aos 81 anos, no hospital Pio XI de Roma. 

Dom Cipriano nasceu em Plasencia (Espanha) em 1927; foi ordenado sacerdote em 1953 e nomeado bispo em 1989. Estudou jornalismo em Roma. Desde então começou a escrever como correspondente para o jornal Ya, para a revista Ecclesia e outras publicações. Foi também o porta-voz em língua hispânica da informação do Concílio Vaticano II e durante numerosos sínodos. 

Em 1968, viajou com o Papa Paulo VI a Bogotá para fazer a cobertura do Congresso Eucarístico que aconteceu esse ano na capital colombiana. Sua Santidade, ao ver o afeto que lhe tinha o povo latino-americano, decidiu começar a versão semanal em espanhol de L'Osservatore Romano e o nomeou editor chefe. 

Dessa forma, os países de fala hispânica, em especial a América Latina, puderam ter acesso aos discursos e homilias do Santo Padre em sua língua mãe, assim como às principais notícias da Santa Sé. 

«Era muito amigo de vários bispos latino-americanos. Como jornalista, viajou por todo o continente com João Paulo II. Conheceu muito bem a Igreja na América Latina e tinha uma grande experiência na Santa Sé; ele unia muito bem essas duas realidades», assegura Dom Ruiz. 

Por esta razão, em 1988, o Papa Karol Wojtyla o nomeou vice-presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina, cargo que exerceu até 2003. 

Tinha um amor especial pelo «Continente da Esperança» e se sentia atraído pela vitalidade de sua Igreja. Também lhe doía profundamente o fenômeno das seitas e a secularização que estes países vivem. 

Conta Dom Ruiz que há poucos dias, quando foi visitá-lo no hospital, ele lhe disse: «Não pensei que fosse sofrer tanto pela América Latina», e garantiu que estava oferecendo seus sofrimentos pela Igreja neste continente. 

Dom Calderón participou de três Conferências Gerais do Episcopado Latino-Americano e do Caribe: Medelhim, (1968), Puebla (1979) e Santo Domingo (1992). Também do Sínodo dos Bispos para a América em 1997. 

«Seu trabalho na conferência de Santo Domingo foi difícil. Ajudar a preparar um evento eclesial como este supõe uma união muito grande. Era a primeira vez que a CAL tinha uma intervenção neste evento. Ele não só providenciou que os documentos chegassem a tempo, senão que, além disso, esteve colaborando para que a Conferência saísse adiante», agregou Dom Ruiz. 

Em novembro de 2006, foi distinguido como «filho predileto de Plasencia», sua cidade natal. Até sua morte foi membro da Congregação para os Bispos. 

«Nunca deixou sua veia jornalística. Amou profundamente a Igreja, sempre estava em comunhão com o Papa. Conheceu Paulo VI muito de perto. Palpitava com o sentir de João Paulo II e posteriormente de Bento XVI. Para nós, esta é uma perda muito grande. Seu exemplo será muito valioso para os bispos na América Latina», concluiu Dom Ruiz.

O funeral solene será realizado nesta sexta-feira, às 17h, na Catedral de São Pedro, em Roma. Nos próximos dias, seus restos mortais serão trasladados à cidade de Plasencia, onde será sepultado. 

A Comissão Pontifícia para a América Latina tem por objetivo «aconselhar e ajudar as Igrejas particulares na América Latina». 

Em particular, desempenha esta função estudando «as questões que se referem à vida e ao progresso de tais igrejas, especialmente estando à disposição, tanto dos dicastérios da Cúria interessados por razão de sua competência, como das próprias igrejas para resolver tais questões» (Constituição apostólica Pastor Bonus, n. 83). 

A esta Comissão «corresponde favorecer as relações entre as instituições eclesiásticas internacionais e nacionais, que trabalham a favor das regiões da América Latina e dos dicastérios da Cúria Romana» (ibidem). 

A Comissão depende da Congregação vaticana para os Bispos, motivo pelo qual seu presidente é o prefeito desse organismo vaticano, neste momento, o cardeal Giovanni Battista Re.

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Diferença entre jejum no cristianismo e em outras religiões

O cardeal Cordes apresenta a mensagem do Papa para esta Quaresma

Por Carmen Elena Villa

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- O jejum no cristianismo se distingue desta prática em outras religiões, pois tem por objetivo descobrir Deus, e não descobrir a si mesmo. 

Quando os cristãos jejuam, «não se fecham em si mesmos», mas «se unem ao seu Senhor, que jejua por quarenta dias e quarenta noites no deserto». 

Assim manifestou o cardeal Paul Josef Cordes, presidente do Conselho Pontifício «Cor Unum», durante a coletiva de imprensa que concedeu nesta quarta-feira na Santa Sé, na qual foi apresentada a mensagem de Bento XVI para a Quaresma de 2009.

O sentido do jejum no budismo e no islã 

Segundo declarou o purpurado alemão, que dirige o organismo vaticano encarregado de promover e coordenar a ação caritativa na Igreja, o objetivo do jejum, tanto no budismo como no islã, consiste em favorecer o cuidado do corpo, opondo-se à sua idolatria. 

O cardeal assinalou como o sentido do jejum no budismo consiste no desapego dos bens terrenos, porque o corpo em si mesmo se converte em origem de sofrimentos: «deve desacostumar-se à ‘sede’ de coisas criadas, abandonar o desejo e as inquietudes que dele se derivam, matá-las dentro de si mesmo»; desta maneira se chega ao Nirvana, que consiste na extinção completa dos desejos. 

Para o islã, o jejum é a quarta coluna que sustenta esta religião e uma prática obrigatória durante o mês do Ramadã. 

Para os muçulmanos, existe outra razão para esquecer-se de tudo que é terreno: «Deus tem seu trono em uma distância infinita. Não se lhe pode encontrar no mundo. Só se comunica com a criação e com o homem mediante sua lei, a charia»; por isso, «seria uma heresia escandalosa afirmar que Alá tivesse como filho um membro do gênero humano». 

O purpurado assinalou que o jejum em ambas as religiões tem algo em comum: «transcende a dimensão terrena e procura um objetivo muito além deste mundo: o ingresso no Nirvana ou a obediência a Alá, Senhor do céu e da terra». 

Em ambas as religiões, «trata-se de libertar-nos do peso das coisas criadas», declarou. 

O sentido do jejum cristão 

Pelo contrário, para o cristão «o desejo místico não é nunca o descenso em si mesmo, mas sim o descenso na profundidade da fé, onde encontra Deus». 

Ainda que seja importante aprender sobre as demais religiões, os cristãos devem aprofundar «na herança recebida e conhecê-la cada vez melhor. A revelação divina diz algo novo em cada época histórica; é inesgotável», constatou. 

O cardeal deixou clara a diferença entre a rejeição do mundo por parte do budismo e as leis do Ramadã islâmico e da Quaresma cristã, que «oferece ao cristão um caminho espiritual e prático para exercitar sem recortes nem reservas nossa entrega a Deus». 

Assinalou que, em sua mensagem quaresmal, o Papa não mostra o jejum com um aspecto negativo: «como poderemos nós desprezar nossa carne, se o Filho de Deus a assumiu, convertendo-se verdadeiramente em nosso irmão?». 

Quando os homens jejumam com uma atitude interior de desejo de conversão, «em Cristo buscam a comunhão com o Tu divino. N’Ele buscam novamente o dom do amor que renova o ser cristão» e se comprometem «na luta contra a miséria, convertendo-se em mensageiros do amor de Deus». 

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Mundo

«Portugal atual deve muito a seus seminários»

Prepara-se em Fátima o 1º congresso nacional de antigos alunos de seminários

LISBOA, quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- Em breve acontecerá em Fátima (Portugal) o 1º Congresso Nacional de Antigos Alunos de Seminários, segundo informou hoje a agência portuguesa Ecclesia.

O objetivo é, segundo explico Luís Matias, membro da Comissão organizadora, analisar como o ensino recebido nos seminários contribuiu para a formação de gerações de portugueses, especialmente no século XX. 

O congresso, segundo seus organizadores, poderia acontecer no Santuário de Fátima no mês de abril, e nele está previsto que participem as associações de antigos alunos dos seminários do país, assim como a Confederação Portuguesa de Antigos Alunos do Ensino Católico. 

Segundo Matias, ex-aluno do seminário de Leiria e hoje diretor de hospitais, além de voluntário de «Aldeias Infantis», apesar de que o século XX se caracterize por ser «leigo», «deve muito, em todas as suas dimensões, aos seminários». 

«Até pelo menos o final da década dos 60, o sistema de ensino era muito escasso e elitista», e contudo, «pelos seminários, instituídos pela Igreja para formar seus ministros, passaram milhares de alunos, que nunca chegaram a fazer parte do clero». 

«Assim, de forma indireta, os seminários contribuíram enormemente para a vida leiga portuguesa, em todos seus campos. Independentemente das opções e o rumo que cada antigo aluno tenha seguido em sua vida, é inegável que grande parte da cultura e da vida social portuguesa passou pelos seminários», explicou. 

Precisamente, uma das características da formação nos seminários é sua visão integral da pessoa, pelo que a formação «sempre foi muito mais ampla que o estudo das ciências religiosas e as questões da fé». 

Além dos próprios membros da estrutura eclesiástica, assinala Matias, «encontramos antigos seminaristas na política, na música, nas artes plásticas, nas universidades, na solidariedade, nas estruturas militares, na economia, na Medicina e na comunicação social». 

«Igualmente, certas personalidades ilustres, que não passaram pelos seminários, foram muitas vezes influenciadas por eles através de seus professores», acrescenta. 

«Estamos em um momento crucial de mudança, e a grande escola que foram os seminários do século XX (necessariamente diferentes do século XXI), não pode passar despercebida. Nossa intenção é refletir sobre seu legado e o de seus antigos alunos à Igreja e à sociedade do futuro», conclui.

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Novo ataque contra nunciatura apostólica na Venezuela

Dias antes havia sido assaltada a sinagoga mais importante do país

CARACAS, quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- Vários desconhecidos lançaram ontem três bombas de gás lacrimogêneo contra a sede da nunciatura apostólica em Caracas, no que se constitui o 7º ataque contra esta sede diplomática e 2º ataque em menos de 15 dias. 

Segundo um comunicado divulgado pela própria nunciatura, alguns homens de motocicleta lançaram «três artefatos, dos quais dois caíram e explodiram na parte externa do recinto, e o terceiro caiu e explodiu no pátio interior da sede diplomática». 

A nunciatura qualificou o ato de «vandalismo e irresponsável» e fez um pedido às autoridades para que «tomem as medidas necessárias, a fim de que seja garantida a segurança e incolumidade da missão diplomática e de sua equipe, como estabelece a Convenção de Viena». 

Os ataques contra a sede diplomática por parte de grupos pró-governamentais se sucedem desde que esta deu asilo ao dirigente estudantil Nixon Moreno, opositor do regime de Hugo Chávez. O último ataque, com outras cinco granadas de gás lacrimogêneo, aconteceu em 19 de janeiro. 

Assalto à sinagoga

Este ataque se produz poucos dias depois de que a Conferência Episcopal Venezuelana emitira um comunicado deplorando um ataque contra a principal sinagoga de Caracas. 

Em 31 de janeiro passado, 15 pessoas não identificadas penetraram na principal sinagoga de Maripérez e destroçaram os objetos de culto, além de fazer desenhos contra Israel.

Em sua nota, divulgada ontem, os bispos mostraram sua «consternação e dor pela violação do recinto sagrado e pela profanação dos símbolos religiosos mais queridos da religião judaica», e asseguram que este fato «está afastado do espírito de tolerância e acolhida que é tradicional no povo venezuelano». 

«Nenhuma pessoa ou grupo religioso deve ser coagido ou atemorizado a agir em matéria religiosa, contra sua consciência, nem ver impedidos os ensinamentos ou a profissão pública de sua fé. É obrigação do poder civil proteger e promover este direito, como os outros direitos invioláveis do homem», acrescenta o comunicado.

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Cardeal Bertone na Espanha: direito à vida «não deve ser negado a ninguém»

Ele dedica uma parte de seu discurso a falar sobre a família

MADRI, quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- O cardeal Tarcisio Bertone, Secretário de Estado de Bento XVI, afirmou nesta quinta-feira, durante sua visita à Espanha, que o direito à vida «não pode ser negado a ninguém» e que «nenhuma minoria nem maioria política pode mudar os direitos dos que são mais vulneráveis em nossa sociedade». 

O purpurado fez estas afirmações dentro da conferência pronunciada hoje na sede da Conferência Episcopal Espanhola, por ocasião do 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos. 

No ato estiveram presentes, entre outros, o atual ministro de Justiça espanhol, Mariano Fernández Bermejo, assim como membros das administrações e do partido da oposição. O atual governo espanhol leva adiante uma reforma legal do aborto que suporá seu reconhecimento como um «direito reprodutivo». 

Segundo o cardeal Bertone, atualmente há «um processo contínuo e radical de redefinir os direitos humanos individuais em temas muito sensíveis e essenciais, como a família, os direitos da criança e da mulher etc.». 

Concretamente, quanto ao direito à vida, acrescentou, nós «nos encontramos frente a um panorama completamente novo com relação à época em que se aprovou a Declaração Universal». 

Contudo, insistiu em que os direitos humanos «estão acima da política e também acima do Estado-nação. São verdadeiramente supranacionais», e sua proteção «deve ser uma prioridade para cada Estado». 

«A vida, que é obra de Deus, não deve ser negada a ninguém, nem sequer ao menor e indefeso, e muito menos se apresentar graves deficiências – afirmou. Por isso, não podemos cair no engano de pensar que se pode dispor da vida até legitimar sua interrupção, desmascarando-a talvez com um véu de piedade humana.»

Recordando o discurso de Bento XVI às Nações Unidas, o cardeal Bertone acrescentou que a liberdade «não pode ser invocada para justificar certos excessos», que poderão levar a «uma regressão no conceito de ser humano», especialmente em questões como a vida e a família. 

Contudo, acrescentou, «uma cultura da vida», especialmente quanto à defesa da vida e da família, «poderia revitalizar o conjunto da existência pessoal e social». 

O direito de educar

Outra questão na qual se centrou o representante vaticano, e que também está supondo desencontros entre o governo e a Igreja, é a da família, concretamente o direito dos padres a educar seus filhos. 

O cardeal Bertone recordou que a Igreja «proclama que a vida familiar está fundada sobre o matrimônio de um homem e uma mulher, unidos por um vínculo indissolúvel, livremente contraído, aberto à vida humana em todas suas etapas, lugar de encontro entre gerações e de crescimento em sabedoria humana». 

«Desde sua concepção, os filhos têm o direito de poder contar com o pai e com a mãe, que cuidem deles e os acompanhem em seu crescimento», afirmou o purpurado; e acrescentou que o Estado «deve apoiar com adequadas políticas sociais tudo o que promove a estabilidade e a unidade do matrimônio, a dignidade e a responsabilidade dos esposos, seu direito e sua tarefa insubstituível de educadores dos filhos». 

O purpurado sublinhou que «é à família, e mais concretamente aos pais, a quem compete por direito natural a primeira tarefa educativa, e é preciso respeitar seu direito a escolher a educação para seus filhos de acordo com suas ideias, especialmente segundo suas convicções religiosas». 

«O ensino confessional da religião nos centros públicos está de acordo com o princípio de laicidade, porque não supõe adesão nem, portanto, identificação do Estado com os dogmas e a moral que integram o conteúdo desta matéria. Desta forma, este tipo de ensino não é contrário ao direito de liberdade religiosa dos alunos e de seus pais, devido a seu caráter voluntário», declarou. 

Por outro lado, o cardeal Bertone destacou a contribuição do cristianismo ao reconhecimento da igualdade e dignidade da mulher, e afirmou que «ainda persiste uma mentalidade que ignora a novidade do cristianismo».

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Relegar religião ao âmbito privado viola liberdade religiosa

Cardeal Bertone defendeu «laicidade positiva» como marco ideal de relação com o Estado

Por Inma Álvarez

MADRI, quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- «Querer impor, como pretende o laicismo, uma fé ou uma religiosidade estritamente privada» supõe «uma ingerência nos direitos das pessoas a viver suas convicções religiosas como desejem ou como estas pedem».

Foi o que afirmou o cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado de Bento XVI, na conferência pronunciada nesta quinta-feira na sede da Conferência Episcopal Espanhola, por ocasião do 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

No ato estiveram presentes o atual ministro de Justiça espanhol, Mariano Fernández Bermejo, assim como membros das administrações e do partido da oposição. 

Em seu discurso, o purpurado explicou em que consiste a «laicidade positiva», à qual em várias ocasiões se referiu o Papa Bento XVI, e que se baseia no respeito à liberdade religiosa «como direito primário e inalienável da pessoa». 

A liberdade religiosa, afirmou, «é o sustento das demais liberdades, sua razão de ser», pois «transpassa o horizonte que tenta limitá-la a uma parcela íntima, a uma mera liberdade de culto ou a uma educação inspirada em valores cristãos, para solicitar ao âmbito civil e social liberdade para que as confissões religiosas possam exercer sua missão». 

«O Estado democrático não é neutro com respeito à própria liberdade religiosa, mas que, como respeita as demais liberdades públicas, há de reconhecê-la e criar as condições para seu efetivo e pleno exercício por parte de todos os cidadãos», explicou. 

Precisamente por isso, é necessário que seja também «absolutamente neutro com respeito a todas as diversas opções particulares que perante o religioso os cidadãos adotem em uso dessa liberdade».

Citando Bento XVI, o cardeal Bertone acrescentou que «não é expressão de laicidade, mas sua degeneração em laicismo, a hostilidade contra qualquer forma de relevância política e cultural da religião; em particular, contra a presença de todo símbolo religioso nas instituições públicas». 

«Tampouco é sinal de sã laicidade negar à comunidade cristã, e a quem a representa legitimamente, o direito de pronunciar-se sobre os problemas morais que hoje interpelam a consciência de todos os seres humanos, em particular dos legisladores e juristas», acrescentou. 

O cardeal Bertone declarou que quando a Igreja se pronuncia sobre um tema «não se trata de ingerência indevida», mas «da afirmação e defesa dos grandes valores que dão sentido à vida da pessoa e salvaguardam sua dignidade». 

«Em resumo, trata-se de mostrar que sem Deus o homem está perdido, que excluir a religião da vida social, em particular a marginalização do cristianismo, afeta as próprias bases da convivência humana, pois antes de ser de ordem social e política, estas bases são de ordem moral», advertiu. 

Segundo o cardeal Bertone, a Igreja «não reivindica o posto do Estado», mas respeita «a justa autonomia das realidades temporais», e «pede a mesma atitude com respeito a sua missão no mundo».

«O Estado não pode reivindicar competências, sejam diretas ou indiretas, sobre as convicções íntimas das pessoas nem tampouco impor ou impedir a prática pública da religião sobretudo quando a liberdade religiosa contribui de forma decisiva à formação de cidadãos autenticamente livres», acrescentou. 

Contudo, lamentou que hoje «a liberdade religiosa está longe de ser assegurada efetivamente», já que «em alguns casos é negada por motivos religiosos e ideológicos», e em outros, «ainda que seja reconhecida teoricamente, é impedida de fato pelo poder político ou, de maneira mais contundente, pelo predomínio cultural do agnosticismo e do relativismo». 

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Reino Unido: enfermeira suspensa por oferecer-se para rezar por paciente

Numerosos colegas do hospital onde trabalha a apoiam

Por Nieves San Martín

LONDRES, quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- Uma enfermeira cristã batista, suspensa por oferecer-se para rezar por uma paciente, recebeu nesta segunda-feira um grande apoio por parte de organizações médicas e religiosas, assim como dos pacientes do hospital e dos capelães de hospitais, segundo informava nesta terça-feira o jornal britânico Daily Mail. 

Enquanto os capelães pediam novas orientações para o sistema nacional de saúde, em relação à atenção espiritual aos pacientes, o Christian Medical Fellowship disse que a destituição de Caroline Petrie chegava a ser «discriminação religiosa». 

A Sra. Petrie, cristã comprometida, de 45 anos, enfrenta uma ação disciplinar após ser acusada de não cumprir um compromisso de igualdade e diversidade. Poderia ser despedida depois de perguntar a uma paciente idosa se queria que rezasse por ela. 

A paciente, May Phippen, de 79 anos, não se sentiu ofendida, mas comentou a outra enfermeira que achava estranho, e que podia ser ofensivo para outros pacientes. 

A Sra. Petrie, com dois filhos, disse que sua oferta de oração era seu modo de dizer «que melhore». Disse: «Não penso que fiz nada errado. Só procurei fazer com que a paciente soubesse que eu pensava nela. É meu modo de dizer ‘desejo melhoras’».

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Arcebispo indica itinerário para viver a Quaresma

Dom Jorge Ortiga enfatiza importância do voluntariado

BRAGA, quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- No contexto do Ano Paulino, o arcebispo de Braga (Portugal), Dom Jorge Ortiga, indicou dois itinerários para viver a Quaresma, retirados «das palavras de Cristo a Saulo».

Em primeiro lugar, “Levanta-Te”. O arcebispo português explica, em mensagem divulgada nessa terça-feira por sua arquidiocese, que o cristianismo, «para muitos, corre o risco de se tornar uma mera repetição de costumes e tradições».

«Urge que nos “levantemos”, com o sacrifício e o simbolismo desta atitude, a fim de criar disponibilidade interior para um encontro com a Palavra.»

Suscitando as condições necessárias –prossegue Dom Ortiga–, «seremos encontrados, no mundo das opções fundamentais, por uma contínua aurora de coisas desconhecidas que nos encantarão e abrirão horizontes desconhecidos».

«Deixar-se encontrar pela Palavra é algo de muito pessoal a exigir que calemos outros barulhos para começar a “ver” dum modo diferente.»

«Com os outros poderemos dar à Voz da Palavra o volume duma compreensão maior. “Te dirão o que deves fazer”; é apelo ao encontro com outros em trabalho de reflexão e oração bíblica», destaca.

Em segundo lugar, o arcebispo faz a indicação: “Entra na cidade”. «O levantar-se para fugir aos ruídos e deixar-se encontrar pela Palavra leva consigo o convite para que entremos, também, na cidade dos homens, ou seja, em todo o lugar onde vive qualquer ser humano».

O prelado considera que a Voz da Palavra ouve-se nos lamentos das pessoas e nos dramas da sociedade.

«Só com a Palavra de Deus conseguiremos ouvir a “voz” do Povo, dar-lhe o bálsamo para a dor e o segredo para ultrapassar as crises. A Palavra gera esperança e compromete na solidariedade ativa.»

«Encontrados pela Palavra, descortinaremos coisas e necessidades que são supérfluas e poderemos partilhar com renúncias que mostrem a força da mesma Palavra.»

Entrando nas nossas cidades e aldeias –prossegue–, «veremos que é possível dar razões para viver aos sem abrigo, aos pobres, aos doentes terminais…».

Dom Jorge Ortiga explica que levantar-se para se deixar encontrar pela Palavra e entrar na cidade dos homens com os seus dramas deverá orientar a caminhada Quaresmal e Pascal das comunidades.

O arcebispo indica que os carenciados sejam identificados e a solidariedade seja criativa. 

«Recordo os desempregados, particularmente os envergonhados, que, com toda a certeza, será um grupo social a necessitar de atenção. A situação social pede alguma coisa dos cristãos.»

«Daí que nos tempos difíceis e em época de conversão deixe, ainda, um apelo para uma renovada experiência de voluntariado ao jeito de Cristo que deu a Sua Vida», pede o arcebispo.

Segundo Dom Jorge Ortiga, só estruturando «uma verdadeira rede de voluntariado, ativo e comprometido, poderemos ser sinais de Cristo, como Paulo».

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Dom Helder Camara homenageado em Recife

No centenário de nascimento do ex-arcebispo de Olinda e Recife

BRASÍLIA, quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Dom Geraldo Lyrio Rocha, preside no próximo sábado, dia 7, em Recife, à missa solene em homenagem ao centenário de nascimento de Dom Helder Camara, ex-arcebispo de Olinda e Recife, falecido em 1999.

De acordo com a CNBB, a missa será celebrada em frente à igreja das Fronteiras, às 16h, e terá a participação de dezenas e bispos e padres. A expectativa é que cerca de duas mil pessoas de várias partes do Nordeste e de todo Brasil participem das comemorações.

Antes do início da celebração, os Correios entregarão a autoridades e representantes de movimentos criados por Dom Helder um selo que homenageia o seu centenário.

Ainda no sábado, as igrejas de Olinda e Recife tocarão seus sinos às 6h, 12h e 18h, para homenagear Dom Helder. Logo após a missa, será inaugurada no pátio das fronteiras uma escultura do bispo.

Os eventos do centenário são organizados pelo Regional Nordeste 2 (Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Pernambuco) da CNBB, Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), arquidiocese de Olinda e Recife, Instituto Dom Helder Câmara (IDHEC), Governo do estado e Prefeitura do Recife, além de outras entidades.

O presidente da Cáritas Brasileira, Dom Demétrio Valentini, destaca em artigo difundido pela CNBB nessa quarta-feira que a entidade assistencial «se sente particularmente ligada à pessoa de Dom Helder», já que ele foi o seu fundador, no ano de 1956.

A Cáritas se antecipa e promove uma homenagem especial ao seu primeiro secretário geral e presidente no dia 6 à noite.

«Quando a liturgia tem uma data especial a celebrar, ela começa no dia anterior, com as “primeiras vésperas”. A Cáritas se incumbe de entoar os primeiros louvores, sinalizando que a celebração é de “primeira classe”», afirma o bispo.

Bispo auxiliar do Rio de Janeiro, depois arcebispo de Olinda e Recife, um dos fundadores da CNBB e secretário-geral do organismo por 12 anos, Dom Helder foi voz marcante no Brasil em favor dos direitos humanos, da promoção da justiça e da opção preferencial pelos pobres.

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